Internacional x Atlético-MG (Campeonato Brasileiro de 1976)


O cenário perfeito: semifinal de Campeonato Brasileiro, Beira-Rio lotado e dois grandes times querendo conquistar o segundo título nacional a qualquer custo.

Mais um clube mineiro era a pedra no sapato do Inter, que vinha embalado pela conquista do octacampeonato gaúcho. Em 75, o Inter bateu o Cruzeiro na final. Agora era a vez de eliminar o Galo na semi. De um lado, o Internacional de Falcão buscava o bicampeonato consecutivo. Do outro, o Atlético-MG de Toninho Cerezo tentava levar mais uma conquista para Minas Gerais.

Aos 30 minutos do primeiro tempo, parecia que o sonho ia por água abaixo. Em cobrança de falta, no mesmo lado direito onde Valdomiro colocou na cabeça de Figueroa no famoso "gol iluminado", Cafuringa cruzou no miolo da área colorada e Vantuir colocou no canto de Manga. Galo 1 a 0. A torcida colorada, como sempre, não se calou diante da adversidade. Os gritos incessantes de "colorado, colorado" seguiam ecoando até o término da primeira etapa.

O jogo continuou com a intensidade e o calor que uma semifinal de campeonato exige. Até que Batista, aos 28 minutos do segundo tempo, ameniza a angústia colorada, emendando um canudo na gaveta de Ortiz. Era o empate necessário para dar novo ânimo à massa vermelha.

A mágica veio nos minutos finais. Figueroa, da intermediária, faz um lançamento para Dario, que lança de perna direita na cabeça de Falcão na meia-lua da grande área. O mítico camisa 5 escora para o saudoso Escurinho devolver de cabeça para Falcão, que corre para dentro da área. Antes da bola cair, Falcão chuta com a ponta do pé direito. A bola ainda bate no goleiro Ortiz e entra. Falcão corre alucinado em direção à lateral para festejar a obra, seguido de Valdomiro. Mais uma festa no mar vermelho.

E foi nesse dia 5 de dezembro que o Brasil testemunhava uma das viradas mais sensacionais do futebol brasileiro. Nem tanto pelo placar, mas pelo gol mágico de Falcão, onde a bola parou na rede sem sequer ser tocada ao chão. Inter 2 x 1 Atlético-MG. Colorado finalista do Brasileirão de 1976.

Relembre os gols desse duelo inesquecível:

Daniel Franco

DANIEL FRANCO
(lateral-esquerdo)

Nome completo: Daniel da Costa Franco
Data de nascimento: 26/08/1971
Local: Minas do Leão/RS

CARREIRA
1988-1993 - Internacional
1994-1995 - Corinthians
1996 - Atlético-MG
1996 - Bahia
1997 - Avaí
1997-1998 - St. Pauli-ALE
1999 - Brasil de Pelotas
2000 - Inter de Limeira
2001 - São José-POA
2002 - Brasil de Pelotas
2002 - Fortaleza
2003 - Santa Cruz-RS


Jogador de força, vigor físico e excelente apoiador, Daniel Franco foi um dos melhores laterais-esquerdos que o Inter teve nos últimos 30 anos. Passou por todas as seleções de base, menos pela principal.



A trajetória de Daniel Franco como atleta profissional do Internacional começou em 1988. Na época, o lateral-esquerdo era reserva imediato da posição, assumindo a titularidade logo após a saída de Casemiro no final de 89.

O primeiro ano como titular foi um sufoco. O Internacional escapou do rebaixamento nas últimas rodadas e perdeu o Gauchão sendo goleado por 4 a 1 pelo Grêmio. Em compensação, os dois anos seguintes foram maravilhosos para o jogador. Em 1991, a reconquista do estadual e o título da Taça Governador do Estado deram um ânimo à equipe do Inter, abalada pela seca de títulos.

O ano de 1992 foi mágico para Daniel Franco. Levantou as taças da Copa do Brasil e do bicampeonato gaúcho, além de ver o Grêmio aos trancos e barrancos na Série B do Brasileirão. Porém, o ano de 93 foi frustrante para o Colorado, com eliminação precoce em todas as competições que disputou.

Mesmo assim, Daniel Franco foi contratado pelo Corinthians em 1994. Infelizmente, se lesionou pouco depois de sua chegada no clube paulista. Perdeu a posição para Branco e, no ano seguinte, para o jovem Silvinho. Fez parte do grupo campeão da Copa do Brasil daquele ano.

Depois disso, teve passagens breves por vários clubes. Jogou no Atlético-MG, Bahia, Avaí, St. Pauli-ALE, Brasil de Pelotas, Inter de Limeira, São José-RS, Fortaleza e Santa Cruz-RS. Jogou até os 32 anos.

Dario

DARIO
(atacante)

Nome completo: Dario José dos Santos
Data de nascimento: 4/3/1946
Local: Rio de Janeiro (RJ)

CARREIRA:
1967-1968 - Campo Grande-RJ
1968-1972 - Atlético-MG
1973-1974 - Flamengo
1974 - Atlético-MG
1975-1976 - Sport
1976-1977 - Internacional
1977-1978 - Ponte Preta
1979 - Paysandu
1980 - Náutico
1981 - Santa Cruz
1981 - Bahia
1981 - Goiás
1982 - Coritiba
1983 - Bahia
1984 - Nacional-AM
1984-1985 - XV de Piracicaba
1985 - Douradense-MS
1986 - Comercial de Registro-SP


Folclórico e matador, características perfeitas para definir um goleador de frases impactantes e muitos gols no currículo. Dadá Maravilha foi o artilheiro colorado por duas temporadas, dando alegria e títulos para o torcedor.

O carioca Dario começou a jogar profissionalmente no Campo Grande-RJ, em 1967. Em 68, foi para o Atlético-MG. O grande time de Minas na época era o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes.

Em 1969, assumiu a titularidade do Galo. Chegava nos treinos duas horas antes do resto do time, a fim de aprimorar seus fundamentos. A partir daí, passou a fazer gols de tudo que é jeito. As vaias pararam de perseguí-lo e se transformaram em paixão do torcedor atleticano.

Foi para a Copa do Mundo de 70 graças ao General Médici, visto que João Saldanha o preteria por valorizar atletas do eixo Rio-São Paulo. Em 71, ajudou o Galo a ganhar o primeiro Campeonato Brasileiro. Dadá é torcedor ferrenho do Atlético. Em 73, foi para o Flamengo, retornando ao Atlético em 74.

Depois de um ano no Sport, foi contratado pelo Internacional, que sentia a falta de Flávio Minuano, artilheiro do Brasileiro de 75. Não demorou para que Dario caísse nos braços da massa vermelha.

Faturou o octacampeonato gaúcho e fez um dos gols do título nacional de 1976, diante do Corinthians. O gol foi no melhor estilo Dadá Maravilha, parando no ar como um beija-flor e testando no canto de Tobias. Permaneceu no Inter até a metade de 1977.

Jogou um ano na Ponte Preta e retornou ao seu Galo querido. Rodou por Paysandu, Náutico, Santa Cruz, Bahia e Coritiba, América-MG, Goiás, XV de Piracicaba, Nacional-AM, Douradense-MS e Comercial de Registro. Encerrou a carreira em 1986.

De 1969 a 1976 foi artilheiro de sete estaduais consecutivos e de três Campeonatos Brasileiros. Por onde Dario passou, ganhou o coração da torcida com gols e com seu carisma.

Iarley

IARLEY
(atacante)


Iarley é o pequeno gigante da história do Internacional. A valentia e a frieza como encarava os defensores adversários o tornou um dos maiores ídolos colorados das últimas gerações.

O baixinho de Quixeramobim começou a jogar profissionalmente no Ferroviário. Depois de passar pelo Quixadá, foi para o Real Madrid-B. Ainda passou por AD Ceuta-ESP, Nacional-AM, Melilla-ESP e Uniclinic, antes de ser contratado pelo Ceará.

No alvinegro, jogou ao lado de outros dois ex-atacantes do Internacional, Jairo Lenzi e Zezinho, além de ter feito parceria com um dos maiores ídolos do time cearense: Sérgio Alves.

Foi contratado para reforçar o Paysandu na Libertadores de 2003. A partir daí, sua carreira teve uma ascensão fantástica. Nas oitavas-de-final, o Paysandu encarava o Boca Juniors, quando Iarley fez o gol que calou a mítica Bombonera. Na volta, o Papão levou a virada num 4 a 2, mas Iarley é um personagem histórico do Paysandu e da história da Libertadores.

Foi contratado pelo time argentino e, após marcar um gol no Superclássico contra o River, ganhou o status de ídolo. A 10 de Maradona se encaixou perfeitamente no atacante, campeão mundial com o Boca naquele ano.

Depois de rápida passagem pelo Dorados, do México, Iarley veio para o Internacional na metade de 2005. Chegou mostrando serviço na vitória contra o São Paulo em pleno Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro.

Depois de um excelente e controverso Brasileirão, veio a Libertadores. Mesmo sendo reserva de Sobis, na época em ascenção, Iarley era um dos líderes do grupo. O Inter foi campeão da América e vice-brasileiro.

Iarley assumiu a titularidade ao longo do Brasileiro, se tornando referência no ataque depois da venda de Sobis. O Inter terminou o certame em 2º lugar, mesmo se preparando para o Mundial.

E, finalmente, veio o tão esperado 17 de dezembro. Iarley conduziu a bola na intermediária e lançou o contestado Gabiru, que finalizou o Barcelona. E a partir dali, foram os 10 minutos finais de jogo mais lindos da história do Internacional, com o triângulo Iarley-Adriano-Rubens Cardoso prendendo bola na linha de fundo. O Inter era campeão Mundial.

Em 2007, o Inter não foi bem, mas a seriedade de Iarley era admirável, sem falar nos golaços que foram lampejos naquele ano. Levantou a taça da Recopa. Deixou o Inter em 2008, sem entender o motivo. Sua despedida foi comovente, com direito a lágrimas, mas de decepção. Antes de pendurar as chuteiras nesse ano, jogou no Corinthians, Goiás, Ceará, Paysandu e Ferroviário.

Chiquinho (2004)

CHIQUINHO
(lateral-esquerdo)

Nome completo: Paulo Francisco da Silva Paz


Muitos até hoje tentam entender o motivo de Chiquinho não ter dado certo no time do Internacional. Difícil um colorado não ter se deslumbrado com o início meteórico do lateral no Internacional.



A torcida andava impaciente com a irregularidade de Cássio na esquerda. Então, Celso Roth colocou o jovem Chiquinho na partida contra o Santos, pelo Brasileirão. Chiquinho teve uma atuação excelente em sua estreia e o Inter venceu o Peixe por 3 a 0.

Porém, Celso Roth não se convenceu e não escalava o jogador, pedido pela torcida com unanimidade. Roth colocava Chiquinho apenas em pedreiras, como nas derrotas para Figueirense e Grêmio. Com Cláudio Duarte, Chiquinho recuperou sua confiança e o Internacional se livrou do temido rebaixamento.

Como se não bastasse a trágica morte de Librelato no final de 2002, Chiquinho teve um grave problema médico diagnosticado no início de 2003. O lateral tinha um raro problema vascular, que o tirou dos gramados por oito meses. Em sua volta, uma atuação ótima e festejada pela torcida no empate contra o São Paulo no Beira-Rio, por 1 a 1, cobrando a falta que resultou no gol de Cidimar.

2004 foi o melhor ano de Chiquinho pelo Internacional. Além da conquista do Gauchão, o Inter fez uma boa campanha na Sul-americana e Chiquinho foi fundamental na competição, marcando um gol em cada Gre-Nal da segunda fase. Conseguiu a titularidade que não obteve em 2002 e 2003.

Em 2005, um novo drama: uma lesão no púbis tirou Chiquinho por mais um longo período dos gramados. Jorge Wagner, que foi contratado para jogar na meia cancha, assumiu a titularidade e não perdeu mais a posição. Antes de deixar o Inter na metade de 2006, teve problemas com dirigentes.

Se apresentou ao Palmeiras em julho para a disputa do Brasileirão, por empréstimo. No ano seguinte, foi emprestadao ao Goiás. Em 2008 jogou pelo Fortaleza e em 2009, Joinville. O clube catarinense o contratou em definitivo, após seu contrato com o Internacional se encerrar.

Ainda jogou por River Plate-URU, São José-RS, Brasil de Pelotas, Vitória, Paulista e América-RN.