Gol: Clóvis 3’/1 (I).
Feriu-se ontem, como esperava com ansiedade o mundo esportivo porto-alegrense e como determinava a sinopse de jogos da Associação Porto Alegrense de Desportos, o embate entre os conjuntos representativos do Sport Club Americano, o campeão do ano de 1924, e do Sport Club Internacional, a sociedade valorosa que, com tanta galhardia, se tem esforçado pela nossa cultura física.
Pela manhã encontraram-se os terceiros quadros, verificando-se a vitória do Internacional pela contagem de 1 a 0.
Sobressaíram da linha do Internacional: Mosquito, que conquistou o ponto da vitória, e Nilo que desenvolveu um excelente jogo em prol do seu quadro. Na defesa salientou-se De Lorenzi. Do Americano deve-se notar o arqueiro Bagre, que jogou bem.
Às 14,15 entraram em campo as esquadras secundárias.
Movimentado decorreu o primeiro tempo de jogo que terminou com o resultado de 2 a 1 a favor do Internacional.
Os pontos obtidos pelo quadro alvi-rubro, foram marcados: um por Scalco e outro por Gallego, ao bater a penalidade máxima imposta pelo juiz em punição de um toque de Souza e o ponto do Americano foi conseguido graças a uma furada de Só.
Começada que foi a segunda fase do jogo, às 15,10, desenrola-se o jogo movimentado com cargas de ambos os lados até às 15,35, quando Sebo marca o terceiro ponto para o seu quadro. Não decorria muito desse feilo quando Travi, do Americano, marca o 2º ponto para o seu quadro, e 5 minutos depois, às 15,46. Scalco, aproveitando uma má defesa de Bianchi, que deixa cair a pelota, envia violento tiro à rede do Americano.
Às 15,50 terminou o encontro entre os quadros secundários, com o resultado de 4 a 2, e com a vitória, pois, do Internacional.
Justo é salientar nesta crônica, o jogo de Joãozinho, o melhor dos componentes da linha americanista, elemento que se impõe pela sua hábil colocação e pelo vigor e oportunidade de suas investidas, e Mello, o centro médio, por ter jogado bem.
Do Internacional sobressaíram o arqueiro, o centro médio Moacyr e Scalco, o centro avante que tão bem conduziu sua linha à meta adversária.
Terminado esse encontro preliminar, voltaram-se as atenções para o jogo mais importante da tarde, que era entre os primeiros quadros.
Eram já 16 horas e o juiz escaIado para arbitrar a prova não aparecia.
Foi-se então à cata de outro entre a assistência, mas ninguém queria arcar com o peso do encargo e, por isso, andaram longo tempo os srs. presidentes e capitães a convidar, pedir, rogar, suplicar, sem serem atendidos.
Entre as pessoas apontadas que se negaram, estão os jogadores Mandarino e Danico, pertencentes ao F. B. C. Porto Alegre.
É lamentável que e Associação de Desportos ainda não tenha levado a sério a necessidade de indicar um juiz que se comprometa a comparecer à partida, para evitar esses tristes episódios.
Finalmente, conseguiram os capitães Heitor e Ribeiro que o Sr. Odomiro Gomes, do Cruzeiro, arbitrasse a partida e os adversários se colocaram no campo do modo seguinte:
INTERNACIONAL
Bard
Meneghetli e Grant
Ribeiro, Lampinha e Moreno
Rosário, Barros, Veiga, Clóvis e Guima
AMERICANO
Fonseca
Heitor (cap.) e Coy I
Pavani, Hugo e Totte
Baptista, Heit, Valério, Olympio e Coy III
Às 16,36, precisamente, é dada a saída pelo centro-avante do Internacional, o veloz Veiga, que tenta com seus companheiros de ataque uma incursão no campo do adversário, que se defende e contra-ataca, fazendo um dos jogadores do Americano um toque que o juiz pune. Favorecida com o tiro livre, resultante daquela penalidade, a linha, sob o comando de Veiga, avança, mas tem a sua tentativa frustrada por Clóvis que atira a pelota por cima do arco de Fonseca.
Este dá a saída e o Americano carrega, notando-se, então, duas defesas de Moreno e um pelotaço de Hugo, que vai fora.
Voltando a bola ao campo, o Americano carrega, obrigando Meneghetti e Grant a fazerem uma defesa cada um, depois do que o Internacional reage fortemente, obrigando o Americano a conceder um tiro de canto que, bem atirado por Rosário e melhor emendado por Clóvis, importa no primeiro ponto a favor do Internacional, aos 3 1/2 minutos de jogo.
Às 16,40, dada a saída do centro por Nalério, investe o Americano sem resultado e a seguir, o Internacional contra-ataca, obrigando Totte e Heitor a praticar defesas consecutivas. A seguir, Barros chuta fora e pouco depois, recebe um passe de Moreno, que perde para o Ameriano que carrega, obrigando Grant a uma defesa de cabeça, depois do que o Internacional carrega, perdendo a bola para os adversários que obrigam Bard a defender. Notou-se a seguir um impedimento de Baptista, uma defesa de cabeça de Hugo e uma carga do Americano em que Nalério atira fora; uma carga do Internacional, que termina por um tiro desferido por Rosário e que passa rente a trave; um avanço do Americano que Meneghetti detem; e uma contra-ofensiva alvi-rubra anulada pelo zagueiro esquerdo do Americano.
Às 16:45, carregando o Internatonal, Clóvis fica impedido, e
o Americano ataca, defendendo Meneghetti e fazendo toque o Americano. O Internacional volta à carga, defendendo Coy I de cabeça. Em seguida, notam-se uma cabeçada de Lampinha e uma carga dos alvi-rubros, uma furada de Coy I; a seguir, um impedimento de Rosário, que logo depois atira a bola fora. Volta o Americano a carregar, mas Meneghetti defende, mandando a pelota aos seus dianteiros para que Clóvis ponha fora. Há, após, mão do Internacional, de cujo tiro livre resulta uma escaramuça na área de Meneghetti, que a salva cometendo mão, que o juiz não pune por não ser intencional.
O jogo mantem-se no centro por momentos e, às 16,50, Barros carrega e Totte faz um toque, sendo punido. Nota-se então forte ofensiva dos alvi-rubros: Moreno dá um tiro e pouco depois, o tiro de [...] concedido ao Internacional e defendido por Nalério. Continuando os alvirubros a atacar, Moreno e Clóvis, por sua vez, dão tiros, errando o arco de Fonseca. Veiga faz mão sem querer, e o Americano carrega, defendendo Meneghetti duas vezes, sendo que, ao dar uma cabeçada, concede um tiro de canto que Bard defende galhardamente. Ribeiro erra a meta e voltando o Americano ao campo contrário, aí se mantém algum tempo, errando Nalério o arco contrário. Guimarães emana e erra o tiro. Barros fica impedido; o mesmo acontecendo a um dos do Americano no contra-ataque; Ribeiro defende e as cargas sucedem-se de lado a lado, vendo-se um centro de Baptista e uma investida de Nalério, que Meneghetti intercepta. O Americano ataca, mas Moreno defende e o Intenacional carrega, defendendo Heitor e pondo fora Guimarães.
Às 17,00, o Internacional investe, vendo-se um impedimento de Clóvis, uma ofensiva do Americano e duas defezas de Grant, uma de cabeça e outra defesa de Bard, e, voltando o Internacional ao campo contrário; um impedimento de Barros, uma cabeçada de Lampinha, uma defesa de Heitor, um tiro de Veiga e uma escapada de Baptista, sem resultado. Volta à carga o Internacional, sendo obstado por Heitor; Rosário dá um centro e Barros entra sem resultado, pois Heitor intercepta, Lampinha defende por duas vezes e Baptista fica impedido. Veiga faz magnífico passe a Barros, que perde a bola. Lampinha pôs mão proposital e o tiro livre é dado por Hugo e emendado fora por Nalério. Ribeiro carrega e centra a Guimarães, que passa a Clóvis, sem resultado; Guimarães volta ao ataque e centra, fazendo Heitor, uma linda defesa de cabeça, atirando-se ao chão; Guimarães põe fora. Investe o Americano e Meneghetti defende; Baptista escapa, mas nada faz; Rosário escapa, mas erra o tiro; Ribeiro efetua uma carga para os seus comandados e desfere um pelotaço que Heitor defende de cabeça. Dão-se a seguir: um impedimento de Clóvis, escaramuças no centro do campo, um toque de Hugo e mão intencional de Ribeiro.
Às 17,10, Hugo leva uma carga ao campo de Ribeiro e desfere um tiro a que Grant responde, levando Ribeiro a bola que Totte atira fora pela linha lateral. São dignos de nota: uma defesa e uma carga do Americano, obstada por Lampinha, um tiro de Nalério, que Ribeiro defende; um tiro de Guimarães, defendido, por Heitor, uma carga do Americano, que Meneghetti anula, concedendo canto que Barros defende de cabeça. Continua o Americano a carregar, defendendo Lampinha e Ribeiro, até que Meneghetti concede canto, que atirado por Coy III, vai fora; Baptista ativa, mas erra o arco; Barros, em resposta; escapa, defendendo o Americano e apitando o juiz o final do primeiro tempo, às 17,16.
Durante o intervalo dado para o descanso, parte da assistência se retira, em vista do frio intenso.
Ficam os torcedores apaixonados que redrobam de entusiasmo no segundo tempo e que animam os seus favoritos com entusiasmo, concorrendo para que o jogo fique mais renhido durante o tempo restante.
Eram 17,22 quando a saída é dada por Nalério, o esforçado centro avante do Americano que perde a bóla, notando-se defesas do Americano e do Internacional, um tiro de Baptista e outro, a seguir, de Barros, que vai fora; duas defesas de Meneghetti e um ótimo passe de Barros que vai fora; duas defesas de Meneghetti e um ótimo passe de Barros que Guimarães não aproveita; uma carga do Americano e defesas de Meneghetti e Moreno que põe fora, assediado por Baptista; uma defesa de Grant, um impedimento de Nalério e uma defesa de Lampinha. Durante uma carga do Internacional, pisa-se Totte, sendo o jogo suspenso.
Recomeçado o jogo, salienta-se uma ofensiva do Internacional, um tiro de Barros e outro de Veiga.
Com superioridade temporária do Internacional, continua o jogo até que o Americano escapa, furando Grant, mas salvando Meneghetti o arco de Bard, que perigou, às 17,32.
Depois, há escaramuças no centro, investindo a linha de Veiga, que cede, perdendo a bola para os contrários que obrigam Meneghetti e Grant a defesas; Coy III atira a bola fora.
A seguir, dão-se: carga do Internacional, defendida por Heitor; pisa-se um jogador levemente; Meneghetti defende e Guimarães avança, atravessando a Rosário que põe fora e faz toque a seguir; Guimurães acerta o arco de Fonseca, que defende brilhantemente.
Os ataques e defesas são de parte a parte até às 17,42, quando Nalério, investindo com ímpeto, vai esbarrar em Meneghetti, pisando-se.
Então o jogo torna-se muito movimentado, com ataques impetuosos que a torcida açula, nervosamente.
Há cargas e ataques de ambos os lados e feitos brilhantes, quer deste, quer aquele quadro, tiros que não se sabem de quem foram, porque já escurece, até que 17,48, quando o juiz, sob protestos da assistência, suspende a partida por não enxergar a bola.
Consultados, os capitães consentem em continuar o jogo. Há uma carga do Americano e uma defesa de Grant que, após, fura, pois não enxergou a bola. A torcida é impetuosa. Dá-se uma carga cerrada do Americano, que Meneghetli anula em última instância, e escaramuças no centro do campo.
Às 17,52 volta o juiz a querer suspender o jogo e, ainda uma vez, sob protestos da assistência, é a partida continuada. O Internacional ataca, mas põe fora. Meneghetti é obrigado a intervir e logo após, Grant também o faz para dar a pelota aos seus diuateiros, que obrigam Fonseca a uma defesa apurada. Volta o Americano e Ribeiro e Grant defendem.
Eram 17,56 quando o juiz apita e faz suspender o jogo, faltando-lhe 10 minutos, mais ou menos. Alguns jogadores são levados em triunfo.
A nossa impressão foi de que os adversários são parelhos, sendo a contagem devida à oportunidade apresentada a Clóvis por um ardil de Veiga que pulou para deslocar a defesa adversa.
Salientaram-se no quadro do Internacional: Veiga, Clóvis, Ribeiro e os zagueiros, que estavam firmes; João de Barros pisou-se de saída e por isso teve o seu jogo prejudicado.
Do Americano, sobressaíram Nalério, que é muito esforçado, Hugo e Heitor.
Fonte: A Federação (RS), 08/06/1925, ano 1925, n. 132, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/56195. Acesso em: 26 jul. 2024.