O descenso é o inferno para qualquer clube no cenário nacional. Qual torcedor gostaria de ver seu time do coração disputando partidas no segundo escalão do futebol brasileiro? A dor do rebaixamento deve doer e nós, colorados, jamais gostaríamos de provar esse sabor amargo.
A apreensão da torcida colorada foi levemente amenizada pelo ponto ganho na justiça, depois da constatação da irregularidade na escalação de Sandro Hiroshi por parte do São Paulo. Casa cheia e os nervos aflorados, em um misto de confiança e apreensão na luta contra a queda à Série B. O Inter ainda dependia de resultados paralelos para permanecer na Série A.
A esperança colorada estava depositada em Lúcio, Dunga e Fabiano. O Palmeiras tinha um time excelente, com Marcos, Cléber, Zinho e Paulo Nunes, odiado pela massa vermelha em virtude de sua identificação com o Grêmio.
Mal o árbitro Márcio Rezende de Freitas apitou o início de jogo e o Inter começou a pressionar o Palmeiras, que se preparava para a disputa do Mundial contra o Manchester United. Quem imaginava que o Verdão viria somente pra cumprir tabela, se enganou. O Palmeiras se defendeu e criou grandes possibilidades no primeiro tempo. O Inter, nervoso, não conseguia ter o controle da bola.
Felipão, gremista escancarado, parecia disposto a rebaixar o Internacional. Ainda nervoso, mas determinado a não cair, o Inter e seu time de operários suportavam a pressão palmeirense do jeito que dava. Mesmo desfalcado, o Verdão era um timaço. Os alto-falantes do Beira-Rio não informavam os resultados alheios, para não desmotivar o torcedor e o time. Tudo estava desfavorável e o Colorado precisava da torcida mais do que tudo.
Aos 35 do segundo tempo, o Inter chegava na frente em um contra-ataque, quando Celso, que entrou no lugar do lateral-esquerdo Gustavo, aplica um lençol no volante Galeano e é derrubado. A falta era sinônimo de esperança. Celso, artilheiro do Inter no campeonato, e Elivélton se posicionavam para a cobrança de falta.
Celso cobrou por cima da barreira e Dunga, 15 anos de volta depois de deixar o Beira-Rio, escora de cabeça, fugindo da marcação. Ele, que foi preterido por Leão nas últimas rodadas, se tornou nosso salvador.
A partir daí, loucura total. O Inter fazia o que dava para segurar o Palmeiras, depois de ter o técnico Leão expulso. Rezende deu apenas dois minutos de acréscimo e na virada dos 46, os refletores se apagam. Depois de quinze minutos sem luz, a bola volta a rolar e Pena dá o último susto, chutando uma bola por cima do gol do baixinho João Gabriel.
Fim de jogo. Internacional permanece na elite do futebol nacional e, de quebra, termina o campeonato na frente do rival. A fatídica década de 90 chegava ao fim com duas fugas do rebaixamento. Ambas bem sucedidas, graças a Deus, Letelier e Dunga.
CAMPEONATO BRASILEIRO 1999 - 1ª FASE - INTERNACIONAL 1 X 0 PALMEIRAS
Data: 10/11/1999
Local: Beira-Rio - Porto Alegre (RS)
Público: 40.068
Renda: R$ 63.206,00
Juiz: Márcio Rezende de Freitas, auxiliado por Marco A. Gomes e Marco A. Martins.
Cartões: Enciso (I); Asprilla e Cléber (P).
Gol: Dunga 36’/2 (I).
INTERNACIONAL:
João Gabriel; Denílson, Ânderson Luiz, Lúcio e Gustavo (Celso); Dunga, Enciso,
Claiton e Elivélton; Fabiano e Almir. Técnico: Émerson Leão.
PALMEIRAS: Marcos; Arce (Jackson Coelho), Agnaldo Liz
(Edmílson), Cléber e Júnior; Galeano, Rogério Fidélis, Zinho e Asprilla; Paulo
Nunes e Evair (Pena). Técnico: Luiz Felipe Scolari.Canal: Edu Cesar