28/04/1940 - Citadino 1940 - 1º turno - Grêmio 2 x 3 Internacional

ADVERSÁRIOS HÁ TRÊS DECÊNIOS
Pela primeira vez este ano, Grêmio e Internacional defenderão suas tradições
FRANCISCO AZEVEDO, DE PELOTAS, DIRIGIRÁ O “CLÁSSICO GRENAL” NO CAMPO DA “BAIXADA”
Horário: Segundos quadros, 14 horas; primeiros quadros, 16 horas; preços: cadeiras, 10$; gerais, 5$000; meia entrada, 3$000
COMO FORMARÃO AS EQUIPES
GRÊMIO:
Edmundo
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Dentro de poucas horas o público apreciador dos grandes espetáculos estará em massa na "baixada", para acompanhar os 90 minutos do Grenal.
Tudo foi previsto pelos mandatários do Internacional e do Grêmio, respectivamente Hoche de Almeida Barros e Telêmaco Frazão de Lima. Uma série de providências foram tomadas, visando boas acomodações, ordem e disciplina no "fortim", onde os "leões do soccer citadino" farão a torcida fremir, na tarde de hoje.
A CHEGADA DE FRANCISCO AZEVEDO
O desportista Francisco Azevedo viajou ontem pela Varig, chegando ao aeródromo de São João às 17,30 horas, tendo concorrida recepção.
"Chico" integrou por muitos anos o esquadrão principal do Esporte Clube Pelotas e é considerado como um dos bons árbitros pelotenses. Já esteve nesta capital, controlando com rara felicidade um "Grenal". Fizemos votos que reproduza sua atuação anterior, emprestando maior brilhantismo ao "clássico" da metrópole.
OS PREÇOS DAS ENTRADAS E HORÁRIO
Trezentas cadeiras numeradas, dentro da cancha, serão vendidas ao preço individual de 10$000; as gerais custarão 5$ e meias entradas: 3$000.
A preliminar terá inicio às 14 horas, e o jogo principal às 16.
Árbitro: Francisco Azevedo e Aparício Viana e Silva para os quadros principais e secundários, Campo do Grêmio, "baixada".
NOTA DO GRÊMIO
Para o grandioso encontro de hoje contra o Internacional, a diretoria do Grêmio F. C. Porto Alegrense tomou as seguintes deliberações:
Direção geral: — Telêmaco Frazão de Lima;
Representante junto às altas autoridades — Aneron C. de Oliveira;
Junto à imprensa: Newton Carlos Degrazia;
Direção geral dos portões: Armando Ciaglia, tesoureiro geral, auxiliado por Ramiro Bernd, 2º Tes.
Comissão dos portões: Portão Central — Destinado exclusivamente aos srs. sócios: — Armando Ciaglia e Ramiro Bernd;
Portão da rua Mostardeiro: — Somente para entradas gerais e meias entradas: — Cecílio Gomes e Joaquim Rodrigues de Almeida;
Portão do Tiro Alemão: — Jogadores do Internacional e entradas pagas — Frederico Link Ferreira e Mario Issler;
Portão da rua Dona Laura — Cadernetas e ingressos — Augusto Teixeira e Romeu Santos; 
Encarregados da arquibancada coberta, destinada aos srs. sócios titulares, beneméritos e remidos: José da Sila Martins e Nestor Borges de Lima.
Aos srs. sócios será exigido o recibo nº 3-4.
Solicita-se aos srs. sócios a fineza de não se fazerem acompanhar por pessoas estranhas à sua família.
Preços: Cadeiras numeradas 10$000 — Entrada geral 5$000 — meia entrada (senhoras, menores e militares sem graduação) 3$.
A direção técnica chama os seguintes players:
Às 13 horas em ponto: Benjamin — Jairo — Ismart — Mario — Adalberto — Válter — Tonely — José — Polentão — Francisco — Zanini — Mônaco — Arísio — Soelci — Portilo — Helmuthe — Zeca e Proteu.
Às 14 horas: Edmundo — Ferreira — Luiz — Dario — André — Laxixa — Mesquita — Rubi — Cezar 1º — Vanário — Fogo — Duarte — Cezar 2º e Noronha.
Todos os portões serão fiscalizados e controlados pelos representantes do S. C. Internacional.
Chama-se a atenção que não há entrada de favor, sendo, consequentemente, inútil insistir em pedidos desta natureza.
A CONVOCAÇÃO DO INTERNACIONAL
"Para o confronto de hoje com o coirmão Grêmio F. B. P. A. foram escalados os seguintes jogadores, que devem estar no Estádio dos Eucaliptos no horário marcado:
1º QUADRO — às 14,30 horas: — Júlio — Marcelo — Alfeu — Risada — Pedrinho — Magno — Nenê — Carlitos — Rui — Marques — Russinho — Tesourinha e Toreli.
2º QUADRO — às 12,30 horas: — Tedesco — Viafore — Álvaro — Clóvis — Levin — Nenê — Rubim — Jorge — Otávio — Rui Barbosa — Arnaldo — Cebinho — Mario — Olmiro — Ari — Moacir, a fim de se fardarem e seguirem para o campo, onde se ferirá o match.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 050, 28 abr. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1194. Acesso em: 04 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 1º TURNO - GRÊMIO 2 X 3 INTERNACIONAL
Data: 28/04/1940
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Renda: 23:950$000
Juiz: Francisco Azevedo
Gols: Ruy Motorzinho 8’/1 (I); Cezar 35’/1 (G); Cezar 2’/2 (G); Russinho ?’/2 (I); Carlitos ?’/2 (I);
GRÊMIO: Edmundo (Enobar); Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Rubi, Cezar, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Júlio; Alfeu e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrino; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Rui Azevedo de Souza.

À esquerda, Luiz Luz e Telêmaco Frazão de Lima;
ao centro, o árbitro pelotense Francisco Azevedo;
à direita, Hoche Almeida de Barros e Russinho.
Fonte: Futebol Gaúcho
Foto colorizada por Perci de Pieri.
Fonte: História do Sport Club Internacional
Carlitos, Russinho, Marques, Felix Magno, Tesourinha, Ruy Motorzinho,
Assis, Pedrinho, Risada, Júlio Petersen e Alfeu.
Fonte: 1909 em cores
Defesa de Júlio Petersen.
Fonte: 1909 em Cores

Os "Diabos-Rubros" vencedores do 1º clássico de 1940
COM MAIS DECISÃO NAS JOGADAS FINAIS, O INTERNACIONAL PÔDE SUBJUGAR O GRÊMIO
Mesmo com uma excelente intermediária, a dianteira tricolor falhou lamentavelmente
COMO FORMARAM AS EQUIPES
GRÊMIO (2 gols)
Edmundo (Enobar)
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Renda: 23:950$000
A festa máxima do futebol citadino conseguiu reunir um grande público, na "baixada", superlotando as dependências do tricampeão. O GRENAL satisfez aos menos exigentes, enchendo de alegria aos centenares de adeptos do Internacional, que arrebatou as honras da tarde. Essa alegria transbordou, ganhou vulto, quando restavam 7 minutos dos 90 de luta acirrada, de igual para igual, com ligeiras ressalvas de ordem técnica, e tática a serem fixadas mais adiante.
O lance esplêndido de Carlitos colocou as suas cores em supremacia, num lance todo individual e espetacular. O exultamento dos colorados culminou no término da empolgante jornada, ao ficar consagrada a justa vitória dos rapazes da Chácara dos Eucaliptos, por 3x2.
O resultado final dá uma ideia exata do desenrolar da pugna que reuniu os "tradicionais rivais" do soccer gaucho. As alternativas se sucederam no panorama geral do "embate número um" de nossas canchas.
Movimentando-se, de início, com harmonia, energia e extraordinária vontade, os "diabos rubros" impressionaram bem. O resultado dessa ação superior não tardou em encontrar eco no marcador. Rui obteve um ponto, alcançado em posição irregular, assinalada pelo árbitro com precisão (8). Momentos depois surgiu a vantagem real, colorindo o "clássico". Os tricolores se acertam, exibem padrão apreciável, embora se notasse a produção nula do setor direito do ataque de Telêmaco Frazão de Lima. Era a confirmação clara de nossos comentários anteriores, temendo pela atuação dos dianteiros gremistas.
Mesmo assim, o Grêmio "caminhou" e estabeleceu o empate graças a uma falta inútil e de graves consequências praticada por Félix Magno. Decorriam 35 minutos. Magno chargeia Laxixa. Noronha bate com presteza, apanhando a defesa de surpresa, Cezar emenda e iguala a contagem. A conquista agigantou os tricolores que envolvem os colorados, dando a falsa impressão de um êxito infalível.
A ilusão aumentou no período derradeiro. De fato nos minutos iniciais, o Grêmio ataca com vigor e, um cochilo imperdoável de Júlio, incomodado pelos raios solares, determina a segunda e última vantagem para os locais. Duarte centrou, de longe. A bola bate na frente do arco e esbarra no travessão. Cezar investe e chuta, meio ladeado, atingindo em cheio o alvo (2). Acelera-se o ritmo da partida, insistindo o Grêmio nos ataques, bem apoiado por Noronha. Entretanto, o eixo gremista, não contou com a colaboração contínua e imprescindível dos entre alas, o que proporcionou frequentes excursões do trio atacante visitante. A consequência funesta apareceu no décimo-quarto minuto. Os vermelhos baixaram, invadindo pela direita. O centro de Tesourinha foi muito bem cabeceado por Russinho, acossado por Luiz Luz, um dos piores homens da defesa do clube das três cores. O couro, impulsionado pelo insider direito, bateu no poste e se escoou para as malhas, decretando o equilíbrio da contagem, num lance indefensável.
O trabalho dos dois quadros recrudesce. Buscam afanosamente a vantagem, tentando alcançar o objetivo supremo. Duas oportunidades passam em branco. Cezar finta Risada, mas perde o equilíbrio, atirando desviado e Carlitos engana habilmente a Dario e também imita o dianteiro inimigo, atirando pelo lado, numa situação esplêndida. Numa investida colorada, Edmundo abandona o arco, atirando-se aos pés de um "forward", o que lhe provoca séria contusão. Enobar o substitui. As falhas de Rubi determinam uma troca de posição, sem o menor resultado. O antigo defensor "Zequinha" passa para a ponta direita e Mesquita ocupa a entre ala.
Uma entrada veloz de Cezar quase é fatal a Julio. Risada interveio no momento supremo, desviando para a linha lateral, em forte "bico". A resposta foi instantânea. Rui estendeu a Carlitos. O "mignon" extrema progride com rapidez e ludibria, habilmente, a Dario, arremessando com violência incrível, num tiro alto e cruzado. Estava conquistado o ponto do triunfo. A reação dos locais não modificou o placar, escoando-se os 7 minutos finais sem nova mudança no marcador.
xxx
Passamos a examinar o comportamento do XI vencedor. O Internacional não esmoreceu na perseguicão do triunfo que, por fim, foi obtido. A defesa agiu com muita firmeza, sobretudo Alfeu e Risada. Magno comecou muito bem, esmorecendo em certos períodos pelo cansaço. Colaborou muito na bela vitória. Assis foi o médio mais destacado e Pedrinho em plano obscuro. Felizmente o seu setor claudicou, faciltando a tarefa. A ofensiva constituiu, como previramos, o ponto alto, embora Marques não reeditasse suas boas jogadas. Carlitos e Russinho se destacaram. Rui trabalhou incessantemente, construindo diversas cargas perigosas.
xxx
O conjunto tricolor amargou com uma derrota inesperada. Demonstraram os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima bom preparo. Moviam-se com bastante entendimento e entusiasmo, mesmo sem contar com a ala direita. Um pouco mais de chance e aquele bolaço de Duarte podia ter se ajustado nas malhas de Júlio. Se não se traduziu na contagem um saldo favorável, deve-se unicamente aos caprichos do futebol. Um chute de Cezar a 3 metros do gol bateu contra o arqueiro da rua Silveiro. A emendada de Rubi encontrou Pedrinho que desviou para escanteio, salvando o momento crítico.
Não queremos empanar o êxito, colorado, de contornos indiscutíveis. Focalizamos apenas os instantes delicados, desperdiçados por isto ou aquilo. Se todas as oportunidades fossem convertidas, indiscutivelmente registrar-se-ia um saldo para o "fortim".
São justificadas as razões táticas do triunfo internacionalista. O Grêmio apresentou maiores falhas em suas peças. O mecanismo não esteve impecável, pois diversos titulares não deram, satisfatoriamente, conta da incumbência. Apontamos André, Rubi e Mesquita como os pontos vulneraveis, suscetíveis de serem responsabilizados pelo fracasso. Dario vem se destacando, mas anteontem levou uns dribblings estonteantes. Examinada sua atuação em conjunto fica-lhe um bom saldo.
Dois arqueiros ocuperam as redes gremistas. Edmundo portou-se airosamente. Uma intervenção arrojada o inutilizou. Enobar, de São Jerônimo, substituiu o titular, desempenhando-se de modo regular. O "morteiro" de Carlitos deflagrou de distância insignificante. Parece que o chute era inatacável. Praticou defesas de valor.
xxx
Arbitrou o GRENAL o desportista Francisco Azevedo, do Esporte Clube Pelotas. Seu trabalho honesto e concencioso satisfez. Usou de muita energia, evitando sempre as ações bruscas, tão condenáveis. Precipitou-se apenas uma vez ao marcar um escanteio duvidoso contra o Grêmio. O juiz de gol foi contrariado, apesar do árbitro estar bem distanciado do local do lance. Um pormenor de pouco vulto, em face da boa arbitragem.
Sem a menor razão aparente, o capitão do XI alvi-rubro fez dois protestos, gesticulando, o que os regulamentos não permitem. Pedrinho recebeu duas advertências, com bastante acerto, por ter praticado jogadas violentas.
Enfim, a atuação de Francisco Azevedo colaborou com eficiência no brilho da tarde cheia de sol de domingo.
Renda: 23:900$000.
Árbitro: Francisco Azevedo — muito bom.
Os quadros: INTERNACIONAL — Júlio — Alfeu e Risada — Assis, Magno e Pedrinho — Tesourinha, Russinho, Marques, Rui e Carlitos.
GRÊMIO — Edmundo (Enobar) — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Rubi) — Rubi (Mesquita), Cezar, Fogo e Duarte.
Índices técnicos — 1 para os dois: disciplinar: 5 para o Grêmio e 4 para o Internacional, devido aos lances violentos de Pedrinho e as reclamações de Russinho, secundado por Magno.
Os melhores — Laxixa, Noronha, Alfeu, Risada, Dario, Assis, Carlitos, Magno e Cezar.
UM EMPATE NA PRELIMINAR
Os quadros secundários ofereceram um prélio algo interessante. Os colorados marcaram dois pontos na fase principal, cedendo depois o empate no período complementar. Grêmio: 2 — Internacional: 2.
FALTA DE ATENÇÃO COM A IMPRENSA
O Grêmio, em sua nota oficial destacou para representante junto à imprensa, o dr. Newton Carlos Degrazia. Entretanto, este associado tricolor — também jornalista — não lembrou em aparecer junto aos representantes dos jornais ao menos para saber se estavam bem acomodados...
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 051, 30 abr. 1940, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1209. Acesso em: 04 jun. 2025.

14/04/1940 - Citadino 1940 - 1º turno - Internacional 4 x 4 Cruzeiro-RS

SERÁ DISPUTADA, HOJE, A PRIMEIRA RODADA DO CAMPEONATO DA AMGEA DO CORRENTE ANO
O segundo clássico da cidade entre o Internacional e o Cruzeiro será disputado no Estádio dos Eucaliptos e no campo da rua Larga medirão forças os universitários e ferroviários 
Nota: O texto da matéria se encontra quase todo ilegível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 038, 14 abr. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1048. Acesso em: 03 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 1º TURNO - INTERNACIONAL 4 X 4 CRUZEIRO-RS
Data: 14/04/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Valdomiro Vasques
Gols: Rui 12’/1 (C); Ruy Motorzinho 40’/1 (I); Russinho ?’/2 (I); Rui 20’/2 (C); Marques 27’/2 (I); Espir, contra 31’/2 (I); Rui ?’/2 (C); Plá ?’/2 (C).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Peres, Assis e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Orlando Cavedini.
CRUZEIRO-RS: Veronese; Espir e Marazita; De Lorenzi, Rafini e Dalpozolo; Klodo, Janguito, Ordovás, Rui e Plá. Técnico: Nestor Pinho.

"QUADRO DO CRUZEIRO".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"QUADRO DO INTERNACIONAL".
Fonte: Diário de Notícias (RS)

SERÁ CASTIGADO!
Alves ausentou-se da capital, não se apresentando para enfrentar os rubros
REAGINDO COM DENODO NOS ÚLTIMOS MINUTOS, O CRUZEIRO EMPATA COM O INTERNACIONAL: 4X4
O primeiro cotejo oficial do campeonato da cidade, controlado pela "metropolitana", surpreendeu no público, bastante numeroso, que afluiu à rua Silveiro não so pelo amplo e imprevisto escore acusado pelo placar, como pela variedade de observacões que proporcionou.
Temos, em primeiro plano, a contagem gigantesca, de oito gols, divididos irmamente... A impressão inicial desta avalanche de conquistas poderia dizer algo a favor das duas ofensivas. Mas, o
exame rápido e superficial contíinuo, falso conceito. As duas vanguardas não desenvolveram ações que lhe valessem meritos destacados ou mesmo modestos. Ao contrário, o desempenho dos dez dianteiros não convenceu em conjunto e deixou larga margem para a crítica, tanto no trabalho coletivo como no individual. Entendimento e hamonia ausentaram-se da pugna do "Intercruz", deixando lugar a muito ardor e combatividade, sobretudo no período inicial. Raríssimos os lances premeditados, inteligentes, colocando em movimento o time inteiro, ou a menos um de seus setores. As arrancadas abundaram, registrando-se, espaçosamente, os pontos, todos decorrentes de falhas, vícios e claudicações deste e daquele bando. Parece que, apenas, uma ou duas tramas táticas surgiram no decorrer dos dois meios-tempos, assim mesmo carecemos de sentido prático. As considerações sobem muito pouco de valor, na apreciação do trabalho particularizado. Dois elementos fazem jus ao destaque, na ofensiva. Também aqui a distribuição é equitativa: Rui no Cruzeiro, e Russinho, no Internacional. Ambos demonstraram invulgar energia e acentuada combatividade, batalhando até os instantes derradeiros. Os demais componentes das linhas de ataque provocaram pálida impressão, embora se anunciavam poderosas, cheias de habilidades infiltradoras e donas de compreennão em alguns setores. Em síntese, as duas linhas pecaram pela falta de articulacão. O descalabro não se limitou tão somente às vanguardas: as intermediárias, tal como antecipamos em sucessivos comentários, decepcionaram. A do Cruzeiro veio confirmar, "in totum", o que comentamos, dizendo que era inconsistente e estava fadada a preocupar a torcida. De fato, a trinca de médios ofereceu mais baixos de que altos.
A estreia de Rafini desagradou. As parcas qualidades antevistas, não o credenciam ainda para uma equipe superior. Talvez venha a melhorar e perca aquela lentidão irritante (excesso de calma ou raciocínio retardado?) e prejudicial ao quadro. Necessita de maior celeridade e decisão nos passes. Os dois laterais, fracos, estiveram em nível superior. Apesar de muito descuidados na marcação. O "terceto vertebral" dos vermelhos teve comparativamonte um labor mais saliente que os adversários. Aí reside a razão dos ataques redobrados e frequentes dos "diabos rubros", em maior número que os dos azuis, cuja ofensiva, desmanteladíssima em Janguito e Ordovás, não entusiasmou.
Realmente, os colorados atacaram em maior escala que os azuis. Veronesi, entretanto, e alguman vezes Marazita, frustou os melhores momentoa, praticando defesas sensacionais. Num lance, o poste esquerdo funcionou e Espir alijou em definitivo o perigo.
Panorama semelhante teve o reduto colorado, em menor intensidade. Alfeu sobressaiu-se em dois ou três instantes de grande perigo, remendando os erros do arqueiro, numa tarde tenebrosa... Júlio evidenciou-se como ponto vulnerável do XI rubro. Praticou intervenções inúteis, prejudiciais e comprometedoras. As mãos estiveram frouxas e indecisas, como naquele lance aproveitado por Rui, um verdadeiro presente...
O "clássico" número dois do nosso futebol agradou, em linhas gerais aos torcedores pela movimentacão. Decepcionou, é exato, aos "hinchas" locals que se viram despojados da vitória, delineada como certa e líquida, em face da vantagem de dois gols. Surgiu, porém, a reação fulminante que neutralizou a diferença, estabelecendo honroso equilíbrio para o Cruzeiro. O desencantamento dos colorados foi manifesto e justificado.
A luta se desenvolveu acirrada, desde os primeiros minutos. O Internacional tem a primazia do ataque, respondendo logo o adversário. Um bom centro de Klodo apremiou Júlio que afobou e largou o couro. Rui, que avançou, atingiu as redes em cheio, abrindo a contagem (12'). As ações rubras aumentam, salientando-de então, a figura do jovem guardião cruzeirista — Veronesi — arremesos de grande potência, desferidos por Cariltos (2 vezes) e Tesourinha (21').
A pressão dos comandados de Russinho recrudesce. Espir e Dilorenzi redobram atividade. No trigésimo nono minuto Carlitos finaliza muito bem e Veronesi  defende, mandando a escanteio. O "winger" canhoto bate com acerto. Confusão! Rui chuta, o arqueiro devolve fracamente para o mesmo atacante colorado conseguir o empate (10'). Klodo, ponta direlta alvi-azul, obriga Júlio à expetacular tirada. Um escanteio de Marazita, não surte efeito. Investe Plá e a defesa rubra inutiliza, terminando a etapa primária.
Um tremendo cochilo da zaga azul no começo do período derradeiro mudou, por completo, a feição do prélio. Reiniciada a partida, os "diabos rubros" invadiram os domínios das "flechas azuis". Russinho progride, ante a inércia dos zagueiros. Veronesi abandona as redes, pretendendo atropelar o "perigo louro". O forward inimigo age com celeridade, decisão e extraordinária presença de espírito, apontando com violência no canto direito, num chute rasteiro. Veronesi, em único recurso, [...] inutilmente a perna. "Frango"? Para muitos [...], para nós justifica-se a atitude do arqueiro, pois acompanhamos com atenção o lance. Rsuso estava quase sobre o risco da área dos 14 metros e bem distanciado de Marazita e ainda mais longe de Espir. Se Veronesi permanecesse embaixo da goleira seria também batido, irremediavelmente. O que não sofre dúvidas é que a conquista de Russinho ocasionou determinada dose de confusão e abatimento nas hostes azuis, por alguns minutos. Os fouls se repetiram com frequência e os esforços dos "espantalhos" dos colorados eram dispersíveis. Passado o nervosismo, a tranquilidade volta a reinar entre os cruzeiristas que obrigam Alfeu brilhar. Revezam-se as cargas. Assis apoia muito mais que Rafini. O "eixo" uruguaiano melhorou bastante, embora não primasse em desarmar o inimigo.
Quando decorriam 20 minutos do período complementar, Plá foge e expele ajustado centro. Janguito cabeceia e Júlio falha lamentavelmente, para Rui decretar por empate (3x2). Algumas fases esparsas e a contagem pende a favor do "rolo compressor". Dal Pozolo cede corner, cobrado por Carlitos. Marques, desmarcado, com comodidade aloja, de cabeça, a "redonda" nas redes (67'). A seguir, uma escapada irregular de Carlitos (comete toque sem ser punido) chegou a dar a impressao de nova vantagem, se houvesse calma de parte do mignon atacante que desperdiçou.
Uma situação difícil para Júlio fixou o 31º minuto, após uma saída em falso em que veio a cair. Alfeu, com o gol aberto evitou o trajeto do chute de Plá. Instantes após [...] o marcador evolui graças a um lance infeliz do veterano e consagrado Espir, que cabeceou para dentro das malhas, acossado por Marques (4x2).
O tempo se esgota com rapidez e alguns jogadores se esmeram na "cera". Tudo fazia crer no triunfo dos rubros. O Cruzeiro demonstrava pouca coesão e infiltração. Insistiu no tempo final pela esquerda, onde Plá pouco aprovava. Finalmente, veio o "milagre" dos 85 aos 90 minutos. Tesoura comete falta, que batida redunda em intervenção de Júlio. Ataca, outra vez, o Cruzeiro e Alfeu toca o couro com a mão. Plá executa o tiro livre e Rui cabeceia em lindo estilo, no ângulo superior direito (4x3). Carlitos atira pelo lado, em boa oportunidade. Interrompem o cotejo por um minuto para Veronesi ser atendido. Uma falta de Perez em Dilorenzi provoca uma excursão do flanco esquerdo. Plá centra, Janguito cabeceia e Júlio brilha. Voltam ao ataque os azuis pela direita. Klodo chuta, por elevação, e Plá cabeceia na boca da meta, assinalando o honroso empate, quase sobre a hora. A bola não chega a ir ao centro, pois o cronometrista anuncia o término do encontro.
OS QUADROS
Internacional — Júlio; Alfeu e Risada; Perez, Assis e Pedro; Tesoura, Russinho, Marques, Rui e Carlitos.
Cruzeiro: Veronesi; Espir e Marazita; Dilorenzi, Rafini e Dal Pozolo; Klodo, Janguito (Ordovás), Ordovás (Janguito), Rui e Plá.
Renda: 4:570$000. Árbitro: Valdomiro Vasques — bom.
Índices: técnico — zero para os dois; disciplinar: 4 para ambos, em virtude do excesso de faltas.
Os melhores: Rui (Cruzeiro), Russinho, Veronesi, Alfeu, Marazita, Risada e Assis.
A PRELIMINAR
Louvável a medida da direção técnica do Cruzeiro colocando a maioria dos reservas na equipe secundária.
A superioridade foi flagrante. Venceram os visitantes por 4x1, dando um "passeio" no quadro colorado. Formou assim o Cruzeiro: Ary; Burger, Jorge e [...], Só, Almo e Vinício, Saladura, Paulo, Cláudio, Capaverde e Caveirinha.
O árbitro Luciano Jacks constituiu um triste espetáculo, alheio às jogadas bruscas e menor energia.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 039, 16 abr. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1062. Acesso em: 03 jun. 2025.

O INTERNACIONAL PROTESTOU A INCLUSÃO DE PLÁ
O E. C. Cruzeiro, por intermédio de Espir, contraprotestou alegando ser legal a inscrição daquele jogador
O panorama desportivo e social no campo do Sport Club Internacional foi muito apreciado, na tarde mormacenta de domingo. Os jogadores que se movimentaram, cheios de entusiasmo e ardor, no "tapete verde" contrastaram com a temperatura insuportável.
O embate transcorreu sem o menor incidente, durante os 90 minutos, não se verificando o menor atrito dentro do "field".
A única nota destoante foi o protesto, lavrado por Russinho, antes do início do cotejo no boletim da partida. O representante Augusto Teixeira, solicitado pelo capitão colorado, forneceu a súmula, onde se consignou a reclamação pela inclusão de Válter Plá.
O assunto mereceu ampla divulgação do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, que assinalou mais um furo desportivo, de forma que não necessitamos comentar largamente o caso.
Plá obteve seu cancelamento pelo Rio Grandense, da cidade de Rio Grande, antes do dia 7 do corrente, data inicial do Intercruz, transferido devido ao mau tempo. Aliás, a AMGEA possui comunicação por escrito, da Federação Rio Grandense de Desportos esclarecendo suficientemente a situação de Válter Plá. Mesmo assim, o Internacional protestou antes do prélio ser iniciado, tendo o Cruzeiro, por intermédio de Espir, contra-protestado.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 039, 16 abr. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1062. Acesso em: 03 jun. 2025.

23/03/1940 - Amistoso - FC Porto Alegre 2 x 2 Internacional

CATURRITAS E COLORADOS JOGARÃO NO PRÓXIMO SÁBADO A PRIMEIRA RODADA DE FUTEBOL DA TEMPORADA DE 1940
Esse jogo amistoso será disputado na Chácara das Camélias, no Menino Deus
Os clubes porto-alegrenses encontram-se nos aprontos finais para o próximo campeonato que se [...] com o Torneio Inicial, a ser disputado no próximo dia 31, tendo como local o estádio da Timbaúva.
Tanto a direção do S. C. Internacional como a do "veterano" F. C. Porto Alegre, julgando seus novos esquadrões em condições de fazerem uma apresentação em público, vêm de [...] um cotejo que terá lugar na Chácara das Camélias, no próximo sábado, dia 23.
Pelo exposto se vê com facilidade que caberá aos "caturritas" e colorados fazerem o encontro inaugural da próxima temporada futebolística, quando ambos os conjuntos se apresentarão em cancha com seus novos elementos.
Sabe-se que os rubros, vice-campeões da cidade, farão estrear nesse cotejo dois novos médios laterais que são: Nenê, classificado o melhor ala direito da fronteira e que atuava pelo Uruguaiana F. C. da cidade do mesmo nome. Na ala esquerda aparecerá Russo, integrante do último selecionado gaúcho e que na temporada passada defendeu as cores do Departamento Desportivo da Viação Férrea. Félix Magno será mantido no centro da intermediária, espera-se que o "rival" uruguaio, com dois médios do quilate de Russo e Nenê, tenha destacada atuação na temporada que se avizinha.
Quanto ao trio defensivo dos colorados terá a mesma constituição do ano passado. Júlio, Alfeu e Risada serão os integrantes da "muralha rubra". Na dianteira, o Internacional apresentará Toreli, o antigo "menino de ouro", denominação que recebeu quando jogava pelo Grêmio Porto Alegrense. Toreli vem treinando com muito acerto entre os atacantes do clube de Hoche de Almeida Barros e tudo faz crer que comandará o quinteto atacante dos Eucaliptos.
Os "caturritas" vêm se submetendo a severos treinamentos, quer fisicamente como em conjunto, sob as ordens do tenente Lerias, novo "coach" dos verdes. O Porto Alegre possui atualmente um "XI" muito bem treinado, conforme foi constatado no Torneio Encerramento, quando se classificaram vice-campeões, depois de vencerem o Força e Luz e Americano Universitário.
Assim, que no próximo sábado os amantes do desporto das multidões assistirão ao primeiro cotejo da temporada de 1940, quando estarão frente a frente colorados e "caturritas", na Chácara das Camélias, num cotejo fadado a apresentar lances de sensações, tal o preparo que ostentam as duas equipes disputantes.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 017, 20 mar. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/764. Acesso em: 02 jun. 2025.

CATURRITAS E COLORADOS JOGARÃO SÁBADO O PRIMEIRO COTEJO DA TEMPORADA DO CORRENTE ANO
Esse encontro será disputado no campo da Chácara das Camélias, no Menino Deus
Sábado próximo abrir-se-ão os portões do gramado da tradicional Chácara das Camélias, a fim de ser disputado o primeiro cotejo futebolístico da temporada de 1940, quando estarão frente a frente os esquadrões do "veterano" Porto Alegre do Internacional.
Conforme tem sido amplamente divulgado, tanto o G. E. Renner como os "caturritas" vêm se esforçando a fim de saírem o mais breve possível do mais célebre "porão", que é a Série "B" da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos.
Oe verdes vêm se submetendo a um severo regime de treinamento, sob as ordens de seu novo "coach", o tenente Lerias, notando-se grande entusiasmo entre os defensores do clube presidido por Francisco Lupinacci para a próxima sabatina, quando enfrentarão os seus vizinhos de bairro, os colorados.
A grande legião de torcedores dos colorados, aguardam com jusdizível ansiedade esse cotejo, uma vez que o mesmo servirá para o "debut" do novo preparador do Internacional, Rui Azevedo de Souza, que vem dirigindo os treinamentos dos colorados, em substituição a Benjamin Simões, que se demitiu em virtude de seus inúmeros afazeres.
Por estes e outros fatores o cotejo do próximo sábado, entre colorados e "caturritas" está despertando grande ansiedade entre os aficionados do "desporto das multidões".
NOTA DO INTERNACIONAL
A direção técnica dos colorados pede, por nosso intermédio, o comparecimento, hoje, dos jogadores abaixo nomeados, para um rigoroso treino de conjunto. Pede-se observar com a máxima pontualidade o horário marcado.
Às 17 horas: Júlio — Alfeu — Risada — Nenê — Magno — Russinho — Tesourinha — Russo — Toreli — Carlitos — Adão — Publio — Mario — Castillo — Rui Barbosa — Lacerda — Villi — Olmiro — Clóvis — Manjeló — Estanislau — Nenê — Rubim — Pedrinho — Cebinho — Álvaro — Osmar — Otacílio — Ari — Alves — Jaú — Catalani — Hugo — Danilo — Joãozinho.
NOTA DO PORTO ALEGRE
Hoje, quinta-feira Santa, com início às 14,30 horas, realizar-se-á o último treino que servirá de base à formação dos quadros que enfrentarão sábado, 23 do corrente, o coirmão S. C. Internacional em partida amistosa.
A direção técnica chama, por nosso intermédio, todos os jogadores inscritos e os que ainda não se inscreveram para, à hora marcada, efetuar o referido treino.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 018, 21 mar. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/776. Acesso em: 02 jun. 2025.

CATURRITAS E COLORADOS SÃO OS ADVERSÁRIOS, AMANHÃ, NA PRIMEIRA AMISTOSA DA ATUAL TEMPORADA
Esse jogo será disputado no campo de veterano F. C. Porto Alegre, no Menino Deus
Iniciando as atividades futebolísticas do corrente ano, teremos, amanhã, no campo da Chácara das Camélias, o primeiro encontro amistoso entre os quadros do veterano F. C. Porto Alegre e do Sport Club Internacional.
Essa encontro é aguardado com grande expectativa, pois será a primeira exibição em público dos dois contendores. O clube caturrita, sob a orientação técnica do tenente Leirias enfrentará um ótimo conjunto, que espera fazer sucesso na série B. Aliás, já no Tornelo Encerramento o clube de Francisco Lupinacci foi um dos que se apresentaram em melhor forma, tendo deixado ótima impressão. Os caturritas, bem preparados, esperam confirmar na jogada de amanhã a sua anterior atuação.
A maior atração, entretanto, do amistoso de amanhã será a exibição do conjunto colorado, que é para muitos uma incógnita. A torcida rubra anseia por aquilatar o valor do quadro do Estádio.
Ninguem cenhece a nova constituloo do quadro do clube de Risada. Muitos afirmam que Levi e Celso não mais jogarão, sendo substituídos por Russo, que jogava pelo Ferroviário e Nenê, um novo elemento vindo de Uruguaiana, onde gozava de grande fama como centro médio. O triangulo rubro será o mesmo do ano passado: Júlio, Alfeu e Risada. Como chave do quadro continuará Magno e a linha de ataque terá mais o concurso de Toreli, que ultimamente atuou pelo Americano.
Os segundos quadros jogarão às 14 horas e os primeiros às 16 horas.
Representará a entidade citadina nesse jogo o desportista Francisco Assis de Oliveira, 3º vice-presidente.
NOTA DO INTERNACIONAL
Devendo realizar-se, amanhã dia 23, uma partida amistosa com o coirmão Porto Alegre, na Chácara das Camélias, a direção técnica dos colorados pede o comparecimento dos jogadores abaixo nomeados, em seu campo, exigindo fiel observância do horário.
Às 13 horas — Antoninho — Willy — Olmiro — Gaspar — Stanislao — Jaú — Oliveira — Adão — Rubim — Padrinho — Cebinho — Hugo — Danilo — Ari — Moacir — Álvaro — Mario — Osmar — Joãozinho.
Às 15 horas — Júlio — Lacerda — Alfeu — Risada — Nenê — Rui — Rui Barbosa — Russinho — Toreli — Castillo — Carlitos.
Para o jogo de amanhã, o Porto Alegre baixou a seguinte nota:
a) — direção geral a cargo dos presidentes dos clubes disputantes; b) — fiscalização de portões a cargo dos tesoureiros dos dois clubes; c) — permitir entrada franca somente aos portadores de cadernetas da AMGEA e da FRGD, aos presidentes dos clubes filiados à AMGEA; d) — os sócios do F. C. Porto Alegre terão entrada mediante a apresentação do recibo número 3; e) — suspender definitivamente todas as entradas de favor, sendo por isso inútil insistir; f) — marcar os seguintes preços de entradas: Geral ou Pavilhão — rs. 3$000; 1/2 entrada — rs. 2$000; g) — escalar os seguintes jogadores para formar o segundo quadro: Parra — Marco — Palito — Mirot — Silveira — Jerônimo — Caverá - Pereirinha — Antão — Klock — Moreira — Soares — Carlos — Moacir 2º — Licurgo — Azambuja — Clóvis e Sadi. Estes jogadores deverão entar em campo às 13 horas; h) — Escalar os seguintes jogadores para formar o primeiro quadro: Mascote — Setembrino — Pita — Francisco — Armando — Guedes — Badanha — Balano — Ivo — Xinxim — Pitinha — Rema Lauro — Santinho — Alcides — Viana — Sila — Dorvalino e Moacir 1º. Estes jogadores deverão estar em campo às 14,30 horas.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 019, 22 mar. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/788. Acesso em: 03 jun. 2025.

AMISTOSO - FC PORTO ALEGRE 2 X 2 INTERNACIONAL
Data: 23/03/1940
Local: Chácara das Camélias - Porto Alegre (RS)
Renda: 1:067$000
Juiz: C. Paiva (Tenente Silva)
Gols: Tesourinha 9’/1 (I); Torelli 10’/2 (I); Xinxim 26’/2 (F); Pita ?’/2 (F).
FC PORTO ALEGRE: Mascote (Setembrino); Pita e Francisco; Guedes, Badanha e Baiano; Sila, Viana, Alcides (Soelci) (Lauro), Pitinha (Romagueira) e Xinxim (Chinês). Técnico: Leirias.
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Nenê, Otacílio e Públio; Tesourinha, Rui Barbosa (Ruy Motorzinho), Russinho, Torelli (Castillo) e Carlitos. Técnico: Rui Azevedo Souza.

FRAQUÍSSIMO O PRIMEIRO AMISTOSO DA TEMPORADA ENTRE COLORADOS E CATURRITAS, ONTEM DISPUTADO
Esse jogo finalizou com o empate de 2 x 2 — Substituições em grande número — Como agiram os quadros
Fraquíssimo o primeiro embate amistoso da temporada de 1940. Porto Alegre e Internacional ofereceram um espetáculo paupérrimo, pouco atraente sob o ponto de vista técnico. Divergimos, por completo, dos cotejos "caça-níqueis". As experiências devem ser feitas sob portões fechados e não ante os olhares da assistência, mediante pagamento. Assistimos a um luta miserável, prenhe de substituições, também condenáveis. Citamos apenas que os rubros mudaram cinco vezes o titular da entre ala direita e três vezes o  center forward e o meia esquerda.
O resultado do "match-trainning" demonstra o péssimo estaro de um dos combatentes, justamente o de mais categoria, de maior cartaz e de prestígio no soccer local. O empate alcançado depois de um prélio renhido, pelo Porto Alegre, enche de orgulho o clube do "porto". Realmente os esmeraldinos lutaram como leões, igualmente com a gente do "sobrado", que se viu em sérios apuros em face da desorganização da intermediária. Atacaram mais os locais, perdendo oportunidades ótimas. Sem o elan costumeiro, os rubros deram um mau espetáculo, esperamos, todavia, que as coisas melhorem e já no Torneio Inicial tenhamos outra impressão. Necessitam os dirigentes dos grandes clubes dar eficiência aos seus quadros, atraindo público e boas rendas. Os torcedores sabem discernir o bom e o mau.
xxx
Os 90 minutos de jogo oferecidos na cancha do Porto Alegre, no bairro do Menino Deus, foram pobres, negativos. O empate, até certo ponto, espelhou o desenrolar do amistoso. Os verdes tiveram a primazia dos ataques. Não levaram a melhor pela falta de êxito dos arremates e a perícia de Júlio em dois lances, de modo espetacular. Arrancaram os colorados na frente. Tesourinha, num cochilo da zaga, "encaixou", aos 9, após um escanteio. Seis minutos mais tarde, Xinxim perde esplêndida oportunidade, só ante Júlio. O árbitro (12) comete uma tremenda "gafe". Alfeu comete foul dentro da área. Soou o apito, todos aguardavam a pena máxima, porém, assinala-se bola ao ar.
A fase primária nada mais ofereceu. Na etapa complementar Toreli aumentou de cabeça, escorando um centro de Tesourinha (56). Aos 71, os esmeraldinos descontam. Sila despeja e Xinxim emenda na boca! 2x1. Um ttro livre, decorrente de toque de Alfeu, próximo da área, redunda no empate. Vicente Pita, zagueiro do "veterano", converte a infração com maestria. Daí por diante o embate transcorre equilibrado, sem maior alteração.
Renda: 1:067$000
Árbitro: C. Paiva e tenente Silva, da Brigada Militar. O primeiro fraco e o segundo aceitável.
Os quadros: INTERNACIONAL — Júlio — Alfeu e Risada — Nenê (Adão) — Otacílio (Nenê) — Públio - Tesoura — Rui Barbosa (Toreli, Rui, Russinho e Rui) — Russinho (Toreli e Russinho) — Toreli (Castilhos e Toreli) — Carlitos.
PORTO ALEGRE — Mascote (Setembrino) — Pita — Francisco — Guedes — Badanha e Baiano — Sila — Viana — Alcides (Soelci e Lauro) — Pitinha (Romagueira) e Xinxim (Chinês).
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 020, 24 mar. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/804. Acesso em: 03 jun. 2025.

13/02/1940 - Citadino 1939 - Jogo extra - Internacional 2 x 4 Grêmio

Inédito um desempate entre Internacional e Grêmio, no Campeonato da Cidade
A LÓGICA, MAIS UMA VEZ, ESTARÁ EM JOGO NO "PRÉLIO-SENSAÇÃO" DA CIDADE: TRICOLORES X COLORADOS
A ofensiva dos rubros não contará, provavelmente, com a cooperação do entre-alas esquerdo: Castillo, algo contundido. Rui o substituirá — Alfredo Cesaro será o árbitro — Os dois quadros — Horário: 20,45
HAVERÁ DESFORA DAQUELES 6 X 1?
Pela primeira vez registra-se na história do campeonato da AMGEA um empate no returno entre os dois grandes adversários, Grêmio e Internacional, graças à fórmula Fraga. Tricolores e colorados somaram seis pontos, tendo ambos perdido um jogo. Uma goleada cortou a série de triunfos dos bicampeões da cidade, revés imposto pelos diabos rubros, na própria "baixada". O desfalque dos dois pontos para o Grêmio foi recobrado por intermédio do Cruzeiro, que abateu os vermelhos em sua própria cancha. Recobrando ânimo e fibra, colorados e tricolores ultrapassaram os outros obstáculos, enquanto os companheiros de Espir sofriam dois tropeços, colocando-se em terceiro lugar no campeonato oficial, deixando a liderança entre os tradicionais inimigos desportivos.
Hoje, Internacional e Grêmio decidirão a vanguarda do returno. Se o Grêmio vencer, estará consagrado campeão da cidade em 1939. Se o triunfo bafejar os pupilos de Benjamin Simões, o público assistirá a emocionante série de matches com a realização da "melhor de três" para apurar-se o vencedor absoluto, já que a vitória colocará Grêmio e Internacional à testa dos dois turnos.
A "Chácara dos Eucaliptos" engalanar-se-á na noite de hoje com o "clássico" da metrópole. Para maior comodidade pública não haverá preliminar, iniciando-se o "cotejo-emoção" às 20,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
UM RETROSPECTO DAS ÚLTIMAS ATUAÇÕES DOS ADVERSÁRIOS
É curiosa a posição dos dois quadros. Apelando para a lógica (sempre volúvel e ingrata em futebol) não se pôde deixar de considerar os colorados favoritos. Desde o baque dado pelo Cruzeiro, o Internacional firmou-se. Empatou com o forte e poderoso esquadrão do Independiente e "torpedeou" o Força e Luz por 8x2. Analisando as exibições do Grêmio, deparamos com um saldo no cotejo sustentado frente aos bicampeões de Buenos Aires, mas nada lisongeia a exibição realizada contra o Cruzeiro, embora o placar favorecesse aos tricolores por 2x0. A ação e o rendimento do XI de Telêmaco foram precaríssimas.
O balanço dos prós e dos contras acusa algo favorável aos rapazes da rua Silveiro, mas (maldita conjunção que denota oposição, restrição à proposição já anunciada) o "clássico" sempre derruba os prognósticos ou vaticínios. As lenga-lengas alinhadas perdem o seu valor real. No campo, quando os 22 jogadores se atiram à luta com alma e denodo, tudo se transfigura e assiste-se, a mor parte das vezes, resultados inesperados, não raro surpreendentes para não citar as decepcões como ainda há pouco ocorreu (referimo-nos aos 6x1).
Ao defrontarem-se, Internacional e Grêmio abalam as estruturas das teorias, dos hábitos, das normas observadas nos "clássicos". Ora atuam com descomunal ardor, buscando ansiosamente apenas a vantagem a fim de garantir o êxito, outras vezes demonstram muita aptidão e certa classe, proporcionando belíssimo espetáculo. Esperamos que nenhum dos dois "dispare", esmagando escandalosamente o antagonista. Preferimos, e certamente junto conosco o afeiçoado, um embate equilibrado com escore ajustado. Em síntese, uma magnífica noite futebolística.
O XI TRICOLOR
Como visitantes, os gremistas porão nos "Eucaliptos" o seguinte conjunto:
Edmundo — Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Salvador, Cezar, Fogo e Malaquias.
Os colorados, segundo a voz autorizada do diretor de futebol Benjamin Simões, alinharão este time:
Júlio — Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio — Rui e Carlitos.
AUTORIDADES
Representará a entidade metropolitana nesse jogo o seu presidente, nosso companheiro Cícero Soares e servirá de fiscal o sr. Emílio Belo, membro da comissão técnica.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL — Para o importante jogo de hoje, terça-feira, em nosso campo, com o valoroso coirmão Grêmio F. P. Alegrense, foram tomadas as seguintes deliberações:
Direção Geral — A cargo do Vice-Presidente, dr. Gabriel Moacir, no exercício da Presidência, auxiliado pelos demais diretores; Junto à Amgea — o 2º Secretário, Aurélio Ghilosso; Junto à Imprensa — o 1º Secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Grêmio — o Diretor, sr. Briareu A. Centeno; Junto à Polícia — o Diretor, sr. José Truda Palazzo: Portões — A cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miller Pereira, auxiliados como segue: Portões dos sócios acionistas — Rodolfo Torres Balbão, Briareu Centeno, Armando Silva e Nicomedes Ribeiro; Portão dos sócios contribuintes — Apolônio Kalikoski, Olavo Guimarães e J. M. Braga Pinheiro; Portões gerais — Seabra Martins, J. Cunha e Willy Teichmann.
PREÇOS — Pavilhão 5$000, Geral 4$000, Meia entrada de pavilhão: 3$000 e meia entrada geral: 2$000. Sendo que a meia entrada geral é exclusivamente para soldados e colegiais fardados.
Os sócios terão entrada mediante apresentação do recibo do mês de fevereiro corrente e respectivas cadernetas.
A fim de evitar-se dissabores e contrariedades, roga-se aos sócios não levarem em sua companhia pessoas estranhas às suas famílias, sendo que, de acordo com os estatutos do clube, somente terão entrada, quando em companhia de sócios, suas esposas, filhas e filhos menores.
Direção de campo — a cargo do respectivo diretor sr. Benjamin Simões. O grande jogo está marcado para às 20,45, com 15 minutos de tolerância, e o sr. Benjamin Simões determina o comparecimento às 19,45 horas em ponto, dos seguintes jogadores:
Júlio, Marcelo, Risada, Alfeu, Levi, Magno, Celso, Nenê, Tesourinha, Rui, Russinho, Acácio, Castillo, Carlitos, Filhinho e demais jogadores inscritos.
O Diretor de Campo chama a atenção de todos os jogadores para a hora marcada acima, que deverá ser rigorosamente observada.
Os jogadores de basket-ball, atletas e juvenis terão entrada pelo portão dos sócios acionistas, isto é, o portão central.
Nos portões será feita rigorosa fiscalizacão e conta-se com a boa vontade dos srs. sócios para auxiliarem a diretoria, cumprindo as determinações acima.
Os portadores de cadernetas da AMGEA e FRGD e de ingressos especiais entrarão pelo portão sito à rua Barão de Guaíba.
GRÊMIO — Para o jogo de hoje à noite, no campo da rua Silveiro, entre o S. C. Internacional e o Grêmio Futebol Porto Alegrense, em desempate do returno da AMGEA, a direção técnica do campeão da cidade convoca para às 19,30 horas, na "baixada", os jogadores abaixo:
Edmundo, Romeu, Darto, Luiz Luz, Motin, André, Noronha, Laxixa, Valter, Tonelli, Mesquita, Laci, Salvador, Vanário, Cezar, Alemão, Luiz Carvalho, Fogo e Duarte.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 283, 13 fev. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/385. Acesso em: 02 jun. 2025.

CITADINO 1939 - JOGO EXTRA - INTERNACIONAL 2 X 4 GRÊMIO
Data: 13/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 22:680$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Acácio 10'/ (I); Foguinho 14'/1 (G); Salvador Arísio 6'/2 (G); Cézar Basílio 8'/2 (G); Foguinho 13'/2 (G); Tesourinha 17'/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso (Nenê), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio, Ruy Motorzinho (Castillo) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita (Lacy), Salvador, Cézar Basílio (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

TRI-CAMPEÕES!
O Grêmio, apresentando um melhor padrão de jogo, superou o Internacional por 4 x 2, em partida decisiva
OS TRICOLORES VINGARAM O REVÉS DO TURNO VENCENDO NITIDAMENTE O “GRE-NAL”
Fogo (2), Salvador e Cezar construíram a bela vitória — Acácio e Tesourinha minoraram a contagem — Cesaro, um árbitro correto
O Grêmio Porto Alegrense sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão da cidade, de modo insofismável. Lutando com bravura, denodo e entendimento, o XI tricolor obteve mnagnífico triunfo frente ao seu velho e acirrado adversário. Se o time de Telêmaco Frazão de Lima apresentou-se coeso, soberbo, disposto a levar de roldão os colorados, estes mostrararam-se apáticos, desconjuntados, sobretudo na "intermediária", agravando-se a situação na ofensiva. Estranho e inócuo o trabalho dos cinco dianteiros locais, presa fácil e constante para a vanguarda dos tricampeões que se apresentou numa noite de gala invulgar. André e Laxixa sempre estiveram efetivos, enquanto Noronha teve altos e baixos, impressionando alguns instantes para claudicar em outros momentos. Reacionava, porém, e os pequenos senões passavam rapidamente ao esquecimento. Uma zaga soberba e produtiva, notadamente Dario, o melhor homem da defesa. Edmundo bem pouco teve a fazer na etapa derradeira quando o cotejo-sensação se decidiu de modo inapelável para o melhor e mais técnico: o Grêmio.
A vitória do valoroso quadro dos calções negros não deixou a menor sombra de dúvidas. Sustentou a vantagem traçada por Acácio, no sexto minuto, igualando ainda na fase inicial, por intermédio de Foguinho (14'). Nada mais de extraordinário acusou o primeiro tempo, a não ser apreciável movimento. As duas ofensivas desciam com rapidez, esbarrando na atenção vigilante dos dois sextetos. Já nos 15 minutos finais deste período, os azuis impressionavam melhor para imporem-se definitivamente na etapa complementar.
xxxx
O embate-emoção confirmou plenamente a denominação. O entusiasmo nos lances, a rapidez das jogadas, a assistência eletrizada na fase inicial, caraterizaram a noitada de ontem que decaiu no aspecto geral em face da manifesta superioridade de uma facção, esfriando a torcida rubra, em menos de 15 minutos.
O jogo decisivo do returno, que trouxe mais um galardão para os gremistas, foi iniciado com um minuto de silêncio em memória do saudoso desportista Antônio Marçal Pessoa, ontem sepultado, levando os jogadores do Internacional luto nas camisetas.
As alternativas se sucedem até o décimo minuto. Um chute da direita, de Russinho, confundiu a Edmundo, que não reteve o couro, para Acácio, com relativa facildade, eniviar às redes. A primeira conquista, delirantemente aplaudida pela numerosa "hinchada", Risada inutiliza uma investida, cedendo escanteio. Mesquita executou e Salvador fez a bola passar a Fogo. Este arremessa e acerta em cheio, empatando (14'). O jogo colore-se, ganha velocidade e trepidação. Cresce a intensidade das ações dos visitantes, destacando-se Alfeu pela dinamidade, bem auxiliado por Risada. Declina rapidamente a linha média. Júlio brilha, detendo, com dificuldade, um tiro de Salvador. Fogem os minutos e o Grêmio estabelece-se no domínio, provocando angustiosa situacão para as redes adversárias. Felizmente, Levi aliviou. Finaliza logo após o tempo primário.
xxxx
Uma surpresa estava reservada aos afeiçoados. Jurava-se que os retoques a serem introduzidos na equipe colorada trariam sensíveis melhoras. De fato, o XI vermelho apresentou-se modificado. Russinho abandonou a meia direita, aparecendo Castillo na esquerda e Rui trocou, defendendo a entre ala direita. Celso cedeu posição a Nenê, sem aprovar. Mais tarde outra mudança no "five" atacante: saiu Acácio e entrou Russinho, também sem o menor proveito. O esquadrão de Benjamin Simões persistiu em tornar-se desconenhecido e desconhecedor de preceitos. Afora, a primeira investida da ala esquerda Carlitos-Castillo causou boa impressão. Infiltraram-se, de início, celeremente e o "winger" atrasou ao insider que apontou perigosamente. Mas foi só. A defesa voltou a demonstrar sua pujança impedindo e desfazendo as cargas coloradas.
O placar "disparou" contra o Internacional. A vantagem tricolor apareceu aos 51'. Noronha estendeu a Salvador que, de fora da área faz as redes estremecerem. Um legítimo "gol de sobrado", no ângulo superior direito. Júlio alçou o vôo muito tarde! Delírio tricelor. Pressão da "baixada". Mais 4 minutos e nova queda do arco colorado. Cezar, servido por Mesquita, atira cruzado e rasteiro, aproveitando o cochilo da zaga, que "parou". O "condotieiri" escolheu à vontade e elegeu o canto esquerdo. Outro tento lindo. A última conquista do Grêmio surgiu aos 58 minutos, mediante um oportuno kick de Fogo, o artilheiro mais dinâmico e produtivo dos tricampeões. O lance teve origem num escanteio de Risada, apremiado por Malaquias. Este executa, forma-se entrevero, Risada defende fraco e Fogo "acha o caminho" com um "canhão". Estava definida a vitória.
Prossegue a supremacia dos visitantes. Mesquita justifica a existência do travessão e Malaquias, num centro, confrange a defesa, sem maior perigo.
O Internacional veio a descontar a diferença que não deixava mais dúvidas. Castillo habilitou Carlitos, que centra. Edmundo e Dario se confundem. O arqueiro agarra e solta a "pelota", entrando Tesorinha com firmeza: 4x2 (17' do segundo tempo).
Anima-se um pouco o XI de Benjamin. Tesourinha finaliza e Edmundo encaixa. Reage o Grêmio, sem proveito. Destaca-se a ação de Alfeu e Risada. Aos 22' sai Cezar e entra Luiz Carvalho. Um escanteio batido por Malaquias é bem cabeceado por "el maestro". No momento oportuno Nenê afasta, quando Júlio estava no canto oposto.
Nova modificação no "eleven" rubro: Acácio abandona o gramado, por ordem técnica, entrando Russinho (30'). O Grêmio também muda o quadro. Laci ocupa a ponta direita, saindo Mesquita para, aos 40' entrar de novo, na esquerda em vez de Malaquias. O "goleador" do Independiente, de Buenos Aires, usou e abusou dos "dribblings", prejudicando a todos.
Batendo uma falta de Magno, Fogo obriga firme defesa de Júlio. Passa em branco um escanteio de André. Mais alguns lances esparsos e finda o jogo que trouxe mais um campeonato para o glorioso Grêmio Porto Alegrense.
Árbitro: Alfredo Cesaro: bom.
Renda: 22:680$000
Os quadros: GRÊMIO: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — André — Noronha e Laxixa, Mesquita (Laci) — Salvador — Cezar (Carvalho) — Fogo e Malaquias (Mesquita).
INTERNACIONAL: Júlio — Alfeu e Risada, Celso (Nenê) — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Rui (Castillo) — Carlitos.
Índices: técnico: 2 para o Grêmio e 0 para o Internacional; disciplinar: 5 para ambos.
Os melhores: Dario, André, Fogo, Laxixa, Alfeu, Luiz Luz, Risada e Salvador.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 284, 14 fev. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/396. Acesso em: 02 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Grêmio Porto Alegrense x Internacional
NO ESTÁDIO DOS EUCALIPTOS
O campeonato de foot-ball porto alegrense teve seu epílogo com o "clássico" cotejo entre o Grêmio Porto Alegrense e S. C. Internacional, que foi disputado sob as luzes dos refletores do Estádio dos Eucaliptos.
Pela terceira vez consecutiva, o Grêmio conquista o campeonato da cidade, desta feita derrotando o Internacional pela contagem de 4 a 2.
O Gremio produziu uma ótima jogada, notando-se grande acerto em todas as suas linhas, quer defensivas ou ofensivas. A produção técnica do tricolor foi idêntica a que apresentou contra os bicampeões argentinos o Club Athletico Independiente, quando estes caíram vencidos pela contagem de 2 a l, num memorável encontro, que deverá marcar época na historia do foot-ball gaúcho.
O campeonato de 39 teve fases sensacionais; por diversas vezes Grêmio e Internacional viram seus passos prejudicados pelos demais concorrentes, que no final se entregaram, ficando a liderança com os dois "clássicos" adversários do foot-ball de Porto Alegre. Finalmente, com o desfecho, a vitória justa e merecida coube ao Grêmio.
COMO AGIRAM OS TRICAMPEÕES
Passamos agora a registrar como se conduziram na cancha os defensores do Grêmio Porto Alegrense. Edmundo, no arco, praticou ótimas defesas, tendo unicamente claudicado na primeira conquista do Internacional, quando depois de "encaixar" o balão, o soltou novamente. Dario e Luiz Luz, os dois zagueiros do selecionado gaúcho vice-campeão de 1936, se conduziram com muito acerto, notadamente o primeiro que foi o defensor de atuação mais regular durante todo o campeonato de 1939.
O ponto mais alto da equipe tricolor residiu na intermediária, integrada por André, Noronha e Laxixa, notadamente o primeiro que surgiu dos juvenis e vem se revelando um médio direito de regular possibilidade. Noronha começou atuando mal, para se firmar em seguida, passando a controlar as jogadas com inteligência e acerto. Fez uma grande partida o jovem "pivot" do tricolor da cidade. Laxixa teve atuação destacada de médio esquerdo, defendeu e auxiliou o ataque com precisão.
A dianteira do Gremio funcionou com grande disposição e apetite, salientando-se os dois entre-alas, Salvador e Foguinho, que foram os atacantes mais destacados da noite. O segundo, afora ter consignado dois belos tentos, foi ainda um "insider" trabalhador e esforçado, fazendo ótimo jogo de ligação com a defesa. O comando do ataque pertenceu primeiro a Cezar, que se conduziu regularmente até os 10 minutos da etapa suplementar, quando cedeu seu posto a Luiz Carvalho, que já defendeu as cores do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro e é elemento imprescindível nas seleções gaúchas. De "winger" direito atuou Mesquita e depois Laci, que não teve ocasião de aparecer. Na ponta esquerda jogou Malaquias, também vindo dos juvenis e elemento de grande futuro que se conduziu muito mal com o "winger" canhoto do Grêmio Porto Alegre, principalmente quando venciam por 4 a 2, passando a produzir jogo pessoal, o que prejudicou o bom andamento de seu XI. Não fosse isto e o Grêmio teria feito subir ainda mais o placar. No final contundiu-se, entrando Mesquita para a ponta esquerda.
O DESEMPENHO DO INTERNACIONAL
Os colorados produziram um padrão de jogo muito aquém de suas reais possibilidades. O fator primordial da derrota residiu na intermediária, onde somente se salvou o centro médio uruguaio Félix Magno, que procurou sanar as falhas dos médios laterais, os quais estiveram simplesmente sofríveis. O setor mais firme do esquadrão rubro foi o trio final, integrado por Júlio, Alfeu e Risada, notadamente o "colored" Alfeu, que foi o elemento mais destacado da cancha e em cujos pés morreu a maioria das investidas do quinteto atacante do Grêmio.
A dianteira do Internacional produziu ótimas jogadas no centro do campo, mas pecou lamentavelmente nas conclusões finais, quando se atrapalhava com o balão, perdendo boas ocasiões de marcar tentos. Tesourinha conseguiu criar algumas situações de perigo para o arco gremista, mas não teve a colaboração que deveria ter dos demais companheiros.
COMO FORAM FEITOS OS 6 TENTOS DA NOITE
Aos 10 minutos iniciais, o Internacional conquista a primeira vantagem da noite. Russinho centrou, Edmundo faz a defesa "encaixando" para soltar o balão, do que se aproveita Acácio, que vinha na corrida — 1 a 0 para os colorados. Não demorou muito e surgiu o empate, aos 14 minutos. Risada concede escanteio, cobra Mesquita o tiro de canto e Salvador cabeceia para Foguinho, que emenda, acertando em cheio nas malhas guarnecidas por Júlio, era o empate. O Grêmio passa a dominar o jogo, sem contudo ser modificado o "marcador". Termina a primeira fase com a contagem de 1 a 1.
Iniciado o segundo período, nota-se grande disposição no XI gremista, que se coloca em vantagem aos 51 minutos. Noronha controla a redonda no centro do campo e entrega a Salvador; o "mignon" entre ala direito do tricolor desfere violento pelotaço de uns 3 metros fora da área, colhendo Júlio de surpresa, conquistando o mais belo tento da noite. Grêmio, 2 e Internacional, 1. Essa conquista abriu o caminho para a retumbante vitória do tricolor, que passa a conduzir as jogadas a seu bel prazer. Quatro minutos depois (55), surge o terceiro tento do Gremio. Mesquita serve a Cezar na boca da meta, a defesa colorada "gela" e o "center" arremata forte e de meia altura: nova vantagem para o Grêmio.
O quarto ponto do Grêmio foi marcado aos 58 minutos. Risada cede escanteio, que Malaquias cobra otimamente e Risada defende fracamente, ficando o couro com Foguinho, este desfere violento "canhonaço" que passando por todos vai alojar-se no fundo das redes: 4 a l para o Grêmio. Quando o cronômetro acusava 62 minutos, o Internacional desmancha a diferença por intermédio de Tesourinha, aproveitando-se de uma fraca defesa do arqueiro Edmundo. Com a conquista desse tento tinha-se a impressão de que os colorados reacionariam, tal porém não se deu, continuando o Grêmio a dominar a cancha, exibindo um vistoso padrão de jogo, sem contudo fazer o placar subir.
O único culpado disto foi o ponteiro Malaquias, que insistiu em fazer jogo pessoal.
Renda: — 22:680$000.
Juiz: Alfredo Cezaro — ótimo (Este árbitro porto alegrense, segundo declarou o sr. Latrônico, chefe da embaixada do Independiente de Buenos Aires, é o melhor apito do Brasil, achando mesmo que deveria ser o árbitro da "Copa Roca").
Quadros: — Grêmio: Edmundo — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Laci), Salvador, Cezar (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias (Mesquita).
Internacional: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso (Nenê), Félix Magno e Levi — Tesourinha, Russinho (Rui), Acácio (Russinho), Rui (Castillo) e Carlitos.
Os melhores da cancha: — Alfeu — Dario — Luiz Luz — André — Noronha — Tesourinha — Foguinho — Félix Magno e Salvador.
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 100, 07 mar. 1940, p. 29. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/2841. Acesso em: 02 jun. 2025.