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13/02/1940 - Citadino 1939 - Jogo extra - Internacional 2 x 4 Grêmio

Inédito um desempate entre Internacional e Grêmio, no Campeonato da Cidade
A LÓGICA, MAIS UMA VEZ, ESTARÁ EM JOGO NO "PRÉLIO-SENSAÇÃO" DA CIDADE: TRICOLORES X COLORADOS
A ofensiva dos rubros não contará, provavelmente, com a cooperação do entre-alas esquerdo: Castillo, algo contundido. Rui o substituirá — Alfredo Cesaro será o árbitro — Os dois quadros — Horário: 20,45
HAVERÁ DESFORA DAQUELES 6 X 1?
Pela primeira vez registra-se na história do campeonato da AMGEA um empate no returno entre os dois grandes adversários, Grêmio e Internacional, graças à fórmula Fraga. Tricolores e colorados somaram seis pontos, tendo ambos perdido um jogo. Uma goleada cortou a série de triunfos dos bicampeões da cidade, revés imposto pelos diabos rubros, na própria "baixada". O desfalque dos dois pontos para o Grêmio foi recobrado por intermédio do Cruzeiro, que abateu os vermelhos em sua própria cancha. Recobrando ânimo e fibra, colorados e tricolores ultrapassaram os outros obstáculos, enquanto os companheiros de Espir sofriam dois tropeços, colocando-se em terceiro lugar no campeonato oficial, deixando a liderança entre os tradicionais inimigos desportivos.
Hoje, Internacional e Grêmio decidirão a vanguarda do returno. Se o Grêmio vencer, estará consagrado campeão da cidade em 1939. Se o triunfo bafejar os pupilos de Benjamin Simões, o público assistirá a emocionante série de matches com a realização da "melhor de três" para apurar-se o vencedor absoluto, já que a vitória colocará Grêmio e Internacional à testa dos dois turnos.
A "Chácara dos Eucaliptos" engalanar-se-á na noite de hoje com o "clássico" da metrópole. Para maior comodidade pública não haverá preliminar, iniciando-se o "cotejo-emoção" às 20,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
UM RETROSPECTO DAS ÚLTIMAS ATUAÇÕES DOS ADVERSÁRIOS
É curiosa a posição dos dois quadros. Apelando para a lógica (sempre volúvel e ingrata em futebol) não se pôde deixar de considerar os colorados favoritos. Desde o baque dado pelo Cruzeiro, o Internacional firmou-se. Empatou com o forte e poderoso esquadrão do Independiente e "torpedeou" o Força e Luz por 8x2. Analisando as exibições do Grêmio, deparamos com um saldo no cotejo sustentado frente aos bicampeões de Buenos Aires, mas nada lisongeia a exibição realizada contra o Cruzeiro, embora o placar favorecesse aos tricolores por 2x0. A ação e o rendimento do XI de Telêmaco foram precaríssimas.
O balanço dos prós e dos contras acusa algo favorável aos rapazes da rua Silveiro, mas (maldita conjunção que denota oposição, restrição à proposição já anunciada) o "clássico" sempre derruba os prognósticos ou vaticínios. As lenga-lengas alinhadas perdem o seu valor real. No campo, quando os 22 jogadores se atiram à luta com alma e denodo, tudo se transfigura e assiste-se, a mor parte das vezes, resultados inesperados, não raro surpreendentes para não citar as decepcões como ainda há pouco ocorreu (referimo-nos aos 6x1).
Ao defrontarem-se, Internacional e Grêmio abalam as estruturas das teorias, dos hábitos, das normas observadas nos "clássicos". Ora atuam com descomunal ardor, buscando ansiosamente apenas a vantagem a fim de garantir o êxito, outras vezes demonstram muita aptidão e certa classe, proporcionando belíssimo espetáculo. Esperamos que nenhum dos dois "dispare", esmagando escandalosamente o antagonista. Preferimos, e certamente junto conosco o afeiçoado, um embate equilibrado com escore ajustado. Em síntese, uma magnífica noite futebolística.
O XI TRICOLOR
Como visitantes, os gremistas porão nos "Eucaliptos" o seguinte conjunto:
Edmundo — Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Salvador, Cezar, Fogo e Malaquias.
Os colorados, segundo a voz autorizada do diretor de futebol Benjamin Simões, alinharão este time:
Júlio — Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio — Rui e Carlitos.
AUTORIDADES
Representará a entidade metropolitana nesse jogo o seu presidente, nosso companheiro Cícero Soares e servirá de fiscal o sr. Emílio Belo, membro da comissão técnica.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL — Para o importante jogo de hoje, terça-feira, em nosso campo, com o valoroso coirmão Grêmio F. P. Alegrense, foram tomadas as seguintes deliberações:
Direção Geral — A cargo do Vice-Presidente, dr. Gabriel Moacir, no exercício da Presidência, auxiliado pelos demais diretores; Junto à Amgea — o 2º Secretário, Aurélio Ghilosso; Junto à Imprensa — o 1º Secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Grêmio — o Diretor, sr. Briareu A. Centeno; Junto à Polícia — o Diretor, sr. José Truda Palazzo: Portões — A cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miller Pereira, auxiliados como segue: Portões dos sócios acionistas — Rodolfo Torres Balbão, Briareu Centeno, Armando Silva e Nicomedes Ribeiro; Portão dos sócios contribuintes — Apolônio Kalikoski, Olavo Guimarães e J. M. Braga Pinheiro; Portões gerais — Seabra Martins, J. Cunha e Willy Teichmann.
PREÇOS — Pavilhão 5$000, Geral 4$000, Meia entrada de pavilhão: 3$000 e meia entrada geral: 2$000. Sendo que a meia entrada geral é exclusivamente para soldados e colegiais fardados.
Os sócios terão entrada mediante apresentação do recibo do mês de fevereiro corrente e respectivas cadernetas.
A fim de evitar-se dissabores e contrariedades, roga-se aos sócios não levarem em sua companhia pessoas estranhas às suas famílias, sendo que, de acordo com os estatutos do clube, somente terão entrada, quando em companhia de sócios, suas esposas, filhas e filhos menores.
Direção de campo — a cargo do respectivo diretor sr. Benjamin Simões. O grande jogo está marcado para às 20,45, com 15 minutos de tolerância, e o sr. Benjamin Simões determina o comparecimento às 19,45 horas em ponto, dos seguintes jogadores:
Júlio, Marcelo, Risada, Alfeu, Levi, Magno, Celso, Nenê, Tesourinha, Rui, Russinho, Acácio, Castillo, Carlitos, Filhinho e demais jogadores inscritos.
O Diretor de Campo chama a atenção de todos os jogadores para a hora marcada acima, que deverá ser rigorosamente observada.
Os jogadores de basket-ball, atletas e juvenis terão entrada pelo portão dos sócios acionistas, isto é, o portão central.
Nos portões será feita rigorosa fiscalizacão e conta-se com a boa vontade dos srs. sócios para auxiliarem a diretoria, cumprindo as determinações acima.
Os portadores de cadernetas da AMGEA e FRGD e de ingressos especiais entrarão pelo portão sito à rua Barão de Guaíba.
GRÊMIO — Para o jogo de hoje à noite, no campo da rua Silveiro, entre o S. C. Internacional e o Grêmio Futebol Porto Alegrense, em desempate do returno da AMGEA, a direção técnica do campeão da cidade convoca para às 19,30 horas, na "baixada", os jogadores abaixo:
Edmundo, Romeu, Darto, Luiz Luz, Motin, André, Noronha, Laxixa, Valter, Tonelli, Mesquita, Laci, Salvador, Vanário, Cezar, Alemão, Luiz Carvalho, Fogo e Duarte.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 283, 13 fev. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/385. Acesso em: 02 jun. 2025.

CITADINO 1939 - JOGO EXTRA - INTERNACIONAL 2 X 4 GRÊMIO
Data: 13/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 22:680$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Acácio 10'/ (I); Foguinho 14'/1 (G); Salvador Arísio 6'/2 (G); Cézar Basílio 8'/2 (G); Foguinho 13'/2 (G); Tesourinha 17'/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso (Nenê), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio, Ruy Motorzinho (Castillo) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita (Lacy), Salvador, Cézar Basílio (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

TRI-CAMPEÕES!
O Grêmio, apresentando um melhor padrão de jogo, superou o Internacional por 4 x 2, em partida decisiva
OS TRICOLORES VINGARAM O REVÉS DO TURNO VENCENDO NITIDAMENTE O “GRE-NAL”
Fogo (2), Salvador e Cezar construíram a bela vitória — Acácio e Tesourinha minoraram a contagem — Cesaro, um árbitro correto
O Grêmio Porto Alegrense sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão da cidade, de modo insofismável. Lutando com bravura, denodo e entendimento, o XI tricolor obteve mnagnífico triunfo frente ao seu velho e acirrado adversário. Se o time de Telêmaco Frazão de Lima apresentou-se coeso, soberbo, disposto a levar de roldão os colorados, estes mostrararam-se apáticos, desconjuntados, sobretudo na "intermediária", agravando-se a situação na ofensiva. Estranho e inócuo o trabalho dos cinco dianteiros locais, presa fácil e constante para a vanguarda dos tricampeões que se apresentou numa noite de gala invulgar. André e Laxixa sempre estiveram efetivos, enquanto Noronha teve altos e baixos, impressionando alguns instantes para claudicar em outros momentos. Reacionava, porém, e os pequenos senões passavam rapidamente ao esquecimento. Uma zaga soberba e produtiva, notadamente Dario, o melhor homem da defesa. Edmundo bem pouco teve a fazer na etapa derradeira quando o cotejo-sensação se decidiu de modo inapelável para o melhor e mais técnico: o Grêmio.
A vitória do valoroso quadro dos calções negros não deixou a menor sombra de dúvidas. Sustentou a vantagem traçada por Acácio, no sexto minuto, igualando ainda na fase inicial, por intermédio de Foguinho (14'). Nada mais de extraordinário acusou o primeiro tempo, a não ser apreciável movimento. As duas ofensivas desciam com rapidez, esbarrando na atenção vigilante dos dois sextetos. Já nos 15 minutos finais deste período, os azuis impressionavam melhor para imporem-se definitivamente na etapa complementar.
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O embate-emoção confirmou plenamente a denominação. O entusiasmo nos lances, a rapidez das jogadas, a assistência eletrizada na fase inicial, caraterizaram a noitada de ontem que decaiu no aspecto geral em face da manifesta superioridade de uma facção, esfriando a torcida rubra, em menos de 15 minutos.
O jogo decisivo do returno, que trouxe mais um galardão para os gremistas, foi iniciado com um minuto de silêncio em memória do saudoso desportista Antônio Marçal Pessoa, ontem sepultado, levando os jogadores do Internacional luto nas camisetas.
As alternativas se sucedem até o décimo minuto. Um chute da direita, de Russinho, confundiu a Edmundo, que não reteve o couro, para Acácio, com relativa facildade, eniviar às redes. A primeira conquista, delirantemente aplaudida pela numerosa "hinchada", Risada inutiliza uma investida, cedendo escanteio. Mesquita executou e Salvador fez a bola passar a Fogo. Este arremessa e acerta em cheio, empatando (14'). O jogo colore-se, ganha velocidade e trepidação. Cresce a intensidade das ações dos visitantes, destacando-se Alfeu pela dinamidade, bem auxiliado por Risada. Declina rapidamente a linha média. Júlio brilha, detendo, com dificuldade, um tiro de Salvador. Fogem os minutos e o Grêmio estabelece-se no domínio, provocando angustiosa situacão para as redes adversárias. Felizmente, Levi aliviou. Finaliza logo após o tempo primário.
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Uma surpresa estava reservada aos afeiçoados. Jurava-se que os retoques a serem introduzidos na equipe colorada trariam sensíveis melhoras. De fato, o XI vermelho apresentou-se modificado. Russinho abandonou a meia direita, aparecendo Castillo na esquerda e Rui trocou, defendendo a entre ala direita. Celso cedeu posição a Nenê, sem aprovar. Mais tarde outra mudança no "five" atacante: saiu Acácio e entrou Russinho, também sem o menor proveito. O esquadrão de Benjamin Simões persistiu em tornar-se desconenhecido e desconhecedor de preceitos. Afora, a primeira investida da ala esquerda Carlitos-Castillo causou boa impressão. Infiltraram-se, de início, celeremente e o "winger" atrasou ao insider que apontou perigosamente. Mas foi só. A defesa voltou a demonstrar sua pujança impedindo e desfazendo as cargas coloradas.
O placar "disparou" contra o Internacional. A vantagem tricolor apareceu aos 51'. Noronha estendeu a Salvador que, de fora da área faz as redes estremecerem. Um legítimo "gol de sobrado", no ângulo superior direito. Júlio alçou o vôo muito tarde! Delírio tricelor. Pressão da "baixada". Mais 4 minutos e nova queda do arco colorado. Cezar, servido por Mesquita, atira cruzado e rasteiro, aproveitando o cochilo da zaga, que "parou". O "condotieiri" escolheu à vontade e elegeu o canto esquerdo. Outro tento lindo. A última conquista do Grêmio surgiu aos 58 minutos, mediante um oportuno kick de Fogo, o artilheiro mais dinâmico e produtivo dos tricampeões. O lance teve origem num escanteio de Risada, apremiado por Malaquias. Este executa, forma-se entrevero, Risada defende fraco e Fogo "acha o caminho" com um "canhão". Estava definida a vitória.
Prossegue a supremacia dos visitantes. Mesquita justifica a existência do travessão e Malaquias, num centro, confrange a defesa, sem maior perigo.
O Internacional veio a descontar a diferença que não deixava mais dúvidas. Castillo habilitou Carlitos, que centra. Edmundo e Dario se confundem. O arqueiro agarra e solta a "pelota", entrando Tesorinha com firmeza: 4x2 (17' do segundo tempo).
Anima-se um pouco o XI de Benjamin. Tesourinha finaliza e Edmundo encaixa. Reage o Grêmio, sem proveito. Destaca-se a ação de Alfeu e Risada. Aos 22' sai Cezar e entra Luiz Carvalho. Um escanteio batido por Malaquias é bem cabeceado por "el maestro". No momento oportuno Nenê afasta, quando Júlio estava no canto oposto.
Nova modificação no "eleven" rubro: Acácio abandona o gramado, por ordem técnica, entrando Russinho (30'). O Grêmio também muda o quadro. Laci ocupa a ponta direita, saindo Mesquita para, aos 40' entrar de novo, na esquerda em vez de Malaquias. O "goleador" do Independiente, de Buenos Aires, usou e abusou dos "dribblings", prejudicando a todos.
Batendo uma falta de Magno, Fogo obriga firme defesa de Júlio. Passa em branco um escanteio de André. Mais alguns lances esparsos e finda o jogo que trouxe mais um campeonato para o glorioso Grêmio Porto Alegrense.
Árbitro: Alfredo Cesaro: bom.
Renda: 22:680$000
Os quadros: GRÊMIO: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — André — Noronha e Laxixa, Mesquita (Laci) — Salvador — Cezar (Carvalho) — Fogo e Malaquias (Mesquita).
INTERNACIONAL: Júlio — Alfeu e Risada, Celso (Nenê) — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Rui (Castillo) — Carlitos.
Índices: técnico: 2 para o Grêmio e 0 para o Internacional; disciplinar: 5 para ambos.
Os melhores: Dario, André, Fogo, Laxixa, Alfeu, Luiz Luz, Risada e Salvador.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 284, 14 fev. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/396. Acesso em: 02 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Grêmio Porto Alegrense x Internacional
NO ESTÁDIO DOS EUCALIPTOS
O campeonato de foot-ball porto alegrense teve seu epílogo com o "clássico" cotejo entre o Grêmio Porto Alegrense e S. C. Internacional, que foi disputado sob as luzes dos refletores do Estádio dos Eucaliptos.
Pela terceira vez consecutiva, o Grêmio conquista o campeonato da cidade, desta feita derrotando o Internacional pela contagem de 4 a 2.
O Gremio produziu uma ótima jogada, notando-se grande acerto em todas as suas linhas, quer defensivas ou ofensivas. A produção técnica do tricolor foi idêntica a que apresentou contra os bicampeões argentinos o Club Athletico Independiente, quando estes caíram vencidos pela contagem de 2 a l, num memorável encontro, que deverá marcar época na historia do foot-ball gaúcho.
O campeonato de 39 teve fases sensacionais; por diversas vezes Grêmio e Internacional viram seus passos prejudicados pelos demais concorrentes, que no final se entregaram, ficando a liderança com os dois "clássicos" adversários do foot-ball de Porto Alegre. Finalmente, com o desfecho, a vitória justa e merecida coube ao Grêmio.
COMO AGIRAM OS TRICAMPEÕES
Passamos agora a registrar como se conduziram na cancha os defensores do Grêmio Porto Alegrense. Edmundo, no arco, praticou ótimas defesas, tendo unicamente claudicado na primeira conquista do Internacional, quando depois de "encaixar" o balão, o soltou novamente. Dario e Luiz Luz, os dois zagueiros do selecionado gaúcho vice-campeão de 1936, se conduziram com muito acerto, notadamente o primeiro que foi o defensor de atuação mais regular durante todo o campeonato de 1939.
O ponto mais alto da equipe tricolor residiu na intermediária, integrada por André, Noronha e Laxixa, notadamente o primeiro que surgiu dos juvenis e vem se revelando um médio direito de regular possibilidade. Noronha começou atuando mal, para se firmar em seguida, passando a controlar as jogadas com inteligência e acerto. Fez uma grande partida o jovem "pivot" do tricolor da cidade. Laxixa teve atuação destacada de médio esquerdo, defendeu e auxiliou o ataque com precisão.
A dianteira do Gremio funcionou com grande disposição e apetite, salientando-se os dois entre-alas, Salvador e Foguinho, que foram os atacantes mais destacados da noite. O segundo, afora ter consignado dois belos tentos, foi ainda um "insider" trabalhador e esforçado, fazendo ótimo jogo de ligação com a defesa. O comando do ataque pertenceu primeiro a Cezar, que se conduziu regularmente até os 10 minutos da etapa suplementar, quando cedeu seu posto a Luiz Carvalho, que já defendeu as cores do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro e é elemento imprescindível nas seleções gaúchas. De "winger" direito atuou Mesquita e depois Laci, que não teve ocasião de aparecer. Na ponta esquerda jogou Malaquias, também vindo dos juvenis e elemento de grande futuro que se conduziu muito mal com o "winger" canhoto do Grêmio Porto Alegre, principalmente quando venciam por 4 a 2, passando a produzir jogo pessoal, o que prejudicou o bom andamento de seu XI. Não fosse isto e o Grêmio teria feito subir ainda mais o placar. No final contundiu-se, entrando Mesquita para a ponta esquerda.
O DESEMPENHO DO INTERNACIONAL
Os colorados produziram um padrão de jogo muito aquém de suas reais possibilidades. O fator primordial da derrota residiu na intermediária, onde somente se salvou o centro médio uruguaio Félix Magno, que procurou sanar as falhas dos médios laterais, os quais estiveram simplesmente sofríveis. O setor mais firme do esquadrão rubro foi o trio final, integrado por Júlio, Alfeu e Risada, notadamente o "colored" Alfeu, que foi o elemento mais destacado da cancha e em cujos pés morreu a maioria das investidas do quinteto atacante do Grêmio.
A dianteira do Internacional produziu ótimas jogadas no centro do campo, mas pecou lamentavelmente nas conclusões finais, quando se atrapalhava com o balão, perdendo boas ocasiões de marcar tentos. Tesourinha conseguiu criar algumas situações de perigo para o arco gremista, mas não teve a colaboração que deveria ter dos demais companheiros.
COMO FORAM FEITOS OS 6 TENTOS DA NOITE
Aos 10 minutos iniciais, o Internacional conquista a primeira vantagem da noite. Russinho centrou, Edmundo faz a defesa "encaixando" para soltar o balão, do que se aproveita Acácio, que vinha na corrida — 1 a 0 para os colorados. Não demorou muito e surgiu o empate, aos 14 minutos. Risada concede escanteio, cobra Mesquita o tiro de canto e Salvador cabeceia para Foguinho, que emenda, acertando em cheio nas malhas guarnecidas por Júlio, era o empate. O Grêmio passa a dominar o jogo, sem contudo ser modificado o "marcador". Termina a primeira fase com a contagem de 1 a 1.
Iniciado o segundo período, nota-se grande disposição no XI gremista, que se coloca em vantagem aos 51 minutos. Noronha controla a redonda no centro do campo e entrega a Salvador; o "mignon" entre ala direito do tricolor desfere violento pelotaço de uns 3 metros fora da área, colhendo Júlio de surpresa, conquistando o mais belo tento da noite. Grêmio, 2 e Internacional, 1. Essa conquista abriu o caminho para a retumbante vitória do tricolor, que passa a conduzir as jogadas a seu bel prazer. Quatro minutos depois (55), surge o terceiro tento do Gremio. Mesquita serve a Cezar na boca da meta, a defesa colorada "gela" e o "center" arremata forte e de meia altura: nova vantagem para o Grêmio.
O quarto ponto do Grêmio foi marcado aos 58 minutos. Risada cede escanteio, que Malaquias cobra otimamente e Risada defende fracamente, ficando o couro com Foguinho, este desfere violento "canhonaço" que passando por todos vai alojar-se no fundo das redes: 4 a l para o Grêmio. Quando o cronômetro acusava 62 minutos, o Internacional desmancha a diferença por intermédio de Tesourinha, aproveitando-se de uma fraca defesa do arqueiro Edmundo. Com a conquista desse tento tinha-se a impressão de que os colorados reacionariam, tal porém não se deu, continuando o Grêmio a dominar a cancha, exibindo um vistoso padrão de jogo, sem contudo fazer o placar subir.
O único culpado disto foi o ponteiro Malaquias, que insistiu em fazer jogo pessoal.
Renda: — 22:680$000.
Juiz: Alfredo Cezaro — ótimo (Este árbitro porto alegrense, segundo declarou o sr. Latrônico, chefe da embaixada do Independiente de Buenos Aires, é o melhor apito do Brasil, achando mesmo que deveria ser o árbitro da "Copa Roca").
Quadros: — Grêmio: Edmundo — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Laci), Salvador, Cezar (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias (Mesquita).
Internacional: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso (Nenê), Félix Magno e Levi — Tesourinha, Russinho (Rui), Acácio (Russinho), Rui (Castillo) e Carlitos.
Os melhores da cancha: — Alfeu — Dario — Luiz Luz — André — Noronha — Tesourinha — Foguinho — Félix Magno e Salvador.
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 100, 07 mar. 1940, p. 29. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/2841. Acesso em: 02 jun. 2025.

03/02/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Internacional 8 x 2 Força e Luz

COLORADOS E RAJADOS SÃO OS ADVERSÁRIOS DE HOJE À NOITE NO ESTÁDIO DA RUA SILVEIRO
O duelo a ser travado entre os esquadrões do Internacional e o Força e Luz reveste-se de importância excepcional. O revés significará para qualquer um dos dois o afastamento detinitivo do returno, a única esperança a fim de conseguir o caminho do título máximo, já que o turno pertence ao Grêmio. A jornada mais difícil é semeada de escolhas. Além dos degladiantes de logo mais à noite, Cruzeiro e Grêmio são sérios candidatos à liderança do returno, ambos com dois pontes perdidos, em igualdade de condições com os rajados e colorados.
Quem perder, hoje à noite, nos Eucaliptos, pode enrolar a bandeira e preparar-se para a temporada de 1940. O venceder aguardará o resultado do encontro Grecruz, a ser travado depois do Carnaval.
Os pupilos de Benjamin e de Alfredo Zanini, encorajados pela perspectiva de ainda lograrem o título supremo do soccer citadino, confiam cegamente na sua chance. Os ensaios foram constantes, procurando evitar uma supresa. Em face das apresentações irregulares dos dois quadros não lançamo-nos à aventura de um prognóstico, mesmo porque seríamos suscetíveis de incorrer em erro grosso, como tantas vezes acontece desde que se procura definir um vaticínio ou antecipar o favoritismo deste ou daquele.
Poder-se-á dar crédito aos colorados, que afirmam ser o cotejo de hoje uma "barbada"? Repetirão os "diabos rubros" a reação que lhes trouxe o inesquecível empate de 3x3 frente ao Independiente? Os afeiçoados do clube da rua Silveiro garantem que o XI não falhará.
Os rajados asseguram a excelência do conjunto da Timbaúva, que envidará todos os esforços para bisar aquele triunfo do Relâmpago quando os vermelhos perderam, insofismavelmente, o título de invictos.
São estas as principais perspectivas para o penúltimo confronto oficial do campeonato de 1939, sem levar em consideração a série da "melhor de três" entre São José, campeão da divisão B, e o Americano Universitário classificado na divisão A em último lugar e um possível empate entre os 4 clubes que restam lugar.
NÃO HAVERÁ PRELIMINAR
O embate de hoje, na cancha dos colorados terá início às 20,30 horas. Os segundos quadros não atuarão, em face do clube da Carris ter entregue os pontos ao Internacional.
Funcionará de árbitro, escolhido de comum acordo, o desportista Oto Perdro Bumbel, do Esporte Clube Novo Hamburgo, e representará a Amgea o 2º vice-presidente Edmundo Lamb.
COMO FORMARÃO OS TIMES
O Força e Luz alinhará o seguinte quadro: Aristeu — Juvêncio e Castro; Zequita, Niquelagem e Abigail; Facin — Vanzeto — Alexandre — Dinga e Ida. Tobis reaparecerá na etapa complementar numa das duas entre alas.
Os colorados apresentarão o mesmo XI que igualou com os bicampeões de Buenos Aires: Júlio; Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russo, Acácio, Castillo e Carlitos.
AS NOTAS OFICIAIS DOS CLUBES
DO FORÇA E LUZ: Para o jogo de hoje, com início às 20,30 horas, contra o coirmão S. C. Internacional, o diretor da campo da Carris, José Alfredo Zanini, convoca os jogadores abaixo que deverão estar na Timbaúva às 15 horas: Aristeu — Horácio — Juvêncio — Alfredo — Castro — Zequita — Niquelagem — Abigail — Nilo — Moisés — Facin — Vanzeto — Tobis — Alexandre — Dinga — Ida — Clarimundo — Campos — Mario e Massagista Montemuro.
A fiscalização dos portões estará a cargo do sr. Ivo Marques Mancio (tesoureiro auxiliar) e auxiliares que designar.
DO INTERNACIONAL — Para o jogo de campeonato de hoje com o nosso valoroso coirmão, G. S. Força e Luz foram tomadas as seguintes resoluções:
Direção geral — a cargo do vice-presidente, dr. Gabriel Pedro Moacir, no exercício da presidência e auxiliado pelos demais diretores. Portões — a cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miler Pereira, auxiliados pelos indicados pelo Força e Luz.
Junto à Amgea — o 2º secretário sr. Aurélio Ghiloso; Junto à Imprensa — o 1º secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Força e Luz — o diretor, sr. Briareu A. Centeno; Direção de Campo — a cargo do respectivo diretor, sr. Benjamin Simões.
Preços — 3$ e 2$.
Sócios — Terão entrada franca mediante a apresentação da respectiva caderneta e recibo do corrente mês.
O sr. diretor de campo convoca os seguintes jogadores para estarem no campo do Internacional, às 19 horas em ponto, pois o jogo dos 1ºs quadros terá início às 20,30 horas em ponto:
Júlio — Alfeu — Risada — Levi — Magno — Celso — Tesourinha e os demais jogadores inscritos.
O reservado da imprensa e privativo desta, sendo vedada a entrada no recinto às peesoas estranhas.
Não se realiza jogo doa segundos quadros, visto o Força e Luz ter feito entrega dos respectivos pontos.
"A presidência desta entidade, usando das atribuições que lhe facultam os estatutos resolve "ad-referendum" da diretoria:
a) — marcar dois pontos ao 2º quadro do S. C. Internacional, em virtude de ter o Grêmio Sportivo Forla e Luz desistido de jogar a partida dessa categoria;
b) — determinar, a pedido dos interessados, o início do jogo de 1ºs quadros da partida acima, para às 20,30 horas, com 15 minutos de tolerância;
c) — aceitar a indicação do sr. Oto Pedro Bumbel, para juiz da referida partida a ser realizada amanhã, dia 3 do corrente, com as mesmas autoridades já escaladas. Porto Alegre, 2 de fevereiro de 1940.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 276, 03 fev. 1940, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/304. Acesso em: 01 jun. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 8 X 2 FORÇA E LUZ
Data: 03/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 288$000:000
Juiz: Otto Pedro Bumbel
Gols: Ruy Motorzinho 6’/1 (I); Castillo 10’/1 (I); Russinho 13’/1 (I); Facin 23’/1 (F); Carlitos 10’/2 (I); Acácio ?’/2 (I); Acácio 32’/2 (I); Acácio 33’/2 (I); Ida 34’/2 (F); Acácio 37’/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Russinho (Acácio), Castillo (Moacyr) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
FORÇA E LUZ: Aristeu; Juvêncio e Alfredo (Castro); Zequita, Niquelagem (Nilo) e Abigail; Facin, Vanzetto, Euclides, Dinga e Ida. Técnico: Alfredo Zanini.

JÁ AOS 14 MINUTOS O INTERNACIONAL DECIDIRA A VITORIA COM O ESCORE DE 3 X 0 A SEU FAVOR
No final do jogo, a contagem subiu para 8x2, com o Força e Luz completamente dominado
O Internacional cumpriu na noite de ontem um compromisso fácil contra o Força e Luz, que caiu vencido pela alta contagem de 8 a 2.
Já nos primeiros 14 minutos os colorados tinham o triunfo garatido com o placar de 3x0. Os rajados descontam por intermédio de Facin aos 24 minutos e ensaiam uma pequena reacão, que a defesa do Internacional não deixa tomar vulto.
O Força e Luz se apresentou no jogo de ontem sem o concurso do jovem "center" Alexandre, tendo a sua dianteira falhado constantemente devido a ausência desse atacante. Euclides reapareceu no clube da Carris, demonstrando estar ainda fora de forma, devido a enfermidade que o afastou dos últimos compromissos do seu "XI".
O sexteto defensivo do grêmio de Álvaro Silveira esteve falho no cotejo de ontem, mormente a intermediária que não chegou a convencer, notadamente o centro médio Niquelagem, que foi o pior de todos.
O Internacional produziu uma ótima jogada, demonstrando grande preparo físico e entendimenio nos seus diversos setores. A linha dianteira se apresentou com grande apetite, sobressaindo-se o meia Rui, que foi o cérebro do ataque. A defesa dos colorados não teve uma única falha durante todos os 90 minutos da luta.
COMO FORAM FEITOS OS 10 TENTOS
Aos 6 minutos, Rui faz o primeiro tento para o Internacional, recebendo ótimo passe de Tesourinha. A segunda conquista surgiu aos 10 minutos por intermédio de Castillo. Três minutos depois (13) Russinho consigna o terceiro tento para os colorados. Carrega o Força e Luz, para aos 23 minutos Facin receber de Euclides e fazer o único gol para oa rajados na primeira etapa da luta. O Internacional passa a dominar novamente, escoam-se os primeiros 45 minutos e o escore fica em 3 a 1 para os rubros.
No segundo período os rajados trocam o zagueiro Alfredo por Castro. Essa mudança debilitou ainda mais a defesa do grêmio da Carris, que passou a ser completamente dominado pelos pupilos de Benjamin Simões. Aos 50 minutos o Internacionai faz o 4º tento por intermédio de Carlitos. O Internacional faz sair Russinho e entrar Acácio, que recebendo a primeira bola, manda às redes de Aristeu, 5 a 1. O mesmo Acácio aos 77 muinutos aumenta para 6 com um arremesso da linha média. O Internacional domina completamente a cancha e o mesmo Acácio eleva para 7 a contagem aos 83 minutos. O segundo tento do Força e Luz surgiu aos 84 minutos por intermédio de Ida, que recebeu ótimo passe de Euclides. Coube novamente a Acácio, ontem o artilheiro, fazer a última conquista da noite, emendando um corner cobrado por Terourinha, aos 88 minutos.
Com a fácil vitória dos colorados por 8 a 2, termina o encontro, que foi fraquíssimo na parte técnica, devido à grande superioridade do clube de Hoche de Almeida Barros.
Juiz — Oto Pedro Bumbel, de Novo Hamburgo — Regular, apitando retardado as faltas.
Renda — 288$000.
OS QUADROS:
INTERNACIONAL: — Júlio, Alfeu, Risada, Celso, Magno, Levi, Tesourinha, Rui, Russinho, (Acácio), Castillo (Moacir) e Carlitos.
FORÇA E LUZ — Aristeu, Juvêncio, Alfredo, (Castro), Zequita, Niquelagem (Nilo), Abigail, Facin, Vanzeto, Euclides (Dinga) — Dinga (Euclides) e Ida.
ÍNDICES: Técnico — 2 para o Internacional e 0 para o Força e Luz. Disciplinar — 4 para ambos, devido algumas jogadas bruscas.
OS MELHORES — Rui, Risada, Alfeu, Magno, Juvêncio, Euclides, Russinho e Abigail.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 277, 04 fev. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/316. Acesso em: 02 jun. 2025.

20/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Americano-RS 2 x 5 Internacional

UNIVERSITÁRIOS E COLORADOS DISPUTARÃO HOJE À NOITE MAIS UMA RODADA DO CAMPEONATO DA CIDADE
Esse embate será jogado no estádio da Baixada
O campeonato oficial de futebol da AMGEA continua em toque de caixa. A sexta rodada reunirá na "sabatina" de hoje Americano Universitário e Sport Club Internacional, no campo do Grêmio, sob a luz dos refletores.
Depois daquela luta memorável do turno, quando os colorados alinharam um XI integrado por diversos reservas e conseguiram um honroso 3x3, um novo cotejo dos rubros com os grenás despertará interesse.
Entretanto, as forças não aparecem muito equilibradas. Julgamos que a vitória penderá fatalmente para os rapazes orientados por Benjamin Simões, em que pese a última derrota do "rolo compressor". É verdade que os acadêmicos também vêm de dois anguntiantes revezes que os colocaram em plano bastante inferior ao sustentado no turno, atravessado invicto.
Na etapa derradeira do certame citadino os universitários pisaram com o pé esquerdo. Não acertaram um jogo. Sabemos que para o prélio de hoje a direção anuncia a vinda de Pipoca e Sadi, ante os frequentes fracassos de seu conjunto. Mas os maus fados acompanham os rapazes da rua Larga, ameaçados pela última colocação e consequente disputa da "melhor de três" com os campeãos da série secundária para o acesso. Joel Arias, o vigorono e enérgico zagueiro direito, um dos legítimos baluartes do esquadrão do dr. Delmar de Araújo Ribeiro, está impossibilitado de atuar em face de uma fratura sofrida, por ocasião do encontro mantido com o Grêmio.
Num dos lances que a defesa se viu envolvida, Borges chutou com violência o pé do companheiro de zaga, determinando a lesão do tecido ósseo. Submetido ao raio-x, foi constatada a fratura. Assim, o Americano Universitário ver-se-á privado de um ótimo elemento, o que mais contribui para a nossa opinião de que dificilmente os acadêmicos terão o êxito a seu favor na peleja de hoje.
Americano Universitário — Os amadores escalados pelo clube universitário, para o jogo de hoje com o Internacional, são os seguintes:
Primeiro: — Tatinha, Guardiola, Zeca, Borges, Sadi, Justino, Ochoto, Bocage, Eli, Bruno, Vílson, Arteche, Toreli, Cezar.
Segundo: De Lorenzi, Dirceu, Sgrillo, Salgado, Vitor, Lúcio, Luís, Odilon, Mario, Pedro Paulo, Sirângelo, Sampaio, Nuno, Telmo, Chaves, Astarita, Vieira 1º e 2º.
NOTA: Todos os jogadores acima fardar-se-ão no campo do Grêmio, devendo o jogo dos segundos quadros ter início às 19:30 horas em ponto.
NOTA DO S. C. INTERNACIONAL
O diretor técnico dos colorados pede por nosso intermédio o comparecimento no Estádio dos Eucaliptos dos jogadores abaixo:
2º quadro — às 18,30 horas — Marcelo, Álvaro, Ari, Adelino, Oliveira, Baiano, Jorge, Amadeu, Rui Barbosa, Piveta, Otívio, Neli, Moacir.
1º quadro — às 20 horas — Júlio, Alfeu, Risada, Celso, Magno, Levi, Tesourinha, Russinho, Rui, Acácio, Castillo, Cariitos, Filhinho, Nenê, Clóvis.
PRECO DAS ENTRADAS
Para o jogo de hoje vigorará a seguinte tabela de preços:
Entradas gerais: Adultos: 3$000; menores e fardados: 2$000.
Os sócios do Americano Universitário terão ingresso pelo portão do Tiro Alemão, mediante a apresentação do recibo do mês corrente.
NOTA DO GRÊMIO
A diertoria do Grêmio chama a atenção dos sócios quer novos ou antigos, que o cobrador acha-se à disposição dos mesmos, hoje à noite no Campo do Grêmio, onde se realizará o encontro entre o S. C. Americano e S. C. Internacional. Os sócios do Grêmio entrarão mediante a apresentação dos recibos de janeiro e fevereiro e os juvenis com o mês de janeiro.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - AMERICANO-RS 2 X 5 INTERNACIONAL
Data: 20/01/1940
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Renda: 2:134$000
Juiz: Otto Pedro Bumbel
Gols: Acácio, pênalti 30’/1 (I); Filhinho 2’/2 (I); Bolívar 12’/2 (A); Ruy Motorzinho 35’/2 (I); Ruy Motorzinho 36’/2 (I); Eli 37’/2 (A); Castillo 39’/2 (I).
AMERICANO-RS: Tatinha (Dirceu); Justino e Borges; Sadi, Bocage e Ochotorena; Eli, Bruno, Boívar, Odilon (Sirângelo) e César.
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho (Ruy Motorzinho), Acácio, Castillo e Carlitos (Filhinho). Técnico: Benjamin Simões.

Em pé: Castillo, Risada, Felix Magno, Levi, Acácio,
Alfeu e Júlio Petersen. Agachados: Celso, Carlitos,
Russinho e Tesourinha.
Fonte: 1909 em cores

OS UNIVERSITÁRIOS CONTINUAM COM ZERO PONTOS NO RETURNO
Apesar do escore final assinalar 5 x 2, o Internacional obteve um triunfo laborioso, só dominando nos 15 minutos finais
Os universitários lutaram como leões frente ao esquadrão do "rolo compressor", cedendo uma vitória pouco expressiva para os colorados ante a dificuldade das ações e lances sem lucidez por perte do XI de Benjamim. Atuando desordenadamente, os colorados só puderam manobrar com tino e coordenação nos últimos 15 minutos, quando os defensores da jaqueta U entregaram-se ao cansaço, após uma resistência homérica. Note-se que os grenás apresentaram-se com um time misto, integrado por diversos elementos de classe inferior, na ausência de Arias, Vílson, Pipoca, Toreli, e, finalmente, Tatinha, que se contundiu no período inicial, não reaparecendo na etapa complementar. Dirceu o substituiu, deixando algo a desejar, notadamente no segundo tento, um legítimo "frango". O feito de Filhinho, que substituiu Carlitos na ponta esquerda, foi um grande golpe nos acadêmicos, mesmo assim opuseram séria resistência, fraquejando do trigésimo minuto em diante. Só aí é que o placarde subiu, atingindo as mesmas cifras do jogo contra o Grêmio: 5x2.
Os 45 minutos trouxeram uma angustiosa inquietação para os vermelhos. Encontraram um adversário entusiástico, animado, diaposto a obstar todos os intentos do intmigo. Desconhecia-se a equipe colorada. Russinho, na entre ala direita, trabalhava, sem conseguir vencer a vigilância da zaga americanista que esteve arrasadora no tempo primário e parte do segundo, muito bem secundada por Bocage, um "eixo" ativo e colocado com constância. O decréscimo acentuou quando não mais houve resistência.
A linha média constituiu novamnente o ponto vulnerável dos rubros. Somente a inclusão de Rui é que determinou um impulso de vulto para a ofensiva da Chácara dos Eucaliptos. O placar se mostrava rebelde. Rui entrou e logo aumentou para 4x1. Os [...] perturbavam e desorientavam os encarnados, assediados pelo ardor e combatividade dos rapazes da rua Larga. Talvez a escassa diferença inibia os companheiros de Acácio. O "comandante" acabou substituído, passando Russinho para a sua posicão, indo Rui para winger direito, melhorando muitos pontos a ofensiva do clube de Hoche de Almeida Barros.
Mas, historiamos rapidamente as conquistas iniciais. O primeiro tempo, como já dissemos, foi extremamente laborioso para o conjunto rubro. Só um pênalti (casual) de Justino (33') é que determinou a queda do arco de Tatinha, numa noite feliz. O jovem guardião vinha se portando maravilhosamente, até que uma contusão num joelho obrigou, no intervalo, a conservar-se fora de jogo.
A vantagem mínima assinalou o término dos primeiros 45'. Mal iniciado o período derradeiro, Filhinho escapa, evita Borges e obtém a segunda conquista da noite (2'). Um legítimo frango de Dirceu. Dez minutos mais tarde, os universitários descontam, por intermédio de Bolívar. Outro "frango". Eli centra e Júlio saiu, mas espera, Bolívar antecipa-se e conduz a bola na barriga para o fundo das redes. Movimenta-se o prélio. O Internacional é um time desordenado. Aos 20' sai Acácio. Os acadêmicos continuam a insistir. Júlio brilha duas vezes consecutivas, aliviando. Avançam os minutos. Rui, em lindo estilo, faz as redes americanistas estremecerem aos 25 minutos. Bocage cometera toque. Rui recebe e provoca aplausos da torcida. Um minuto mais tarde o mesmo jogador, de cima do risco, depois de buriar dois adversários, registra o gol mais lindo do "noturno": 4x1. Uma investida americanista trás como consequência o ponto feito por Eli (37'), num centro de César. Júlio aparou e soltou, para Eli aproveitar-se inapelavelmente.
No penúltimo minuto do match, Castillo atinge pela última vez as malhas do Americano, fixando a contagem em 5x2. Magnífico o chute de Castillo.
xxxx
Árbitro: Sargento Oto Pedro Bumbell, do Novo Hamburgo: regular.
Renda: 2:134$000.
Os quadros: Internacional: Júlio; Alfeu — Risada, Celso — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Castillo — Carlitos (Filhinho).
AMERICANO: Tatinha (Dirceu) — Justino e Borges, Sadi — Bocage e Ochotorena — Eli — Bruno — Bolívar — Odilon (Sirângelo) — César.
Índices: disciplinar: 5 para os dois; técnico: 0 para ambos.
Os melhores — Júlio, Rui, Borges, Bocage, Alfeu, Tatinha, Risada, Eli.
— A preliminar, apesar do Americano ter feito a prévia entrega dos pontos, apresentou os segundos quadros dos mesmos clubes que atraíram a atenção da torcida.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 265, 21 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/200. Acesso em: 31 mai. 2025.

12/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Internacional 1 x 3 Cruzeiro-RS

"O SEGUNDO CLÁSSICO DA CIDADE"
Empolga o próximo cotejo entre o Internacional e Cruzeiro
O "segundo clássico" da cidade reveste-se de excepcional importância. Internacional e Cruzeiro farão uma rodada sensacional sexta-feira à noite nos "Eucaliptos" para a apuração do futuro adversário dos tricolores em "melhor de três", segundo manda a fórmula Fraga, caso o Grêmio não sagrar-se vencedor do returno. Julgamos uma empresa muito difícil para os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima neutralizarem a perda dos dois pontos que sofreram frente ao "rolo compressor". No nosso "soccer" acontecem coisas inauditas, não duvidamos que os rubros topem com qualquer percalço e se vejam envoltos novamente com o adversário de todos os tempos.
O Cruzeiro especializou-se em "desencarrilhar" os líderes. Além de ser um inimigo acirrado, o Cruzeiro defenderá a sua própria posição no returno. Inaugurando a última rodada, os azuis entrarão em campo revestidos de grande fé e acentuadan esperanças. Animados com as novas posibilidades, os defensores da jaqueta azul e branca querem demonstrar a pujança de seu XI e obter uma vitória líquida dentro da cancha, sacudindo "guingne" que os persegue.
O "Intercruz" promete reverstir-se de contornos emocionantes, sexta-feira à noite, à rua Silveiro, bairro do Menino Deus.
Horário: 19,15 e 21,15 com 15 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 255, 10 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/80. Acesso em: 31 mai. 2025.

HÁ INTERESSE PELA REALIZAÇÃO, AMANHÃ, DO “SEGUNDO CLÁSSICO”
Os pontos fortes e fracos dos contendores
O noturno oferece para o Cruzeiro novos horizontes. Contra o Internacional será a primeira vez que os azuis disputarão nessa segunda fase. Repetir-se-ão aqueles ajustados 2x1? Talvez sim, talvez não. Os puplios de Luiz Alberto Coronel pretendem agigantar-se, fazer até o impossível para sobrepujar os vermelhos, donos de um magnífico cartaz, conseguido com a estupenda vitória sobre o Grêmio.
O "Intercruz", considerado como o segundo clássico da metrópole, envolve extraordinárias responsabilidades para os adversários. Um tropeço complicará as ambições dos "diabos rubros", após dois escolhos para a turma de Benjamim: enquanto o triunfo registrará meio caminho andado para a liderança final do returno, restando Americano e Força e Luz.
A acentuada rivalidade, o apetite descomunal dos rapazes comandados por Espir servem de estímulo para os "hinchas" afluírem sexta-feira à cancha dos colorados.
Exibirão os internacionalisas o mesmo ritmo trepidante de jogo? Subirá, outra vez de modo assustador o placar? Contra o Grêmio foi algo fantástico, nos 45 minutos iniciais, agora vamos aguardar o segundo cotejo dos rubros no returno.
Tudo depende da disposição da "Intermediária". Se Brandão e Levi, sobretudo o último, repetirem aquela atuação soberba, auxiliados pelos entre alas, o sexteto defensivo do Cruzeiro também se verá em palpos de aranha para conter o "rolo compressor".
E se o Cruzetro acertar o mecanismo de suas linhas? Muitas vezes o clube do pavilhão estrelado estragou a "corrida" dos encarnados, dificultando-lhes a marcha ascensional para a conquista do título máximo da cidade. Não será a primeira e nem a última vez que os cruzeiristas se transformam em "desmancha-prazeres". Vamos aguardar o "noturno" depois de amanhã, na Chácara dos Eucaliptos.
Horário: 19,15 e 21,15 com l5 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 256, 11 jan. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/92. Acesso em: 31 mai. 2025.

COLORADOS E CRUZEIRISTAS DISPUTARÃO, HOJE, O "SEGUNDO CLÁSSICO" DE FUTEBOL DA CIDADE
Se o clube de Risada vencer o noturno de hoje, terá assegurado o título de campeão do returno
Porto Alegre é pobre em matches de sensação. Afora o Grenal, temos apenas dois outros encontros com foros de sensação e boas perspectivas. O Cruzeiro possui as honras de colaborar nos embates denominados "segundo clássico" e "terceiro clássico" da cidade.
O jogo "Intercruz" sempre atraiu um público regular, figurando nas estatísticas desportivas como segundo em rendas. O "Grecruz" tambem ombreia às vezes com a receita do clássico número dois da metrópole. A rigor, colorados e tricolores se rervezam nos "borderaux", colocando em dificuldade quem se abalar a catalogar a importância dos embates pelo que rendem. Em todo caso, nós optamos pela classificação feita, atentando ao número de pessoas que tem comparecido aos "clássicos" proporcionados pelos três clubes.
Já nos externamos sobre a responsabilidade dos degladiantes na partida de logo mais à nolte na "Chácara dos Eucaliptos". Em breves palavras, convém reprisar que se ao Internacional os 2 pontos são quase que decisivos para a conquista do título máximo do returno, aos cruzeiristas também são de capital importância, não só pelas honras de abater o recente vencedor dos rapazes da "baixada" como pelo desbancamento do líder e a significação para as hostes azuis em sobrepujar o velho adversário.
Um revés para os "diabos rubros" embrulhará a atuação da tabela, pois os pupilos de Benjamin ficarão, em idênticas condições, ao Grêmio, com um catch perdido. Trata-se do segundo compromisso do Internacional e uma vitória importa exatamente na metade da jornada. Conclui-se do esforco extraordinário a ser dispendido pelo "rolo compressor" para esmagar os comandados de Espir.
O turno assinalou uma vitória laboriosa para o Internacional. Os 2x1 não traduziram em fidelidade o desanrolar da pugna, pelo contrário para ter havido justiça, o pior a acontecer seria o empate. Mas os caprichos do desporto das multidões, sempre inflexíveis e inesperados, não permitiram um escore razoável, lógico.
Para alimentar emperanças, o Cruzeiro só tem um caminho: o da vitória.
A Amgea, a respeito do match oficial de hoje, tomou as seguintes deliberações: Representante: Nestor Pereira, fiscal: Natal Maineri: Juiz para os 2ºs quadros: Alfredo Zanini. Horário: 19,15 e 21,15. Campo: Internacional.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL - Benjamin Simões, diretor-técnico dos rubros, pede o comparecimento, hoje, dos jogadores abaixo discriminados no Estádio dos Eucaliptos:
Horário: 2ºs quadros, às 18 horas:
Jogadores: — Marcelo, Álvaro, Clóvis, Ari, Baiano, Nenê, Oliveira, Neli, Amadeu, Rui Barbosa, Moacir — Otívio — Jorge e os demais inscritos.
1º quadro às 20 horas:
Jogadores: Júlio — Viafore — Alfeu — Risada — Brandão — Magno — Levi — Tesourinha — Rui — Acácio — Castillo — Carlitos — Russinho — Celso — Filhinho.
CRUZEIRO — A direção técnica dos alvi-azuis pede a presença dos seguintes jogadores: às 18 horas, no Ferroviário: Vitor — Burger — Noel — Antônio — Odoim — Mongeló — Jorge — Gervásio — Heraldo — Jandir — Moacir — Olavo — Deste — Pedrinho — Morais — Oscar Barreto — Ramón, Renato Silveira — Cezar — Raimond e demais inscritos.
Às 20 horas — Marne — Marazita — Osvaldo — Espir — Janguito — Baldo — Coelho — Ernani — Dalpozolo — Delorenzi — Arci — Vílson — Cascão — Ordovás — Capaverde e Raul.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 257, 12 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/102. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 1 X 3 CRUZEIRO-RS
Data: 12/01/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Alfredo Zanini
Gols: Acácio 12’/1 (I); Cascão 16’/1 (C); Saladuro 36’/1 (C); Cascão 40’/2 (C).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada;Osvaldo Brandão (Celso), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho (Russinho), Acácio, Castillo e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
CRUZEIRO-RS: Marne; Espir e Osvaldo Só; De Lorenzi, Ernani e Bruno; Saladura, Paulo, Janguito (Wilson), Ordovás e Cascão. Técnico: Luiz Alberto Coronel.

"NÃO SOU CRIANÇA!"
Repreendido pelo técnico por ter feito má exibição contra o Cruzeiro, Brandão pensa abandonar o quadro do Internacional
Uma derrota sempre acarreta enormes dissabores para um grande clube. Foi o que aconteceu ao Internacional ao baquear fragorosamente frente ao XI cruzeirista, numa partida memorável, principalmente depois daquele retumbante e escandaloso triunfo dos rubros na "baixada". Daí a enormidade da repercussão do êxito dos alvi-azuis.
Mas, abandonemos o registro da repercussão da vitória para descer aos bastidores do derrotado. Terminado o primeiro tempo, os jogadores recolheram-se aos seus vestiários. A alta temperatura clamava por uns minutos de descanso e refrigerantes. É hábito nesse intervalo o técnico apontar falhas ou fazer recomendações.
Sabemos que o dedicado treinador dos rubros, no vestiário, pediu justificativa do procedimento displiscente de Brandão que em vez de cuidar do jogo parou, discutindo com um companheiro, quando o cotejo prosseguia pela esquerda, exatamente o setor a cargo de "Caçamba".
O recriminado incomodou-se. "Se quiser, pode suspender-me ou multar-me".
Enérgico, Benjamin chamou a atenção do médio, dizendo que a sua atitude era um atentado à disciplina e desconsideração à torcida rubra, o que não admitia em nenhuma hipótese, enquanto os jogadores estivessem sob sua responsabilidade.
Um santo remédio. O jogador despiu-se e foi substituído.
Se as coisas forem assim, muito bem!
Em face dos comentarios tecidos, emprestando outras cores ao sucedido, resolvemos ouvir o vigoroso médio que defendeu o pavilhão da F. R. G. D. na pauliceia.
Na frente do "Café Nacional", Osvaldo Brandão matava o tempo.
— É verdade que estás desgostoso com o Internacional? fez o reporter.
— Realmente. Creio, até, que não jogarei mais. Não sou criança para ser tratado a gritos".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

BENJAMIM JUSTIFICA O REVÉS PELA ESTUPENDA ATUAÇÃO DO ARQUEIRO E À CHANCE DOS AZUIS
O técnico rubro não se mostra abatido e espera reabilitar-se, recolocando o Internacional na sua antiga forma
Em futebol existem tipos diversos. Tristes, os que perdem; alegres, os que ganham; sofredores, os responsáveis pelos times; irados e desordeiros, os mal educados; as vítimas de sempre: os juízes.
Isso e muito mais observou-se no "Intercruz". Não vamos nos alongar na análise. Restringiremos a atividade a um dos tipos apontados. Constata-se desde logo, em se tratando do "coach" dos colorados, que a têmpera é diferente.
Benjamin Simões não se abandona aos nervos. Controla-se e nada se nota exteriormente. Impassibilidade absoluta. Depois do revés apresenta a mesma fisionomia. Tranquilo e cavalheiro. Quanto recalque...
Depols do tremendo baque, nada mais interessante que palestrar com o responsável técnico do "rolo compressor".
Ali na "esquina do pecado" — Confeitaria Central — desfrutamos alguns instantes agradáveis com o esforçado preparador dos rubros.
A conversa discorreu de imediato sobre o "segundo clássico" da cidade. Eis o que pensa Benjamin:
MARNE E CHANCE!
"A marracão efetiva dos cruzeiristas evidenciou-se. Fracassou a "intermediária" rubra. O ponto alto da defesa não estava em perfeita saúde, daí o baixo nível de produção apresentada.
O Cruzeiro venceu pela ação extraordinária de Marne e auxiliado pela chance, traduzida nos gols que colocaram os azuis em vantagem".
O sorvete diminui dentro da taça. Uma pausa e registramos mais:
ESTÍMULO E NÃO DESÂNIMO
"A derrota sofrida deve servir de estímulo para as práticas, preparando-se o quadro com mais afinco, a fim de estar em condiçes no momento de enfrentar os argentinos".
A PEDRA ANGULAR DO FUTEBOL: A DISCIPLINA
O repórter, depois de registrar impressões do úultimo noturno, conduz a palestra para outro terreno, já que se impunha uma pergunta que envolvesse o caso de Brandão, registrado noutro local.
"Sem disciplina nada se consegue em futebol. É o degrau inicial para o êxito, não só no "soccer" como em qualquer outra atividade desportiva.
No Internacional tenho empenhado-me em estabelecer uma disciplina. Estou satisfeito com os resultados alcançados. Boa vontade e disposição nos defensores da jaqueta sanguínea.
O primeiro revés que sofri não me apoquenta. Deve-se saber ganhar e perder. Daí uma derrota, mas que fazer? Só uma atitude resta: redobrar os ensaios e cuidar do estado moral dos jogadores".
O "CASO BRANDÃO"
Havia chegado o momento desejado. — E o caso de Brandão? Indagamos.
Benjamin não responde logo a pergunta, concentra-se e diz: "os assuntos internos do clube resolvemos em diretoria. Não faço comentários sobre o assunto".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

04/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Grêmio 1 x 6 Internacional

GRÊMIO E INTERNACIONAL DISPUTARÃO, HOJE, À NOITE, A PRIMEIRA RODADA DO RETURNO
O tradicional e clássico embate será jogado no Estádio da Baixada, nos Moinhos de Vento
O clássico jogo "Grenal", protelado de anteontem para hoje, oferece margem para muitos comentários. É verdade que muitas facetas do cotejo-sensação foram e vêm sendo demasiadamente exploradas. Pode-se citar a tradicão do match, velho e estafado argumento: a combatividade dos contendores que quase sempre ofusca o aspecto técnico dos embates; a nervosidade e animacão entre os torcedores dos dois grandee clubes que disputam a primazia no soccer citadino; o equilíbrio dos conjuntos, numa análise geral, além de outros pormenores.
O "Grenal" é como o amor, interpretado pelo poeta: um sentimento muito velho, mas que sempre encerra uma emoção nova...
Há quantos anos já se disputa esse cotejo? Faz muito tempo. O cronista não tem na memória, com exatidão. Raciocinemos, entretanto. O Internacional foi fundado a 4 de abril de 1909. Conta, atualmente, 30 anos de profícua existência. Calculando uma média de duas partidas, por ano, chegaríamos ao total de 60 jogos, mais ou menos, até e presente dada. Vitórias e derrotas se alternam. Gremistas e internacionalistas têm exultado com triunfos, mas também sofreram decepções com os revezes. De outras feitos, os louros foram repartidos, não envolveram alegrias nem tristezas. Oe afeiçoados saíram com suas conjecturas e hipóteses, idealizando escores e êxitos no cérebro, já que não foi possível concretizá-los no terreno de luta desportiva.
Uma estatística extra oficial, feita pelo desportista Reinaldo Mutti, acusara até 16 de julho do ano passado 55 partidas. O Grêmio figura com [...] vitórias e o Internacional com 19, havendo 7 empates na história dos "Grenais". São dados que citamos com a devida reserva por não sobrar tempo para recorrer ao arquivo e verificar a precisão das cifras.
ABERTURA DO RETURNO
Por um capricho do sorteio, ocasião para feitura do "carnet", aos dois tradicionais rivais coube o início do campeonato da metrópole. O turno assinalou a vitória do Grêmio, por 2 x 1, na própria cancha dos "diabos rubros". Hoje, realiza-se, por assim dizer, o campeonato. O returno obriga os "baluartes" do futebol cltadino a novo duelo gigantesco. De capital importância à liça. O Grêmio com meio caminho andado e o Internacional ansioso para ombrear com o tradicional inimigo. Cheios de ambições, bastante descansados, os colorados possuem redobradas responsabilidades no confronto de hoje, à noite, na "baixada".
MUITA ESPERANCA NAS DUAS HOSTES
As aparências tendem para os visitantes. Há a considerar-se o ambiente local para os "donos da casa". Não se despreza em futebol esse "handicap". Os próprios colorados nas conjecturas lembram o pormenor. É o único detalhe que os preocupa. No mais, estão tranqulos. O estado dos rapazes é ótimo. Os últimos ensejos encheram os adeptos da camiseta sanguínea de esperanças.
Os tricolores vibram no mesmto diapasão. O "professor", depois daquela chuva providencial, criou alento e não admite um revés. Pelo que se verifica nos dois setores, teremos um match de grande envergadura. As esperanças sobram no Grêmio e no Internacional.
A RESPONSABILIDADE DOS TÉCNICOS
Um dos elementos de maior responsabilidade no clássico Grenal é o diretor-desportivo (técnico). Dois nomes evidenciam o "noturno" de logo mais: Benjamin Simões e Telêmaco Frazão de Lima, o técnico-presidente.
O diretor colorado ainda não conheceu uma derrota desde que assumiu o árduo e difícil posto de "coach" do "rolo compreesor". Confiante pelo preparo e que submeteu aos seus puplios, Benjamin espera que a sua boa estreia não o abandone esses dois homens, sobretudo, fremem pela hora do "clássico".
Dublê de técnico e presidente, Telêmaco atrevessa uma situação especial. Não encerra ineditisno a posição do "professor". Por diversas vezes a história do futebol registrou casos análogos. Lembramo-nos do mais recente, em Santos, na Associação Atlética Portuguesa, onde o vice-presidente em exercício, dr. Arnaldo Ferreira, era quem dirigia o time, escalando-o, etc.
A crítica e os comentários atingem a esses privilégios até determinado instante. Existem os que são francamente favoráveis a este sistema de administração que também encontra opositores. Vamos observar os resultados do método introduzido no bicampeão da cidade.
NOTAS DOS CONTENDORES
GREMIO: — Para o encontro de hoje, entre o Grêmio Futebol Porto Alegrense o S. C. Internacional, a diretoria do campeão de 37-38 tomou as seguintes deliberações:
Direção geral — A cargo do presidente sr. Telêmaco F. de Lima; Representante junto às autoridades — dr. Antero Sarmento; Representante junto à Imprensa — dr. Aneron Corrêa de Oliveira; Portão central (sócios)- Mario Mordente e Armando Ciagia; Portão da rua Mostardeiro: Cecílio Gomes e Joaquim Rodrigues de Almeida; Portão do Tiro Alemão: — Frederico L. Ferreira e Mario Issler; Portão da rua D. Laura: — Augusto de Aguiar Teixeira e Ramiro Bernd; Reservado aos titulares: José da Silva Martins e Nestor Borges de Lima.
A diretoria do Grêmio chama a atenção para as determinações abaixo, as quais serão rigorosamente observadas:
Portão R. Mostardeiro. Neste portão somente terão ingresso os  portadores de entradas.
Portão Central — Neste portão somente terão ingresso os sócios representantes oficiais da partida e os cronistas esportivos. Os sócios entrarão mediante a apresentação do recibo 1-2.
Portão do Tiro Alemão: Neste portão entrarão os jogadores do S. C. Internacianal e entradas gerais.
Portão da rua D. Laura — Exclusivamente para os portadores de ingressos e cadernetas.
Aviso: Os sócios poderão procurar os seus recibos referentes ao ano de 1940 nos guichês do Grêmio das 18 horas em diante. Os quadros: Estão escalados para às 18 horas os jogadores que segue: Léo — Durio — Mario — Matté — Sander — Toneli — Valter — Cifuentes — Zacker — Franeisco — Dentista — Arísio — Espanha — Duarte — e Worny.
Às 20 horas: Edmundo — Dario — Luiz Luz — Mottim — Jorge — Noronha — Laxixa — André — Jesus — Mesquita — Vanário — Alemão — Salvador e Pepito.
INTERNACIONAL: — Benjamin Simões, diretor-técnico dos rubros, pede o comparecimento, hoje, quinta-feira, dos jogadores abaixo discriminados no estádio dos Eucaliptos, onde seguirão fardados para entrentar o valoroso coirmão Grêmio Porto-alegrense.
Horário: 2º quadro, às 18 horas.
Jogadores: — Marcelo, Álvaro, Clóvis, Ari, Baiano, Nenê, Oliveira, Neli, Amadeu, Rui Barbosa, Moacir, Otívio, Jorge e os demais inscritos.
1º quadro, às 20 horas.
Jogadores: Júlio, Viafore, Alfeu, Risada, Brandão, Magno, Levi, Tesourinha, Rui, Acácio, Castillo, Carlitos, Russinho, Celso, Filhinho.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 250, 04 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/18. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - GRÊMIO 1 X 6 INTERNACIONAL 
Data: 04/01/1940 
Local: Baixada - Porto Alegre (RS) 
Juiz: Alfredo Cesaro 
Renda: 31:540$000
Gols: Acácio 11'/1 (I); Felix Magno 14'/1 (I); Acácio 22'/1 (I); Carlitos 33'/1 (I); Acácio 37'/1 (I); Acácio 1'/2 (I); Salvador Arísio 37'/2 (G); Tesourinha 41'/2 (I). 
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; Jorge, Noronha e Laxixa; Jesus, Vanário (Mesquita), Alemão (Cézar Basílio), Salvador Arísio e Pepito. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima. 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Osvaldo Brandão (Celso), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Acácio, Castillo e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.

"A equipe dos rubros, fácil vencedora dos tricolores".
Da esquerda para a direita: Félix Magno, Osvaldo Brandão,
Levi, Tesourinha, Ruy Motorzinho,  Acácio, Castillo,
Carlitos, Alfeu, Júlio Petersen e Risada.
Fonte: Diário de Notícias (RS)
Em pé: Acácio, Felix Magno, Levi, Osvaldo Brandão e Castillo.
Agachados: Tesourinha, Ruy Motorzinho, Carlitos,
Alfeu, Júlio Petersen e Risada.
Fonte: 1909 em cores


DECEPÇÃO GERAL
O Grêmio entregou-se, ontem, a uma derrota espetucular frente ao Internacional: 6 x 1
Em nenhum instante da partida os tricolores ameaçaram arrebatar a vitória dos rubros
Os tentos dos pupilos de Benjamim sucederam-se com assombrosa rapidez, desconcertando o adversário ao máximo — Mais uma vez a vanguarda do quadro de Telêmaco constituiu o ponto assinaladamente fraco da equipe da “Baixada”
O clássico decepcionou pelo espetáculo esperado. Quando o resultado atinge a cifras astronômicas, como aconteceu ontem na "baixada", o verdadeiro apreciador do futebol fica decepcionado, em compensação o "enragée" delira, enlouquece de alegria.
As duas grandes torcidas passaram por sensações bem diversas no confronto. Aliás, a sensação melhor coube aos colorados que exultaram com a extraordinária vitória alcançada pela sua turma, muito bem preparada para o primeiro cotejo do returno, cheio de esperanças para o Sport Club Internacional.
O rotundo triunfo dos rubros é desses feitos que calam fundo num misto de surpresa e tristeza. Tal a superioridade dos vermelhos sobre os azuis que as palavran chegam a fugir, espavoridas da pena... Dificilmente se apaga do cartaz uma contagem tão escandalosa. Idêntica àquela do dia de "Todos os Santos", de 1938. O público há de experimentar a mesma sensação desagrádavel. São os tais caprichos do futebol que derrubam toda a lógica, todas as afirmacões no sentido de valorizar o cotejo número um de nossas canchas.
Em poucas palavras pode-se sintetizar o que ocorreu no "fortim": O Internacional, num dia de gala, e o Grêmio, num dia negríssimo, desconhecido, sem a menor noção do "association". Até que o escore foi complacente. As oportunidades proporcionadas foram em maior número para os pupilos de Benjamin Simões que para os locais. Se o travessão tricolor funcionou uma vez, o poste colorado também demonstrou a sua utilidade, e depois de Júlio ser vencido pelo chute.
As alternativas escassearam no match noturno que assinalou o início do returno. Agindo, superiormente, os "Diabos Rubros" construíram uma vitória indiscutível, brilhante e mais que merecida pela exibição quase que completa, ao menos no tempo inicial dos 90 minutos.
Depois de 10 minutos de equilíbrio, os "brancos" (sim, os brancos, porque os colorados se apresentaram com o fardamento de verão) começaram a acertar o caminho das redes, nelas penetrando cinco vezes.
A facilidade pasmosa de deslocação e celeridade dos passes desnorteou por completo a defesa tricolor, muito mal servida pela dianteira que não conseguia nem ter o couro nos pés. O descalabro, neste setor, culminou. Vanário, sobretudo, irreconhecível, não muito distante Salvador e Tsás, completamente dominados pelos defensores do clube dos Eucaliptos. Resta-nos as duas extremas: Pepito e Jesus, de méritos apagados e rigorosamente vigiados pela zaga rubra, num dia soberbo.
Os médios gremistas não puderam conter a atividade da "artilharia" vermelha, muito ágil e com a pontaria afiadíssimas. O Internacional deu uma lição de mestre, em matéria de futebol. Noronha repetiu o "passeio".
Em contados minutos do segundo tempo viu-se o famoso "eixo" demonstrar firmeza e tranquilidade.
As hostes gremistas passaram para o atabalhoamento depois dos minutos iniciais. O estupendo lance de Acácio (11'), deixando Edmundo sem defesa trouxe notável força moral aos visitantes que aumentaram a pressão, multiplicando-se e envolvendo, por completo, o XI de Telêmaco Frazão de Lima. Um foul de Laxixa, batido por Brandão, determinou em seguida a segunda conquista, obra de Tesourinha, apos receber de Magno. O mesmo jogador dissemina segundos após pânico, fazendo o couro "beijar" o travessão.
O embate estava decidido. A toada rubra intensifica-se, estabelecendo-se amplo e impressionante domínio. A máquina do "rolo compressor" funciona a todo vapor. Tesourinha desperdiça outro grande momento. "Encaixotado", o "bicampeão" não atina com a coesão. O raciocínio desertou da cabeça dos jogadores da "baixada". Alarde de classe e de combinação entre os rubros. Frenesi nas arquibancadas cobertas. O placar "embala". No vigésimo primetro minuto, 3x0. Magno cede a Rui que finta Noronha e Luiz Luz, entregando no "buraco" a Acácio que, comodamente, escolhe o lado do alvo, estando Edmundo no centro da goleira. Alfeu e Risada assenhoreiam-se da vanguarda das três cores. Os ataques dos visitantes se multiplicam. Luiz Luz evita Carlitos na "horinha". Brandão alivia de cabeça a Acácio e deriva a Carlitos. O "mignon" ponta dispara e com o pé direito assinala o 4º tento da noite, sob delirantes aclamações dos colorados. Decorriam 32 minutos. Edmundo somou mais um "frango" na sua carreira. Um escanteio de Brandão não é aproveitado pelos locais, bastante desanimados. Tambem não era para menos... A etapa primária acusou o último contraste, no penúltimo minuto. Magno serviu a Acácio, ontem num dia magnifico, que por sua vez cedeu a Carlitos, para as redes gremistas estremecerem pela quinta vez.
Momentos depois o travessão tricolor volta a justificar a sua presença e Carlitos, de cabeça, perde a oportunidade. Desce o Grêmio e Brandão brilha num arremesso de Vanário. Cremos que foi o único chute do entre ala direita que atingiu o alvo... Finda o tempo regularmentar com o placar asaustador para um cotejo das proporções do Grenal.
Tudo fazia crer numa soma muito maior. Entretanto, os rubros diminuíram o "train". Limitaram-se a fazer "bordados" e a facilitar mais nos lances. A turma do "professor" esforçou-se algo na etapa complementar, esboçando leve reação, facilmente suportada pela defesa.
De saída, a contagem progrediu, em outro lance do "condotieri" Acácio "cabo véio" fez alarde de disposição, de pontaria, de passes calculados.
Tesourinha habilitou o comandante que despejou venenosamente, sob os olhares espavoridos do arqueiro trioolor, 6x0! Júlio detém alguns arremestos perigosos, completando o ciclo heróico da noite fatídica para o Grêmio. A situação delicada afastada no 17º minuto pelo zaguetro Risada evidenciou o propósito dos rapazes da jaqueta azul-branca e preta provar que não estavam ali como meros fantoches. Lutaram para experimentar a solidez do sexteto defensivo inimigo, que comprovou os resultados dos ensaios e carinhos dispensados pelo "coach" Benjamin Simões.
Escanteios e faltas são batidas contra o Internacional, de cargas e assédios vão sendo destruídas. Numa destas, porém, a cidadela rubra baqueia. Cezar dá a Salvador. Jílio sai em falso e o "insider" cabeceia, tirando o zero do marcador (38'). Os vermelhos sacodem o torpor que os invadia, devido àquela diferença quilométrica. Atacam e Tesourinha faz o couro passar a linha de gol, mas o árbitro, muito afastado, não assinala o ponto. Edmundo defendeu dentro do gol, depois de ter caído impulsionando o couro para frente, aos 41 minutos. Lances esparsos e finda o "clássico" unilateral...
Juiz: Alfredo Cesaro, bom.
Renda: 8:000$, aproximadamente.
Os quadros: Internacional: Júlio — Alfeu e Risada — Brandão (Celso) — Magno — Levi — Tesourinha — Rui — Acácio — Castillo e Carlitos.
Grêmio: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — Jorge — Noronha e Laxixa — Jesus — Vanário (Mesquita) — Tsás (Cezar) — Salvador e Pepito.
Os melhores: Júlio, Alfeu, Levi, Brandão, Acácio, Rui, Laxixa.
Índices: técnico — 3 para o Internacional e 0 para o Grêmio; disciplinar 4 para ambos, devido a ligeiros acidentes e jogadas violentas de alguns jogadores.
UM RESULTADO EM BRANCO NA PRELIMINAR
O encontro dos segundos quadros foi muito bem disputado. A turma colorada impressionou muito melhor que os tricolores. Mesmo assim, o zero não saiu do marcador. A torcida incentivou com entusiasmo as jogadas, sem ter o sabor de um gol.
O Grêmio continua invicto nessa categoria e na frente do campeonato.
RESENHA TÉCNICA
Defesas do Grêmio 1 3 4
Intervenções 3 5 8
Fouls 5 5 10
Escanteios 1 0 1
Mãos 6 2 8
Impedimentos 1 1 2

Defesas do Internacional 1 4 5
Intervenções 3 9 12
Fouls 7 12 19
Escanteios 1 4 5
Mãos 2 4 6
Impedimentos 4 4 8
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 251, 05 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/28. Acesso em: 31 mai. 2025.

14/12/1939 - Amistoso - Internacional 7 x 0 Força e Luz

AMISTOSO - INTERNACIONAL 7 X 0 FORÇA E LUZ
Data: 14/12/1939 
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS) 
Gols do Inter: Acácio [2], Ruy Motorzinho, Castillo, Fininho, Levi e Tesourinha. 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Acácio, Castillo e Filhinho.
FORÇA E LUZ: Aristeu; Castro e Abigail; Juvêncio, Niquelagem e Moisés; Del Campo, Mugica, Zequita, Dinga e Ida.

10/12/1939 - Citadino 1939 - 1º turno - Força e Luz 3 x 5 Internacional

CITADINO 1939 - 1º TURNO - FORÇA E LUZ 3 X 5 INTERNACIONAL
Data: 10/12/1939
Local: Timbaúva - Porto Alegre (RS)
Juiz: Otto Pedro Bumbel
Gols: Tobis, Clarimundo, Ida (F); Acácio [2], Filhinho [2] e Ruy Motorzinho (I).
FORÇA E LUZ: Aristeu; Castro e Abigail; Mascrinha, Niquelagem e Zequita; Clarimundo, Mugica, Alexandre, Tobis e Ida.
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Álvaro eAita; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Acácio, Castillo e Filhinho.

15/11/1939 - Citadino 1939 - 1º turno - Internacional 3 x 3 Americano-RS

CITADINO 1939 - 1º TURNO - INTERNACIONAL 3 X 3 AMERICANO-RS
Data: 15/11/1939
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Ivo Tavares
Gols: Acácio [2], Felix Magno (I); Wilson, Ely e Arteche (A).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Álvaro e Aita; Nenê, Felix Magno e Levi; Acácio, Ruy Motorzinho, Celso, Moacyr (Castillo) e Tesourinha.
AMERICANO-RS: Tatinha; Arias e Borges; Sady (Justino), Pipoca e Ochotorena (Bocage); Ely, Bruno, Wilson, Torelli (Arteche) e Cezar.

22/10/1939 - Citadino 1939 - 1º turno - Internacional 2 x 1 Cruzeiro-RS

CITADINO 1939 - 1º TURNO - INTERNACIONAL 2 X 1 CRUZEIRO-RS
Data: 22/10/1939 
Local: Campo da Rua Arlindo - Porto Alegre (RS) 
Gols: Osvaldo Brandão [2] (I); Marques (C). 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Nenê (Celso), Felix Magno e Levi; Ruy Motorzinho, Russinho, Osvaldo Brandão, Moacyr e Carlitos (Tesourinha). 
CRUZEIRO-RS: Marne; Espir e Marazita; Bruno, Ernani e De Lorenzi; Di Primio, Wilson, Marques, Ordovás e Cascão. Técnico: Ary Lund. 
Obs.: jogo de estreia de Tesourinha.

A estréia de Tesourinha pelo Internacional
causou pânico ao goleiro Marne.
Fonte: 1909 em cores