12/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Internacional 1 x 3 Cruzeiro-RS

"O SEGUNDO CLÁSSICO DA CIDADE"
Empolga o próximo cotejo entre o Internacional e Cruzeiro
O "segundo clássico" da cidade reveste-se de excepcional importância. Internacional e Cruzeiro farão uma rodada sensacional sexta-feira à noite nos "Eucaliptos" para a apuração do futuro adversário dos tricolores em "melhor de três", segundo manda a fórmula Fraga, caso o Grêmio não sagrar-se vencedor do returno. Julgamos uma empresa muito difícil para os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima neutralizarem a perda dos dois pontos que sofreram frente ao "rolo compressor". No nosso "soccer" acontecem coisas inauditas, não duvidamos que os rubros topem com qualquer percalço e se vejam envoltos novamente com o adversário de todos os tempos.
O Cruzeiro especializou-se em "desencarrilhar" os líderes. Além de ser um inimigo acirrado, o Cruzeiro defenderá a sua própria posição no returno. Inaugurando a última rodada, os azuis entrarão em campo revestidos de grande fé e acentuadan esperanças. Animados com as novas posibilidades, os defensores da jaqueta azul e branca querem demonstrar a pujança de seu XI e obter uma vitória líquida dentro da cancha, sacudindo "guingne" que os persegue.
O "Intercruz" promete reverstir-se de contornos emocionantes, sexta-feira à noite, à rua Silveiro, bairro do Menino Deus.
Horário: 19,15 e 21,15 com 15 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 255, 10 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/80. Acesso em: 31 mai. 2025.

HÁ INTERESSE PELA REALIZAÇÃO, AMANHÃ, DO “SEGUNDO CLÁSSICO”
Os pontos fortes e fracos dos contendores
O noturno oferece para o Cruzeiro novos horizontes. Contra o Internacional será a primeira vez que os azuis disputarão nessa segunda fase. Repetir-se-ão aqueles ajustados 2x1? Talvez sim, talvez não. Os puplios de Luiz Alberto Coronel pretendem agigantar-se, fazer até o impossível para sobrepujar os vermelhos, donos de um magnífico cartaz, conseguido com a estupenda vitória sobre o Grêmio.
O "Intercruz", considerado como o segundo clássico da metrópole, envolve extraordinárias responsabilidades para os adversários. Um tropeço complicará as ambições dos "diabos rubros", após dois escolhos para a turma de Benjamim: enquanto o triunfo registrará meio caminho andado para a liderança final do returno, restando Americano e Força e Luz.
A acentuada rivalidade, o apetite descomunal dos rapazes comandados por Espir servem de estímulo para os "hinchas" afluírem sexta-feira à cancha dos colorados.
Exibirão os internacionalisas o mesmo ritmo trepidante de jogo? Subirá, outra vez de modo assustador o placar? Contra o Grêmio foi algo fantástico, nos 45 minutos iniciais, agora vamos aguardar o segundo cotejo dos rubros no returno.
Tudo depende da disposição da "Intermediária". Se Brandão e Levi, sobretudo o último, repetirem aquela atuação soberba, auxiliados pelos entre alas, o sexteto defensivo do Cruzeiro também se verá em palpos de aranha para conter o "rolo compressor".
E se o Cruzetro acertar o mecanismo de suas linhas? Muitas vezes o clube do pavilhão estrelado estragou a "corrida" dos encarnados, dificultando-lhes a marcha ascensional para a conquista do título máximo da cidade. Não será a primeira e nem a última vez que os cruzeiristas se transformam em "desmancha-prazeres". Vamos aguardar o "noturno" depois de amanhã, na Chácara dos Eucaliptos.
Horário: 19,15 e 21,15 com l5 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 256, 11 jan. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/92. Acesso em: 31 mai. 2025.

COLORADOS E CRUZEIRISTAS DISPUTARÃO, HOJE, O "SEGUNDO CLÁSSICO" DE FUTEBOL DA CIDADE
Se o clube de Risada vencer o noturno de hoje, terá assegurado o título de campeão do returno
Porto Alegre é pobre em matches de sensação. Afora o Grenal, temos apenas dois outros encontros com foros de sensação e boas perspectivas. O Cruzeiro possui as honras de colaborar nos embates denominados "segundo clássico" e "terceiro clássico" da cidade.
O jogo "Intercruz" sempre atraiu um público regular, figurando nas estatísticas desportivas como segundo em rendas. O "Grecruz" tambem ombreia às vezes com a receita do clássico número dois da metrópole. A rigor, colorados e tricolores se rervezam nos "borderaux", colocando em dificuldade quem se abalar a catalogar a importância dos embates pelo que rendem. Em todo caso, nós optamos pela classificação feita, atentando ao número de pessoas que tem comparecido aos "clássicos" proporcionados pelos três clubes.
Já nos externamos sobre a responsabilidade dos degladiantes na partida de logo mais à nolte na "Chácara dos Eucaliptos". Em breves palavras, convém reprisar que se ao Internacional os 2 pontos são quase que decisivos para a conquista do título máximo do returno, aos cruzeiristas também são de capital importância, não só pelas honras de abater o recente vencedor dos rapazes da "baixada" como pelo desbancamento do líder e a significação para as hostes azuis em sobrepujar o velho adversário.
Um revés para os "diabos rubros" embrulhará a atuação da tabela, pois os pupilos de Benjamin ficarão, em idênticas condições, ao Grêmio, com um catch perdido. Trata-se do segundo compromisso do Internacional e uma vitória importa exatamente na metade da jornada. Conclui-se do esforco extraordinário a ser dispendido pelo "rolo compressor" para esmagar os comandados de Espir.
O turno assinalou uma vitória laboriosa para o Internacional. Os 2x1 não traduziram em fidelidade o desanrolar da pugna, pelo contrário para ter havido justiça, o pior a acontecer seria o empate. Mas os caprichos do desporto das multidões, sempre inflexíveis e inesperados, não permitiram um escore razoável, lógico.
Para alimentar emperanças, o Cruzeiro só tem um caminho: o da vitória.
A Amgea, a respeito do match oficial de hoje, tomou as seguintes deliberações: Representante: Nestor Pereira, fiscal: Natal Maineri: Juiz para os 2ºs quadros: Alfredo Zanini. Horário: 19,15 e 21,15. Campo: Internacional.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL - Benjamin Simões, diretor-técnico dos rubros, pede o comparecimento, hoje, dos jogadores abaixo discriminados no Estádio dos Eucaliptos:
Horário: 2ºs quadros, às 18 horas:
Jogadores: — Marcelo, Álvaro, Clóvis, Ari, Baiano, Nenê, Oliveira, Neli, Amadeu, Rui Barbosa, Moacir — Otívio — Jorge e os demais inscritos.
1º quadro às 20 horas:
Jogadores: Júlio — Viafore — Alfeu — Risada — Brandão — Magno — Levi — Tesourinha — Rui — Acácio — Castillo — Carlitos — Russinho — Celso — Filhinho.
CRUZEIRO — A direção técnica dos alvi-azuis pede a presença dos seguintes jogadores: às 18 horas, no Ferroviário: Vitor — Burger — Noel — Antônio — Odoim — Mongeló — Jorge — Gervásio — Heraldo — Jandir — Moacir — Olavo — Deste — Pedrinho — Morais — Oscar Barreto — Ramón, Renato Silveira — Cezar — Raimond e demais inscritos.
Às 20 horas — Marne — Marazita — Osvaldo — Espir — Janguito — Baldo — Coelho — Ernani — Dalpozolo — Delorenzi — Arci — Vílson — Cascão — Ordovás — Capaverde e Raul.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 257, 12 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/102. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 1 X 3 CRUZEIRO-RS
Data: 12/01/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Alfredo Zanini
Gols: Acácio 12’/1 (I); Cascão 16’/1 (C); Saladuro 36’/1 (C); Cascão 40’/2 (C).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada;Osvaldo Brandão (Celso), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho (Russinho), Acácio, Castillo e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
CRUZEIRO-RS: Marne; Espir e Osvaldo Só; De Lorenzi, Ernani e Bruno; Saladura, Paulo, Janguito (Wilson), Ordovás e Cascão. Técnico: Luiz Alberto Coronel.

"NÃO SOU CRIANÇA!"
Repreendido pelo técnico por ter feito má exibição contra o Cruzeiro, Brandão pensa abandonar o quadro do Internacional
Uma derrota sempre acarreta enormes dissabores para um grande clube. Foi o que aconteceu ao Internacional ao baquear fragorosamente frente ao XI cruzeirista, numa partida memorável, principalmente depois daquele retumbante e escandaloso triunfo dos rubros na "baixada". Daí a enormidade da repercussão do êxito dos alvi-azuis.
Mas, abandonemos o registro da repercussão da vitória para descer aos bastidores do derrotado. Terminado o primeiro tempo, os jogadores recolheram-se aos seus vestiários. A alta temperatura clamava por uns minutos de descanso e refrigerantes. É hábito nesse intervalo o técnico apontar falhas ou fazer recomendações.
Sabemos que o dedicado treinador dos rubros, no vestiário, pediu justificativa do procedimento displiscente de Brandão que em vez de cuidar do jogo parou, discutindo com um companheiro, quando o cotejo prosseguia pela esquerda, exatamente o setor a cargo de "Caçamba".
O recriminado incomodou-se. "Se quiser, pode suspender-me ou multar-me".
Enérgico, Benjamin chamou a atenção do médio, dizendo que a sua atitude era um atentado à disciplina e desconsideração à torcida rubra, o que não admitia em nenhuma hipótese, enquanto os jogadores estivessem sob sua responsabilidade.
Um santo remédio. O jogador despiu-se e foi substituído.
Se as coisas forem assim, muito bem!
Em face dos comentarios tecidos, emprestando outras cores ao sucedido, resolvemos ouvir o vigoroso médio que defendeu o pavilhão da F. R. G. D. na pauliceia.
Na frente do "Café Nacional", Osvaldo Brandão matava o tempo.
— É verdade que estás desgostoso com o Internacional? fez o reporter.
— Realmente. Creio, até, que não jogarei mais. Não sou criança para ser tratado a gritos".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

BENJAMIM JUSTIFICA O REVÉS PELA ESTUPENDA ATUAÇÃO DO ARQUEIRO E À CHANCE DOS AZUIS
O técnico rubro não se mostra abatido e espera reabilitar-se, recolocando o Internacional na sua antiga forma
Em futebol existem tipos diversos. Tristes, os que perdem; alegres, os que ganham; sofredores, os responsáveis pelos times; irados e desordeiros, os mal educados; as vítimas de sempre: os juízes.
Isso e muito mais observou-se no "Intercruz". Não vamos nos alongar na análise. Restringiremos a atividade a um dos tipos apontados. Constata-se desde logo, em se tratando do "coach" dos colorados, que a têmpera é diferente.
Benjamin Simões não se abandona aos nervos. Controla-se e nada se nota exteriormente. Impassibilidade absoluta. Depois do revés apresenta a mesma fisionomia. Tranquilo e cavalheiro. Quanto recalque...
Depols do tremendo baque, nada mais interessante que palestrar com o responsável técnico do "rolo compressor".
Ali na "esquina do pecado" — Confeitaria Central — desfrutamos alguns instantes agradáveis com o esforçado preparador dos rubros.
A conversa discorreu de imediato sobre o "segundo clássico" da cidade. Eis o que pensa Benjamin:
MARNE E CHANCE!
"A marracão efetiva dos cruzeiristas evidenciou-se. Fracassou a "intermediária" rubra. O ponto alto da defesa não estava em perfeita saúde, daí o baixo nível de produção apresentada.
O Cruzeiro venceu pela ação extraordinária de Marne e auxiliado pela chance, traduzida nos gols que colocaram os azuis em vantagem".
O sorvete diminui dentro da taça. Uma pausa e registramos mais:
ESTÍMULO E NÃO DESÂNIMO
"A derrota sofrida deve servir de estímulo para as práticas, preparando-se o quadro com mais afinco, a fim de estar em condiçes no momento de enfrentar os argentinos".
A PEDRA ANGULAR DO FUTEBOL: A DISCIPLINA
O repórter, depois de registrar impressões do úultimo noturno, conduz a palestra para outro terreno, já que se impunha uma pergunta que envolvesse o caso de Brandão, registrado noutro local.
"Sem disciplina nada se consegue em futebol. É o degrau inicial para o êxito, não só no "soccer" como em qualquer outra atividade desportiva.
No Internacional tenho empenhado-me em estabelecer uma disciplina. Estou satisfeito com os resultados alcançados. Boa vontade e disposição nos defensores da jaqueta sanguínea.
O primeiro revés que sofri não me apoquenta. Deve-se saber ganhar e perder. Daí uma derrota, mas que fazer? Só uma atitude resta: redobrar os ensaios e cuidar do estado moral dos jogadores".
O "CASO BRANDÃO"
Havia chegado o momento desejado. — E o caso de Brandão? Indagamos.
Benjamin não responde logo a pergunta, concentra-se e diz: "os assuntos internos do clube resolvemos em diretoria. Não faço comentários sobre o assunto".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

Postar um comentário