ESPETACULAR TRIUNFO
COUBE AO CORITIBA F. C., EM GRANDE ESTILO, DERROTAR O INTERNACIONAL PELA EXTRAVAGANTE CONTAGEM DE 7 x 4 — MARCADORES DOS TENTOS — OS QUADROS E O JUIZ
Depois da sua primeira exibição em gramados citadinos, quando derrotou o Atlético por 3 x 1, o S. C. Internacional adquiriu enorme cartaz em nossos meios esportivos.
Em vista disso, não foi sem exagero que nosso público receou pela conduta do Coritiba F. C. frente a um adversário tão poderoso, cujo poder de estruturação era impecável.
Apesar de todo esse receio, o alvi-negro paranaense não decepcionou os que confiavam em suas possibilidades.
Atuando em grande estilo e, [...] seus setores muito bem ajustados, o Coritiba F. C. conseguiu se impor ao seu temível antagonista, suplantando-o pela espetacular contagem de 7 x 4, resultado esse que demonstra a eficiência com que preliaram os nossos rapazes.
Avulta mais ainda o valor dessa vitória, se considerarmos que, mesmo derrotados, os gaúchos não se entregaram, lutando sempre com fibra e energia.
MELHOR NO 1º TEMPO
O encontro de ontem apresentou-se muito melhor no primeiro período, tendo o Coritiba conquistado quatro pontos contra três do Internacional.
Durante os primeiros vinte e cinco minutos dessa fase, o alvi-negro local conseguiu vencer pela contagem de 4 x 1, tendo os visitantes reagido com ardor.
Foi soberba a conduta dos companheiros de Batista nessa etapa, os quais atuaram em plano superior aos gaúchos.
IGUAIS NO 2º TEMPO
No período final, a partida sem haver caído de produção, deixou de apresentar os mesmos característicos do início.
Os dois quadros procuraram apenas se esforçar, sem contudo traduzir esse esforço em boa técnica.
O Coritiba continuou lutando com absoluta positividade, conquistando mais três tentos, enquanto os internacionalistas obtiveram apenas um.
A vitória do clube do Alto da Glória foi a mais merecida possível, sendo um justo prêmio ao denodo, à combatividade e entusiasmo de seus guapos defensores que tiveram um desempenho [...].
OS PONTOS
Conquistaram os tentos:
Do Coritiba: Pio (2), Altevir (2), Neno, Batista e Rubinho.
Do Internacional: Carlitos (3) e Tesourinha.
OS QUADROS
CORITIBA: Zico; Lauro e Biguá; Tonico, Bananeiro e Warde (Aldo); Batista, Pio (Rubinho), Neno, Cecílio e Altevir.
INTERNACIONAL: Ivo; Alfeu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Rui e Carlitos.
JUIZ
Ataíde Santos atuou a contento.
Fonte: O Dia (PR), n. 5934, 09 dez. 1942, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/092932/48448. Acesso em: 30 jun. 2025.
O PARANÁ ESTÁ VINGADO DAS DERROTAS NO SUL
COUBE AO CORITIBA REABILITAR O NOSSO RENOME ESPORTIVO ABATENDO A QUASE SELEÇÃO GAÚCHA POR 7 A 4 — FALTOU AO INTERNACIONAL UMA DEFESA SEGURA E UM GOLEIRO MAIS CALMO
Dois fatores importantes, faziam do espetáculo de ontem à tarde no "Joaquim Américo" a atração da peleja entre o Internacional, tricampeão portoalegrense e representante do seu Estado no Campeonato Brasileiro de Futebol, de onde agora regressa.
Dois motivos fortes davam ao cotejo em apreço um grau mais elevado de sensacionalismo. O primeiro era a almejada oportunidade de vingar as nossas derrotas no sul, principalmente a última em Florianópolis em circunstâncias que todos conhecem e que agora se confirma. O outro, era afirmar ao esporte nacional que em nossa capital ainda é um grande centro de craques, e que os nossos triunfos sobre o Botafogo e o empate com o Libertad, não foram apenas fruto da "chance" ou da felicidade, mas sim de uma classe também apurada e de um profisionalismo mais são.
Felizmente, para nossa satisfação, o Coritiba venceu, e por sinal de modo categórico, que não admite contestação, inflingindo a quase selecão gaúcha, pois o Internacional é composto de 10 elementos do combinado — um acachapante 7 a 4 que fala por si só. Expressiva é por todos os modos o feito do clube do Alto da Glória, que dessa maneira acaba de vez com a propalada supremacia barriga-verde bem assim a gaúcha, já sensivelmente diminuída por ocasião da visita do colorado à terra dos pampas.
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O vencedor dos catarinenses pisou à cancha não como favorito, pois sabia de antemão o valor do Coritiba, mas sim como uma equipe que vê com respeito o seu antagonista. E disso teve provas sobejas quando já aos 21 minutos de luta estava perdendo por 4 a 1 num jogo em que o alvi-verde se mostrava mais ameaçador e perigosa.
Porém, Zico estava atuando com rara infelicidade, o que deu margem a que os visitantes conseguissem chegar ao final do primeiro tempo distanciados apenas de um ponto. Esperava-se que na fase final a reação colorada tomasse ainda maior vulto, vindo muito possivelmente vencer ainda a peleja. E quando as esquadras tornaram o gramado, pudemos observar logo que tal tarefa seria muito difícil, ja que o grêmio local apreseniava-se com Rubinho em lugar de Pio, o que viria sobremodo reforçar o conjunto, pelo menos na parte física, onde o avante parnanguara se destaca pela movimentação e fôlego. E se assim conjecturamos, não nos enganamos, pois logo aos 5 minutos. Rubinho, valendo-se de um calculado centro de Altevir eleva a contagem para cinco.
E revesando-se na marcação de tentos, os degladiantes chegaram ao fim da luta, quando o placar acusava o resultado de 7 a 4 pró locais, incontestavelmente uma "goleada" como dizem os gaúchos.
APRECIAÇÃO COLETIVA
Do bando visitante poucas foram as figuras destacadas. Merece figurar em primeiro plano o ponteiro canhoto Carlitos, que muito embora não viesse precedido de igual fama de seus companheitos foi o que mais impressionou. Ávila é o outro elemento de realce. A zaga portou-se regularmente, enquanto o goleiro decepcionou. Com a cartaz de reserva do arco da seleção, Ivo fracassou lamentavelmente. Os médios de ala estiveram regulares, sendo que Assis foi o mais fraco, deixando-se levar pelas tramas de Altevir. No ataque, além de Carlitos, Villalba merece realce. Os demais estiveram regulares.
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Do esquadrão vencedor surge em plano visivelmente superior a ala esquerda, onde Cecílio mais uma vez deu provas de grande atacante.
Altevir, que dia a dia vem se conduzindo de maneira elogiável foi outro grande homem.
Neno, muito preocupado somente recebia o balão de costas. Todavia, portou-se de modo condigno.
Batista, Pio e Rubinho sem merecerem uma apreciarão elogiável, não desmereceram: que os apontem como produtivos. Na intermediária todos agiram a contento, sobressaindo-se Tonico.
A zaga portou-se soberbamente, enquanto Zico, infeliz na primeira fase, melhorou no período final.
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Eis aí em linhas rápidas o que foi o jogo de ontem, que veio trazer, por intermédio do Coritiba, a reabilitação do nosso renome esportivo e a verdadeira causa da nossa derrota em canchas catarinenses, que, queiram eles ou não, ainda terão muito que aprender em matéria de "futebol sem apitos errados".
OS TENTOS
Os pontos do Coritita foram obtidos por: Altevir 2; Pio 2; Batista 2 e Rubinho 1.
Os do Internacional: Carlitos 2; Tesourinha 1 e Villalba 1.
OS QUADROS
A formação das equipes foi a que segue abaixo:
CORITIBA: Zico; Lauro e Biguá; Tonico, Bananeiro e Warde (Aldo); Batista, Pio (Rubinho), Neno, Cecílio e Altevir.
INTERNACIONAL: Ivo (Ciscador); Alfeu e Nena; Abigail, Ávila e Assis; Tesourinha, Russinho, Villalba, Rui e Carlitos.
O JUIZ
A atuação do sr. Ataíde Santos foi ótima. O referido apitador conduziu-se com grande acerto, apitando tudo na hora "H".
Fonte: Diário da Tarde (PR), n. 14574, 09 dez. 1942, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/800074/63520. Acesso em: 30 jun. 2025.
Fonte: Diário da Tarde (PR), n. 14575, 10 dez. 1942, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/800074/63527. Acesso em: 30 jun. 2025.
Fonte: Diário da Tarde (PR), n. 14575, 10 dez. 1942, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/800074/63527. Acesso em: 30 jun. 2025.
O "ROLO COMPRESSOR" NÃO FUNCIONOU
O CORITIBA SOUBE DESDE CEDO QUEBRAR A HARMONIA DE SUAS PEÇAS
Grande era a fama do Internacional. As credenciais que trazia ao nosso Estado, faziam-no temido e respeitado. Tricampeão portoalegrense, bem assim estadual. Representante de seu Estado no Campeonato Brasileiro de Futebol e qualificado pela crítica gaúcha e guanabarina como um grande conjunto.
Do seu ataque diziam coisas. Enfim, a sua fama percorreu fronteiras e veio à capital curitibana trazer o receio natural entre os nossos, todavia, estávamos em parte enganados. O seu cartaz era exagerado. Na verdade, o colorado não decepcionou na temporada, mas não chegou a impressionar como deve fazer em seus pagos, pelo que se observa pela imprensa dos pampas. Não confirmou o adjetivo de "rolo compressor".
Já por ocasião do jogo com o rubro-negro não deu mostras de que por onde passa, "amassa". E é preciso que se note que o grêmio da Rua 15 atuou desfalcado de seu melhor defensor, o guardião Caju, além dele, outros não participaram da pugna. Anteontem que o nosso público foi apreciar de fato o peso do "rolo compressor", não viu mais que o peso do Coritiba com os constantes arremessos à trave. Devemos considerar, no entanto, que o Coritiba agiu de princípio com firmeza e disposição, não deixando que o famoso esquadrão do Internacional se entendesse. De início soube quebrar a harmonia das peças do "rolo", inflingindo um elástico 7 a 4, trazendo para nós uma dupla vitória.
Que isso sirva de advertência aos clubes que aqui chegam com grande cartaz e que no entanto não possuem equipes superiores às nossas.
Fonte: Diário da Tarde (PR), n. 14575, 10 dez. 1942, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/800074/63527. Acesso em: 30 jun. 2025.