Os jogadores locais desenvolvem ainda grandes esforços para obter o empate, mas não conseguem alterar o placar.
O embate termina com a vitória do Palestra Itália por 2 a 1.
OS LOCAIS NÃO QUISERAM APROVEITAR UM "PENALTY" A SEU FAVOR - Houve durante o jogo um “penalty” contra os paulistas, no entanto, mal aproveitado.
O juiz Faillace atuou regularmente, embora um tanto indeciso.
Nos últimos minutos do segundo tempo marcou a pena máxima contra os paulistas, que, por ter sido discutível, os do Internacional não quiseram aproveitar.
OS. PAULISTAS IMPRESSIONARAM BEM - O encontro revestiu-se de plena cordialidade.
Os paulistas impressionaram bem, confirmando o nome do esporte do grande Estado.
Fonte: Diário da Manhã (PE), 11/11/1936, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/093262_02/26029. Acesso em: 07 ago. 2023.
POR 2 A 1, O PALESTRA BATEU O CAMPEÃO GAÚCHO
No sensacional encontro disputado ontem, em Porto Alegre, o quadro do Parque Antártica marcou auspiciosa estreia, impressionando vivamente a grande assistência pela sua excelente atuação — Luizinho (2) e Mancuso marcaram os gols — A bola da vitória figurará no museu do Palestra, segundo declarações de Luizinho à “A Tribuna”
Demorou a começar o jogo
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — A custo conseguimos ingressar no estádio do Internacional, campeão de 1934 e 1936. A partida havia despertado um interesse fora do comum. Uma multidão de milhares de pessoas lutava por obter passagem para o campo. Logo que entramos, divisamos com um aspecto formidável, só comparável aos grandes dias. O estádio dos “colorados” apresentava aquele mesmo espetáculo do ano passado, quando o Santos aqui jogou, e cuja renda atingiu a 43 contos, renda essa que continua como recorde nos jogos interestaduais interclubes, em Porto Alegre.
Jogava-se a preliminar. Atuavam os juvenis da AMGEA. Terminado que foi esse prélio, a assistência vibrou. Grande expectativa. Mas... o jogo demorou a começar. Um mundo de aparatos precedeu o grande encontro. Discursos, saudações, aleguás, os fotógrafos que se movimentam e um sem número de providências. Por fim, o deputado Alexandre M. da Rosa, que serviu de cronometrista, apitou. Era o começo do sensacional encontro entre paulistas e gaúchos.
No Estádio dos Eucaliptos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O campo do campeão gaucho de 1936 está repleto. A assistência é formidável, não escondendo sua ansiedade pelo início da luta, recebendo o quadro de S. Paulo grande ovação ao entrar em campo. Os palestrinos percorreram o gramado, saudando a assistência, que responde com entusiasmo, que avulta quando Penha, Natal e Risada entram no gramado, à frente de seus companheiros. O público chama pelos nomes os jogadores mais populares.
Os quadros e o juiz
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Os times serão estes:
INTERNACIONAL:
Penha, Alfeu, Natal, Zezé, Risada, Levy, Sylvio, Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix.
PALESTRA:
Jurandyr, Carnera, Begliomini, Tunga, Dula, Del Nero, Machina, Luisinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
O juiz será o Sr. Faillace.
Os primeiros lances do grande jogo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Já se iniciou o jogo, que decorre favorável ao Palestra, cujos atacantes, de contínuo, assediam o campo local. Penha já fez algumas defesas, aparando tiros de Luisinho e Rolando.
Os paulistas continuam atacando, de preferência pelo centro.
Uma bola na trave
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Decorre o jogo com as mesmas características, com superioridade do Palestra. Rolando, que está agindo com grande destaque, recebe de Mathias e chuta forte, indo a pelota bater na trave da meta do Internacional.
Reação dos gaúchos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Aos 12 minutos, nota-se reação dos gaúchos, que forçam a defesa local, onde se destacam Dula e Carnera. Del Nero não está feliz. Jurandyr é obrigado a intervir e o faz com segurança, para defender chute baixo de Mancuso, que recebera a bola de Tom Mix. O público aplaude e incentiva os locais.
Dula machucado
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O jogo está interrompido. Dula machucou-se ligeiramente, mas logo se refaz, prosseguindo a luta, com vantagem técnica do Palestra. A contagem, todavia, ainda não foi aberta.
Natal defende bem
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Os palestrinos atacam pela esquerda. Há perigoso centro de Mathias, e Luisinho, bem colocado, ao tentar, de cabeça, apanhar a pelota, esta é espectaculosamente desviada por Natal, sob delirantes aplausos.
Mancuso e Salvador atacam forte
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O Internacional está atacando agora com mais segurança e forçando a defesa palestrina a um trabalho mais contínuo. Mancuso e Salvador combinam, passam pelos médios, mas Begliomini retém o avanço, praticando falta, que é batida sem nada produzir.
Carnera rebate várias bolas altas. Escapada de Tom Mix, que cede a Castillo, mas este chuta alto.
Luisinho abre a contagem, aos 32 minutos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — São decorridos 32 minutos de luta. Os paulistas estão no ataque. Carnera rebate, entregando a Dula, que avança e cede a Moacyr. Este é obrigado a retroceder, mas mesmo assim, proximo à área contrária, faz ótimo passe de meia altura a Luisinho. Este, muito rápido, consegue, com um "sem pulo", mandar a esfera às redes do Internacional. Estava aberta a contagem e o Palestra com o seu 1º ponto.
Fim do primeiro tempo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O jogo está nos seus derradeiros momentos do 1º tempo, e os locais agem com entusiasmo, mas encontram decidida barreira por parte do Palestra, que não se deixa abater, vindo a terminar esta fase com a contagem de 1 a zero, favorável aos paulistas.
O segundo tempo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O público aguarda com nervosismo e ansiedade o segundo tempo, certo de reação de vulto por parte do Internacional.
Iniciada a fase complementar, nota-se maior disposição por parte dos locais, que atacam fortemente, apresentando a luta bons aspectos, pelos magníficos avanços dos locais e as magistrais defesas dos palestrinos, que, no entanto, reagem e atacam forte aos quatro minutos.
O 2º ponto palestrino
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A assistência se emociona com uma avançada de Luisinho, aos 4 minutos desta fase. Esse jogador invade, célere, a área do Internacional e chuta com violência, tirando qualquer "chance" do arqueiro Penha, que é vencido mais uma vez. Estava marcado, assim, o 2º tento palestrino, que decepcionou a assistência, que aguardava resultado diverso, pois o Internacional vinha atuando bem.
Notável esforço do Internacional
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Prossegue a luta com extraordinário entusiasmo. O público, que ainda comentava o magistral passe de Dula a Luisinho, para este fazer o 2º tento, aplaude com delírio uma bela defesa de Penha, e, a seguir, aplaude, também, uma de Jurandyr, que escorou fortíssimo arremesso de Mancuso, o grande incentivador do ataque internacionalista.
Os locais empregam notável esforço para conseguir abrir a contagem. Boas fases apresenta a luta. É belíssima a reação dos gaúchos, que conseguem dois escanteios, batidos, ambos, sem resultado, um dos quais magnificamente defendido por Carnera, de cabeça.
Salvador chuta forte e Jurandyr defende bem
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O ataque, agora, pertence aos locais. Periga a meta do Palestra, a qual Salvador envia fortíssimo chute, que Jurandyr defende com brilho, salvando seu posto de queda certa.
Moacyr e Luisinho
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Dula e Tunga conseguem aliviar seu campo, determinando, a seguir, dois bons avanços do Palestra, que findam com arremesso de Moacyr e defesa de Penha. Novo ataque de Moacyr e Luisinho, que é salvo por Zezé.
Aos 30 minutos, o 1º ponto do Internacional
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A luta está em sua fase culminante. São decorridos 2 minutos de jogo e os locais estão atacando com desespero, apelando para os seus melhores recursos a fim de obter um tento, e este, afinal, acaba de surgir. Depois de vários ataques, aos 30 minutos de jogo, Mancuso tem feliz jogada e consegue o seu intento, marcando o primeiro e único ponto do Internacional, que é recebido com delírio pelo público, que com grande entusiasmo, passa a incentivar os locais para que empatem a luta, mas a defesa do Palestra age com brilho e segurança, tudo fazendo para garantir a vantagem já traduzida pelos dois tentos marcados por Luisinho.
Penal contra o Palestra
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Foi assinalado um penal contra o Palestra, o que suscita ligeira reclamação, sob a alegação de que a falta não foi praticada, pois o penal acusado fora em consequência de toque assinalado pelo árbitro. O público, ansioso, espera o resultado.
O penal é batido fora, propositadamente
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna)— Foi batido o penal. Castillo disso se encarregou, mas, propositadamente, arremessa a bola para além do retângulo palestrino. Parte do público aplaude e parte assovia, não concordando como gesto de Castilo. A harmonia reinante, todavia, não é quebrada, prosseguindo a luta.
O final — Vitória do Palestra, por 2 a 1
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A luta está nos últimos lances, notando-se a mesma característica. O ataque do Palestra continua perigoso e muito sólida a defesa. Os locais, por sua vez, estão tentando os derradeiros esforços. Faltam poucos minutos para o final. Parte do público já deixa o campo. Terminou o jogo. Venceu o Palestra, por 2 a 1.
Depois do jogo — A bola da vitória irá para o museu do Palestra Itália
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — Terminado o jogo, ainda em meio ao grande burburinho que se estabeleceu com o abandono do campo pelos assistentes, falamos a Luisinho. O capitão da turma palestrina demonstrava satisfação. Os demais companheiros o seguiam, satisfeitos, irradiando contentamento incomum.
Luisinho saiu do campo com a pelota debaixo do braço.
— É nossa, exclamou ele. É a bola da vitória e eu a desejo levar para São Paulo, a fim de figurar no museu do Palestra Itália.
— Que tal a partida?
— Os gaúchos são grandes jogadores. Vencê-los, lá fora ou aqui, é coisa muito difícil. O Palestra conseguiu essa coisa difícil.
Logo depois, Luisinho não chegava para os abraços dos dirigentes da embaixada palestrina e de grande número de admiradores.
—
A Havas descreve o jogo
PORTO ALEGRE, 8 (H) — O encontro hoje disputado, nesta capital, entre as turmas do Palestra Itália, de S. Paulo, e o Internacional, foi muito equilibrado, notando-se superioridade do quadro paulista, que saiu vitorioso por 2 a 1.
No segundo tempo, o Internacional reagiu valentemente.
Luisinho marcou os dois tentos do Palestra, em grande estilo, e Mancuso, o único dos locais.
A “A Tribuna” ouve alguns “cracks” antes do jogo
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — Momentos antes do grande embate, ouvimos alguns "cracks" que tomarão parte na sensacional pugna desta tarde, e que está condensando a atenção de todo o mundo esportivo desta capital e de outras cidades. Alfeu, zagueiro local, que se vem revelando pela firmeza das suas jogadas, pelo seu grande dinamismo, disse: "A performance palestrina nos jogos de campeonato e em partidas interestaduais e internacionaes é extraordinária. É de assustar, mesmo, mas tenho visto tanta gente boa cair ante o nosso quadro e tamanha confiança tenho em meus companheiros que posso afirmar sem dúvidas que venceremos. Em último caso aceito um empate". Zezé, médio direito do Internacional, assim falou sobre o jogo, inquirido pela reportagem da "A Tribuna": "Nosso quadro está preparado. Lutaremos para vencer". Luizinho, capitão do Palestra Itália, disse: "Tenho grandes esperanças em meus companheiros. Estamos acostumados a enfrentar quadros com grandes responsabilidades como o Internacional. Conheço muito os seus jogadores, e sei que teremos dificuldades em burlar o arqueiro Penha, um dos melhores do Brasil. A luta será empolgante. Venderemos caro a nossa derrota. Empregaremos todos os nossos esforços para continuar com o título de invictos que nos acompanha, por isso que é maior a nossa responsabilidade. Precisamos defender as nossas tradições conquistadas e sustentadas com tanto esforço e carinho".
PALAVRAS DO SR. ÍTALO ADAMI
É do chefe da embaixada do Palestra, Sr. Ítalo Adami, a seguinte proclamação: "Já se esgotaram as expressões de grande reconhecimento de que eu e meus companheiros de jornada somos devedores aos esportistas gaúchos, à sua imprensa e ao seu grande e cavalheiresco povo. No momento em que os "periquitos" vão cruzar lealmente suas armas com os denodados colorados, hoje, no imponente estádio da Chácara Eucaliptos, não me resta senão uma única palavra, a expressão mais genuína do brasileiro: Obrigado!
Na pugna de hoje não haverá vencidos nem vencedores e sim uma consagração da solene amizade entre dois grandes centros esportivos do país."
Fonte: A Tribuna (SP), 09/11/1936, ano 1936, n. 228, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_01/34316. Acesso em: 27 abr. 2025.
BAQUEARAM OS INVICTOS
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Luizinho foi o autor dos dois tentos que asseguraram a vitória para os palestrinos
O Internacional atuou melhor nos 40 minutos do segundo tempo
CASTILLO NÃO ACERTOU O ARCO
Após as saudações de estilo, foi sorteado o toss, cabendo a saída ao clube local. Failace, juiz escalado para o embate, trila o apito às 16,35 horas, anunciando o seu início. Mancuso movimenta a pelota, passando-a a Castillo, que perde para o centro médio bandeirante. Os verdes organizam, então, a sua primeira investida ao último reduto colorado, sem resultado, porém. Os paulistas tornam a insistirem várias cargas, a maioria pela ala direita, onde Luizinho, desde o princípio aparece como seu elemento técnico e infatigável. Os primeiros dez minutos de jogo decorrem monótonos, sem jogadas de sensação. Decorrido este espaço de tempo, em que os visitantes sofreram a emoção da estreia, a partida melhorou muito.
Se bem que os verdes continuassem na ofensiva, como de princípio, as suas jogadas, porém, eram mais estudadas, havia melhor coesão em suas linhas; os passes eram calculados. A defesa colorada passou então a trabalhar mais, onde Alfeu se sobressai e a meta guardada por Penha começa a sentir os efeitor da melhora do padrão de jogo palestrino. Os atacantes do forte clube paulista, que antes não achavam o gol, fazem o arqueiro colorado conhecer as suas arremetidas perigosas em várias ocasiões. Continuam eles, favorecidos pelo vento relativamente forte que soprava, em constantes cargas, que são desfeitos por Levi, Penha ou Alfeu.
A defesa rubra trabalha Infatigavelmente, porém, a sua linha atacante não anda. O jogo continuou dessa maneira até os 18 minutos de jogo, aproximadamente, quando os dianteiros rubros, animados pela torcida, fazem suas primeiras investidas, que diga-se de passagem, foram perigosas, ao arco de Jurandir.
Castillo e Tom Mix, em passes rápidos e curtos, fizeram pelo espaço de três minutos se movimentar a defesa palestrina, que até aquele momento não havia se esforçado. Foram passagens difíceis para os verdes. O seu arco, guardado por um goleiro de excepcionais qualidades, esteve a ponto de cair.
Desde este período, nada de notável fez o ataque do clube local, nem por maior perigo, no primeiro tempo, passou a defesa visitante. A ala Castillo-Tom Mix foi, desde então, quase que completamente paralizada pela perícia de Tunga, um médio de grandes recursos técnicos.
Voltando ao ataque, os paulistas, organizam excursões perigosas à meta de Penha. Natal falhando, juntamente com Zezé, dão lugar a que os visitantes se infiltrem perigosamente.
Era de se esperar a qualquer momento a queda do arco colorado. O domínio dos palestrinos que se manifestou intenso, principalmente, na metade deste meio tempo, era real.
Decorriam já trinta e três minutos de jogo quando os verdes fazem uma carga pela direita. Luizinho leva o couro e manda-o para Maquina. O ponta direita bandeirante, sem perda de tempo, centra bem, indo a pelota para a frente do arco colorado. Natal e Moacir disputam a bola alta, levando o paulista a melhor, fazendo um passe para Luizinho, que entrou limpo, alcançando o primeiro ponto do Palestra Itália.
O infatigável "insider" verde foi saudado, com palmas prolongadas, pela assistência.
O jogo foi recomeçado e continuou com o domínio dos visitantes até o final deste meio tempo, praticando Penha e Alfeu belas defesas, em situações dificílimas, pois a linha dos auri-verdes cada vez mais apertava o cerco.
Porém, sem que fosse aumentado o score, terminou o primeiro período de luta com a vitória do Palestra, por 1 a 0.
Após o descanso regulamentar, voltam os jogadores ao campo. Desta vez, porém, são os verdes que vão jogar contra o vento. Favorecido por este elemento, a asistência, como era de supor, espera uma reação do clube local. Foi, pois, com maior expectativa que os litigantes se alinharam para o início do segundo período da luta.
Parecia que a reação rubra não vinha, pois on paulistas, apesar do vento, atacaram, nos primeiros quinze minutos, com mais constância.
Continuou, portanto, a passar por enormes perigos o arco defendido por Penha.
Aos oito minutos, Levi comete foul em Maquina, perto da área perigosa, sendo punido pelo árbitro. Tunga cobra a falta, fazendo um passe a Luizinho, que sem perda de tempo, manda a bola para o fundo das redes de Penha, assinalando o segundo gol do Palestra Itália.
Com mais um ponto contra, os colorados desanimam. Os palestrinos, animados, reafirmam-se no ataque. Porém, esta situação perdurou apenas pelo espaço de sete minutos.
Como era de se esperar, o Internacional reagiu. A sua ofensiva melhorou e o jogo ficou equilibrado, para depois os locais passarem a insistir mais no ataque.
Foi este o período de maior sensação do embate. Os colorados, favorecidos pelo vento, durante os vinte minutos restantes da peleja, puseram em cheque o arco bandeirante. Não houve domínio completo, porém, o Internacional dominou, em parte, nestes vinte minutos finais. Poucas foram as cargas palestrinas neste período.
Jurandir passou por maus bocados defendendo o seu arco. O guardião verde teve em Carun, Tunga e Del Nero, três elementos de real valor em seu auxílio.
As cargas dos locais eram rápidas e fulminantes, porém, os dianteiros ressentiam-se de arremate final. Chegavam até a meta de Jurandir e falhavam nos tiros a gol. E, quando não falhavam, a perícia e as espetaculares pegadas do arqueiro paulista anulavam a intenção dos locais.
Tanto atacaram os rubros, que após dez minutos de infatigável trabalho, conseguiram o seu intento.
Há uma escrimage na área palestrina. Vários "players" disputam a pelota, que vai ter aos pés de Artigas, o qual atira em gol. A esfera bate na trave lateral e Mancuso, aproveitando a confusão originada na área, oportunamente alcança o único tento dos locais.
A assistência delirou e mais acentuado tornou-se, então, o predomínio dos encarnados. Origina-se outra situação difícil na área paulista e Salvador perde uma oportunidade excelente para empatar o prélio. Tinha só pela frente o "keeper" bandeirante.
Transcorreram movimentados os 3 minutos restantes da peleja sem que fosse modificado o score. Quando faltavam dois minutos para terminar a partida, o árbitro consigna um pênalti contra os paulistas. O juiz alega que Tunga, ao defender um pelotaço dentro da área perigosa, tocara com a mão na bola. Os bandeirantes reclamam, alegando que a infração não existiu. Failace, porém, manda bater a penalidade.
Castillo é destacado para fazê-lo. O juiz trila o apito e o meia esquerda colorado cobra a falta mandando a bola por cima da trave.
Em seguida, o Palestra organiza um ataque que é desfeito por Penha. Voltam os encarnados à ofensiva e Del Nero concede corner. Já ia ser cobrada a penalidade, quando o cronometrista trila o apito, anunciando o fim da peleja.
Os colorados perderam para o palestra sem comprometer as suas tradições desportivas
O placar de 2 x 1 favorável aos verdes de São Paulo foi o produto de duas oportunidades bem aproveitadas
APRECIANDO OS JOGADORES
Internacional e Palestra Itália nos proporcionaram anteontem uma jogada excelente, que nos fez lembrar os grandes embates do campeonato brasileiro. A luta entre colorados e caturritas foi disputadissima e teve fases que fizeram vibrar a assistência. O forte vento reinante prejudicou em grande parte o jogo técnico dos dois contendores. O quadro paulista, se bem que não confirmasse a grande fama de que vem precedido, apresentou um jogo técnico que agrada bastante, principalmente, o trio atacante que costura admiravelmente. Luizinho, Moacir e Rolando apresentaram um jogo belíssimo, fazendo-nos recordar o jogo técnico e inteligente do trio do combinado carioca, que nos visitou por ocasião do campeonato brasileiro.
A linha atacante palestrina combina muito bem, chegando mesmo a abusar do jogo de passes, que aliás é muito apreciado e empolga mesmo, porém, não produz resultado prático. Os atacantes palestrinos ressentem-se arremate final, perdendo assim boas oportunidades.
O quadro do Internacional fez uma excelente demonstração de futebol e somente por falta de "chance" sofreu o seu primeiro revés no ano corrente.
A vitória obtida pelo quadro da Paulicéa em nada desmerece o valor do vencido, que enfrentou com galhardia o famoso conjunto paulista. Os colorados representaram condignamente o futebol porto-alegrense na jornada de anteontem, que serviu para evidenciar o nosso adiantamento no futebol, podendo sermos considerados em igualdade de condições aos grandes centros desportivos do Brasil que são: Rio e São Paulo.
OS JOGADORES
Jurandirー Demonstrou ser o mesmo grande guardião do campeonato brasileiro. Boa colocação, pegadas firmes e admirável golpe de vista.
Carnera e Begliamini - Constituem uma parelha segura, onde iam morrer os arremessos dos colorados.
Dula — O veterano centro médio fez uma grande partida, foi indiscutivelmente o grande fator da vitória palestrina. Jogou com calma admirável e notável colocação, auxiliando eficaz e inteligentemente o ataque, que teve em Dula o seu melhor apoio.
Tunga — Foi um médio eficiente. Fez uma boa partida, tendo anulado por completo a perigosa e eficiente ala esquerda colorada.
Del Nero — Não confirmou a sua fama, como a revelação do ano. Atuou discretamente.
Maquina - Foi o elemento que menos se destacou no quinteto palestrino.
Luizinho — Inquestionavelmente é a primeira figura do ataque do Palestra. Jogador inteligente, passador emérito e aproveita admiravelmente as oportunidades, como demonstrou anteontem, marcando os dois pontos dos visitantes. É o grande animador do ataque palestrino.
Moacir — Distribui bem o jogo e combina com precisão com os meias Luisinho e Rolando, com os quais forma um trio perigosíssimo.
Abusa, porém, do jogo pesado, o que prejudica bastante a sua atuacão.
Matias — É o grande artilheiro do quinteto palestrino, possuidor de um chute possante e [...] com precisão.
Penha — O grande guardião rubro não estava anteontem nos seus melhores dias, tendo cochilado no segundo gol paulista.
Natal — Atuou bem, formando com Alfeu uma parelha intransponível.
Alfeu — Fez anteontem esse zagueiro a sua melhor partida do ano. Atuou assombrosamente podendo, sem favor nenhum, ser considerado o melhor dos 22. Foi a figura que mais se salientou em campo.
Zezé — Atuou no primeiro tempo, porém, muito mal, tendo sido substituido na fase final.
Garnizé — Que começou jogando na ponta direita, onde nada fez, nem podia fazer, passou no 2º tempo a ocupar a sua verdadeira posição de médio, atuando com precisão e marcando bem a ala adversa.
Risada — O veterano centro médio colorado que trabalhou bastante no primeiro tempo, falhou na fase final, quando demonstrou cansaço.
Levi — Foi o melhor da linha média local. Jogou muito.
Artigas — Que substituiu Garnizé no 2º tempo, apesar de não estar acostumado a jogar na ponta direita, trabalhou bastante e com a sua entrada o ataque rubro andou mais.
Salvador — O mignon meia direita colorado foi o animador do ataque dos locais. Trabalhador incansável, tanto estava na defesa como no ataque. Esse jogador dia a dia vem se firmando como um atacante de valor.
Mancuso — Trabalhou bastante e foi o autor do único gol dos colorados.
Castillo — Fez anteontem uma péssima partida, nem parecia o mesmo perigoso eficiente jogador que estávamos acostumados a ver atuar.
Tom Mix — Trabalhou bastante, tendo porém, falhado o seu companheiro de ala, pouco pôde produzir.
Acácio — Que substituiu Mancuso nos últimos minutos de jogo nada fez.
Uma “revanche” para os Rubros?
O resultado da partida de domingo último, entre o Palestra Itália e o Internacional, não convenceu aos milhares de torcedores colorados. Foi um resultado inexpressivo. Na partida, tanto podia vencer um como outro. Foi, como disse o técnico do Palestra, uma questão de aproveitamento de oportunidades.
Ontem, à tarde, nas rodas dos cafés, onde se reúne grande número de desportistas, corria a notícia de que o Internacional, não satisfeito com o resultado da partida, entrara em entendimentos com os diretores do Palestra, no sentido de se realizar um match-revanche, no próximo domingo.
De posse dessa notícia, a nossa reportagem se movimentou, procurando averiguar a sua veracidade. De início, foi procurar o Sr. Milton Soares, presidente do Internacional, em sua firma comercial. Lá o encontramos e o fizemos ciente do nosso desejo: ouvir a sua palavra sobre o assunto, que já empolgava o nosso mundo desportivo.
— O Internacional não cogitou de uma revanche — diz o Sr. Milton Soares. Ele não seria capaz de um gesto que poderia ser considerado como antidesportivo. Entretanto, sei que a Amgea sondou os dirigentes do Palestra sobre a possibilidade de um novo encontro. Isso, porém, não partiu do meu clube.
O repórter, então, interroga o destacado desportista colorado:
— Como o Internacional encararia a possibilidade de um jogo de revanche?
— O quadro colorado esta nas mãos da Amgea. O que ela resolver, os internacionalistas farão. Naturalmente, teríamos o maior prazer em terçar armas novamente com um adversário do valor e da envergadura do Palestra, proporcionando aos nossos desportistas uma luta que tomaria um cárater gigantesco. Mas isso não é conosco — termina o Sr. Milton Soares.
COM O PRESIDENTE DA AMGEA
Depois de nos despedir do presidente colocado, tínhamos um rumo a tomar: falar com o Sr. José Martins, presidente da Amgea, sob os auspícios de quem se está realizando a atual temporada interestadual. Avistando-o, transmitimos-lhe o nosso desejo de informações. Disse-nos, então, o presidente da mentora do futebol citadino:
— De fato, auscultando o desejo do nosso mundo desportivo, particularmente dos torcedores colorados, falando com os diretores da luzida missão que nos visita, transmiti-lhes o meu pensamento sobre o sucesso de um jogo-revanche entre o Palestra e o Internacional. Se tal fosse aceito, então o programa dos jogos seria alterado. Os craques paulistas jogariam quinta-feira com o Grêmio, domingo com o Internacional e quinta-feira, 19, com o combinado porto-alegrense. Não obtive, naquele momento, uma resposta definitiva. Os diretores palestrinos precisavam consultar a Liga Paulista, depois do que, então, poderiam resolver. Eis o que há.
COM O SR. ÍTALO ADAMI
Para que a nossa reportagem fosse completa, tornava-se necessário ouvir o Sr. Ítalo Adami, que vem chefiando a missão do Palestra. Abordamo-lo no "hall" do Grande Hotel. Dele tivemos a seguinte resposta:
- Da diretoria do Força e Luz recebi o convite para uma partida, quando nos desobrigássemos do compromisso com a Amgea. De Rio Grande, também, recebi outro convite. Hoje, do Sr. José Martins recebi a proposta de um jogo-revanche com o Internacional. Recebi todos esses convites com amelhor impressão, principalmente o jogo-revanche com os valorosos colorados. Entretanto, a nenhum pude dar resposta definitiva. Tornava-se necessário uma consulta à Liga Paulista de Futebol, a quem pedi, em nome do Palestra, a transferência da partida que temos e, jogar no próximo dia 22. Se for possível esse adiamento, o que sinceramente espero, então satisfarei a todos os convites que me fizeram, os quais honram profundamente a missão que chefio.
Deste modo, está o nosso mundo desportivo na iminência de assistir ao prolongamento, entre nós, da temporada do Palestra Itália, com novas partidas, e de presenciar um jogo que se afigura gigantesco: a revanche entre palestrinos e colorados.
Ítalo Adami comenta
No hall do Grande Hotel encontramos, ontem, o desportista Ítalo Adami, chefe da embaixada do Palestra Itália. Perguntamos logo sua impressão sobre a partida de domingo.
S. s., medindo bem as palavras, assim externou sua opinião a respeito do importante prélio!
- Não fora a atuação infeliz de Fallace, cognominado o rei do apito, e a partida poderia ser classificada de magnífica. Os quadros contendores desenvolveram boa atuação, jogando com muito ardor e técnica. A situação do árbitro riograndense prejudicou sensivelmente o brilhantismo das jogadas que, de minuto a minuto, eram paralizadas pelo seu apito. Já fui árbitro durante muitos anos. Já assisti centenas de partidas, arbitradas por bons e maus juízes. Nunca, porém, vi aptiar tanto durante os oitenta minutos de uma partida. As interrupções contínuas prejudicaram o desenrolar do jogo que, não fora isso, teria sido muito melhor do que foi. O pênalti que Faillace apitou foi imaginário. Mesmo que a pelota tivesse tocado no braço do zagueiro palestrino, ele não deveria ter punido a falta, porquanto a penalidade máxima só se justifica quando for feita propositalmente. Antes do jogo ser iniciado procurei o árbitro e ele me assegurou que só puniria a penalidade máxima quando efetivamente fosse feita com o intuito claro de prejudicar o adversário. E, infelizmente, não foi isso que se deu. Faillace puniu uma falta imaginária, que ninguém viu. A sua indecisão foi característica. Todos pensavam que se tratava de um corner, porquanto ele imediatamente correu para um dos cantos do arco. Passados alguns segundos, contra a expectativa geral, Faillace manda colocar a pelota defronte ao gol de Jurandir. Naturalmente protestamos, embora inutilmente. O pênalti foi batido e, se Deus não fosse palestrino, o resultado da partida sem dúvida alguma teria sido outro.
A atuação de Faillace
Por indicação do Palestra Itália e aquiescência do Internacional, o presidente da Amgea convidou o desportista Henrique Faillace para dirigir o grande embate entre o Palestra e o Internacional.
Esse popular árbitro atendeu ao convite e se prontificou a dirigir esse memorável encontro. Anteontem Faillace estava a posto acompanhado de seus auxiliares.
Iniciada a luta, decorre a mesma parelha e o juiz acompanha o jogo punindo com acerto e precisão todas as infrações. Assim transcorreu o 1º tempo. Iniciada a fase final, nota-se que o juiz está indeciso e não atua com a mesma firmeza do 1º tempo. Suas decisões não tem mais aquele cunho de segurança. São punidas diversas infrações imaginárias, ora de um, ora de outro dos contendores. Constata-se, entretanto, que o juiz não prejudica nenhum dos contendores. Embora a sua atuação bastante deixou a desejar, a mesma foi honesta, e não se diga que o árbitro prejudicou os locais ou os visitantes. O juiz, como humano que é, não é infalívell, e se errou, o fez sem intenção, pois não se admite que um desportista que tem a reputação firmada como árbitro honesto, procurasse atuar com parcialidade, manchando assim o seu passado.
Failace defende-se
O GRANDE ÁRBITRO RIO-GRANDENSE CONF. ESSA TER SIDO INFELIZ NA SUA ARBITRAGEM, MAS QUE NÃO PROCUROU FAVORECER AOS LOCAIS OU PREJUDICAR AOS VISITANTES
Terminado o encontro de domingo Último entre palestrinos e colorados, o repÓrter soube logo que tinha uma obrigação a cumprir e da qual não podia escapar sem prejudicar os leitores: falar com Henrique Faillace, o juiz da pugna, a referee que tivera a atuação mais discutida destes últimos tempos.
Horas depois, num dos cafés da cidade, entrávamos em contato com Faillace, cognominado "o rei de apito". Quando dele nos acercamos, Faillace, ao apertar nossa mão, já advinhara as nossas intenções, prometeu-nos, então, que no dia seguinte, mais descansadamente nos daria a entrevista desejada. Ontem, então, tínhamos, novamente, ante nós, o juiz do embate do Palestra x Internacional. Trouxemo-lo à nossa redação, na qual descansadamente, Faillace falou. Eis as suas declarações:
— A minha atuação foi infeliz. Sou o primeiro a reconhecer e a declarar que fel o dia pelor de toda a minha vidadesportivo como "referee". Entretanto, refuto quaisquer declarações, quer dos diretores do Palestra, quer de alguns jornais, menos lisongeiros à minha moral de desportista, nunca desmentida, minha honestidade, dos quais o melhor testemunho é o meu passado. Não posso deixar de estranhar, também, condenando a palavra desse moço que veio de São Paulo para continuar aqui o seu modo de agir em Rio e São Paulo, como "speaker" da rádio Cruzeiro do Sul, de todos conhecida, através as suas irradiações por ocasião do último campeonato brasileiro de futebol, quando crivava o futebol gaúcho e os nossos jogadores com termos menos lisongeiros. Aqui, deixando de lado as normas de cavalheirismo e elegância moral, se usou da gentileza da Rádio Farroupilha para vazar a sua bílis sobre mim, como sobre os nossos jogadores, também.
Fui infeliz, repito, mas tenho a minha consciência tranquila de que patuei toda a minha atuação naquele jogo com base na imparcialidade e na honestidade. A partida era de difícil atuação. Foi mesmo a mais difícil, para mim, destes últimos anos, não só pela combatividade dos dois bandos, como pelos expedientes e recursos usados pelos rapazes bandeirantes, que ali reportaram-se como desportistas verdadieros e cavalheiros. Os truques, devo declarar, são usados belos grandes jogadores, cultores de um futebol adiantado. Cabe ao juiz puní-los e controlá-los. Nisso me esmerei.
Não há exemplo de que não se verifiquem reclamações numa partida. O ardor dos disputantes, a vontade de vencer, nervos alterados, os induzem, por vezes, a protestar, a se rebelar contra esta ou aquela decisão que venha, mesmo legalmente, perigar a vitória para o seu bando. Reclamações surgiram domingo último. Algumas, talvez, justas, outras, também, injustas, sem base. Duas, porém, quero mencionar destacadamente. Uma dos colorados, outra dos palestrinos. A primeira sobre a validade do segundo gol dos paulistas, a segunda sobre o pênalti de Tunga.
Sobre a primeira devo declarar que são absurdas quaisquer reclamações. Puni um "foul" junto à area do gol, batida por Dula. A bola cruzou o alinhamento dos jogadores, aos nove passos regulamentares, indo cair diante de Penha. Luizinho e Moacir se infiltraram na defesa, que ficou parada, tendo o meia direita atirado o couro no fundo das redes coloradas. Foi um tento legalíssimo.
Vamos à segunda reclamação: o pênalti. Houve uma carga cerrada dos colorados. Era quase certa a queda do arco de Jurandir. A bola é chutada em direção à meta. Para mim era fatal o gol, quando surgiu Tunga que, após fazer com que o couro fosse morrer em seus pés, usando o antebraço, jogou-a à linha lateral. Foi um gesto intencional e que impediu a con.quista de um tento. Em vista disso, embora não seja do meu feitio apitar pena máxima, fui obrigado a consignar a falta. A lei o dever assim me obrigavam. Dirigi-me para o gol de Jurandir, a quem pedi a pelota, que estava proxima à zona de corner. Passaram-se alguns segundos. Quando o arqueiro me entregou o couro, me perguntou o que iria fazer. Respondi-lhe que ia medir os onze passos. Foi o que houve. Infelizmente, alguns players palestrinos protestaram, dando-se, então, a entrada em campo do Sr. Ítalo Adami, o qual, num gesto que bastante evidencia a sua envergadura de cavalheiro e desportista, ordenou que a minha decisão fosse acatada.
Henrique Fallace levanta-se, despedindo-se do repórter. Antes, dá a sua última declaração:
— Sinto que o jogo de domingo em nada abalou a minha idoneidade e a minha consciência. Se errei, não foi tencionalmente. A minha honestidade e a minha imparcialidade tem uma prova segura e firme: desgostei a ambos os quadros. Estou satisfeito.
Perdemos por falta de chance, declara o técnico colorado
Encontramos, ontem, ligeiramente com o desportista capitão Inocêncio Travassos Souto, esfoçado técnico do clube colorado. Falamos-lhe sobre o grande jogo entre Palestra e Internacional e s. s. disse-nos: "Pode publicar que os colorados perderam por falta absoluta de chance".
O Palestra é felicitado pela vitória
O desportista Ítalo Adami, chefe da embaixada do Palestra Itália, recebeu, ontem, os seguintes telegramas de felicitacões:
Ítalo Adami — Porto Alegre. — "Entusiasmados pela brilhante vitória, felicitamos o caro Ítalo, abraçando fortemente os diretores, bravos defensores palestrinos. Seguem-se dezenas de assinaturas".
"Delegação Palestra Itália. Porto Alegre. Felicitações por motivo da significativa vitória. Abraços à diretoria e jogadores do Palestra Itália. Curitiba".
Fonte: Diário de Notícias (RS), 10/11/1936, ano 1936, n. 224, p. 10-11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4609. Acesso em: 27 abr. 2025.
O CAMPEÃO GAÚCHO RESISTIU, MAS CEDEU POR 2 X 1 PARA O PALESTRA
PORTO ALEGRE, 8 (Agencia Meridional) — A partida de football disputada hoje entre o Palestra de São Paulo e o Internacional, foi ganha pelo primeiro, por dois a um.
Nos últimos minutos de jogo, o juiz cobrou um pênalti contra o Palestra. Os paulistas protestaram procurando impedir que a pena fosse cobrada. Diante disso, o presidente do Internacional mandou que o jogador Castillo chutasse fora, o que foi feito, sendo a bola enviada para corner.
Os teams que se defrontaram estavam assim constituídos:
PALESTRA — Jurandyr, Carnera, Begliomini; Tunga; Dula, Delnero; Machina, Luizinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
INTERNACIONAL — Penha, Natal, Alfeu; Lewy, Risada, Zezé; Tom Mix, Castillo, Mancuso, Salvador e Zanini.
Após uma disputa movimentada, o Internacional caiu vencido por 2x1.
Fonte: O Jornal (RJ), 10/11/1936, ano 1936, n. 5339, p. 16. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/110523_03/34034. Acesso em: 27 abr. 2025.
A PRIMEIRA EXIBIÇÃO DO PALESTRA NOS PAMPAS
Como se desenvolveu a peleja frente ao Internacional em que os alvi-verdes levaram a melhor pela contagem de 2 x 1
PORTO ALEGRE, 9 — Perante uma assistência das maiores que fez lembrar as que compareceram para assistir os últimos prélios interestaduais que se realizaram aqui, defrontaram-se no "Estádio dos Eucaliptos" as forates equipes do Palestra Itália de São Paulo e Internacional desta cidade.
Devido o forte calor reinante, o prélio iniciou-se precisamenteas 16,30 horas. Os quadros entraram em campo quinze minutos antes do início do encontro e estavam assim organizados:
PALESTRA: — Jurandyr — Carnera — Begliomini — Tunga — Dula — Del Nero — Machina — Luizinho — Moacyr — Rolando — Mathias.
INTERNACIONAL: — Penha — Alfeu — Natal — Garnizé — Risada — Levy — Artigas (Zezé) — Salvador — Mancuso (Sylvio) — Castillo — Tom Mix.
O JOGO
Os gaúchos organizam o primeiro ataque perigoso da tarde, e a defesa palestrina concede primeiro escanteio. O Palestra contra-ataca e Mathias por duas vezes é pilhado em impedimento. Novo ataque dos visitantes e Mathias envia forte chute, que passa resvalando a trave. Nenhum dos guardiões foi chamado a intervir, pois os arremessos saem todos fora. Nos 15 minutos de luta Penha pratica a primeira defesa empolgante da tarde, ao deter forte chute de Tunga, que recebera a bola de Luizinho. Reagem os gauchos, mas a defesa palestrina está firme e manda a bola para a frente em direção a Mathias. O ponta esquerda palestrino desfere um "sem pulo" e Penha não consegue deter o couro, devido a violência do arremesso, e a bola vai a Rolando, que torna a desferir potente chute, e Penha, que se encontrava caído, pratica sensacional defesa, sendo aplaudido delirantemente pela enorme assistência.
Os gauchos reagem fortemente. Tom Mix por pouco não abre a contagem da tarde. Os ataques revezam-se até a altura de 32 minutos de luta, quando se dá a abertura da contenda.
PRIMEIRO PONTO DA TARDE
Numa avançada palestrina, Mathias, recebendo a bola de Dula corre rápido pela sua ala, centrando em ótimas condições para Luizinho, que com potente arremesso, vence a vigilância de Penha.
Saem os Iocais e Salvador quase empata, salvando Begliomini no momento preciso. Antes de terminar o primeiro tempo, o Palestra organiza mais dois perigosos ataques, que são desfeitos por Alfeu. E com a vantagem do Palestra termina o primeiro tempo.
SEGUNDO TEMPO
O período complementar inicia-se com leve superioridade dos locais, mas no 8º minuto de jogo Dula estende a bola para Luizinho, o qual desfere forte chute de fora da área marcando o 2º ponto palestrino.
Os gaúchos prostestam quanto a validade do tento, mas o árbitro confirma sua decisão. Nova saída dos gaúchos que passam a assediar perigosamente o posto de Jurandyr, fortemente incitados pela assistência. Jurandyr é obrigado a defender chutes dos mais fortes, mas aos 25 minutos de luta, Mancuso, aproveitando-se de uma confusão na área palestrina marca o único tento dos gaúchos. Reiniciado o prélio, este torna-se muito movimentado, procurando os gaúchos obter o empate enquanto os palestrinos também voltam a atacar, e Moacyr por pouco não marca novo tento. Quase no final do encontro o juiz acusa penal contra os visitantes. Os palestrinos reclamam justamente, pois Tunga alcançou a bola com o peito. Entram os diretores em campo e a ordem é cumprida, chutando Castillo, a pedido dos diretores do Internacional, a bola para fora.
Pouco depois, Jurandyr falha uma pegada e Salvador, com o arco desguarnecido, chuta fora. E com o resultado de 2 a 1, termina o embate com a vitória do Palestra.
ATUAÇÃO DOS QUADROS
PALESTRA — O quadro paulista, apesar de não desenvolver uma atuação de grande realce, jogou muito bem. Na defesa apenas não satisfez o trabalho de Del Nero, que esteve muito fraco. Os demais, num mesmo plano superior. No ataque, Luizinho foi a figura mais impressionante, secundado por Rolando e Mathias. Machina e Moacyr regulares.
INTERNACIONAL - A defesa foi o ponto alto do campeão gaúcho. Penha voltou a ser a barreira que os paulistas tiveram oportunidade de conhecer. Alpheu e Natal seguros. Risada foi o melhor jogador do trio médio. Na linha atacante, Tom Mix e Castillo foram os que mais apareceram, sem contudo, terem jogado uma grande partida. Digna deelogios a atitude dos diretores do Internacional mandando cobrar o penal fora.
O JUIZ
Faillace foi o árbitro do importante encontro. Procurou agir muito com imparciaildade, mas não foi feliz, principalmente na marcação do penal.
UMA SAUDAÇÃO
Antes do encontro, falou no microfone o Sr. Ítalo Adami, saudando os esportistas locais em nome do Palestra. No intervalo, o presidente da A. M. G. E. A. retribuiu a saudação, saudando o Palestra e povo paulista.
O SEGUNDO JOGO
O segundo prélio do Palestra em campos sulinos deverá ser com o Grêmio, que ocupa a vice-liderança do torneio. O Gremio além de outros jogadores, possui em suas fileiras o valoroso zagueiro Luiz Luz, que tão bem impressionou os paulistas quando esteve em São Paulo.
Fonte: O Dia (PR), 12/11/1936, ano 1936, n. 4018, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/092932/32722. Acesso em: 27 abr. 2025.