AS AUTORIDADES PARA OS JOGOS DE CAMPEONATO
Cruzeiro x Internacional
Representante, Sr. Ernani De Lorenzi, secretário geral; fiscal, Sr. Augusto Teixeira; juízes: para o 1º time, Sr. Álvaro Silveira, e para o 2º, Sr. Válter Costa.
Fonte: A Federação (RS), 05/09/1935, ano 1935, n. 078, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/78075. Acesso em: 31 mar. 2025.
OS JOGOS DE DOMINGO
Cruzeiro e Internacional oferecerão o maior espetáculo do dia [...]
CRUZEIRO X INTERNACIONAL
O encontro entre estes dois adversários e que terá por cenário o campo do Caminho do Meio se afigura o melhor do dia.
Desde 1917 que um embate entre azuis e colorados constitui uma nota sensacional nos anais desportivos da cidade, pois uma jogada entre os mesmos é sempre aguardada com grande interesse, tal a rivalidade existente e ambos se atiram à luta com desusado entusiasmo.
Demais, o Cruzeiro sempre que se defronta com o Internacional o faz com galhardia e proporciona aos amantes do futebol, uma excelente jogada.
No encontro do turno, o Cruzeiro perdeu por 3 a 2, mas essa vitória se verificou após uma luta titânica e em que o terreno foi conquistado palmo a palmo até o último momento.
Embora para o bando de Espir o desfecho desse embate não tenha influência na tabela do campeonato, pode-se afirmar que o clube do Caminho do Meio tudo envidará para abater o seu adversário, por isso que uma vitória sobre o conjunto colorado é, sob o ponto de vista moral, de relevante importância e servirá, também, para uma reabilitação do quadro azul dos injustificados revezes que tem sofrido na presente temporada.
Os colorados, por uma necessidade imprescindível, para prosseguir na vanguarda do campeonato, desenvolverão o máximo do esforço no sentido de obter o triunfo.
Um fracasso qualquer do time o poderá afastar do almejado título de campeão.
Por todos esses motivos o encontro promete ser disputadíssimo e porcerto, como sempre acontece, como sempre acontece, levará ao Caminho do Meio, uma enorme assistência.
O embate dos quadros secundários será outro atrativo, por isso que os dois quadros estando em igualdade de condições na tabela se empenharão em renhida luta e o vencedor assumirá a vanguarda, com possibilidades para obter o título máximo da categoria.
NÃO É VERDADE
O Cruzeiro não entregou os pontos
Há dois dias, a cidade inteira, principalmente nas rodas esportivas, comentava o boato de que o valoroso Cruzeiro havia entregue os pontos ao Internacional, na partida de domingo próximo.
Alguém, mesmo, afirmava a veracidade da notícia.
Entretanto, a diretoria do Cruzeiro pede-nos tornar público que tal não se deu, nem se dará.
O Cruzeiro, de acordo com as suas tradições, vai ao campo na melhor disposição para enfrentar o seu forte contendor.
Tudo o que se diz, portanto, é invencionice.
Fonte: A Federação (RS), 06/09/1935, ano 1935, n. 079, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/78083. Acesso em: 31 mar. 2025.
CITADINO 1935 - 2º TURNO - CRUZEIRO-RS 1 X 0 INTERNACIONAL
Data: 08/09/1935
Local: Caminho do Meio - Porto Alegre (RS)
Juiz: Manoel Silva
Gol: Nestor 6’/1 (C).
CRUZEIRO-RS: Edmundo; Cauduro e Espir; De Lorenzi, Nestor e Russo; Marzola, Vanário, Fernando, Souza e Cascão.
INTERNACIONAL: Penha; Natal e Risada; Zé Gonçalves, Andrade e Levi; Tijolada, Tupan, Mancuso, Darci Encarnação e Honório.
O INTERNACIONAL, PERDENDO PARA O CRUZEIRO, CEDEU A VANGUARDA AO GRÊMIO
Os quadros azul e colorado, embora falhos em técnica, ofereceram um entusiático espetáculo futebolístico
Nestor, batendo uma penalidade fora da área, foi o autor do ponto que garantiu a vitória do seu bando [...]
A tarde de sol de ontem, com algumas rajadas do nosso famoso Minuano, proporcionou aos praticantes do futebol mais energia e mais vivacidade.
Todos os encontros de futebol disputados ontem, pelo campeonato da cidade, se desenvolveram com rápidas jogadas e todos eles findaram pela contagem mínima.
A seguir, damos uma resenha das atividades desportivas:
CRUZEIRO X INTERNACIONAL
Este encontro que vinha sendo aguarado com o maior interesse, por que é sobejamente conhecida a disposição dos rapazes do Cruzeiro quando se defrontam com adversários fortes, levou ao campo do Caminho do Meio um numeroso público.
Realmente esse público, mais uma vez, teve um espetáculo futebolístico entusiasta, se bem que escasso de técnica, predominando mais o esforço pessoal, a vontade de vencer, do que se prevalecer do conjunto da ação harmônica.
Os dois bandos se atiraram à luta com grande entusiasmo.
A classe dos adversários ficou patente.
O valoroso esquadrão de Espir se adjudicou uma vitória lícita, conquistada nos 6 minutos do início do jogo e que soube sustentar até o fim.
A sua defesa, tendo por expoentes máximos Edmundo, que foi um baluarte, onde se quebravam as arremetidas coloradas, e Nestor, que conseguiu deter o trio dirigido pelo hábil Mancuso, muito auxiliads pelos demais defesas.
O ataque não esteve à altura das outras linhas. Somente Souza se destacou.
Os colorados tiveram no trio final o seu ponto alto. Na linha média, Andrade e Zé, falhando constantemente, não permitiram um auxílio eficaz aos avantes. Assim mesmo, estes, sem uma coordenação completa, atiraram amuidadamente ao arco, porém, encontraram na maioria das vezes a agilidade e a calma do goleiro Edmundo, que frustrava os seus intentos.
Assim, o Cruzeiro registrou o maior triunfo da temporada. Bateu o líder da tabela. Foi unicamente uma grande vitória moral, por isso que ela não servirá para o colocar.
O Internacional, pelo contrário, com o revés de ontem, retrocedeu e entreou a vanguarda do campeonato ao forte conjunto gremista pela diferença que aquele manteve até ontem — 1 ponto.
De forma que o campeão da cidade será conhecido como as jogadas dos dois domingos próximos.
O Grêmio terá de se defrontar com o Força e Luz, no campo deste e constituirá uma barreira bastante séria para o tricolor.
Os colorados terão pela frente os valentes zequinhas, também, um obstáculo perigoso para os comandados de Risada.
O título de campeão farroupilha ainda está, assim, bastante oscilante.
Segundos quadros
A preliminar da tarde foi entre os segundos quadros e teve um desenrolar renhido e a vitória de verificou a favor dos colorados pelo score mínimo.
Como se sabe, o campeonato dessa categoria estava entre o Cruzeiro, Internacional e Força e Luz e o vitorioso assumiria a vanguarda.
Por isso os dois bandos se atiraram à luta com grande entusiasmo e a mesma foi acompanhada com muito interesse pela multidão.
No segundo tempo, David atirando com violência conquistou o ponto que garantiu a vitória do seu bando.
Os quadros principais
Cruzeiro: Edmundo, Cauduro e Espir; Delorenzi, Nestor e Russo; Marzola, Vanário, Fernando, Souza e Cascão.
Internacional: Penha, Natal e Risada; Zé, Andrade e Levi; Tijolada (depois Marreco), Tupan, Mancuso, Darci e Honório.
Resumo do embate
O árbitro faz trilar o apito e Fernando movimenta o balão. Levi intercepta a carga. O Internacional organiza um avanço pela direita que não surte efeito. Falta de Andrade em Souza. Tupan e Cauduro disputam o couro. Souza auxilia a defesa. Falta de Vanário. Mão de Zé e o juiz não pune. Escapa Honório sozinho pela ala e chuta forte para Edmundo defender.
Canto de Russo é batido por Tijolada, que nada resulta, pois Cauduro entra de cabeça e envia o balão ao campo adverso.
Atacam os cruzeiristas pela ala direita e Levi desfaz a carga fazendo um escanteio, porém, o juiz não apita.
Sola de Vanário, é encarregado de bater Risada, indo a esfera por cima do arco.
O balão excursiona na área de penalidade do Cruzeiro e Edmundo emprega-se a fundo. Mais outra carga internacionalista e Tupan chuta violentamente e o couro bate na trave. Intervenção de Edmundo.
Eram decorridos seis minutos da peleja. Andrade comete falta e o juiz pune. Nestor, destacado para cobrar, o faz com perícia, aninhando a pelota no canto direito do arco de Penha. Era o ponto da vitória.
Falta de Natal. Uma carga do Cruzeiro pelo centro e Fernando cabeceia alto. Vanário perde o couro para Risada. Primeira defesa de Penha. Falta de Tupan. Falta de Espir. Natal cobra. Marzola centra alto e Penha defende. Mancuso escapa e entrega a Honório e este tenta chutar, mas Cauduro faz canto. Mão de Darci e o juiz não vê. Tijolada comete falta na área cruzeirista. Vanário atira e Penha segura firme. Delorenzi finta Levi e passa a Marzola e este dá bom passe curto a Vanário, que prejudica o ataque fazendo uma falta. Fernando dá um tiro enviesado e o balão passa rente à trave.
Intervém Edmundo. Em seguida é obrigado novamente a intervir o arqueiro local. Vanário serve a Marzola que emenda fraco e Penha apara. Darci chuta de longe e Edmundo faz escanteio. Tijolada é encarregado de cobrar a falta e Risada comete toque. Falta de Zé. Honório, embora em colocação de impedimento, nada consegue. Falta de Tupan. Canto de Cauduro. Falta de Cascão. Mão de Andrade. Impedimento de Marzola. Sola de Russo. Darci passa a Tupan, que põe fora.
Falta de Zé. Fernando chuta fora. Russo apossa-se da esfera e alonga para Fernando, que incontinente devolve a Cascão e este não aproveita.
Tijolada centra e Honório segura, porém, está impedido. Magnífica tirada de Espir. Mão de Levi. Pegada de Cauduro quase no centro do campo. Tijolada combina com Tupan, e este último dá um passe curto e rápido a Mancuso que chuta, fazendo Edmundo uma bela e segura pegada. Ligeiro domínio colorado. Cerrado ataque cruzeirista e Levi escanteia. Registra-se uma fase eletrizante. Carregam os internacionalistas e Tupan, aproveitando o ensejo, atira violentamente e Edmundo pratica espetacular defesa, quando a torcida grita: gol! gol!. Mão de Fernando.
Canto de Espir. Marzola emenda e Penha defende. Natal disputa o couro com Cascão. Termina o primeiro tempo do jogo com um tiro de Mancuso, acusando o seguinte resultado:
Cruzeiro — 1
Internacional — 0
Durante o descanso se faziam comentários de todo feito. Os colorados confiavam plenamente na "virada". Fizeram-se inúmeras apostas.
De fato, os colorados fizeram a sua "virada", mas nada conseguiram. O arco de Edmundo passou por momentos críticos, porém, não baqueou.
Mancuso dá a saída, perdendo logo para os adversários. Levi centra e Cauduro afasta. Defesa de Penha. Tupan escapa e perde para Espir. Falta de Andrade. Bate Cauduro e Penha não segura o couro com firmeza, deixando escapar das mãos, mas ainda em tempo consegue segurá-lo. Mão de Tupan. Falta de Vanário. Passe largo de Fernando não é aproveitado por Cascão. Intervenção de Penha. Falta de Vanário. Edmundo defende um pelotaço de Tupan. Outra defesa de Edmundo de um tiro de Darci. Darci e Honório trabalham muito. Machuca-se Fernando.
Magistral defesa de Edmundo. Atacam os cruzeiristas, obrigando a Risada a ceder canto. O canto é batido por Marzola e Nestor desperdiça. Carga internacionalista. Defesa de Edmundo. Marzola escapa e Levi rechaça, mandando o couro ao canto. Falta de Russo. Cascão atira por cima. Mancuso, bem colocado, chuta fora. Canto de Zé. Falta de Vanário em Penha numa carga cruzeirista. Cabeceia Andrade e o balão passa por cima da trave. Defesa de Penha. Intervenção de Penha. Outra defesa de Penha. Intervém Edmundo. Impedimento de Cascão anula uma ótima carga dos seus.
Impedimento de Mancuso. Defesa de Edmundo. Falta de Delorenzi. Falta de Cascão. Defesa de Penha.
Falta de Delorenzi. Escapa Cascão e Natal dá uma rasteira e o juiz não apita. Mão de Vanário. Carga internacionalista. Russo comete um escanteio.
Os internacionalistas tentam ao menos empatar o prélio e nada conseguem. Uma falta de Russo no centro do campo e quando os colorados se preparam para atirar, esgota-se o tempo regulamentar, dando o cronometrista por finda a partida com o seguinte resultado:
Cruzeiro — 1
Internacional — 0
O juiz da pugna
Pela segunda vez, o Sr. Manoel Silva, juiz oficial da Liga Carioca, empunhou o apito.
Mais ambientado com o nosso futebol, o Sr. Manoel Silva marcou com mais precisão, principalmente nos impedimentos, onde teve ocasião de assinalar dois bem oportunos.
Enfim, o Sr. Silva, com mais um treino ou dois, será o nosso melhor árbitro.
Fonte: A Federação (RS), 09/09/1935, ano 1935, n. 080, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/388653/78090. Acesso em: 03 abr. 2025.