VENCENDO O INTERNACIONAL, O GRÊMIO LEVANTA O CAMPEONATO DE 1926
Teve desfecho final anteontem o campeonato da cidade, no match decisivo entre os valorosos e fortes conjuntos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional.
A praça de esportes dos Moinhos de Vento, apesar do calor reinante e de outros divertimentos que se realizaram nesta capital, teve uma assistência numerosa de mais de 5.000 pessoas.
Era grande a ansiedade do público e essa ansiedade se justificava pelo valor dos teams que se iam defrontar num match em que o vencedor seria proclamado o campeão de 1926.
A luta de domingo foi sensacional e trouxe a assistência numa torcida constante e entusiastica.
O Grêmio e o Internacional, os velhos e leais adversários de todos os tempos, atuaram de uma maneira impecável e demonstraram todos os seus perfeitos conhecimentos do "association".
Contribuiu tambem para o sucesso da tarde desportiva a atuação do juiz Sr. Miguel Fontes, do Cruzeiro, que, salvo pequenas falhas, foi imparcial, enérgico e criterioso.
Preliminarmente, em match de campeonato, jogaram os teams do Americano e Cruzeiro, terminando esse jogo com a fácil vitória do Americano por 6 a 0.
Quando entraram em campo, os teams azul-celeste o colorado, a assistência prorrompeu em calorosa ovação.
Tirado o toss, o Grêmio, de início, procura tirar partido e faz arremetidas enérgicas e perigosas.
Luiz, em belo estilo, faz o primeiro gol gremista.
A seguir, Coró, recebendo um passe de Luiz, faz o segundo gol do Grêmio.
O Internacional carrega e encontra em Lara, Sardinha e Telêmaco forte barreira.
O jogo continua parelho com técnica e cordialidade, empolgando o público.
O Internacional, por intermédio de Ribeiro, faz o seu primeiro gol, que ao nosso ver foi off-side.
O Grêmio carrega novamente e Telemaco, com forte tiro de longe, faz o terceiro gol do Grêmio.
E com o score de 3 a 1, termina o 1º tempo.
Na segunda fase, de saída, Luiz, o esplêndido atacante gremista, faz o quarto gol.
Logo a seguir, Coró faz outro gol, anulado por “off-side”.
O Internacional reage e é favorecido com um pênalti, que batido pelo direita Ribeiro, redunda no segundo gol alvi-rubro.
O Gremio reage e por diversas vezes atira ao encontro às traves do gol colorado.
O Internacional, com energia, carrega e Barros obtém, após uma escrimagem, o terceiro goal.
Com ataques de parte a parte, termina o grande jogo, com o score abaixo:
Grêmio - 4
Internacional - 3
Com esta vitória, o Grêmio ficou detentor do campeonato do corrente ano.
Após o match, gremistas e alvi-rubros, confraternizados, festejaram o acontecimento.
Fonte: A Federação (RS), 17/11/1926, ano 1926, n. 261, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/59962. Acesso em: 21 ago. 2024.
O GRÊMIO PORTO-ALEGRENSE LEVANTOU O CAMPEONATO GAÚCHO
Do "Correio do Povo", de Porto Alegre, transcrevemos os seguintes tópicos e sua longa crônica sobre o grande encontro final do campeonato gaúcho.
A estas horas, já é o Grêmio Futebol Porto Alegrense o detentor do título de campeão da série “A” da Associação Porto Alegrense de Desportos.
Mais uma vez, cobriram-se de louros os pavilhões do tricolor da cidade, com a vitória anteontem conseguida sobre a esquadra do valoroso S. C. Internacional, em último jogo do atual campeonato.
Venceu o campeão de 1925, após uma luta porfiada e cavalheiresca, na qual os grandes lances nada ficaram a dever a forma como se portaram os vinte e dois jogadores, que disputaram, minuto por minuto, a palma da vitória, sempre debaixo de uma ordem impecável e uma camaradagem por todos os sentidos elogiada e aplaudida.
E o exemplo dado pelos dois velhos rivais foi a nota mais acentuada do grande prélio em que um clube arrebatava ao outro o título de campeão da cidade.
Como afirmativa do que acima dissemos, temos o gesto altamente desportivo do “capitão” dos “colorados”, o jogador Barros, que, após o trilar final do apito do juiz, em nome do seu clube e principalmente dos seus comandados, cumprimentou o jogador Lara, capitão dos vencedores, pelo resultado do encontro que a estes foi favorável. E os vencedores e vencidos, por espaço de meia hora confraternizaram, trocando-se por essa ocasião vários brindes.
A luta de domingo teve duas fases bem distintas. A primeira, quando o jogo se desenvolveu entre cargas combinadas e reservadas, e a segunda, quando o quadro alvi-rubro, no segundo tempo, em enérgica “virada”, como se diz na linguagem desportiva, manteve franca superioridade de jogo, pelo acerto e compreensão de todas as suas linhas, aliás, favorecidos pelo cansaço que evidenciavam os adversarios.
Os onze jogadores da camiseta rubra assediaram o reduto de Lara, nem por isso os alvi-azuis esmoreceram nas suas cargas ou se deixaram abater pelo desânimo, como quase sempre acontece nos prélios de futebol.
Apreciando a atuação dos contendores no primeiro tempo, podemos dizer que as cargas do Grêmio eram sempre melhores conduzidas, sem solução de continuidade, demontrando os jogadores perfeito entreinanmento e maior combinação nas suas linhas, principalmento na de ataque.
Os “colorados” não se acertavam e as jogadas da sua linha eram mais o reduto de escapadas que mesmo do jogo de passes.
O Internacional manteve primazia de ataque no segundo tempo, é inegável mas é fato, também, que encontrou na defesa do Grêmio uma barreira aos seus assédios.
Três elementos tiveram extraordinário brilho na partida de domingo: Lara, o famoso goleiro gaúcho; Luiz, o rival de Friendereich, e Ribeiro, que jogou na posição de meia-direita.
O consagrado médio do nosso selecionado, à ultima hora destacado para a linha de avanço, foi um dos mais enérgicos condutores dos "colorados", a ele devendo estes os dois pontos marcados para o seu clube, no segundo tempo.
E não sabemos mesmo, pelo jogo de anteontem, se o atacante não foi igual ou mesmo superior ao médio.
OS QUADROS
Dos vencedores, as primeiras flguras foram Lara, Luiz e Sardinha.
O triângulo atuou com muita firmeza. Adroaldo e Sardinha formaram excelente parelha, da linha média Telêmaco foi o melhor. Esperança e Coró foram ótimos auxiliares de Luiz.
Os dois pontas, muito bons, Orestes, anteontem, teve dois momentos de infeliz atuação, que redundaram em pontos para a esquadra contrária.
O terceiro pouto, principalmente, era francamente defensável. No segundo tempo melhorou muito, fazendo defesas brilhantíssimas.
Carlito foi um grande zagueiro. Calmo, oportuno, bem colocado sempre, apresentou um jogo à altura. Meneghetti substituiu bem a Grant. Apesar de retirado das lides do desporto, saiu-se galhardamente do seu difícil encargo.
Paulo e Moreno, este como centro, foram ótimos médios. Moreno, com treinos seguidos, poderá ser ainda um perfeito ocupante do posto por tantos anos confiado a Lampinha.
Ryff, como elemento secundário, muito se esforçou.
Na linha de avanço, tendo em vista o jogo desenvolvido no segundo tempo, não há nomes a destacar. Veiga, Barros e Ribeiro formaram um excelente trio. O centro Veiga foi um ótimo distribuldor e não perdeu ocasiões de atirar ao arco.
Darcy e Clovis, dois ótimos ponteiros.
Fonte: A Gazeta (SP), 27/11/1926, ano 1926, n. 6245, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/763900/24100. Acesso em: 21 ago. 2024.