03/11/1940 - Citadino 1940 - 3º turno - Internacional 2 x 2 São José-RS

OS COLORADOS, JÁ CAMPEÕES DESTE ANO, JOGAM HOJE SUA ÚLTIMA PARTIDA DO CERTAME CITADINO
Os “santos”, que lutam ainda pelo título de vice-campeões, serão os seus adversários
O Internacional despedir-se-á hoje do campeonato citadino de futebol. O título de campeão está garantido, mas isso não quer dizer que os "diabos rubros" se desinteressem pelo cotejo de hoje.
Com dez pontos na tabela, lado a lado com o Cruzeiro, os Zequinhas assim o vice-campeonato, o que não é impossivel, já que os tricolores somam 12 pontos e lhes resta o Força e Luz pela frente.
Prevê-se uma luta titânica entre os "brancos" e os "colorados". A grande oportunidade para os rapazes possivelmente se esqueceu daquela possivelmente, se esqueceu daquela memorável partida que finalizou em 4x4, sob o apito de Virgílio Fedrighi, que prejudicou enormemente aos "santos". A lembrança daquela injustiça acirra aos adversários dos campeões da metrópole, no Bicentenário, e desejam, a todo transe, vingar-se. As honras tentam. Além dos dois pontos, há a significação do triunfo sobre um XI campeão, daí o grande interesse desta partida, a ser travada no "tapete verde" da Timbaúva.
ELUSTONDO NÃO INTEGRARÁ O S. JOSÉ
Os "santos" não contarão com o concurso de seu entre ala canhoto: Elustondo, que sofreu um ligeiro acidente de veículo.
"Peixinho", o técnico dos "brancos", encaixou na linha a Lobato. Em compensação, reaparecerá o "eixo" Junção.
O time de Salvador Vinhas será o seguinte: Ivo — Armando e Sampaio — Kucerat — Junção e Zica; Javel — Décio — Tsás — Lobato e Cidrônio.
O "ROLO COMPRESSOR"
Ciosos de seu título, os pupilos da "dupla" Cavedini — Dilorenzi não acreditam num revés. Querem fazer a última demonstração de seu poderio e provar que são mesmo os campeões.
Marcelo — Álvaro — Risada — Assis — Magno — Pedrinho — Tesourinha — Russo — Carlitos — Rui e Castillo representarão, provavelmente, o time do Internacional.
AUTORIDADES E ÁRBITROS
Funcionará como juiz dos quadros principais: Henrique Maia Failace, escolhido de comum acordo. Bandeirinhas: Rafael Mastracusa e Aristeu dos Santos. Representante da Amgea: Antônio Áureo Barcelos. Juiz para os segundos quadros: Valdomiro Zanini, auxiliares: Fidélis Mastracusa e Antônio Simoni. Representante do Departamento Técnico: Celso Albert.
NOTA DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL — Para nosso match de hoje, com o nosso valoroso coirmão S. C. S José, a realizar-se no Estádio da Timbaúva, foram tomadas as seguintes resoluções:
Direção geral — a cargo do Presidente, sr. Hoche de Almeida Barros, auxiliado pelos demais diretores.
Portões — a cargo dos Tesoureiros do Clube e dos do E. C. S. José, auxiliados pelas pessoas por eles determinadas.
Preços — 4$000 pavilhão, 3$000 meio pavilhão e 3$000 geral.
Jogadores — a cargo dos Diretores de campo, srs. Carlos De Lorenzi e Orlando Cavedini, que baixaram as seguintes determinações:
Às 13 horas em ponto em nosso campo aonde se deverao fardar e seguir para a Timbaúva:
Tedesco, Celso, Olmiro, Clóvis, Gaspar, Nenê, Lewin, Baixinho, Rui Barbosa, Catalani, Danilo, Sebinho, Olívio, Toreli.
Os jogadores do primeiro quadro fardar-se-ão no próprio campo da luta aonde deverão se encontrar às 15 horas em ponto:
Júlio, Marcelo, Alfeu, Risada, Álvaro, Carlitos, Magno, Pedrinho, Assis, Tesourinha, Russinho, Rui, Marques e Castillo.
Tendo o Departamento de Cooperação e Propaganda organizado uma passeata para depois do jogo, a Diretoria solicita a todos os sócios que compareçam a passeata, que partirá do campo do jogo.
S. JOSÉ: — Devendo o Esporte Clube Sao José defrontar-se domingo com o coirmão Sport Club Internacional, o diretor técnico convoca para comparecerem no Estádio da Timbaúva, às 13 horas os seguintes Jogadores: Pereira — Neri — Heuser — Rebolo — Favorino — Armando — Manuel — Baiano — Alceu — Mario — Gemada e Ari, e às 14 horas no gramado do Passo da Areia, onde se fardarão e seguirão incorporados para o local da pugna os seguinte jogadores: Ivo — João de Barro — Mando — Mabília — Sampaio — Zica — Junção — Kucerat — Javel — Décio — Alemão — Lobato e Chinês.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 233, 03 nov. 1940, p. 11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3248. 17 jun. 2025.

HOMENAGEM AOS CAMPEÕES COLORADOS
Será prestada, hoje, pelo Departamento de Cooperação e Propaganda do Internacional, após o jogo com o São José — Homenagem ao “Diário de Notícias”
O Departamento de Cooperacão e Propaganda do S. C. Internacional promove, hoje apos a partida com o Sao José, um grande corso em homenagem aos jogadores colorados, que sagraram-se brilhantemente campeões do corrente ano.
Todo aquele que desejar tomar parte na passeata, poderá entender-se com o sr. Vicente Rao, que estará à disposição dos interessados por ocasião do jogo, logo à entrada do campo do G. S. Força Luz, local da partida.
É o seguinte o itinerario do corso: Saindo do campo, segue pelo Caminho do Meio, rua Venâncio Aires, Concórdia, Demétrio Ribeiro, rua do Arroio, rua dos Andradas, Av. Borges de Medeiros, rua. 7 de Setembro, tendo como ponto terminal a sede do Clube, à rua cap. Montanha, aonde, então, se farão ouvir diversos oradores, encerrando o primeiro dia de festas.
Quando o cortejo passar pela frente de nossa redacão sera prestada uma homenagem ao "DIÁRIO DE NOTÍCIAS".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 233, 03 nov. 1940, p. 11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3248. 17 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 3º TURNO - INTERNACIONAL 2 X 2 SÃO JOSÉ-RS
Data: 03/11/1940
Local: Timbaúva - Porto Alegre (RS)
Renda: 4:800$000
Juiz: Henrique Maia Faillace, auxiliado por Rafael Mastracusa e Aristeu dos Santos.
Gols: Chinês 21’/1 (S); Alemãozinho 26’/1 (S); Ruy Motorzinho ?’/1 (I); Russinho 22’/2 (I).
INTERNACIONAL: Marcelo; Álvaro e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Carlitos, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Orlando Cavedini.
SÃO JOSÉ-RS: Ivo Winck; Armando e Sampaio; Zica, Junção e Kucirá; Javel, Décio, Alemãozinho, Lobato e Chinês. Técnico: Eunides Sardinha.
Obs: faltando 13 minutos para acabar a partida, um forte temporal impediu que o jogo continuasse. No início da partida, os jogadores do Internacional, campeões municipais de 1940, foram saudados pela torcida com confetes e serpentinas. O São José também presenteou o Internacional com um corbelle.

"Este é o “rolo compressor”. Campeão absoluto da cidade
de Porto Alegre. Na jornada de 1940: Russinho, Pedrinho,
Magno, Carlitos, Alfeu, Assis, Tesourinha, Marques, Rui,
Castillo, Toreli, Álvaro, Risada e Marcelo, tudo envidaram
para a defesa das cores prediletas. Hosanas aos campeões!
Fonte: Diário de Notícias (RS)
[...] "Carlos Dilorenzi, o 'mentor' do XI rubro [...]".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"[...] Orlando Cavedini, o 'técnico' oficial [...]".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"[...] Risada, o veterano [...]".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"[...] Hoche de Almeida Barros, o presidente".
Fonte: Diário de Notícias (RS)

SUSPENSO O JOGO INTERNACIONAL X SÃO JOSÉ QUANDO FALTAVAM 11 MINUTOS PARA TERMINAR
O forte temporal que desabou, ontem à tarde, impediu o prosseguimento desse jogo, quando o resultado era 2x2
Uma peleja inacabada. Internacional e São José não completaram os 90 minutos regulamentares. Lutaram denodadamente 79 minutos, quando o tempo enfarruscou. Nuvens negras cobriram o céu, tornando a tarde tão escura, que impossibilitou o prosseguimento da justa desportiva.
Assim, não foi completada a despedida do "rolo compressor" do campeonato de futebol da metrópole, nem o próprio escore. Ficou uma forte emoção em todos os colorados e uma intensa expectativa para qualquer dia destes. O prélio se desenhou difícil para os campeões da cidade, que estiveram em desvantagem, sobretudo na etapa primária quando a defesa vermelha apresentou enormes brechas, facilitando a infiltração dos "Zequinhas", cheios de combatividade e de energia.
Os colorados apresentaram-se, de início, com muita displiscência. Estavam "remplies de soi mêmes". Entretanto, bem cedo contataram o equívoco e esboçaram violentas reações. O extraordinário dispêndio de energias, de parte dos rapazes da Areia, veio dar a chance desejada para os rubros. Descontaram a vantagem de dois tentos, assegurada pelo São José, já sobre a hora do primeiro período. A contagem se equilibrou no tempo complementar, após afanosas investidas.
Com uma intermediária irregular, inconstante, o Internacional teve de trabalhar ativamente. Apenas Assis se destacou na "coluna vertebral". Se poucos méritos teve a linha média, a ofensiva suplantou suas atuações anteriores, firmando-se definitivamente como o ponto alto do "rolo compressor". Russinho e Rui salientaram-se, sobretudo pela colaboração contínua e eficiência à retaguarda, quase sempre em apuros.
Coisa curiosa. Três homens perturbaram a zaga, médios e arqueiro colorados: Tsás e os ponteiros. Décio, na entre ala direita, e Lobato, improvisado de "insider" canhoto, não produziram como deviam. Incomodaram algumas vezes, mas não satisfizeram.
Os "santos" aproveitaram muito pouco os "furos" da defesa internacionalista, conquistando dois gols nos primeiros 45 minutos, desperdiçando bons ensejos.
Na "volteada", os brancos arrefeceram o entusiasmo. Cederam, talvez, ao cansaço, embora não se entregassem. Destacou-se, então, o notável desempenho de Ivo, o "arqueiro revelação de 40" e dos zagueiros Armando e Sampaio, sobretudo o primeiro.
Restavam 11 minutos de luta, quando o prélio foi suspenso. A chuva alagou por completo a cancha, impedindo o prosseguimento do cotejo. É bem possível que os 11 minutos sejam jogados quarta-feira, no mesmo local, com os portões abertos.
A HISTÓRIA DOS QUATRO TENTOS E OS LANCES PRINCIPAIS
A primeira sensação de pânico coube à torcida colorada. Javel evoluiu e atrasou a Tsás, no momento em que Marcelo procurou desarmar ao ponteiro. Tsás emenda desviando, tendo o arco à sua disposicão. Momentos após repete-se a situação de aprêmio para os rubros, errando Tsás, outra vez.
Registrou-se outro instante cruel para a defesa do "rolo compressor" depois de um escanteio de Pedrinho. Marcelo intervém com um soco e Lobato, com as redes desguarnecidas, cabeceia desviado.
O Internacional assedia inutilmente. Assis apoia e estende para a frente. Armando controla e atrasa a Ivo, de cabeça. Este chuta. Tsás amortece o "couro" e serve a Cidrônio, isolado na direita, desmarcado. Chinês progride rápido e se avizinha. Marcelo procura interceptar, mas não consegue cortar o chute certeiro: 1x0, aos 21 minutos.
Cinco minutos mais tarde sobe a contagem. Javel habilita a Tsás. Pifa Risada e o "condotieri" do Passo da Areia não tem dificuldades de acertar no alvo: 2x0. Marcelo sensacionaliza com uma defesa num tiro livre, enviando a escanteio. Acentua-se a vigilância de Armando. Sampaio também se exibe, contendo as investidas coloradas. Magno apoia e Junção falha algumas vezes.
Armando, ao despejar legalmente Carlitos, derruba este. O árbitro sem apitar interrompe o jogo, batendo a bola. Prossegue a partida, centra Tesourinha e Ivo defende parcialmente, com esforço inaudito. Rui e Russinho atropelam o arqueiro, sem tocá-lo e cabe ao primeiro (Rui) tirar o zero do placar: 2x1. Em seguida soa o apito do cronometrista. Lobato estava protestando contra o ato do juiz Faillace, que não apitou para interromper o jogo, resolvendo depois bater a bola.
De nada adiantou a reclamação de Lobato.
No segundo tempo, os rubros controlaram melhor. A marcação da zaga foi mais eficiente e a linha média apareceu em plano superior ao da fase inicial. Ivo assombrou, praticando duas ou três defesas de grande gala, além de algumas intervenções oportuníssimas.
Aos 67 minutos verificou-se o almejado empate. Magno desarma e conduz, entregando a Castillo. Sampaio defende fraco e Castillo se apossa de novo centrando. Tesourinha domina e centra, para Russinho desviar, habilmente, á boca da meta, rumo às redes, numa posição difícil: 2x2.
Instantes após, Ivo pratica formidável defesa, num tiro de Tesourinha, cedendo escanteio, de efeito nulo. Tesourinha faz das suas. Dribla dois e obriga magnífica defesa de Ivo. Tsás atira com violência, resvalando no travessão! Álvaro falha e Cidrônio atira fraco nas mãos de Marcelo. Começa a escurecer (26'). Cidrônio atira e Marcelo encaixa com segurança. Russinho "gambeteia" a Armando e a Junção e finaliza. Ivo demonstra, mais uma vez, as suas qualidades, defendendo para escanteio, também sem resultado. A seguir, a partida é suspensa.
Juiz: Henrique Faillace: bom.
Renda: 4:800$000
INTERNACIONAL: Marcelo — Álvaro e Risada — Assis — Magno e Pedrinho — Tesourinha — Russo — Carlitos — Rui e Carlitos.
SAO JOSÉ: Ivo — Armando — Sampaio — Zica — Junção — Kucerat — Javel — Décio — Tsás — Lobato — Cidrônio.
Os melhores: Ivo, Armando, Sampaio, Russinho, Rui, Marcelo, Tesourinha, Javel, Assis.
Índices: Técnico: 0 para ambos, disciplinar: 4 para os dois.
— Na preliminar o Internacional "goleou" ao São José, por 9x0.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 234, 04 nov. 1940, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3267. Acesso em: 17 jun. 2025.

QUATRO EMPATES E UMA DERROTA EM DOZE JOGOS
Essa a folha do Internacional na sua brilhante campanha deste ano, na qual conquistou o campeonato
Os colorados entraram na temporada de 1940 com o pé direito. O Torneio Inicial marcou expressivo triunfo. Teve dupla significação a vitória. Não foi só o troféu alcançado, mas a supremacia sobre o "rival de sempre" — o Grêmio.
Dizem que o XI rubro é especialista em torneios. O campeonato inicia-se e a frase parece confirmar-se. O Intercruz acusa um empate de 4 tentos, nos "Eucaliptos".
O segundo compromisso do "rolo compressor" desdiz a sentença. Os tricolores mordem o pó da derrota; 3 x 2, na própria "baixada". A liderança firma-se com a turma de Hoche de Almeida Barros.
Os rajados são levados de roldão (7 x 1). O encontro seguinte fere-se no Passo da Areia e assinala outro êxito: 5 x 2, para encerrar de modo brilhante a jornada do turno.
Um novo empate, de 2 x 2, marca o segundo Intercruz. A derrocada aparece no Grenal. Magno contunde-se seriamente, sofrendo a fratura do pé. Com dez homens, foi impossível combater de igual para igual. A boa estrela de 1940 tentou bruxolear. Os esforços e dedicação dos técnicos contornaram a "pane", auxiliados pelo gesto indisciplinar dos clubes locais, ao negarem os jogadores requisitados pela F. B. F., para a  formação do selecionado brasileiro.
O Internacional ganhou tempo e os jogadores lesionados se refizeram, entrando em forma. O único que não reapareceu foi Marques, tambem de pé fraturado.
Desanuviado o horizonte, Cavedini e Dilorenzi trabalharam com afinco e puderam imprimir a mesma marcha vitoriosa que haviam encetado, depois de Rui Souza ter abandonado a direção técnica.
No período de crise, os colorados suplantaram a duras penas ao Força e Luz (3 x 2) e igualaram com os "santos" (4 x 4). Nesta altura ombreavam com os gremistas, já que estes perderam no turno para os rajados.
Mesmo assim, o clube da rua Silveiro não deixou de figurar na vanguarda.
Turno neutro. O Cruzeiro com dez homens não suportou o elan colorado e baqueou fragorosamente: 5 x 1. Os tricolores também conheceram o ferrete vermelho: 4 x 3, o mesmo sucedendo aos rajados (também com dez homens) que cederam por 5 x 1. Finalmente, o cotejo inacabado de ontem: 2 x 2, faltando 11 minutos. Mesmo um revés nada significará para a posição do Internacional, que finalizou o certame de 1940 com 18 pontos, contando 1 do empate de ontem.
Essa a marcha que levou o Internacional ao campeonato.
***
O afastamento de Rui Souza da direção técnica dos rubros creou um problema para a administração de Hoche de Almeida Barros. Durou pouco o impasse. Orlando Cavedini foi convidado, novamente, para a primeira linha. Carlos Dilorenzi, como amigo do técnico passou a auxiliá-lo. Formou-se, assim, a "dupla" Cavedini-Dilorenzi.
Os "heróis anônimos" das vitórias. Trabalharam sem desfalecimento até colherem os louros da vitória: o título máximo do futebol metropolitano.
Os feitos de 34 e 36 se repetem em 1940!
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O "campeão da regularidade" é Guilherme Schroeder, o veterano zagueiro do selecionado gaúcho e um dos maiores baluartes do "rolo compressor".
O popular "Risada" apresentou uma "performance" digna de registro na defesa dos rubros. Raríssimas vezes não constou entre os mais destacados. Calmo, seguro, ótimo cabeceador, firme nos rechaços, o "papai", como dizem os seus companheiros, teve atuação saliente em todos os prélios do Internacional.
Ai vemo-lo no clichê a assinar a súmula. Bem poderia ter sido pela última vez, se não fosse a inclemência do tempo. Benjamim Simões, do Departamento Técnico da AMGEA, assiste à assinatura do boletim.
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Foi feliz a gestão de Hoche de Almeida Barros à testa do Sport Club Internacional, campeão de 1940. Os inúmeros casos administrativos tiveram sempre pronta solução, junto com o Conselho Deliberativo do clube, sempre chamado a opinar nos assuntos mais delicados.
Cremos, que o mandatário dos colorados deve estar satisfeitíssimo.
***
Futebol! Palavra cheia de atração e encanto. Fascinante para uns; árida para outros, mas supinamente emotiva para a maioria. Possui uma significação particular e exclusiva. Os torcedores encontram nela "o compêndio de suas emoções mais intensas e mais fortes". A alegria e a tristeza povoam todos os seus instantes. São dois sentimentos antagônicos, diametralmente opostos, e, entretanto, se ligam intimamente, numa verdadeira comunhão, no "association".
O futebol se assemelha a uma autêntica peça teatral, digamos um "drama". Nem todos os personagens estão sobre o "tapete verde". Há os que vivem nas arquibancadas, debruçados sobre o parapeito ou a medir a linha lateral do "field": os técnicos.
O técnico é o "ponto" da "peça", usando a expressão feliz de um colega carioca. Ele "sofre" muito, muitíssimo mesmo mais que os "atores".
Cavedini e Dilorenzi "sofreram", mas venceram!
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 234, 04 nov. 1940, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3267. Acesso em: 17 jun. 2025.

30/10/1940 - Citadino 1940 - 3º turno - Internacional 5 x 1 Força e Luz

O JOGO DE HOJE CONTRA O FORÇA E LUZ É DECISIVO PARA OS COLORADOS
Novamente os portões do campo da Chácara das Camélias serão abertos na tarde de hoje, a fim de ser disputado um cotejo da divisão de honra. Trata-se do confronto entre o Internacional e Força e Luz, pelo Turno Neutro.
Os rajados que vêm dum espetacular triunfo sobre o Cruzeiro, sábado último pela alta contagem de 5 a 0, esperam fazer uma ótima exibição na tarde de hoje, frente ao Internacional, atual ponteiro do campeonato.
O entusiasmo que vai entre os defensores do clube da Carris depois da vitória frente à equipe de Espir é enorme, esperando todos repetirem aquele belo feito, frente aos colorados. Aliás, os rajados dizem que os rubros ainda não atravessaram nenhum campeonato sem perder ao menos uma vez, para o Força e Luz e, segundo eles hoje, chegou a vez de vencerem os pupilos de Cavedini e Di Lorenzi, a "dupla" técnica do Internacional.
Os colorados não se descuidaram e, pelo contrário, sabedores do perigo, intensificaram ainda mais os treinamentos e estão otimamente preparados para o cotejo de logo mais, quando esperam sagrarem-se em definitivo campeões da cidade.
A direção técnica do Força e Luz, satisfeita com a produção de Zequita frente ao Cruzeiro como comandante do ataque, vai conservá-lo naquela posição. Assim, que a equipe rajada será a mesma de sábado último.
AUTORIDADES
[...] Alfredo Cesaro novamente será o árbitro e terá como bandeirinhas: Antônio Motini e Guilherme Sroka. Nos segundos quadros funcionará como juiz o desportista Rodolfo Del Bagno, que terá como auxiliares os bandeirinhas Caetano Schifini e Antônio Simoni.
HORÁRIO
O cotejo de hoje obedecerá ao horário de verão, que será o seguinte: 1ºs quadros — 15,45 horas, com [...] minutos de tolerância. 2ºs quadros: 13,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
NOTA DOS CONTENDORES
FORÇA E LUZ — Para a partida com o S. C. Internacional a realizar-se hoje à tarde no campo do F. C. Porto Alegre, foram tomadas as seguintes deliberações:
Direção geral — Álvaro Silveira, vice-presidente.
[...] Representante junto à Imprensa: Germano Miller — Vice-presidente e representante do S. C. Internacional.
Direção técnica: José Alfredo Zanini — Diretor de Campo.
Fiscalização dos portões: — Hugo Gomes dos Santos — Diretor-tesoureiro — auxiliado pelos srs. Francisco Lanfredi, Eurípedes Feio da Silva e representantes do S. C. Internacional.
PREÇOS - Pavilhão, 4$000 — Meia Pavilhão, 3$000. Geral, 3$000 — Meia geral, 2$000.
NOTA — A diretoria do F. C. Porto Alegre comunica que, em absoluto, serão permitidas entradas de favor.
O diretor de campo, José Alfredo Zanini, escalou os jogadores abaixo, os quais deverão comparecer no Estádio da Timbaúva na hora indicada:
Às 12,30 horas — Belo — Nélson — Alfredo — Moisés — Nick — Itararé — Cantídio — Ataíde — Ezequiel — Dinga — Aparício — Castro — Moura — Paixão — Hélio — Padeiro — Romeu — Mendonça.
Às 14 horas — Aristeu — Hugo — Borges — Juvêncio — Ruaro — Abigail — Acácio — Mario Andrade — Zequita — Tobis — Filhinho — Janoni e Pesce.
FORMAÇÃO DOS QUADROS
FORCA E LUZ — Aristeu — Hugo e Borges — Juvêncio — Ruarinho e Abigail — Acácio — Mario Andrade — Zequita — Tobis e Filhinho.
Campo do Porto Alegre.
Horário: 13,45 e 15,45.
INTERNACIONAL — Rui — Carlitos — Russinho e Tesourinha — Pedrinho (Assis) — Magno — Assis (Alfeu) — Risada e Álvaro — Marcelo.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 215, 15 out. 1940, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3039. Acesso em: 17 jun. 2025.

OS COLORADOS FRENTE AOS RAJADOS DESOBRIGAM-SE, AMANHÃ, DO SEU PENÚLTIMO COMPROMISSO OFICIAL
Esse ericontro, que é aguardado com geral interesse, será jogado no campo do Porto Alegre, no Menino Deus
Amanhã, feriado consagrado ao empregado do comércio, teremos mais um encontro do campeonato de futebol da ciade, entre os quadros do Internacional e do Força e Luz, no gramado do veterano Porto Alegre, no Menino Deus.
Esse jogo será o penúltimo dos colorados no certame deste ano e com uma vitoria terá o Internacional garantido o título de campeão da cidade no ano do bicentenário, embora ainda tenha que enfrentar o São José. Os rubros apresentar-se-ão completos, isto é, integrado de todos os seus titulares. Os rajados que, no atual campeonato vinham, de fracasso em fracasso, conseguiram sábado uma reabilitacão parcial vencendo por alta contagem o Cruzeiro, esperam na jogada de amanhã uma reabilitacão integral frente ao líder da tabela. O quadro de Álvaro Silveira está bastante entusiasmado com o feito de sábado e amanhã vai para o campo dos caturritas disposto a oferecer tenaz resistência ao quadro de Risada. A luta, pois, que se vai travar na tarde de amanhã entre rajados e colorados promete ser bastante interessante, levando, por certo, uma assistência bem numerosa ao campo do Porto Alegre. O jogo dos segundos quadros será iniciado às 13,45 horas com 15 minutos de tolerância e o dos primeiros às 15,45 também com 15 minutos de tolerância.
Representará a Amgea o desportista Augusto Teixeira, tesoureiro geral e o departamento técnico será representado por Emílio Belo. Arbitrará os jogos dos segundos e primeiros quadros os desportistas Rodolfo Del Bagno e Alfredo Cezaro, respectivamente, servirão de bandeirinhas: nos primeiros quadros: Antônio Motini e Guilherme Sroka e nos segundos quadros: Caetano Schifini e Antônio Simoni.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 229, 29 out. 1940, p. 15. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/3232. Acesso em: 17 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 3º TURNO - INTERNACIONAL 5 X 1 FORÇA E LUZ
Data: 30/10/1940
Local: Chácara das Camélias - Porto Alegre (RS)
Renda: 20$000:000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Russinho ?’/1 (I); Tesourinha ?’/1 (I); Castillo ?’/1 (I); Carlitos ?’/2 (I); Russinho ?’/2 (I); Tobis ?’/2 (F).
INTERNACIONAL: Marcelo; Álvaro e Risada; Pedrinho, Felix Magno e Assis; Tesourinha, Russinho, Carlitos, Ruy Motorzinho e Castillo. Técnico: Orlando Cavedini.
FORÇA E LUZ: Aristeu; Hugo e Borges; Juvêncio, Walter Ruaro e Abigail; Acácio, Mário Andrade, Zequita, Tobis e Filhinho. Técnico: Alfredo Zanini.

"Vista parcial das arquibancadas do gramado da “Timbaúva"
por ocasião da partida decisiva do campeonato da cidade,
em que o S. C. Internacional saiu vencedor".
Fonte: Sport Illustrado (RJ)

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
G. S. Força e Luz x Internacional
Na "Chácara das Camélias" — Decisão do campeonato da cidade
Vencedor do último "clássico" da capital, o Internacional credenciou-se como o provável vencedor do próximo compromisso que manteria com o seu adversário tradicional, causador de muitas surpresas: Força e Luz. Acrescia a tudo isso o desempenho bastante fraco do team "rajado" durante a atual temporada. Apesar da vitória espetacular do conjunto da "Carris" uma semana antes, sobre o veterano Cruzeiro, por 5x0, nada prognosticava ao apreciador desapaixonado um desfecho inesperado para os "rubros". E o que se previra aconteceu, perfeitamente enquadrado dentro da lógica do foot-ball: caiu o Força e Luz por uma contagem que não deixa lugar a dúvidas — 5x1.
***
Para o quadro encarnado o prélio era de responsabilidade muito grande, pois, perdedor, daria ensejo ao seu rival mais forte, o Grêmio, de emparelhar na contagem de pontos e vir ameaçar a conquista do campeonato. Conquistando a vitória, veria garantido o título de Campeão da Metrópole, justamente no ano em que a cidade vai comemorar o seu bicentenário. Assim, os jogadores internacionalistas lançaram-se à luta com entusiasmo, buscando o prêmio justo de uma campanha que pode se chamar brilhante, procurando garantir o cobiçado título, o que ficou assegurado logo nos primeiros 45 minutos de jogo.
Antes de entrarmos na apreciação do cotejo, queremos apresentar nossos parabéns aos valorosos defensores do Internacional, que aumentaram com essa conquista as páginas já cheias de glórias do livro esportivo rubro. Parabéns aos construtores desse triunfo, que ficará assinalado de forma especial no coração de todos os torcedores, por ter sido conseguido justamente numa data tão significativa e por ser o justo prêmio aos esforços e sacrifícios de toda a temporada. Mais uma vez, nossos parabéns!
***
Iniciando a apreciação do conjunto campeão, temos a obrigação de salientar dos demais a atuação de Russinho e Tesourinha, meia e extrema direita, respectivamente, que fizeram uma partida de gala, merecendo do público presente uma verdadeira consagração, pelo espectáculo bonito que proporcionaram, com jogadas magníficas e produtivas. Deixaram o médio adversário tonto, fazendo mil e uma "diabruras" quando de posse da pelo!a. Se prêmio merecessem esses dois jogadores, já o teriam recebido na justa manifestação que tiveram ao deixar o gramado, no fim do primeiro tempo e ao terminar o jogo, quando foram carregados em triunfo. Aliás, o prélio foi todo cheio de palmas dos torcedores para os defensores rubros, que se entusiasmaram e corresponderam aos aplausos dos "fans". Deve-se destacar, também, quase que num mesmo plano o trabalho incansável de Ruy, Risada, Carlitos e Assis, que muito contribuíram para o resultado final. Pedrinho, half direito, que estava afastado do team há algum tempo, reapareceu, em esplêndida forma, contribuindo para o êxito da partida, bem auxiliado por Magno, centro médio de recursos e que não teve desta feita muito trabalho para conter o trio atacante adversário. Álvaro, zagueiro, e Marcelo, goalkeeper, num dia sem muito brilho, porquanto foram pouco exigidos. Assim mesmo o back falhou um tanto, jogando mais ardorosamente do que com técnica. Não comprometeram.
Em conjunto, o Internacional portou-se bem, abusando apenas, na segunda fase, do jogo vistoso, de "bailados", quando a partida já estava decidida. Tecnicamente apresentou um bom índice, pois que seus componentes estiveram à altura do título que agora ostentam.
***
O Força e Luz, desarticulado logo no princípio, com a saída obrigatória de Juvêncio, lesionado, sustentou galhardamente o assédio adversário enquanto pôde, sucumbindo por fim à maior classe do antagonista. Principalmente a defesa, constituída por Aristeu, num de seus melhores dias, Hugo e Borges um tanto violentos, e Ruarinho e Abigail (principalmente este) tiveram ocasião de brilhar e aparecer no cotejo de domingo. Reduzidos a dez homens, o team "rajado" não desanimou e lançou-se à luta com disposição, vendo seus intentos malogrados pela má atuação da artilharia, onde somente Tobis, Zequita (enquanto ali esteve) e Acácio demonstraram boas qualidades. Depois que o centroavante Zequita abandonou a posição, para cair na retaguarda, de médio, por determinação de técnico, para não deixar livre a dianteira inimiga, unicamente Tobis e Acácio obrigaram o arqueiro colorado a intervir em situações de perigo. Mario Andrade, meia direita, foi um jogador completamente inofensivo, enquanto Filhinho pouco aparecia... Deste modo, é de se afirmar que o Força e Luz fez mais do que se esperava e, se não fosse ficar reduzido a dez, com a saída de Juvêncio, muito poderia incomodar os rubros, equilibrando o prélio.
A MARCHA DO PLACAR
1º gol — Desfalcados com a saída de Juvêncio, os "rajados" cedem visivelmente, do que se aproveitam os rubros para investir pela esquerda. Castillo foge e dá a Carlitos, que passa a Russinho. Este controla e envia um direto às redes confiadas a Aristeu. 1x0.
2º gol — Continuam pressionando os encarnados, até que Tesourinha, de um excelente passe de Ruy, conquista o segundo tento "colorado". 2x0.
3º gol — Não desanimam os forçaluzenses, atacando, mas quem leva a melhor é o Internacional, por intermédio de Russinho, que numa jogada pessoal invade a arca, deriva para a direita e chuta violentamente, enquanto Castillo completa a jogada, aninhando a pelota nas redes. 3x0.
4º gol — Já no segundo tempo, sempre com os rubros pressionando, Castillo dá uma boa centrada, Carlitos apara no peito e "vira" inapelavelmente: 4x0.
5º gol — Encerrando a contagem, como prêmio aos esforços despendidos, é Russinho que decreta a última queda do reduto "rajado", com um forte arremesso, do limite da área perigosa, vencendo a perícia de Aristeu: 5x0!
6º gol — Quando parecia que o placar não sofreria alterações, a defesa internacionalista facilita, com brinquedos, do que se aproveita Tobis para obter o "tento de honra" de seu clube: 5x1!
***
Arbitrou o cotejo o conhecido juiz Alfredo Cesaro. Sua atuação não agradou, embora honesta, tendo falhado bastante. Desconhecemos as razões desses deslizes, uma vez que é reconhecida a competência de Cesaro, tido como um dos melhores árbitros da cidade, merecendo até elogios por parte de integrantes do conjunto Independiente, que nos visitou há tempos.
A renda atingiu a casa dos 20:000$000. O tempo esteve favorável.
QUADROS E COTAÇÃO
INTERNACIONAL — Marcelo (6); Álvaro (7) e Risada (9); Pedrinho (8), Magno (7) e Assis (8); Tesourinha (10), Russinho (10), Carlitos (9), Ruy (9) e Castillo (6).
FORÇA E LUZ — Aristeu (10); Hugo (8) e Borges (8); Juvêncio (?), Ruarinho (8) e Abigail (9); Acacio (7), Mario (3), Zequita (8), Tobis (9) e Filhinho (5).
Fonte: RABELLO, Pythagoras. Sport Illustrado (RJ), n. 137, 21 nov. 1940, p. 13. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/5543. Acesso em: 17 jun. 2025.

20/10/1940 - Citadino 1940 - 3º turno - Internacional 4 x 3 Grêmio

O “GRENAL” PODERÁ APONTAR O PROVAVEL CAMPEÃO OFICIAL DA TEMPORADA DE 1940
Na Timbaúva, tricolores e colorados tudo envidarão, amanhã, para obter o triunfo e assegurar a liderança do futebol local
O Grenal se aproxima rapidamente, para gáudio dos fãs. Há um grande interesse para este prélio. Os prognósticos são muito volúveis.
As opiniões estão divididas. Se existem os que defendem o triunfo do Grêmio, há os que encaram o êxito da "baixada" com pessimismo. Argumentam que a famosa intermediária foi desmanchada. Válter não se compara com Laxixa e André sofrerá uma pressão moral medonha, com os últimos acontecimentos, pois a torcida nunca perde vasa, nem perdoa.
A própria ofensiva dos tricolores é criticada. Alexandre aparecerá na meia direita, em lugar de Vanário, há muito afastado dos ensaios, Mario Nidsberg, na ponta direita, também poderá ser molestado pelos colorados. No centro: Cezar Bazílio e na esquerda Fogo e Duarte.
O triângulo final aparece como o setor mais sólido do time de Telêmaco Frazão de Lima.
O PANORAMA COLORADO
Os vaticínios gremistas não destoam muito das "hipóteses" levantadas pelos apreciadores do "rolo compressor".
Servem-se os adeptos dos tricampeões da cidade do último compromisso dos rubros frente ao Cruzeiro. Dizem que o Internacional venceu de modo convincente, no escore... Tecnicamente, porém, a exibição dos pupilos de Dilorenzi merece severos reparos. A intermediária marcou deficientemente, aliás, quase não teve quem marcar, dado o péssimo desempenho dos pontas cruzeiristas. Magno teve um trabalho fácil, considerando-se que os azuis usaram e abusaram do jogo alto. O companheiro de Risada pouco impressionou. Álvaro parece ser um ponto fraco do sexteto colorado.
A ofensiva é respeitada, em parte. Muitos não concordam com a ação de Castillo, atribuem-lhe falta de forma. Nada dizem, entretanto, da eficiência do arqueiro e dos demais atacantes, apontados como os mais perigosos do campeonato de 1940.
As previsões só nos levam à uma conclusão de que teremos um sensacional choque futebolístico, domingo, na Timbaúva.
— Representante da Amgea: Edmundo Lamb. Árbitro: Alfredo Cezaro.
UMA BOA PRELIMINAR
De comum acordo, a Amgea assentou com os interessados realizar a terceira partida da série de melhor de três do "porão". Assim, Renner, e Porto Alegre, também irão à Timbaúva, proporcionando uma boa preliminar, com início às 13,45 horas com 15 minutos de tolerância.
O QUADRO COLORADO
A turma colorada não tem ainda uma escalação definitiva. O ensaio de anteontem, nos "Eucaliptos", satisfez plenamente aos que assistiram.
Do arco, Carlos Dilorenzi e Cavedini só decidirão o titular no próprio campo da luta. Júlio e Marcelo são duas verdadeiras pilhas de nervos, daí a preocupação dos técnicos rubros em só escalar o efetivo no instante derradeiro. A zaga apresentará nova constituição. Alfeu retornará ao lado de Risada, saindo Álvaro.
A intermediária dos colorados será formada por Assis, Magno e Pedrinho. O ponto alto do "rolo compressor" reside na ofensiva. Ela recebeu ligeiros retoques com o reaparecimento de Marques que fez um bom treino anteontem. Carlitos também se exibiu de "center", ocupando igualmente a ponta esquerda. A provável organização da ofensiva da "Chácara dos Eucaliptos": Tesourinha — Russinho — Marques (Carlitos) — Rui — Carlitos ou Castillo.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 219, 19 out. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3081. Fonte: 16 jun. 2025.

O VENCEDOR DO GRENAL DE HOJE É O CAMPEÃO VIRTUAL DESTE ANO
Com a intermediaria desarticulada, o Grêmio procurará abater o Internacional
SERÁ NO ESTÁDIO DA TIMBAÚVA O TERCEIRO “GRE-NAL” DO ANO
PORTO ALEGRE E RENNER NA PRELIMINAR, PARA APURAÇÃO DO CAMPEÃO DO “PORÃO”
A FORMAÇÃO DOS QUADROS
GRÊMIO
EDMUNDO
DARIO — LUIZ LUZ
ANDRÉ — NORONHA — WALTER
MARIO — ALEXANDRE — CEZAR — FOGUINHO — DUARTE
Campo da Timbaúva — Início às 15,45 horas
CASTILLO — RUI — CARLITOS — RUSSINHO — TESOURINHA
PEDRINHO — MAGNO — ASSIS
RISADA — ALFEU
JÚLIO
INTERNACIONAL
Preços: 5$, 4$, 3$, 2$ e 10$ — Juiz: Alfredo Cezaro
Prosseguindo o campeonato oficial da cidade, a AMGEA fará realizar hoje, na Timbaúva, como campo neutro, o encontro mais sensacional para as torcidas do Grêmio e Internacional, fazendo estes clubes se defrontarem pela última vez no atual certame.
Tricolores e colorados anseiam pelo momento supremo. Mais algumas horas e os dois tradicionais rivais estarão frente a frente, talvez para decidirem o título de campeão da metrópole, se não surgir qualquer outro tropeço no meio da jornada.
Se os "diabos rubros" vencerem, terão dado maior passo para a conquista do cetro de campeões de 1940, faltando-lhe apenas os rajados e os Zequinhas.
O Grêmio vai estrear o turno neutro, não tendo se desobrigado de nenhum compromisso na última rodada. Ainda lhe aguardam: Cruzeiro, São José e Força e Luz.
O INTERNACIONAL É FAVORITO
Os prognósticos gerais se inclinam para os pupilos da dupla Dilorenzi-Cavedini, dadas as condições individuais dos componentes do "rolo compressor". Outro fator que contribui para o favoritismo é o poderio da artilharia rubra, integrada por Tesourinha — Russo — Carlitos — Rui e Castillo. A inclusão de Marques é problemática, devendo ser decidida no campo dos Eucaliptos, momentos antes dos jogadores rumarem para o "tapete verde" do Caminho do Meio.
A intermediária poderá apresentar-se com Pedrinho na esquerda, em vez de Assis. Dilorenzi opinou-nos que, por ele, apresentaria  o mesmo esquadrão que enfrentou o Cruzeiro.
A zaga que ontem apresentamos com Alfeu e Risada não esta firme. Há muito despiste e desejo de ocultar a verdadeira constituição do quadro, como se isso influísse para a decisão dos 90 minutos. Infelizmente e superstição domina muito dirigente do "soccer" local, dando um triste exemplo. Enfim, seja como quiserem.
Apesar dos pesares, a torcida mostra-se mais propensa a acreditar no êxito dos colorados. Como já divulgamos, os "enragés" argumentam com a desarticulação da intermediária dos tricolores a pouca eficiência da ofensiva comandada por Cezar Bazílio.
SURPRESA É MUITO DO FUTEBOL
Se o panorama colorado é de franco otimismo, nota-se certa apreensão e reserva na "baixada". Mas, existem os convictos da combatividade e energia dos tricampeões da cidade. Lembram-se de que "o Grêmio sempre ganha, quando é preciso". Repetir-se-á a sentença?
Telêmaco Frazão de Lima não se descuidou do preparo de sua turma e se mostra confiante. Vamos ver e luta dos dois líderes e candidatos ao título máximo da cidade.
JUIZ
De comum acondo dirigirá o clássico nº 1 da cidade o conhecido árbitro Alfredo Cezaro, o que, por si só, constitui uma garantia do êxito desse embate.
AUTORIDADES
Representará a AMGEA nesse grande encontro o desportista Edmundo Lamb, 2º vice-presidente da entidade metropolitana. Gera representante do Departamento Técnico o desportista Benjamin Simões. Para auxiliarem o árbitro foram escalados os seguintes bandeirinhas: Antônio Estima de Castro e Guilherme Sroka.
HORÁRIO
A partida preliminar entre os quadros do Renner e Porto Alegre será iniciada às 13,45 horas, com 15 minutos de tolerância. O jogo entre os dois tradicionais rivais Grêmio e Internacional começará às 15,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
PREÇO DAS LOCALIDADES
De comum acordo foram fixadas as seguintes tabelas de preços para o Grenal de hoje:
Pavilhao, 5$000 — Meio pavilhão, 3$000; Geral, 4$000 — Meia geral, 2$000; Cadeiras numeradas, 10$.
As localidades continuarão à venda hoje até às 12 horas, no Café Nacional da rua dos Andradas e dessa hora em diante nas bilheterias do estádio do Caminho do Meio.
UM BILHETE DE 500 CONTOS AO VENCEDOR
A conhecida Agência Vitória oferecerá ao quadro que vencer o grande prélio de hoje um bilhete inteiro da Loteria do Estado, a extrair-se no próximo dia 7 de novembro.
FLÂMULAS COLORADAS
Durante o grenal de hoje o Departamento de Propaganda e Cooperação do Internacional fará a distribuição de flâmulas coloradas, mandadas confecionar no Rio pela Pirostampa S. A.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL - Para o match de turno neutro, a realizar-se hoje, no campo do G. S. Força e Luz, com o nosso valoroso coirmão Grêmio Futebol Porto Alegrense, foram tomadas de nossa parte as seguintes resoluções:
Direção geral — a cargo do presidente sr. Hoche de Almeida Barros, auxiliado pelos demais diretores.
Portões — a cargo dos tesoureiros do Internacional e Grêmio, auxiliados pelas pessoas por eles indicadas.
Jogadores — a cargo dos diretores de campo — srs. Carlos De Lorenzi e Orlando Cavedini, que determinaram que os seguintes jogadores estejam no campo do Internacional, às 14,30 horas em ponto, para seguirem fardados para o campo do jogo:
Alfeu — Júlio — Marcelo — Risada — Pedrinho — Magno — Assis — Carlitos — Castillo - Tesourinha — Russinho e Rui.
GRÊMIO - Para o grande jogo de hoje entre o Grêmio Porto Alegrense e o Sport Club Internacional, o campeão da cidade nomeou os seguintes consócios, que, com os do Internacional, fiscalizarão os portões de entrada: direção geral, tesoureiro Armando Ciaglia; auxiliares, Ramiro Bernd, Mario Issler, Frederico R. Ferreira, Joaquim R. de Almeida e Saturnino Vanzelotti. Esta comissão deverá achar-se no campo do Força e Luz, às 12 horas, quando serão abertos os portões.
Estão escalados para às 11 horas, na Baixada, os jogadores seguintes: Edmundo — Enobar — Dario — Luiz Luz — André — Noronha — Valter — Mario — Alexandre — Cezar — Fogo e Duarte.
A PRELIMINAR DO GRENAL
Os clubes Porto Alegre e Renner disputarão, hoje, no Estádio da Timbaúva, como preliminar do Grenal, e terceira partida da série da "melhor de três", para apurar o campeão da série B e consequentemente o clube do porão que terá acesso à serie A. No primeiro jogo dessa série o Porto Alegre venceu por 3 a 1 e no segundo verificou-se o empate de 3 a 3. Se os caturritas vencerem ou empatarem a rodada de hoje serão os campeões do "porão" e se pelo contrário, os vencedores forem os renistas, terá que ser jogada uma quarta partida. É grande a expectativa para esse jogo, dada a importância de que o mesmo se reveste.
JUIZ E AUTORIDADES
Para dirigir esse encontro foi sorteado, sexta-feira pelo presidente da Amgea na presença dos clubes interessados, o juiz Agostinho Guglieri, do Departamento Desportivo da Viação Férrea. Servirão de bandeirinhas: Fidélis Mastracusa e Aristeu dos Santos. Representante da Amgea, dr. Benjamin Borges, 3º vice-presidente e representante do Departamento técnico, Benjamin Simões.
HORÁRIO
Esse embate será iniciado às 13,45 horas, com 15 minutos de tolerância. [...]
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 220, 20 out. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3097. Acesso em: 17 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 3º TURNO - INTERNACIONAL 4 X 3 GRÊMIO
Data: 20/10/1940
Local: Timbaúva - Porto Alegre (RS)
Renda: 31:540$000
Juiz: Alfredo Cesaro, auxiliado por Antônio Estima de Castro e Guilherme Sroka.
Gols: Mário 9'/1 (G); Tesourinha 10'/1 (I); Tesourinha 25'/1 (I); César Basílio 45'/1 (G); Russinho 3'/2 (I); Mário 11'/2 (G); Russinho 23'/2 (I).
INTERNACIONAL: Marcelo; Álvaro e Risada; Alfeu, Felix Magno e Assis; Tesourinha, Russinho, Carlitos, Ruy Motorzinho e Castillo. Técnico: Orlando Cavedini.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Válter; Mário, Alexandre, César Basílio, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

Em pé: Assis, Felix Magno, Alfeu, Risada, Álvaro e Marcelo.
Agachados: Tesourinha, Russinho, Carlitos, Ruy Motorzinho e Castillo.
Fonte: 1909 em cores
"Os “rubros”, vencedores do prélio, ao entrarem no gramado,
saúdam os adversários de todos os tempos. Da direita para
a esquerda, apareceem: Ruy, Tesoura, Russinho, Álvaro,
Magno, Assis, Alfeu, Risada, meio oculto e Marcelo, o arqueiro.
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
"Uma oportunidade perdida: empatada a partida em três
tentos, Cezar junto ao arco chuta violentamente e
Marcelo defende de punhos, afastando o perigo".
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
"Alexandre, avante tricolor, salta com os
zagueiros parecendo mostrar com os dedos:
'Já tomamos 4 gols... Vou ver se desconto'".
Fonte: Sport Illustrado
"Edmundo “encaixa” firme, enquanto Carlitos se detém,
olhando o juiz, que apitara uma faita de Tesourinha
(impedimento?). Dario e Luiz auxiliam o arqueiro".
Fonte: Sport Illustrado
Álvaro é carregado após a a vitória no clássico.
Fonte: 1909 em cores

RUBROS NA LIDERANÇA ABSOLUTA DO CAMPEONATO
A OFENSIVA COLORADA APROVEITOU MELHOR AS OPORTUNIDADES E ABATEU AO GRÊMIO: 4 X 3
O panorama geral do Grenal não apresentou as caracteristicas desejadas. Ardor em lugar da tática. Russinho, o goleador
O "clássico" nem sempre justifica o nome e as honrarias...
Internacional e Grêmio conseguiram arrastar milhares e milhares de torcedores, que assinalaram um recorde de bilheteria no certame oficial de 1940, mas ofereceram pouquíssimos lances emocionantes.
Por sete vezes, o público teve a sensação máxima que lhe é proporcionada pelo futebol. A contagem alarmante, antes de tudo, depõe contra a qualidade do prélio. Realmente, a pugna, sob o aspeto tático, teve contornos paupérrimos decepcionantes mesmo.
Convenhamos que sete gols em nada recomendam as defesas.
O COMPORTAMENTO DOS COLORADOS
Numa de nossas crônicas analisamos as possibilidades dos dois "sextetos".
O cotejo da Timbaúva veiu confirmar a crítica. Embora vencendo o "derby" metropolitano, os rubros apresentaram falhas e falhas grosseiras, sobretudo na defesa, onde três homens podem isentar-se da classificação "sofrível". Risada, Magno e Marcelo. Álvaro com suas entradas oscilantes e indecisas, a chutar, no lado direito, sistematicamente, com o pé esquerdo, causou diversos "pânicos". Alfeu se apresentou numa tarde negra. Correspondeu ao dia fosco. Findou na ponta direita, baixando Tesourinha. Assis, na esquerda, não convence, assim mesmo manteve-se ativo.
O ataque já se firmou como o melhor da cidade. Russinho é o grande animador e construtor. Segue-se-lhe em méritos Tesourinha. Rui, o "municiador". Carlitos veloz, pouco empreendedor, perigoso, sempre atento aos momentos propícios. Castillo em plano inferior.
TRIUNFO MERECIDO
A ação em conjunto dos dois adversários, incontestavelmente, não nos agradou. Entretanto, é lícito declarar que o Internacional mereceu o triunfo. Agiu com superioridade, com sangue e vontade contínua. Onde a tática falhava, o ardor excedia. E isso ocorreu nos dois quadros. A centelha colorada, todavia, ultrapassou a dos tricolores, que cedo bruxoleava.
Apesar dos pesares, os "diabos rubros" estiveram melhores e... ganharam.
A AÇÃO DOS TRICOLORES
Os pupilos de Telêmaco fizeram um primeiro tempo apreciável. Jogadas concenciosas, sobressaindo certo entendimento, em que pesem as falhas de Alexandre, Walter e André, na intermediária, também claudicavam.
Noronha exibiu-se neste período de modo soberbo. Fogo, na linha, foi o "super-homem". Alfeu, destacado para "policiar" o vigoroso entre-ala canhoto levou um "passeio". Acontece que o veterano não resistiu à fadiga. Esmorecendo Fogo, a linha da "baixada" desapareceu por completo dando intenso trabalho a Noronha e à zaga.
A situação se agravou nos últimos dez minutos. Luiz Luz, contundido, saiu alguns instantes e depois permutou com Válter. Ao Grêmio nada adiantaram as condições precárias de Alfeu, pois ele padecia de mal idêntico, agravado pela deficiência do meia-direita, sempre a inutilizar as investidas com maus passes ou abuso de jogo individual.
OS GOLS
O Grêmio abriu a contagem. A ofensiva tramou com rapidez, aos 9 minutos e meio, evoluindo pela esquerda. Fogo cedeu a Cezar e este derivou logo a Alexandre, que habilitou Nidsberg. O ponta "acomodou" o couro com facilidade.
Pouco durou a vantagem. Uma entrada espetacular de Tesourinha neutralizou a conquista tricolor, aos 11 minutos. Um gol em lindo estilo.
O mesmo Tesourinha, aproveitando-se de um foul batido por Magno, registra o 2º gol. Um "frango" de Edmundo.
No derradeiro minuto, Risada, Assis e Álvaro se confundem com Nidsberg e este atrasa a Cezar Bazílio que faz estremecer as redes de Marcelo, equilibrando o escore.
No período complementar, Magno apoia a Russinho (48) que obteve o terceiro ponto. Aos 59, Nidsberg fogo pela direita e estabelece novo equilíbrio. Oito minutos mais tarde Russinho consigna o ponto de honra (4 x 3). A luta se inclina francamente para os rubros até soar o apito do cronometrista.
Internacional: 4
Grêmio: 3
Árbitro: Alfredo Cezaro: bom
Renda: 31:540$000
Os quadros:
INTERNACIONAL:
Marcelo — Álvaro — Risada — Alfeu (Tesoura) — Magno — Assis — Tesoura (Alfeu) — Russinho — Carlitos — Rui e Castillo.
GRÊMIO:
Edmundo — Dario — Luiz (Walter) — André — Noronha — Walter (Luiz) — Nidsberg — Alexandre — Cezar — Fogo e Duarte.
Os melhores: Russinho, Fogo, Noronha e Risada.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 221, 21 out. 1940, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3125. Acesso em: 17 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
O CLÁSSICO DA CIDADE
INTERNACIONAL, 4 X GRÊMIO, 3
Não satisfez amplamente o combate tradicional entre os dois mais fortes quadros da cidade. Aliás, isto é de se esperar, numa partida em que unicamente o ardor tem o papel principal, sobrepondo-se à technica. No Rio ou em São Paulo, quando se batem o Flamengo e o Fluminense, e o Corinthias contra o Palestra, a característica predominante é quase sempre a falta de técnica e o excesso de ardor. Porto Alegre não poderia fugir à regra, pondo em campo seus mais credenciados representantes.
Não agradou de um modo geral, porque no que diz respeito a tentos, houve bastante (7!), numa demonstração de bons ataques e defesas falhas. A não ser o equilíbrio do marcador, oscilando entre um e outro contendor, nada mais apresentou digno de menção o prélio decisivo para o campeonato citadino.
***
O Internacional apresentou-se em campo como franco favorito, dada a ausência de alguns titulares do seu rival, como Laxixa, ora atuando no Botafogo e que bastante falta fez, e Vanário, meia-direita, substituído por Alexandre, um futuroso jogador, mas que não preencheu satisfatoriamente, o lugar do veterano "índio".
Tendo atualmente a melhor artilharia da cidade, composta por Tesourinha, Russinho (várias vezes integrante do combinado gaúcho e aquele requisitado por Pimenta para integrar o team brasileiro), Carlitos, Ruy e Castillo, o Internacional encontrou alguma dificuldade para abater o adversário, em vista da defecção da intermediária, onde unicamente se salientou Magno, outro veterano, e a falha sensível do zagueiro direito, Álvaro, da equipe secundária, elevado à principal. Mesmo assim, conseguiu o trinfo, bastante merecido porque soube tirar partido das situações apresentadas, transformando-as em gols, objetivo essencial para se ganhar um prélio.
***
O tricampeão da cidade, o Grêmio, teve, ao contrário, seu ponto alto na defesa, isto é, nos dois zagueiros, que sustentaram com galhardia o assédio rubro, e no "eixo", sob a responsabilidade de Noronha, que mais uma vez confirmou suas qualidades de excelente jogador, frente ao seu mestre e "inimigo", o "chave" contrário, Magno. Naqueles três homens residiu a possibilidade dos tricolores surpreenderem a perícia de Marcelo, conquistando três tentos e dando um aspecto de equilíbrio para a partida, que durou quase todo o primeiro tempo e um pouco do segundo.
A linha dianteira gremista desapareceu por completo, salientando-se unicamente Foguinho, também veterano (até parece que era o dia dos veteranos... ), que trouxe em polvorosa a defesa encarnada, dando um insano trabalho ao médio colorado.
***
Em linhas gerais, este foi o panorama que se pôde apreciar na contenda de domingo, com algumas jogadas de sensação e técnica... pouca. Até o tempo esteve ruim, sombrio, pressagiando qualquer coisa, que felizmente não surgiu.
Investigando individualmente os quadros, podemos salientar no Internacional o trabalho de Risada (mais outro veterano...), que foi o sustentáculo do triângulo final, Magno de centro médio, Russinho e Tesourinha, avantes, que garantiram o sucesso do prélio com boas jogadas, merecedoras de aplausos. Marcelo, o guardião, muito nervoso, permitiu um gol que nos pareceu defensável, entretanto não comprometeu. Álvaro, o outro zagueiro, falhou por diversas vezes, comprometendo o quadro, mas salvando também algumas oportunidades do adversário, o que equilibrou seu modo de atuar. Na intermediária, Alfeu não pôde aparecer, levando um "passeio" de Foguinho e terminou lesionado, passando a atuar na ponta, quase no final do jogo, cedendo seu lugar ao extrema Tesourinha, que desempenhou bem o seu novo papel. Assis, mais conhecido por "Nenê", também visado por Pimenta quando aqui esteve, como o melhor médio direito, atuando na esquerda não se exibiu a contento, mas fez uma boa partida. No ponto alto da equipe, isto é, a linha dianteira, Ruy, Carlitos e Castillo mereceram a classificação "muito bom", "bom" e "regular", respectivamente, sendo que Castillo, extrema esquerda, não teve muita oportunidade de demonstrar suas qualidades, uma vez que o jogo foi quase todo ele feito pela direita, quando, se insistissem pela esquerda, talvez desse lugar ao aumento do marcador, pois o ponta estava muito desmarcado.
Sem um desempenho perfeito, o Internacional mereceu ganhar, porque atuou com superioridade em determinadas ocasiões e soube tirar partido da situação obtendo gols, que lhe garantiram o triunfo e foram o reflexo da vontade férrea de vencer que possuíam seus jogadores.
***
O Grêmio não esteve num de seus melhores dias, salientando-se unicamente, como já referimos, o trabalho do trio final e o centro médio, dignos de todo o aplauso. Edmundo, arqueiro, aparou pelotaços difíceis, mas teve a infelicidade de ser vencido por um gol que pareceu "frango". Dario e Luiz Luz, ambos integrantes do combinado gaúcho por diversas vezes, reeditaram suas brilhantes atuações de outros tempos, demonstrando estarem em forma, ainda. Noronha, de centro médio, viu-se sozinho diante da artilharia colorada, conseguindo neutralizá-la enquanto teve fôlego, depois... a partida terminou e o adversário ganhou! Deve o Grêmio a Noronha o assédio que conseguiu manter durante algum tempo, ao arco inimigo, dando insano trabalho ao triângulo final rubro, que se viu vencido por três vezes. Não só defendeu o valoroso center-half, como também auxiliou bastante a Foguinho, cérebro do ataque tricolor, equilibrando a contenda por largo tempo. O meia esquerda salientou-se por sua combatividade e energia, alimentando seus companheiros enquanto não cansou e dando vida ao ataque gremista que por diversas vezes esmorecia, na falta de construtores capazes, para auxiliar o trabalho de Foguinho. Com este, o arco adversário passou por um verdadeiro "carrinho de fogo"... Dos médios, André superior a Walter, que não pôde prender eficientemente a ala direita rubra, deixando-se envolver com muita facilidade. Laxixa fez muita e muita falta. Na dianteira, Mario, na ponta direita, fez uma ótima partida, conquistando dois gols, em boas condições, que o credenciam para efetivo na posição. Malaquias na esquerda, apesar de "solto" não apareceu muito... Temos, finalmente, Alexandre, meia direita improvisado (pois sua posição verdadeira é centro-avante), que demonstrou muito sangue, combatividade, mas não conseguiu convencer na meia. Ora fazia jogadas pessoais, inutilizando uma avançada, ora fazia passes atrasados, permitindo o alívio da defesa adversária. Gostamos mais de vê-lo atuar no centro do ataque, onde seu cérebro produz mais do que o demonstrado domingo último. É jovem e promete, faltando-lhe apenas, para tornar-se um crack, uma boa orientação individual e mais traquejo, que se obtém, justamente... jogando.
MARCHA DO MARCADOR
1º (Grêmio) — Noronha dá a Foguinho, que estende a Bazílio e este a Alexandre. O meia corre, atrai um contrário e cede ao ponta. Mario entra corrido e não tem dificuldade em abrir a contagem da tarde, aos 9 minutos.
2º (Internacional) — Tesourinha, segundos após, entra fulminantemente, numa centrada, desarmando Edmundo e empatando o prélio. 1x1!
3º (Internacional) — Magno bate uma falta, a bola cai sobre a área e Tesourinha aproveita para obter o segundo ponto. (Teria sido "frango" do arqueiro?). 2x1.
4º (Grêmio) — Alexandre controla a pelota e estende para Niedesberg, que corre até o canto direito do arco. Risada, Álvaro e Assis vão ao seu encontro, deixando a área vazia. Há um entrevero e Mario leva a melhor, dando atrasado para Bazílio, que defronte ao arco esperava calmamente o que "sobrasse" da luta. Este, sem ser incomodado, atira inapelavelmente, empatando de novo: 2x2!
Quer nos parecer que foi uma falha da zaga, deixando os contrários completamente sozinhos.
5º (Internacional) — Mais uma vez os rubros tomam a dianteira, por intermédio de Russinho, o goleador, que aproveitando um passe de Magno, desempata o jogo, já no segundo tempo, isto é, aos 48 minutos. 3x2!
6º (Grêmio) — Dominam os tricampeões, até que o Internacional vai à carga, descendo toda a defesa para apoiar o ataque. Luiz Luz rebate e Noronha passa a Niedesberg, que foge, perseguido por Nenê. Ao aproximar-se do arco, Mario aplica uma finta "de criança" em Assis e frente ao gol chuta com o pé esquerdo, sem dar oportunidade a Marcelo de defender: 3x3! Delírio da torcida!
7º (Internacional) — Estava escrito, porém, que os rubros não perderiam a jornada porque estavam atuando melhor e mereciam ganhar. Assim, depois do empate derradeiro, os vermelhos atiraram-se com vontade e viram coroados seus desejos e esforços aos 67 minutos de jogo: Há uma carga pela direita, Tesourinha corre na pelota, que ia sair, controla de cabeça e passa para o centro. Carlitos atira em gol, Luiz defende fracamente, ficando a bola dentro da área. Russinho ajeita o couro com o peito e... estava decretada a vitória!
Apitou a contenda o conhecido árbitro Alfredo Cesaro, que atuou bem. A renda foi a maior na capital, ultimamente: 31:540$000! Recorde do clássico.
Os teams estavam assim constituídos:
GRÊMIO — Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Walter; Mario Niedesberg, Alexandre, Cezar Bazílio, Foguinho e Duarte.
INTERNACIONAL — Marcelo; Álvaro e Risada; Alfeu, Magno e Assis; Tesourinha, Russinho, Carlitos, Ruy e Castillo. [...]
Fonte: RABELLO, Pythagoras. Sport Illustrado (RJ), n. 134, 31 out. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/5452. Acesso em: 17 jun. 2025.