INTERNACIONAL OU PALESTRA ITÁLIA?
EIS A INTERROGAÇÃO QUE SE NOTA ESTAMPADA EM TODAS AS FISIONOMIAS E QUE SÓ TERÁ RESPOSTA NA MEMORÁVEL TARDE DE AMANHÃ, NO CONFORTÁVEL ESTÁDIO DA TIMBAÚVA, NO CAMINHO DO MEIO, ONDE SE EMPENHARÃO NUMA SENSACIONAL REVANCHE A BRAVA FALANGE COLORADA E O POSSANTE ESQUADRÃO PAULISTANO — OS MEIOS DESPORTIVOS ESPERAM COM A MAIOR ANSIEDADE A GRANDE BATALHA, QUE POLARIzA, NO PRESENTE MOMENTO, TODAS AS ATENÇÕES
—
A preliminar será entre "A Federação" e "A Gazeta"
A preliminar da revanche entre o Internacional e o Palestra será disputada entre as esquadras representativas d'"A Federação" e "A Gazeta", que estão bastante treinadas e dispostas a fazer uma luta renhida. Os rapazes d'"A Federação" devem comparecer ao campo do Força a Luz, às 12,30 horas. Acham-se escalados os seguintes jogadores: Romeu ou Tasso, Ênio, Elí, Campani, Varela, Juca, Wilson, Jesus, Joaquim, Cezar, Alcibiades. — Reservas: Pedro, Rivail, Hugo, Semente e Joãozinho.
As entradas para a sensacional revanche de amanhã
A Amgea organizou a seguinte tabela de preço das entradas para a sensacional revanche Internacional x Palestra Itália, a efetuar-se amanhã, no confortável Estádio da Timbaúva:
Cadeira numerada — 12$000
Pavilhão — 5$000
Geral — 4$000
Meia entrada — 3$000
As cadeiras numeradas já se encontram à venda na Agência Gaúcha, na rua dos Andradas. Os demais ingressos estarão à venda hoje à noite e amanhã de manhã, no Café Nacional, sucursal da rua dos Andradas.
Fonte: A Federação (RS), 14/11/1936, ano 1936, n. 259, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/80730. Acesso em: 28 abr. 2025.
Prontos para a revanche
—
ESTA TARDE, NAS TIMBAÚVAS, COLORADOS E PALESTRINOS SERÃO, NOVAMENTE, ADVERSÁRIOS
Ambos os quadros apresentar-se-ão formados como domingo último
O PROGRAMA DAS PRELIMINARES
Palestra Itália contra Sport Club Internacional!
Daqui a poucas horas, o nosso mundo desportivo assistirá, a terceira partida do torneio interestadual que vem realizando os clubes da Amgea, sob os auspícios desta, com o esquadrão do Palestra Itália, de São Paulo. Assistiremos, mais uma vez, as jogadas técnicas dos craques bandeirantes, cotejando-se com os nossos players, não menos conhecedores dos segredos do "association".
Desta vez, mister se torna di-zer, a luta assumirá proporções maiores. Pela vez primeira na história dos encontros interestaduais, assistiremos um match revanche. Um novo jogo entre dois gigantes. Dois grandes quadros que não se convenceram com o resultado do primeiro encontro. Um, não satisfeito com o placar que lhe fora favorável. Outro, não satisfeito com o placar que lhe fora contrário. Palestrinos alardeando que venceriam o adversário com mais facilidade, lavrando maior número de tentos. Colorados assegurando que a vitória lhes pertenceria, se nao fosse o azar das jogadas.
Enquanto discutem os gigantescos degladiadores, os seus admiradores, que se contam aos milhares, cotejam, também, as suas opiniões. Desde domingo passado, quando aquela [...] humana abandonou o Estádio dos Eucaliptos, vive a interrogação: quem mereceu a vitória? Palestra Itália? Internacional? Hoje ela cairá. Para que ela não subsistirsse por mais tempo no espírito dos torcedores, os adversarios resolveram cotejar os seus valores mais uma vez, numa revanche que, portanto, se apresenta formidável, única nos anais desportivos da metrópole gaúcha.
Nesse novo encontro veremos forças iguais, ambas dispostas a vender caro a sua derrota. De um lado veremos craques como Jurandir, defendendo a guarda vala com a técnica que o faz um dos maiores goleiros do país, Carnera e Dula, fortes esteios da defesa, Luizinho, Moacir e Rolando, impetuoso trio atacante. De outro, Penha, menos espetacular, porém, mais seguro que o "goalkeeper" alvi-verde, Alfeu e Risada, dois grandes craques, aquele a revelação da presente temporada futebolística, este o veterano craque gaúcho, Salvador, Castillo e Tom Mix, perigosos atacantes, sempre dispostos a por em cheque o gol adversário.
Forças que equilibram, que pelo valor individual de seus componentes, quer pela homogeneidade de seus conjuntos, quer pelo entusiasmo e vigor com que defendem os seus pavilhões, Palestra Itália e Internacional proporcionarão, sem dúvida, esta tarde, no Estadio da Timbaúva, um dos mais sensacionais encontros de futebol em nossa metrópole.
NAS TIMBAÚVAS
Em memorável embate que, por certo, marcará época nos anais futebolísticos desta capital será jogado no confortável estádio do Grêmio Sportivo Força e Luz, no Caminho do Meio.
PREÇO DAS ENTRADAS
Para o grande embate de hoje entre colorados e palestrinos vigorará a seguinte tabela de preços.
Cadeiras numeradas, 12$000; Pavilhão, 5$000; Gerais, 4$000; Senhoras e menores, 3$000.
Pela manha de hoje as entradas estarão à venda no Café Nacional.
CRONOMETRISTA
Para servir de cronometrista foi convidado pela Amgea o conhecido desportista Professor Aurélio de Lima Py, presidente, do Conselho de Julgamentos da F. R. G. D.
HORÁRIO
A primeira preliminar será iniciada às 13,30 horas e a segunda entre os juvenis do Cruzeiro e do Grêmio às 15 horas. O sensacional encontro interestadual entre os colorados e palestrinos será iniciado às 16,15 horas.
OS QUADROS DEGLADLANTES
Segundo notas fornecidas pelas direcões técnicas do Palestra Itália e do Internacional, os quadros degladiantes estarão assim constituídos:
PALESTRA ITÁLIA
Jurandir — Carnera, Bengliomini — Tunga, Dula, Del Nero — Maquina, Luizinho, Moacir, Rolando, Matias.
INTERNACIONAL
Penha — Alfeu e Natal — Garnizé, Risada e Levi — Artigas, Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix.
Reservas: Armênio, Zézé, Sílvio e Acácio. [...]
O Consulado Italiano recepcionará, amanhã, a embaixada do Palestra Itália
Segunda-feira próxima o consulado italiano oferecerá uma recepção aos componentes da embaixada do Palestra Itália, que terá lugar na sede daquele consulado, às 18 horas.
Aos presentes será oferecido um fino aperitivo. Por essa ocasião serão trocadas diversas saudações.
Os chefes da delegação visitante se farão acompanhar de alguns jogadores.
Imparato, ao contrário do que se propalara, não atuará no encontro de hoje, à Tarde
O veloz ponteiro esquerdo da seleção paulista desmente os boatos
NO CAFÉ NACIONAL
Desde ontem, os "players" que integram o forte conjunto do Palestra estão em repouso, guardaando as suas energias para o grande embate de hoje, quando será decidida a grande dúvida da torcida porto-alegrense: paulistas ou gaúchos? Os craques alvi-verdes, à tarde, após a sesta, mataram o tempo. No Café Nacional, entre vários outros companheiros de clube, estava Imparato, o veloz ponteiro esquerdo do Palestra, que conhecemos quando veio integrado o selecionado paulista, que aqui disputou com os rio-grandenses a primeira da melhor das três, que daria aos bandeirantes o título de campeões brasileiros de futebol de 1936.
Em vista dos boatos que corriam pela cidade, de que o esquadrão palestrino contaria, hoje, com o concurso de Imparato, modificando a organização com que se tem apresentado até agora ao nosso público, o repórter do DIÁRIO DE NOTÍCIAS desportivo foi procurá-lo, indagando da veracidade dos rumores. Respondeu-nos Imparato:
— Não é verdade. O Palestra Itália entrará em campo, para enfrentar pela segunda vez os colorados, com a mesma formação das vezes passadas. A ponta esquerda será, portanto, ocupada por Matias.
E, após alguns instantes de silêncio, conclui:
— Eu tenho grande vontade de jogar novamente nos campos de Porto Alegre. Grande desejo, mesmo. Até agora não foi possível. Vamos ver daqui para diante.
E, com um forte aperto de mão, se despede do repórter, indo, em companhia de outros, fazer o "footing" na rua da Praia.
O Capitão Otávio Menezes Póvoa, do Cruzeiro, aceitou a arbitragem do encontro
As credenciais do atual presidente do clube do Caminho do Meio
VOU ATUAR E ESPERO AGRADAR
Depois das 12 horas de ontem, corria pela cidade a notícia de que o capitão Otávio Menezes Póvoa, antigo jogador carioca, atualmente na presidência do Esporte Clube Cruzeiro, havia sido escolhido para arbitrar o encontro de hoje, no Estádio da Timbaúva, entre colorados e palestrinos. Mais tarde, a nossa reportagem tinha a confirmação oficial da escolha do presidente cruzeirista para "referee".
O repórter, então, resolveu procurá-lo, a fim de conseguir algumas declarações suas ao "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" desportivo. Fomos encontrar o capitão Póvoa num dos cafés do centro da cidade, rodeado por membros influentes do Cruzeiro. Abordamo-lo e declinamos a nossa qualidade de representante do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS". Antes de lhe informar das nossas intenções, ouvimos do capitão Póvoa:
— Não tenho nada...
O repórter interrompe e, contornando a situação, lhe pede confirmação dos boatos que o indicavam para juiz do jogo de hoje. Ouve, então, do capitão Póvoa as seguintes palavras:
— De fato, fui convidado para atuar amanhã. Não pude deixar de atender ao convite, embora tivesse dito aos que me vieram falar e aos membros da missão bandeirante que a escolha não poderia ser pior.
— Isso não é verdade — Aparteia alguém do grupo. O capitão Póvoa já atuou por várias vezes nos campos do Rio de Janeiro, além de que, como todos sabem, é um veterano jogador, conhecedor, portanto, do "association".
O presidente do Cruzeiro não pode negar. Sorri somente e adianta ao repórter:
— Fui convidado e atuarei. Faço o que faria qualquer outro em meu lugar. Vou atuar e espero agradar.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 15/11/1936, ano 1936, n. 229, p. 22. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4707. Acesso em: 28 abr. 2025.
AMISTOSO - INTERNACIONAL 0 X 3 PALESTRA ITÁLIA-SP
Data: 15/11/1936
Local: Timbaúva - Porto Alegre (SP)
Renda: aprox. 10:000$000.
Juiz: Otávio Menezes Póvoa
Gols: Rolando 3’/2 (P); Moacyr 13’/2 (P); Moacyr 25’/2 (P).
INTERNACIONAL:
Penha; Natal e Alfeu; Garnizé, Risada e Levy; Artigas, Acácio, Salvador Arísio (Mancuso),
Zanini, Castillo e Tom Mix. Técnico:
Inocêncio Travassos Souto.
PALESTRA
ITÁLIA-SP: Jurandyr; Carnera e
Begliomini; Tunga, Dula e Del Nero (Luciano); Machina, Luizinho, Moacyr,
Rolando e Mathias. Técnico: Matturio Fabbi.
.png) |
"O time do Internacional, pela segunda vez vencido pelo Palestra". Fonte: A Tribuna (SP) |
.png) |
"O quadro do Palestra, invicto no Rio Grande do Sul". Fonte: A Tribuna (SP) |
.png) |
"As equipes adversárias momentos antes do encontro". Fonte: Diário de Notícias (RS) |
.png) |
"Jurandyr, arqueiro palestrino". Fonte: A Tribuna (SP) |
.png) |
"Lance movimentado, registrado na partida de anteontem". Fonte: Diário de Notícias (RS) |
.png) |
"Uma fase do jogo, no centro do campo". Fonte: Diário de Notícias (RS) |
O Palestra Itália pelejando novamente com o Internacional confirmou a vitória alcançada no primeiro encontro
—
A TERCEIRA PARTIDA DA SENSACIONAL TEMPORADA INTERESTADUAL
O PODEROSO CONJUNTO BANDEIRANTE CONFIRMOU BRILHANTEMENTE O PRIMEIRO TRIUNFO ALCANÇADO FRENTE AOS COLORADOS, REGISTRANDO O SCORE DE 3 x 0
CRÔNICA
O possante esquadrão do Palestra Itália, de, São Paulo, fez ontem a sua terceira exibição em canchas gaúchas, enfrentando, novamente, a brava falange colorada, cujo primeiro encontro havia terminado com o score de 2 x 1, favorável aos paulistas.
Acertada a revanche, exultaramos meios desportivos ante a perspectiva de uma nova e sensacional batalha.
Assim, sem ser avultada, grande foi, entretanto, a assistência que compareceu ao confortável Estádio da Timbaúva, na bela tarde de ontem, emprestando-lhe festivo aspecto.
Era enorme a expectativa para o segundo cotejo entre palestrinos e colorados e que se prenunciava brilhante. Assim, todos estavam a postos, ávidos pelo desenrolar do importante prélio.
—
Era este o ambiente reinante no excelente gramado da "Carris" ao ser iniciada a terceira prova da temporada interestadual.
Palestra e Internacional, frente a frente, pelejaram galhardamente, oferecendo ao grande público presente uma magnífica jogada.
Assim, se o poderoso conjunto bandeirante se apresentara com aquele admirável entendimento que tanto o carateriza, os colorados desenvolveram, por sua vez, uma brilhante atuação durante o primeiro tempo, igualando-se no valor ao seu forte e adestrado antagonista para superá-lo, em algumas fases, chegando a dar a impressão que se vingaria da derrota sofrida na primeira contenda.
E teve, realmente, oportunidades propícias para a marcação de tentos no primeiro período da luta e que poderiam ter mudado a feição ou desfecho da peleja, pois Tom Mix, por duas vezes, tendo apenas Jurandir pela frente, decepcionou a assistência errando o alvo, sendo a terceira oportunidade perdida por Artigas, ao fazer um arremate de cabeça nafrente da cidadela paulista.
Se os colorados perderam três magníficos ensejos para a conquista de tentos, os paulistas também perderam um, que se afigurava a todos certíssimo, quando Luizinho, depois de vencer Penha, que avançara, atirou pelo lado, quando o arco colorado se encontrava desguarnecido.
Assim, apesar de tantas ocasiões propícias, o score não foi aberto no primeiro tempo, que terminou com o resultado de 0 x 0.
Fazendo-se uma análise rigorosa desta primeira fase, chega-se à conclusão que ela foi mais favorável aos colorados, que, entretanto, não souberam tirar o necessário proveito.
Neste meio tempo se salientaram as defesas, não tendo os quintetos atacantes realçado.
—
Findo o descanso regulamentar, os dois bandos voltam ao gramado.
Todos esperam que a luta prossiga renhidíssima acreditam num empate ou num score apertado, levando em conta o desempenho do 1º tempo. Entretanto, o jogo toma nova feição nesta fase.
Os bandeirantes se apresentam resolutos, mostrando-se perfeitos conhecedores do manejo da pelota, abusando, apenas, do uso de truques.
Os colorados, ao contrário, se apresentam com muito menor eficiência e, assim, inicialmente desequilibram a partida.
As modificações introduzidas na sua linha-avante causam surpresa à assistência, que reclama a presença de Salvador e Mancuso, que foram retirados e que se haviam desempenhado muito bem no primeiro tempo. Apenas havia sido notada a ausência de Castillo que poderia ter entrado em lugar de Acácio, sendo esta, ao que parecia, a única modificação indicada.
—
Como dissemos linhas acima, os colorados, que haviam feito uma brilhante jogada no primeiro tempo, apresentam-se, no segundo período da contenda com muito menor eficiência na sua ofensiva.
Os paulistas, destros e experimentados, tiram, imediatamente, o necessário proveito da nova situação que se lhes apresenta o inimigo e assim fazem cair, por duas vezes, o último reduto vermelho, aos 2 e 12 minutos de jogo, respectivamente.
A defesa colorada trabalha demoradamente para conter as investidas paulistanas.
Salvador volta ao quinteto atacante rubro, do qual não deveria ter saído, mas os rapazes do Estádio dos Eucaliptos, tendo contra si dois tentos, já não apresentam, embora se esforcem, o mesmo padrão de jogo do primeiro tempo.
Enquanto isto, os palestrinos, com uma defesa que constitui uma muralha e uma linha avante hábil, tenaz e perigosa, formando todos um harmonioso e eficiente conjunto, conseguem o terceiro tento, com o qual encerram a contagem.
Os rubros trabalham, mas nada conseguem, pois os defensores da cidadela verde se mostram ativos e vigilantes.
Momento houve, em que pareceu inevitável a queda do quadrilátero paulista, pois Risada havia cobrado com perícia uma falta inimiga e Zanini e Castillo fecharam sobre o arco de Jurandir, mas a defesa palestrina, numa ação oportuna e de rara felicidade, conseguiu afastar o perigo.
E, assim, termina a importante batalha com o brilhante triunfo do valoroso Palestra Itália, que confirma, dessa maneira, a primeira vitória alcançada frente aos colorados, conservando o título de invicto nos nossos gramados. Os filhos da gloriosa Piratininga são, ao se retirarem de campo, calorosamente aplaudidos pela assistência, que oferece, assim, uma nítida demonstração de que bem conhece as nobres finalidades do desporto.
—
VÁRIOS INFORMES
A primeira preliminar
A grande tarde futebolística interestadual foi iniciada com o encontro entre ae representações de "A Federação" e da "Gazeta", de São Paulo.
Esta pugna, que foi bastante disputada, terminou com a vitória do bando da "Gazeta" pelo score de 3 x 0.
A segunda preliminar
Os juvenis do Grêmio e Cruzeiro ofereceram ao grande público presente ao Estádio da Timbaúva uma interessante peleja em disputa do campeonato de sua categoria, que vinha sendo liderado pelo galhardo bando alvi-azul. A destemida equipe tricolor, desenvolvendo uma excelente jogada, triunfou pelo score de 3 x 1. Com este resultado, ficou o Campeonato Juvenil empatado entre Cruzeiro e Grêmio.
Chegam os paulistas
Às 16 horas chegam os paulistas ao Estádio da Timbaúva, sendo recebidos por uma salva de palmas.
Surgem os colorados
Três minutos após, chegam os colorados, sendo igualmente aplaudidos.
Os bandos degladiantes pisam o gramado
Às 16,28 horas os colorados entram em campo e logo a seguir os palestrinos, sendo uns e outros aclamados pela assistência.
Os fotógrafos em ação
A seguir os dois quadros posam juntos para as objetivas da imprensa.
O toss
Reunidos no centro do campo, o juiz atira para o ar a clássica moeda, cabendo a escolha do campo ao Internacional, que escolhe o arco que fica do lado da Timbaúva, sendo a saída dada pelo Palestra.
Os quadros entram em forma
Os quadros entram em forma da maneira seguinte:
PALESTRA — Jurandir; Carnera e Begliomini; Tunga, Dula e Del Nero; Maquina, Luizinho, Moacir, Rolando e Matias.
INTERNACIONAL — Penha; Alfeu e Natal; Garnizé, Risada e Leví; Artigas, Salvador, Mancuso, Acácio e Tom Mix.
NOTA: — No segundo tempo, a linha-avante colorada sofreu radical transformação, entrando Zanini para a ponta direita, deslocando Artigas para a meia, em lugar de Salvador que saiu, passando Acácio para o centro em lugar de Mancuso que também saiu, entrando Castillo para a meia-esquerda.
No decorrer da luta, Saivador voltou ao gramado, saindo Acácio.
No quadro paulistano, quase ao finalizar a luta, Luciano substituiu Del Nero.
O início do jogo
O grande embate foi iniciado às 16,35 horas, cabendo a Moacir, centroavante palestrino, movimentar a esfera.
Os tentos bandeirantes
Os três tentos paulistanos foram feitos no 2º tempo, como segue:
1º) Apenas iniciado o 2.º tempo, Moacir avança e em soberbo, mas inesperado tiro alto de fora da área, vence a perícia de Penha, abrindo a contagem paulista aos 10 minutos de jogo.
2º) Rolando, em tiro alto e de canto, de longe, desferido com perícia, aumenta a contagem palestrina para 2, aos 12 minutos de jogo.
3º) Moacir recebe a pelota de Maquina e em chute calmo e calculado vaza, pela 3ª vez, o reduto de Penha, encerrando, assim, a contagem bandeirante aos 33 minutos de jogo.
MOVIMENTO TÉCNICO
PALESTRA ITÁLIA
Defesas de Jurandir |
3 |
2 |
5 |
Intervenções |
3 |
2 |
5 |
Fouls |
6 |
9 |
15 |
Hands |
7 |
3 |
10 |
Corners |
5 |
4 |
9 |
Off-sides |
2 |
3 |
5 |
Pênaltis |
0 |
0 |
0 |
Gols |
0 |
3 |
3 |
INTERNACIONAL
Defesas de Penha |
3 |
2 |
5 |
Intervenções |
4 |
1 |
5 |
Fouls |
4 |
9 |
13 |
Hands |
3 |
2 |
5 |
Corners |
1 |
2 |
3 |
Off-sids |
2 |
2 |
4 |
Penaltys |
0 |
0 |
0 |
Goals |
0 |
0 |
0 |
O juiz
Dirigiu o importante prélio o distinto desportista Capitão Otávio Menezes Póvoa, ex-zagueiro do Botafogo, do Rio de Janeiro e presentemente na presidência do E. C. Cruzeiro.
S. s. agiu com critério, energia e acerto, dando, assim, um magnífico desempenho ao árduo mandato recebido.
Gentilezas à imprensa
A Amgea obsequiou os cronistas desportivos com bebidas geladas.
Fonte: A Federação (RS), 16/11/1936, ano 1936, n. 260, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/388653/80740. Acesso em: 29 abr. 2025.
EPILOGOU-SE POR UM BRILHANTE TRIUNFO PALESTRINO
O jogo de ontem, com o Internacional, em Porto Alegre
No segundo tempo, o PALESTRA desenvolveu atuação de grande destaque, marcando três pontos por intermédio de Moacyr (2) e Rolando (1)
Como agiram os quadros e seus elementos — Um tento legítimo, de Moacyr, anulado pelo árbitro — Os melhores elementos em campo — O juiz
No primeiro tempo, a contagem não foi aberta — Jogo violento no segundo período
—
DUAS PRELIMINARES
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Duas preliminares anteciparam o jogo Palestra - Internacional, em torno do qual há grande expectativa. Na primeira, foram adversários os quadros dos jornais “Federação” e “Gazeta”, vencendo o deste, por 3 a 0.
Na segunda preliminar, jogaram os times juvenis do Cruzeiro e do Grêmio, triunfando este, por 3 a 1.
OS TIMES
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Os quadros vão entrar para o gramado com esta organização:
PALESTRA: Jurandyr, Carnera e Begliomini; Tunga, Dula e Del Nero; Machina, Luisinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
INTERNACIONAL: Penha, Alfeu e Natal; Garnizé, Risada e Levy; Artigas, Salvador, Máncuso, Castillo e Tom Mix.
—
CASTILLO, DOENTE, FOI SUBSTITUÍDO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Tendo adoecido, Castillo foi substituído no quadro do Internacional por Accacio.
O JUIZ
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Arbitrará a luta, segundo mandamos dizer, o Sr. Octavio Menezes Povoa, que é o presidente do Cruzeiro.
O JOGO É INICIADO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Os palestrinos são os primeiros a dar entrada em campo, seguidos dos locais, que são aplaudidos. Às 16,30 horas, é iniciado o jogo, pelos visitantes, cabendo a Risada afastar a primeira carga palestrina, mas os visitantes voltam à carga, e Moacyr tem excelente oportunidade, que deixa de aproveitar, registando-se, a seguir, uma boa intervenção de Penha. A ala esquerda do Internacional tenta uma avançada, mas é impedida por Tunga. O juiz assignala uma falta de Levy.
Aos 10 minutos, os locais organizam rápido ataque, cabendo a Jurandyr fazer ótima intervenção. Perto da área, Begliomini empurra Mancuso, sendo a falta apontada. Batido o tiro-castigo, Rolando defende, escanteando. O escanteio é mal batido, e, assim, nada resulta. Machina está atuando mal, perdendo várias jogadas.
Ataque local, estando Tom Mix impedido, sem que o juiz assinale, mas o ponta esquerda local não aproveita a situação. O Internacional prossegue ao ataque, forçando o companheiro de zaga de Carnera a conceder escanteio, que é mal chutado e salvo, com facilidade, por Carnera.
PENHA DEIXA A META E ROLANDO CHUTA FORA
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Aos 15 minutos de jogo, tem o Palestra uma ótima situação, que Rolando não aproveita. Penha havia saído de sua posição, deixando o arco desguarnecido, indo a pelota, porém, aos pés de Rolando, que, sem calma, chuta fora, perdendo grande oportunidade. Prossegue a luta com as mesmas características, registrando-se ações no meio do campo. Toque de Accacio e falta de Mancuso, que é mal batida...
A torcida está belicosa...
Ataque palestrino, que finda com escanteio de Natal, estando desorganizada a defesa local. Ataque do Palestra pela ala direita, com defesa de Alfeu. Novo avanço visitante, cabendo a Del Nero arrematar com infelicidade. A seguir, há uma falta de Del Nero, que nada produz. Jogo monótono, sem vibração. Begliomini escanteia. Tunga está agindo com grande destaque. O juiz assinala falta do mesmo Tunga. Ataque local, finalizado, de cabeca, por Artigas, que manda a bola por cima, bem junto à trave.
ALFEU SALVA DIFICIL SITUAÇÃO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O Palestra está agora atacando mais. Luisinho avança, entrega a Moacyr, otimamente colocado e, quando este ia desferir o chute final, aparece Alfeu, que salva difícil situação para seu quadro. Toque de Risada, que Dula bate, sem nada conseguir, pois Garnizé defende bem o tiro livre. Rolando prejudica um ataque, praticando falta. Há um toque de Dula, que é mal batido. Os avanços, agora, são dos
locais, que insistem, sem, entretanto, conseguir um resultado prático. Escanteio de Carnera, que é defendido por Tunga. Registam-se dois impedimentos, um de Moacyr e outro de Artigas.
FIM DO 1º TEMPO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Nos minutos finais do 1º tempo, o Palestra reage e ataca, mas também nada de prático obtém, vindo a findar o primeiro tempo sem que os quadros em campo conseguissem abertura de contagem.
MOVIMENTO TÉCNICO DO 1º TEMPO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Foi este o movimento técnico do 1º tempo:
Palestra — Defesas, 1; defesas fracas, 4; faltas, 9; toques, 5; escanteios, 5; impedimento, 1.
Internacional — Defesas, 2; defesas fracas, 4; faltas 4; toques, 5; escanteios, 6; impedimentos, 2.
COMENTANDO O 1º TEMPO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O primeiro tempo decorreu com leve superioridade local, cujos atacantes deram grande trabalho a Carnera e Tunga, que brilharam. A ala esquerda local, sem Castillo, nada produziu, produzindo mais a ala direita, jogando bem Salvador e Artigas. Os médios locais estiveram mais firmes e melhores que os visitantes, dos quais apenas apareceu e brilhou Tunga. Begliomini jogou inseguro e Jurandyr, bom. Os zagueiros locais, bons, bastante firmes, destacando-se o trabalho de Alfeu, que esteve magnífico. Penha teve boa atuação, sendo sempre o mesmo.
Nesta fase, o Palestra não agradou, visto não se exibir com o seu costumeiro jogo. O ataque esbarrava, de contínuo, com a defesa local. Machina recebeu inúmeras bolas, perdendo-as todas. Dos dianteiros, o melhor foi Moacyr, secundado por Luisinho, que, de resto, atuou um pouco atrasado, ajudando a defesa, com a qual cooperou bem.
O SEGUNDO TEMPO — MODIFICA-SE O QUADRO GAÚCHO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O segundo tempo é iniciado ás 17,26 horas, notando-se estar modificado o quadro do Internacional, cujo ataque passou a ser este: Zanini, Artigas, Accacio, Castillo e Tom Mix.
Os locais atacam logo de início, bem controlados.
AOS 3 MINUTOS, O PALESTRA ABRE A CONTAGEM, POR INTERMÉDIO DE MOACYR
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Depois de dois ataques locais, o Palestra passa para o campo contrário, onde Moacyr recebe uma bola de Jurandyr e, quase do mesmo local chuta forte, visando a meta. A bola foi entrar no canto esquerdo da meta. Estava, assim, feito o 1º tento do Palestra. Foi um gol feito de longe.
MELHORA A ATUAÇÃO PALESTRINA
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Depois do 1º tento, o Palestra melhora pouco a pouco e passa a organizar repetidas e perigosas cargas, uma das quais é prejudicada por um injusto impedimento, apontado em Machina.
ROLANDO ASSINALA O 2º GOL PALESTRINO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Os ataques, agora, pertencem ao Palestra, cuja actuação é de mais destaque. Tunga escora uma avançada, entregando a pelota para Luisinho, o qual, por sua vez, faz bom passe para Rolando. Este, sem perda de tempo, arremata bem e marca o 2º tento do Palestra, que é recebido com aplausos.
Aos 15 minutos de jogo, verifica-se falta de Dula em Castilio, havendo situação crítica para o posto de Jurandyr. Zanini consegue centrar, mas a situação se desfaz. Avançam os palestrinos e Natal comete falta de Machina, batendo este mesmo sem resultado. A seguir, registra-se forte carga palestrina, que Natal defende.
Atacam os locais e Artigas, recebendo de Risada, perde um bom momento, chutando mal. Toque de Dula, seguida de defesa de Jurandyr. Salvador, impedido, procura intervir, mas é obstado pelo juiz.
FORTE ATAQUE GAÚCHO — JOGO VIOLENTO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Atacam fortemente os gaúchos — Jurandyr defende espectaculosamente um tiro de Artigas. Accacio é substituido por Salvador. Ataca o Palestra e Natal defende.
Falta de Artigas em Dula. Batido, Alfeu defende. O jogo torna-se violento.
O Palestra, agora, acerta bem o jogo, controlando bem suas ações, ao passo que a linha local falha sempre. Toque de Zanini. Impedimento de Moacyr. Falta de Tunga, seguida de outra, de Alfeu, que entra de “sola”, mas esta não é punida. Jurandyr, acossado por dois adversários, pratica escanteio, que é mal batido. Carnera concede outro escanteio, que Castillo bate mal, pondo fora.
Falta de Dula em Castillo, que é mal cobrada pelo centro-médio Risada. Forte ataque palestrino e Natal defende, com escanteio.
UM GOL DO PALESTRA, LEGÍTIMO, É DESFEITO PELO ÁRBITRO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Aos 31 minutos, registra-se perigoso ataque palestrino, que é inutilizado por Natal. A seguir, verifica-se nova carga dos “periquitos”, e Moacyr consegue aninhar a pelota nas redes, mas o gol não é validado, pois o juiz, injustamente, acusou uma falta do Palestra contra Alfeu.
O 3º TENTO DO PALESTRA, MARCADO POR MOACYR
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Aos 33 minutos de jogo, surge o terceiro tento do Palestra, cujo ataque, bem conduzido por Luisinho, invade o campo local. Dula bate uma falta de Zanini, indo a pelota para Machina, o qual, rápido, cede o couro para Moacyr, permitindo a este a marcação do terceiro tento para o Palestra, que estava, assim, com a vitória consolidada. Antes de chutar para a meta, Moacyr enganara Natal.
Depois desse feito, nota-se desânimo por parte da defesa local, que se entrega.
Os locais tentam reagir e atacam. Artigas chuta e a bola passa rente à trave.
O PALESTRA DOMINA E CONTROLA TODO O JOGO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O Palestra, agora, domina francamente, tendo o controle seguro de todo o jogo, que lhe pertence. Natal aplica falta em Rolando, próximo da área. A falta é batida por Mathias, que chuta fora. Outra falta local, dada por Castillo. Luciano, no time do Palestra, entra em lugar de Del Nero. Jurandyr está jogando sem interesse. Falta de Dula em Castillo. Ataque local, que Tunga defende, com escanteio.
JURANDYR E TOM MIX...
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Há um momento de confusão e Jurandyr quase se engalfinha com Tom Mix.
JOGADAS FINAIS — A VITÓRIA DO PALESTRA, POR 3 A 0
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — A luta está em seus momentos finais, sendo o jogo do Palestra.
Registam-se mais alguns lances, e o jogo vem a findar, com este resultado:
Palestra, 3 - Internacional, 0.
O PALESTRA É APLAUDIDO PELO PÚBLICO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Findo o jogo, o público aplaude o vencedor, premiando com palmas seu brilhante feito, que se exibiu muito bem no 2º tempo.
MOACYR, O MELHOR DO ATAQUE
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — No segundo tempo, o Palestra melhorou grandemente, sendo Moacyr o atacante em mais evidência. O ponto que marcou e que o juiz não validou, foi legítimo.
A ATUAÇÃO DO JUIZ
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O juiz, Sr. Póvoa, afora não ter invalidado o ponto de Moacyr, foi honesto, embora “amarrasse” muito o jogo de parte a parte.
ERRO DE TÉCNICA
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — A direção técnica do Internacional teve um grande erro, quando modificou a organização de seu ataque, que pouco produziu. Foi esse um grande erro, de consequências graves.
SURURUS NAS ARQUIBANCADAS
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — Ao final do jogo, enquanto o público aclamava e aplaudia os palestrinos que deixavam o campo, registaram-se alguns sururus nas arquibancadas, prontamente sufocados com a intervenção policial.
FOI MERECIDA A VITÓRIA DO PALESTRA
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O Palestra fez jus à vitória, muito embora não se exibisse em toda a pujança de seu poderio e técnica. Sua atuação, na segunda fase, entretanto, foi firme e convincente.
MOVIMENTO TÉCNICO DO SEGUNDO TEMPO
PORTO ALEGRE, 15 — (Do correspondente) — O segundo tempo acusou o seguinte movimento técnico:
Palestra — Defesas, 2; defesas fracas, 2; faltas, 10; toques, 3; escanteios, 3; impedimentos, 3; tentos, 3.
Internacional — Defesas 3; defesas fracas, 2; faltas, 7; toque, 1; escanteios, 2; impedimentos, 0; tentos, 0.
FOI FRACA A RENDA DO JOGO
PORTO ALEGRE 15 — (Do correspondente) — Mau grado o interesse despertado pelo jogo, a renda não correspondeu, pois que apenas atingiu um total de dez contos, aproximadamente.
Fonte: A Tribuna (SP), 16/11/1936, ano 1936, n. 235, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/153931_01/34440. Acesso em: 29 abr. 2025.
EM JOGO REVANCHE, O PALESTRA ITÁLIA DE SÃO PAULO ABATE O S. C. INTERNACIONAL DE PORTO ALEGRE PELA EXPRESSIVA CONTAGEM DE 3 X 0
Rolando e Moacir (2) fizeram os tentos
Conforme fora amplamente noticiado, realizou-se anteontem em Porto Alegre o esperado “match” revanche entre as aguerridas esquadras do Palestra Itália de S. Paulo e o S. C. Internacional, local.
Ao Estádio da Timbaúva compareceu uma enorme assistência sequiosa pela queda do valoroso quadro paulistano.
Diante da última exiibição dos visitantes frente ao Grêmio, com quem empataram por 1 a 1, era crença geral que os “colorados” abateriam o onze [...].
Falharam, porém, todos os prognósticos, pois o Palestra, atuando normalmente, não teve dificuldade em vencer o líder portoalegrense pela expressiva diferença de 3 pontos.
Justiça seja feita, o Internacional teve em toda a refrega uma atuação apagada, tendo perdido inúmeras oportunidades de modificar o placar, mas Jurandyr, numa tarde de gala, neutralizava todas as avançadas dos comandados de Mancuso, em defesas espectaculares.
Passemos agora ao desenvolver do jogo.
Aproximadamente às 4,30 entram em campo as duas falanges, que depois de trocadas as gentilezas de estilo, iniciam a peleja. O Palestra imediatamente vai ao ataque sendo rechaçado pelos defesas gaúchos. Ambas as equipes atuam mediocremente, não oferecendo lances de sensação à assistência. Aos 15 minutos desta fase, Rolando com o gol completamente desguarnecido, perde a melhor oportunidade de abrir a contagem a seu favor. Os gaúchos insistem perigosamente, mas os seus atacantes se precipitam e morrem suas avançadas nos mãos de Jurandyr, numa tarde feliz.
A partida prossegue monótona, terminando o período inicial sem que fosse aberta a contagem.
2º PERÍODO
Os visitantes voltam ao gramado possuídos de intenso entusiasmo e ao 3º minuto, Rolando, o hábil “insider” palestrino, depois de receber a pelota em magníficas condições de Moacyr, envia violento tiro à meta de Penha, sendo infrutífera a defesa deste. Estava assinalado o 1º ponto do Palestra. A partida daí, então, tornou-se gigantesca, procurando o Internacional empatar o prélio, mas Carnera e Begliomini, principalmente este, destroem as pretenções dos “pampeiros”. A seguir Luizinho serve Moacyr, que entra pelos zagueiros contrários e consegue burlar pela segunda vez a perícia de Penha, marcando aos 13 minutos o 2º tento paulista. Jurandyr é empenhado várias vezes e numa delas Salvador atira alto no ângulo e Jura com a ponta dos dedos escanteia magistralmente, sem resultado. Os gaúchos incitados pela torcida, põem em polvorosa a defesa palestrina, mas novamente Jurandyr, de um
forte tiro de Castillo, reverte novamente com a ponta dos dedos, sendo ovacionadíssimo pela assistência. Logo após, Moacyr consegue um tento, anulado pelo árbitro. Novamente Luizinho oferece um passe magistral ao mesmo Moacyr, que entrando firme pela zaga internacionalista deixa Penha sem defesa, marcando aos 25 minutos da fase final o 3º ponto do Palestra Itália.
Diante do resultado, os gaúchos procuram desmanchar a diferença, mas encontram em Tunga e Jurandyr os seus maiores entraves. Com o Internacional no ataque, termina o grande cotejo com a vitória merecida do Palestra Itália pela contagem final de 3 a 0.
OS QUADROS
PALESTRA
Jurandyr
Carnera — Begliomini
Tunga — Dula - Del Neto (Luciano)
Machina, Luizinho (cap.), Moacyr, Rolando, Mathias
INTERNACIONAL
Penha
Alpheu — Natal
Garnizé — Risada (cap.) — Levy
Artigas (Zanini), Mancuso, Salvador (Sylvio e depois Salvador), Castillo, Tom Mix.
Do Palestra salientaram-se Jurandyr, Tunga e Begliomini na defesa, tendo Del Nero jogado “pedrinhas” como se diz na gíria. Na linha atacante Moacyr e Luizinho brilharam, tendo Rolando na 1ª fase uma atuação apagada, bem como Mathias, melhorando na fase final. Machina é o mais fraco da vanguarda. Do Internacional o ponto forte foi Penha, Alpheu, Natal, Risada e Castillo, tendo os demais falhado lamentavelmente.
Fonte: O Estado (PR), 17/11/1936, ano 1936, n. 040, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/830275/486. Acesso em: 29 abr. 2025.
OS RUBROS NÃO SE REABILITARAM
Na revanche de anteontem o Palestra venceu
Os visitantes marcaram três tentos, obtendo nítido triunfo
PORMENORES
O Palestra Italia desobrigou-se anteontem, do seu terceiro compromisso nesta capital, enfrentando pela segunda vez o quadro do Internacional, campeão do turno no corrente ano e líder invicto da tabela no returno.
Esse embate, que foi disputado no Estádio das Timbaúvas, no
Caminho do Meio, correspondeu em parte a expectativa, pois o clube visitante desenvolveu, principalmente na segunda fase do jogo uma atuação que, se não foi brilhante, veio ao menos demonstrar suas possibilidades como um conjunto de primeira ordem capaz de desenvolver um jogo que satisfaça ao mais exigente amante do "association".
A luta, de que foi teatro o campo do clube da Carris, dividiu-se em duas fases bem distintas, na primeira, o jogo fol equilibrado e nenhum dos contendores conseguiu sobrepujar o outro, apesar do quadro local ter tido uma atuação mais eficiente, pondo constantemente em xeque o campo adverso, onde salienta-se desde logo, como astro de primeira grandeza o zagueiro Carnera que é, incontestavelmente, a coluna mestra do quadro palestrino.
Na fase final o quadro colorado desorganizou-se por completo, no passo que os visitantes, tendo a seu favor, o vento reinante, apresentaram um jogo mais técnico e mais produtivo do que lhes resultou a conquista de três gols feitos por Moacir e Rolando.
Foi nítida e merecida a vitória do quadro palestrino, que de jogo para jogo vem se firmando de modo a confirmar a fama de que vem precedido como um dos melhores conjuntos do País.
Seriam 16 e 30 horas quando entraram em campo os dois contendores que são muito aplaudidos pela assistência. A seguir, o juiz Capitão Otávio de Menezes Póvoa entra no gramado acompanhado de seus auxiliares, sendo, a seguir, sorteado o "toss".
Os locais escolhem o gol de baixo, com o vento e o sol a favor. O grande embate é então iniciado, obedecendo ao sinal do cronometrista professor Aurélio Py. Os primeiros lances são de indecisão.
O quadro local, apesar de não contar com o concurso do perigoso atacante Castillo, vem atuando bem e os seus dianteiros põem em perigo o gol contrário, obrigando, assim, a defesa palestrina a desenvolver grande esforço para evitar a queda de seu reduto. A linha dos caturritas carrega e Alfeu e Natal inutilizam os seus avanços. A partida prossegue monótona, não despertando interesse na assistência, que acompanha friamente as adversas fases do jogo. Os dois contendores tudo fazem para abrir a contagem, o que entretanto não conseguem. Assim transcorreram os primeiros 40 minutos de jogo, apesar do quadro colorado ter atuado melhor que o seu adversário, só não conseguindo marcar ponto devido a falta de arremate dos seus atacantes.
SEGUNDO TEMPO
Decorrido o descanso regulamentar, voltam ao campo os dois contendores. Com surpresa geral da torcida colorada Salvador e Mancuso, os dois elementos que vinham tendo melhor atuação no quinteto rubro, não voltam ao campo, sendo substituídos por Castillo e Zanini, ficando a linha dianteira dos colorados assim formada:
Zanini, Artigas, Acácio, Castillo e Tom Mix.
A torcida rubra reclama a presença daqueles dois atacantes. O jogo é reiniciado. Desde os primeiros momentos nota-se a desorganização do ataque colorado: ao passo que o conjunto visitante atua com mais harmonia e melhor conjunto.
Sao decorridos apenas dois minutos de jogo e o impetuoso centro palestrino Moacir, conseguindo desvencilhar-se de Risada, aproxima-se do gol de Penha e de longe, antes da linha perigosa, desfere violento e certeiro tiro de canto, iludindo, assim, a vigilância do arquieiro colorado, que nem se movimentou, pois a bola foi aninhar-se no fundo da rede.
Assim foi conquistado o primeiro gol do Palestra.
Esse feito foi muito aplaudido.
O quadro palestrino vai aos poucos tornando-se senhor absoluto do campo. Não restava mais dúvida sobre a vitória dos visitantes, tal era a superioridade que vinham demonstrando. Algumas incursões desorganizadas do ataque colorado eram desfeitas pels defesa palestrina, onde Carneta e Tunga brilhavam.
Continuam os rapazes de São Paulo a atacarem e aos doze minutos, ainda de longe, antes da linha perigosa, Rolando, agora no canto direito, repete o feito de Moacir e faz estremecer a rede colorada, ficando ainda, desta vez, Penha impassível. Estava marcado o segundo gol do Palestra.
Novos aplausos saúdam esse feito.
A torcida colorada volta a reclamar a presença de Salvador que é o animador do ataque Internacionalista, sendo atendida, pois o perigoso atacante entra, novamente, em campo em lugar de Acácio .
O jogo prossegue, porém, os locais nada conseguem, visto a defesa visitante estar atuando com segurança, anulando os avanços dos colorados que eram desarticulados.
Aos 32 minutos de jogo, cabe novamente a Moacir, depois de grande esforço, marcar o terceiro e último gol do Palestra.
Com mais algumas investidas, termina esse embate com a vitória do quadro palestrino pela significativa contagem de três a zero.
Os jogadores visitantes ao deixarem o gramado são muito aplaudidos.
Carnera, zagueiro visitante, foi a maior figura entre os vinte e dois jogadores em campo
Penha, esperança colorada, fracassou, sendo vazado com bolas fáceis
Jurandir — Sobre esse jogador já tempor conceito firmado como um dos melhores do País.
Carnera — É incontestavelmente o melhor jogador da defesa visitante e talvez o melhor zagueiro que tem atuado em nossos campos. É esse o maior e melhor elogio que se pode
fazer do técnico zagueiro palestrino.
Begliomini — Forma com Carnera uma boa parelha, apesar de ser muito inferior a este.
Tunga - É um ótimo médio, podendo ser nivelado aos melhores ocupantes dessa posição.
Dula - É um perfeito conhecedor da difícil posição de centro médio, apesar de, na jogada de anteontem, a sua atuação ter sido muito aquém da desenvolvida nos outros dois jogos.
Del Nero — Esse jogador não nos satisfez, apesar de ser apontado como a revelação palestrina do corrente ano.
Maquina — É ponto mais fraco do quinteto visitante, não forma requisitos para figurar em uma linha que conta com jogadores do valor de Luizinho, Moacir e Rolando.
Luizinho — É um dos elementos de mais destaque do ataque palestrino, é um atacante perigoso e possuidor de grandes recursos.
Moacir — Comanda com maestria o ataque, é muito trabalhador distribui bem o jogo e é um ótimo artilheiro.
Rolando — É um jogador de grandes recuros, formando com Luizinho e Moacir um trio respeitável.
Matias — Possui um chute violentíssimo, é muito veloz e centra bem.
Dos vencidos:
Penha — O arqueiro nº 1 do Estado estava anteontem, em um dos seus maus dias, pois, engoliu duas bolas de longe, que bem poderia ser defendidas. O guardião colorado fez anteontem
a sua pior jogada nas últimas tempos.
Natal — Jogou bem, porém, muito atrasado.
Alfeu — Esse jogador vem, cada vez mais, se firmando na posição de zagueiro, podendo ser equiparado aos nosos melhores ocupantes nessa posição.
Garnizé — Muito trabalhador e ativo, porém, descuida-se da marcação do ponta adversário.
Risada — Jogou bem e, não encontrando, apoio na linha atacanto era forçado a chutar para a frente perdendo boas bolas.
Levi — Foi o melhor dos médios colorados.
Artigas — Deslocado, pouco fez na ponta direita.
Zanini — O extrema direita, que vinha atuando no Cruzeiro com algum êxito, nada produziu, limitando-se somente a infrações.
Mancuso — Que só jogou no primeiro tempo conduziu-se bem e não sabemos qual o motivo pelo qual esse jogador foi subtituído.
Acácio — Tanto na meia esquerda como no centro nada fez, não é jogador para figarar em um quadro de classe como o do Internacional.
Castilho — Que só jogou o segundo tempo também nada produziu, talvez por estar doente, motivo pelo qual não figurou no primeiro tempo.
Tom Mix — Foi anteontem o ponto mais fraco do ataque rubro. Falhou por completo.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 17/11/1936, ano 1936, n. 230, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4725. Acesso em: 29 abr. 2025.