O glorioso Sport Club Rio Grande acaba de sagrar-se com grande brilhantismo, campeão do Rio Grande do Sul.
O veterano e tradicional clube rio-grandino, introdutor do másculo e eletrizante desporto bretão em nosso Estado, e glória legítima do desporto sul-riograndense, merece sobremaneira o honroso título que com tanta bravura conquistou.
Realmente, para alcançar o mais alto título do fútebol gaúcho, o intrépido esquadrão rio-grandino teve de empenhar-se em refregas duras e memoráveis, das quais, entretanto, pelo denodo de seus intérpretes, saiu sempre triunfante.
Inicialmente, venceu o campeonato da linda cidade do Atlântico, depois de bater-se com fortes e adestrados coirmãos que também aspiravam o título de campeão.
A seguir, sempre com a mesma galhardia, conquistou o campeonato de sua região e da zona do litoral, abatendo, entre outros adversários, em duas partidas da série "melhor das três", uma das quais em Pelotas, o valoroso Grêmio Atlético Regimento, que era o detentor do título de campeão estadual.
Após esta série de pelejas, os rio-grandinos vieram para PortoAlegre disputar as provas finais do importante certame.
De acordo com o carnet estabelecido pela Federação Rio Grandense de Desportos, coube-lhe enfrentar, em primeiro lugar, o forte e valente conjunto do Esporte Clube Novo Hamburgo, campeão do nordeste.
Os rio-grandinos desobrigaram-se com pleno êxito do primeiro compromisso, enriquecendo o seu cartel com mais uma significativa vitória.
Veio, então, a última e mais dura prova a que teria de submeter-se o campeão litorâneo para alcançar o título máximo, qual fosse discutido, pelo sistema da "melhor das três", com o valoroso Sport Club Internacional, campeão invicto da metrópole, da região e da zona e que se apresentara como o franco favorito do certame.
Na primeira batalha, que foi renhidíssima, o pavilhão rio-grandino tremulou vitorioso e o placar acusou a contagem de 3 x 2 a seu favor.
A luta travou-se de igual para igual e deixou claramente demonstrado que o título de campeão do Rio Grande do Sul se achava igualmente, equidistante dos dois bravos adversários, ambos portadores de magníficas credenciais de um passado glorioso.
Veio a segunda da "melhor das três", que o público desportivo aguardava com o mais vivo interesse. Ela seria decisiva.... Vitorioso o Rio Grande, o título ambicionado se deslocaria para nossa cidade marítima, triunfante os colorados, uma terceira contenda é que iria decidir o importante certame.
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Mas os bravos rio-grandinos, enfregando-se a luta com uma força de vontade e denodo notáveis, conseguiram suplantar, pela segunda vez, a galharda falange colorada, sagrando-se lisa e merecidamente campeões estaduais de 1936.
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A grande batalha deferiu-se na tarde de ontem, no confortável Estádio da Timbaúva, que apanhou uma numerosa assistência, apesar de tratar-se de um dia útil.
Todos desejavam presenciar o desfecho do importante certame.
Debaixo, pois, de grande expectativa, foi iniciado o encontro, que chega ao termo do primeiro tempo sem que o score seja aberto, embora o esforço dos dois valorosos antagonistas.
Os colorados mantiveram com mais assiduidade no ataque, obrigando a formidável defesa rio-grandina a manter-se sempre vigilante. Entretanto, nada conseguiram, tendo Tom Mix perdido duas oportunidades incríveis.
Os rio-grandinos também carregaram, mas não conseguiram passar da firme e eficiente parelha de zagueiros colorados, tendo Penha intervido mais uma vez.
Iniciado o segundo período, os colorados se mantém por 15 minutos em tenaz ofensiva, obrigando Munheco, Fruto e os demais elementos da defesa rio-grandina a um trabalho exaustivo.
Mas o Rio Grande resiste, com uma assombrosa bravura ao assédio dos "diabos rubros" para novamente atacarem.
E sempre cheios de entusiasmo, os "veteranos" não desanimam um só momento e empregam desesperado esforço para alcançar um novo triunfo frente aos rubros.
E o seu grande esforço foi finalmente coroado de êxito, pois aos 30 e aos 32 minutos do segundo tempo, o Rio Grande conquistou, por intermédio de Pesce e Souza, os dois tentos com os quais obteva uma memorável vitória e o honroso título de campeão do Rio Grande do Sul.
Se bem que todos os integrantes do intrépido esquadrão rio-grandino tenham cooperado com força de vontade, bravura e amor ao seu pavilhão, para a conquista de tão alto título, é de justiça que se destaque a atuação estupenda de Munheco, o grande arqueiro rio-grandino, que confirmou plenamente a fama de que veio precedido.
Fruto, o velho e consagrado zagueiro sulino, desempenhou em todos os três jogos do Rio Grande, um papel preponderante, tendo sido, sempre, uma barreira inexpugnável na frente da cidadela rio-grandina.
Cazuza e Sanguinha salvaram dois gols quase feitos.
Embora façamos estas referências, repetimos que todos agiram desembaraçadamente e contribuíram abnegadamente para a conquista do título honroso de campeão do Estado, fazendo jus, portanto, ao profundo reconhecimento da cidade de Rio Grande.
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Os colorados, como aliás vinha acontecendo desde a peleja com o Palestra, fizeram uma apresentação fraca e muito aquém de seu renome.
Principalmente a falta de entendimento e eficiência nos arremates da linha avante, não lhes permitiu a conquista da palavra da vitória.
Tiveram durante otranscurso da partida as melhores oportunidades para a marcação de tentos, porém, nada conseguiram.
É bem verdade que também faltou-lhes um pouquinho de "chance", entretanto, a sua atuação muito deixou a desejar.
As suas melhores figuras foram Alfeu e Natal, que constitui uma magnífica parelha de zagueiros, Zézé na linha média e Salvador, o dinâmico e esforçado atacante colorado, que teve em Mancuso um bom auxiliar.
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O triunfo dos rio-grandinos, como já frisamos, foi líquido e certo, traduzindo a força de vontade, a bravura e a eficiência dos integrantes de seu esquadrão, que, assim, tiveram o merecido prêmio.
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Findo o embate, o público presente invadiu o gramado carregando em triunfo os novos e valorosos campeões gaúchos, num ambiente de indescritível entusiasmo.
Aos gloriosos campeões do Rio Grande do Sul, a "A Federação" envia as suas mais efusivas saudações.
O JUIZ
Dirigiu o encontro de ontem o veterano desportista Demóstenes Silos, ex-integrante do scratch brasileiro e no momento entre nós e que agiu com critério, acerto e energia, tendo sido um excelente juiz.
OS QUADROS DEGLADIANTES
Rio Grande: — Munheco; Fruto e Cazuza: Juvêncio, Chinês e Sanguinha (depois Roberto); Ernestinho, Carruíra (depois Caringe), Souza, Marzol e Pesce.
Internacional: — Penha; Alfeu e Natal; Zezé, Risada e Levi (depois Garnizé); Artigas (depois Salvador), Mancuso, Sílvio e Tom Mix.
OS TENTOS RIO-GRANDINOS
Os dois tentos do valoroso Rio Grande foram conquistados ambos no 2º tempo.
O primeiro foi alcançado por Pesce, após uma scrimage na frente do arco colorado, aos 30 minutos do 2º tempo.
O segundo gol foi marcado por Souza, dois minutos após o primeiro.
Penha abandona o seu posto para tentar defender, mas o ágil centroavante rio-grandino alcança primeiro a pelota e a envia para o fundo da rede.
MOVIMENTO TÉCNICO
Rio Grande
| Defesas de Munheco |
7 |
10 |
17 |
| Intervenções |
3 |
5 |
8 |
| Hands |
3 |
2 |
5 |
| Corners |
5 |
5 |
10 |
| Off-sides |
1 |
4 |
5 |
| Pênaltis |
0 |
0 |
0 |
| Gols |
0 |
2 |
2 |
Internacional
| Defesas de Penha |
0 |
4 |
4 |
| Intervenções |
1 |
1 |
2 |
| Fours |
1 |
6 |
7 |
| Hands |
3 |
3 |
6 |
| Corners |
0 |
0 |
0 |
| Off-sides |
1 |
0 |
1 |
| Pênaltis |
0 |
0 |
0 |
| Gols |
0 |
0 |
0 |
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