O TIME DE GAINETE PODE GANHAR HOJE O SEU PRIMEIRO TÍTULO DE 78
O Internacional vai entrar em campo esta noite, no estádio Sausalito, em Vina Del Mar, tentando conquistar o primeiro título de 1978. E em campo, mais uma vez, a nova filosofia de jogo do técnico Carios Gainete. Uma filosofia que poucas novidades apresenta, a não ser a tão divulgada “nova realidade” colorada: O Inter retrancado, procurando primeiro não tomar gol, para depois chegar a vitória. Uma tese muito discutível na prática, principalmente depois que o próprio Inter a desmentiu, quando chegou a vitória sobre o Colo Colo, no último sábado, depois de ter sofrido o primeiro gol. Isso obrigou a equipe a ir para frente, jogando um futebol ofensivo, com uma marcação por pressão no campo do adversário, não muito diferente do Inter vencedor de outros anos.
A grande diferença deste para o time que conquistou o bicampeonato brasileiro é que agora se está começando um trabalho novo, em busca de uma afirmação perdida durante a temporada passada, quando o Inter foi derrotado não só por seus adversários, mas por sua teimosia em não encarar os principais problemas.
E é mais ou menos isto o que vem sendo feito agora, a nova realidade de que fala Gainete. Em campo, já se pode assistir aqui em Viña Del Mar, o sucesso das idéias de Gainete: O Inter foi, contra o Colo Colo, um time guerreiro, corajoso, não se entregando nunca e a vitória acabou sendo um resultado natural para um trabalho bem executado.
Essa noite, o desafio se repete: o campo é o mesmo, a iluminação é precária, os fotógrafos vão continuar dando flashs no rosto de Gasperin, o adversário é mais forte. Só que, desta vez, o Inter tem uma grande vantagem com relação àquele que entrou em campo no último sábado: é um time mais confiante, graças ao sucesso das novas teses de Gainete.
Fonte: Zero Hora (RS), 14/02/1978, p. 38.
TORNEIO VIÑA DEL MAR 1978 - EVERTON-CHI 0 X 1 INTERNACIONAL
Data: 14/02/1978
Local: Sausalito - Viña del Mar (CHI)
Público: 11.013
Renda: US$ 16.000,00
Juiz: Juan Silvagno (CHI), auxiliado por Jorge Rivero (CHI) e Raul Donasso (CHI).
Expulsões: Luizinho Lemos, Gasperin e Beliato (I).
Gol: Luizinho Lemos 6’/1 (I).
EVERTON-CHI: Leyes; Zuñiga, Azócar, Díaze Sorace; Martínez (Salinas), Lara (López) e Ahumada; Gonzáles (Caceres), Gallina (Durso) e Ceballos.Técnico: Pedro Morales.
INTERNACIONAL: Gasperin (Schneider); Lúcio, Carlão, Beliato e Dionísio; Batista, Jair e Vasconcelos; Valdomiro, Luizinho Lemos e Santos (Alcione). Técnico: Gainete.
Obs: apesar do juiz, o Internacional conseguiu ser campeão, mesmo com três jogadores expulsos e a pressão dos carabineiros, da temida polícia do Chile, então governado pelo ditador Augusto Pinochet. O goleiro Gasperin defendeu um pênalti na segunda etapa. A equipe colorada teve que se segurar com oito jogadores com impressionantes 11 minutos de acréscimo.
PRIMEIRO TÍTULO DO ANO FOI GANHO COM GARRA
Não foi nada fácil o Inter conseguir seu primeiro título na temporada de 78. Venceu o Everton de 1 a 0, gol de Luisinho no primeiro tempo e acabou o jogo com oito jogadores. O centroavante foi expulso por reclamação (mais tarde Gasperin e Bellato também) e o juiz Juan Silvagno deu onze minutos de descontos, o que transformou o final numa disputa dramática para o time gaúcho. No próximo sábado jogam Everton e Colo Colo, mas o jogo não tem mais valor. O Inter foi o campeão do torneio de Viña Del Mar.
O Inter entrou dez minutos atrasado para iniciar sua segunda partida no Chile, ontem à noite no Estádio Sausalito, em Viña del Mar. A torcida que já era adversa vaiou muito o clube gaúcho, como se estivesse prevendo a desagradável surpresa logo aos 5 minutos e 30 segundos de jogo: Luisinho, que havia dado o toque inicial da partida, completou com sucesso uma cruzada forte, a meia altura, de Valdomiro deixando o goleiro Leyes sem possibilidade de defesa e a lamentar o fato de ter que buscar a bola no fundo das redes.
O centroavante conseguiu quebrar o jejum que mantinha desde o dia 23 de outubro e marcou seu quarto gol com a camiseta do Inter vinte e cinco partidas disputadas. O time de Gainete começou não apresentando nada de novo. Mesmo com a nova filosofia do treinador, culdando antes de não levar para depois procurar marcar, tinha suas principais virtudes nos cruzamentos de Valdomiro e nos chutes de Jair de fora da área, como aconteceu um minuto após ao gol, com o número oito quase ampliando o escore.
O time gaúcho, em vantagem no marcador logo ao início de partida, preocupou-se ainda mais em se defender e possibilitou o domínio do Everton durante quase todo o primeiro tempo. Eram poucas as escapadas do ataque vermelho, e quando ocorriam eram desperdiçadas por Luisinho e Santos, jogadores sem objetividade.
O Everton teve boas oportunidades para empatar na primeira etapa, como num cruzamento do ponteiro esquerdo Ceballos, aos 30 minutos. Gasperin passou-se da bola e o centroavante Galina completou pela linha de fundo. Segurando o jogo, o Inter conseguiu terminar o primeiro tempo com a vantagem de 1 x 0.
Na segunda etapa os times voltaram modificados. No Inter, Alcione substituiu a Santos, no Everton Salinas entrou no lugar de Martinez e Lopes no de Lara. O panorama da partida continuou praticamente o mesmo dos primeiros 45 minutos. A torcida do Everton teve três oportunidades de vibrar neste período. Aos 15 minutos, Ceballos mandou a bola para as redes de Gasperin, mas o juiz anulou o gol, marcando a saída de bola na cruzada de Gonzales.
O mesmo Ceballos voltaria a motivar a torcida aos 27 minutos num cruzamento que foi cair pelo lado de fora do gol de Gasperin, dando a impressão do empate. Aos 33 minutos o Inter passou pela situação mais crítica da partida. O árbitro Juan Silvagno assinalou um pênalti de Carlão, que interceptou com a mão um lançamento da ponta direita. Os jogadores do Inter reclamaram muito e Luisinho foi expuiso no lance. Depois de quase 5 minutos de interrupção Salinas bateu a faita máxima. Fez com imperfeição, permitindo a Gasperin defender e garantir a vitória do time de Gainete e a conquista do primeiro título de 78.
Mas a situação se complicou. Gasperin que já recebera um cartão amareio, foi expuiso no último minuto da partida, juntamente com Beliato. A confusão foi enorme, todos pensaram que a partida havia terminado, mas Juan Silvagno prorrogou o jogo por mais 11 minutos, que para o Inter representou uma batalha heróica para manter a vitória.
Fonte: Zero Hora (RS), 15/02/1978, p. 38.