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07/07/1940 - Citadino 1940 - 2º turno - Internacional 2 x 5 Grêmio

VIRGÍLIO FEDRIGHI, árbitro carioca, acaba de receber telegrama do Rio Grande do Sul, determinando seu embarque para dirigir a Escola de Juízes.
Fonte: A Tribuna (RS), n. 074, 20 jun. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_02/2582. Acesso em: 10 jun. 2025.

OS COLORADOS PREPARAM-SE PARA O CLÁSSICO DE DOMINGO PRÓXIMO
Nota: O texto da matéria se encontra quase todo ilegível no arquivo digitalizado da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 111, 02 jul. 1940, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1822. Acesso em: 10 jun. 2025.

FEDRIGHI ATUARÁ OS PRINCIPAIS ENCONTROS
PORTO ALEGRE, 3 (Serviço especial de A NOITE) — O árbitro carioca Sr. Virgílio Fedrighi, segundo ficou resolvido, dirigirá os principais encontros do campeonato gaúcho.
Fonte: A Noite (RJ), n. 10198, 02 jun. 1940, p. 15. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/348970_04/3279. Acesso em: 10 jun. 2025.

VAI PASSANDO A "SEMANA DO SACRIFÍCIO"...
Entre tricolores e rubros redobram os preparativos para o "clássico nº 1 da cidade, domingo próximo
ANSIEDADE
A expectativa vai ganhando corpo, assumindo proporções gigantescas. Todos fazem os seus prognósticos, antecipando a grande peleja clássica de domingo na "Chácara dos Eucaliptos", onde se ferirá o Grenal.
A inquietação é geral, marchando paralela ao interesse e intenso desejo para que chegue o dia do magno espetáculo.
A própria situação europeia vai ceder um pouco e dar lugar aos comentários futebolísticos. Os círculos desportivos não abandonam o passatempo predileto, a sua grande distração: o futebol.
Quarta-feira. Faltam quatro dias para o cotejo das emoções. Internacional e Grêmio sabem da enorme responsabilidade que pesa sobre os ombros, desde que o encontro se intitula "clássico numero um", é preciso justificar a fama e apresentar os jogadores em ótima forma física, técnica e tática.
Os ensaios se sucederão. O ambiente se equivale nos dois clubes.
O AMBIENTE COLORADO
O Internacional, dono do melhor "cartaz" da cidade, pretende prosseguir na marcha vitoriosa. Líder e invicto, no presente certame, lutará com forças centuplicadas para vencer outro sério obstáculo aos seus desígnios. Com oito pontos na tabela, a três do segundo colocado, os colorados não ignoram que mais um triunfo significa o maior passo para a conquista definitiva do almejado título de campeão, há três anos consecutivos em poder de seu adversario de domingo próximo.
Carlos Dilorenzi e Orlando Cavedini olham atentamente o estado dos pupilos. Afirma-se que os "diabos rubros" ainda sofrem do Intercruz, que deixou 4 ou 5 jogadores afastados dos treinamentos de conjunto, conforme nos afirmou ontem Carlos Dilorenzi. "Ainda não pude realizar um treino com todos os titulares". Afirmou o "coach" dos Eucaliptos.
O PANORAMA TRICOLOR
Há invulgar animação dos arraiais da "baixada". A recente excursão encheu de tristeza a torcida tricolor, que amargou com dois revezes e um único triunfo sobre uma equipe sem maior prestígio no cenário do futebol curitibano. Nota-se a necessidade de uma reabilitação, não só dos dois revezes sofridos fora do Estado, como do último fracasso imposto pelo Grêmio Sportivo Força e Luz, na véspera da excursão.
Qual o técnico que se imporá ante a torcida?
Aguardamos o domingo, que dará o veredito irretorquível.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 112, 03 jul. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1833. Acesso em: 10 jun. 2025.

MAIS UM DIA QUE PASSOU!...
E três faltam passar para que finde a “semana do sofrimento” e saber-se qual o vencedor: Grêmio ou Internacional
ESTREIA DE FEDRIGHI
Passou mais um dia da "semana dos sofrimentos". Quinta-feira. Daqui a três dias teremos o espetáculo-máximo da torcida citadina. As dependências da rua Silveiro serão pequenas para comportar a verdadeira avalanche humana que pretende assistir segundo por segundo dos 90 minutos a serem proporcionados pelo GRE-NAL.
Tudo vem sendo carinhosamente preparado para o domingo. Hoje, os dois quadros farão ligeiros ensaios individuais. O Internacional treinará, pela vez derradeira, amanhã, quando espera estar com todos os titulares em condições. Alfeu, que acamara, se levantou ontem. A impressão dominante é que se pretende criar uma atmosfera propícia para um revés tantas são as reclamações decorrentes do Intercruz...
Russinho, depois que recebeu o ferimento na cabeça, ao se chocar com Espir, terá receio de cabecear com a mesma segurança e precisão, dizem os colorados ferrenhos.
Assim continua ressentido — adiantam outros — e não poderá produzir no mesmo nível anterior. Estas e outras desculpas são ouvidas nos cafés. Entretanto, a opinião geral da família colorada é que o título de líder-invicto se conservará intacto.
O "estribilho" da "baixada": O Grêmio ganha nos grandes momentos. Sempre foi e será assim... Para bem de todos, temos de vencer, caso contrário o campeonato perderá a graça e as rendas se irão água abaixo...
Mas, o grande público não acredita nos pretextos e "choro" dos contendores, sabendo que eles darão todas as energias em prol da vitória. Ninguém se aterá aos pormenores, antes do prélio-emoção, depois sim.
CADEIRAS NUMERADAS
A direcão dos colorados resolveu colocar quatro centenas de cadeiras numeradas, dentro da pista de atletismo, dando maior comodidade ao público, à razão de 10$000 cada uma. O pavilhão para o Grenal custará 5$000. Geral: 4$000.
VIRGÍLIO FEDRIGHI FARÁ SUA ESTREIA
O árbitro carioca, a ser contratado pela AMGEA, fará sua estreia no Grenal, o que constitui mais uma atração, domingo, no bairro do Menino Deus.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 113, 04 jul. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1847. Acesso em: 10 jun. 2025.

RUBROS E TRICOLORES ESTÃO NOS ÚLTIMOS RETOQUES DAS EQUIPES
Telêmaco Frazão de Lima e Carlos Dilorenzi vigiam os craques — Não jogará o zagueiro Alfeu?
O GRENAL monopoliza a atenção da cidade. Os bastidores estão empolgados. Os desportistas comentam a grande peleja e aguardam com indisfarçável ansiedade o domingo. Os rumores em torno dos jogadores interessam, sobremaneira, despertando curiosidade redobrada. Os fãs querem saber o estado dos jogadores e a constituição dos quadros.
Em nossa edição de ontem, focalizamos algumas observações e a voz geral dos "apaixonados". Enquanto os colorados, inclusive os paredros, mostram, ao menos publicamente e ao proprio repórter, receio e inquietação quanto às possibilidades de Alfeu, Assis e Russinho, os tricolores demonstram confiança e vontade férrea de vencer, invocando até o "bem geral do futebol"...
O panorama, ainda hoje, não difere do de ontem. Os internacionalistas concentram-se em torno dos mentores, indagando da saúde deste ou daquele.
"Alfeu não jogará", sussurra um "enragé", acrescentando: "Ele mesmo declarou aqui no café que recém se levantou e nem treinou". Outro, mais informado, redargue: "Qual nada, o dr. Gildo afiançou que fez todos os movimentos com o tornozelo e que está em condições de atuar".
É muito comum este ambiente, nas vésperas dos cotejos sensacionais. No dia da partida o quadro se apresenta com todos os titulares. É o que se espera com os "diabos rubros", depois de amanhã.
Assim se escoam os dias da "semana do sofrimento".
O Grêmio, pela voz de seus dirigentes supremos, denota invulgar confiança para o "clássico" de domingo. A situação moral dos tricampeões da cidade assume contornos seríssimos. Para prestígio e confirmação de um longo passado de glórias, os tricolores se encontram na obrigação de vencer, não só para poderem aspirar o título máximo, como para Telêmaco Frazão de Lima continuar a ostentar sua fama de preparador e técnico. Carlos Dilorenal surge como um verdadeiro rival.
Telêmaco, calmo, tranquilo e cheio de esperança, teve que interromper a palestra que mantinha com próceres da "baixada" para nos atender.
— Que há com dario, professor?
— Ele anda dizendo que não está em condições e que não pode jogar. Eu só afianço uma coisa: hoje tem treino, se não treinar, não jogará! Pouco me importa que esteja em jogo um campeonato. A própria vida do clube poderia estar em xeque, mas em matéria de disciplina, sou intransigente. O Mario Pereira tem treinado com afinco e vem agradando. É bem possível que Mario forme ao lado de Luiz Luz.
— Qual será o time?
— Apresentarei o mesmo conjunto, Edmundo — Dario ou Mario — Luiz — André — Noronha — Laxixa — Mesquita — Vanário — Bazílio — Fogo e Duarte.
— E o juiz?
— Mas, há ainda dúvidas sobre a arbitragem? Creio que não. Aceito o Virgílio Fedrighi prazerosamente. Sou da opinião que ele deve ser o único árbitro de acordo com o que tem sido ventilado. Matamos de vez a tão debatida questão. Palestrei com o "referee" carioca e estou convencido de que conhece profundamente as regras do futebol, além de ter sido testemunha de suas boas atuações.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 114, 05 jul. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1857. Acesso em: 10 jun. 2025.

GRÊMIO E INTERNACIONAL NUM GRANDE JOGO, DOMINGO, EM PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE, 4 (A. N.) — O mundo esportivo local aguarda com vivo interesse o clássico "great", que corresponde, com todas as suas características, ao Fla-Flu carioca. Os encontros entre o Grêmio e o Internacional, em todos os tempos, constituem sempre uma atracção sem similar, em qualquer outra competicão esportiva nesta capital. São dois velhos rivais, que revezam os seus triunfos, conquistados sempre através de ingentes esforços. O jogo de domingo constitui uma "revanche" que o Gremio pretende tirar do seu adversário, que o derrotou no turno, pelo escore de 3 a 2. O Internacional, por sua vez, quererá confirmar o seu triunfo sobre os tricolores, mantendo assim o título de invicto, que ostenta na presente temporada. Arbitrará o importante encontro de domingo o conhecido árbitro carioca Virgílio Fedrighi, ora nesta capital.
Fonte: A Tribuna (RS), n. 088, 05 jul. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_02/2808. Acesso em: 10 jun. 2025.

AS ZAGAS DO GRE-NAL CONTINUAM A PREOCUPAR: DARIO NÃO JOGARÁ E ALFEU ESTÁ EM FORMA
Às vésperas do grande encontro, mostram-se reservados os técnicos — Fedrighi apitará
Nota: O texto da matéria se encontra quase todo ilegível no arquivo digitalizado da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 115, 06 jul. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1867. Acesso em: 10 jun. 2025.

INTERNACIONAL X GRÊMIO
NÃO ESTÁ ASSEGURADA A INCLUSÃO DE ALFEU NO "CLÁSSICO Nº 1" DO FUTEBOL DA CIDADE
Ordem de “silêncio absoluto” nas hostes rubras, antes do encontro — Tomados de superstição os jogadores — Telêmaco também se recusou a escrever ou a falar
Nota: O texto da matéria se encontra quase todo ilegível no arquivo digitalizado da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 116, 07 jul. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1883. Acesso em: 10 jun. 2026.

CITADINO 1940 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 2 X 5 GRÊMIO
Data: 07/07/1940 
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS) 
Renda: 26:250$000 
Juiz: Virgílio Fedrighi 
Gols: Foguinho 5’/1 (G); Marques 22’/1 (I); Duarte 42’/1 (G); Cézar Basílio 6’/2 (G); Cézar Basílio 13’/2 (G); Duarte 21’/2 (G); Marques 41’/2 (I). 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Orlando Cavedini. 
GRÊMIO: Edmundo; Mário e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Vanário, Cézar Basílio, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

"O valente quadro colorado, líder invicto da cidade no
corrente ano, que disputará domingo uma partida, quase
que decisiva contra o seu tradicional rival, o Grêmio Porto
Alegrense, que vai ao campo em busca de uma "revanche"
da derrota que lhe infligiu o clube colorado no jogo do 1º
turno, por 3x2, vendo-se, da esquerda para a direita,
Marques, Pedrinho, Assis, Tesourinha, Russinho, Risada,
Alfeu, Júlio, Carlitos, Magno e Rui".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"Virgilio Fedrighi, que fez sua estreia".
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
"Fase do jogo. Vanário aproximou-se do arco. Júlio,
arqueiro do Internacional, foi ao seu encontro e Vanario
chutou, mas a bola vai fora".
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
"A fisionomia de Júlio exprime o seu susto. Foi deveras
perigoso o arremesso do 'velho', Fogo, em uma das suas
esplêndidas tardes. Cezar, Risada e Alfeu mais ao fundo,
observam, com sensações diferentes, a pelota fugir...
raspando a trave...".
Fonte: Sport Illustrado (RJ).

REABILITOU-SE O GRÊMIO VENCENDO ESMAGADORAMENTE O INTERNACIONAL
O placar encerrou com a contagem insofismável de 5x2 — Magno, contundido, não atuou no segundo tempo — Com dez homens, os rubros não resistiram à coesão dos tricampeões — Foguinho foi o “cérebro e ação” da vitória
GRÊMIO: 5
Gols de Fogo (5), Duarte (42), Bazílio (50 e 55) e Duarte (66).
INTERNACIONAL: 2
Gols de Marques (21 e 82).
OS QUADROS: GRÊMIO
Edmundo — Mario — Luiz — André — Noronha — Laxixa — Mesquita — Vanário — Bazílio — Fogo e Duarte.
INTERNACIONAL
Júlio — Alfeu — Risada — Assis — Magno — Pedro — Tesoura — Russo — Marques — Rui e Carlitos.
Árbitro: Virgílio Fedrighi.
2ºs quadros:
Internacional: 3
Grêmio: 0
Árbitro: Aparício Viana e Silva.
Renda: 26:250$000
O ambiente estava mesmo preparado para a derrota do líder-invicto do campeonato citadino de futebol. Pelas declarações dos principais responsáveis pelo "rolo compressor", notava-se uma inquietação velada, um acentuado pressentimento. De fato as condições físicas dos colorados não corresponderam. Não queremos com isso, nem de leve, desmerecer o retumbante e justíssimo êxito do tricampeão da cidade, que se jogou inteiro no "clássico". Desde os minutos iniciais, os tricolores se impuseram, demonstrando vontade férrea em vencer, como de fato venceram de modo insofismável. O esquadrão de Carlos Dilorenzi não demonstrou o mesmo nível de produção. A defesa num dia infeliz culminando as falhas na zaga. Júlio agravou a situação, dominado por verdadeiras crises de nervos. O desempenho da intermediária local também não correspondeu. Os gremistas, coesos, voluntariosos, agiam numa verdadeira sincronização. Todos se moviam com o mesmo objetivo. A ofensiva chegou a assombrar, em face de suas atuações anteriores. A etapa complementar decretou o debacle dos rubros, ante a deserção de Félix Magno, contundido num choque com Vanário. Com dez homens, o vanguardeiro do campeonato não resistiu ao "train" tricolor e foi amplamente dominado.
O espetáculo decorreu dentro da máxima disciplina, muito bem controlado pelo árbitro carioca Virgílio Fedrighi, que teve um desempenho corretíssimo. Um árbitro de mão cheia. Justificou o "apito de ouro". Na equipe secundária, o Internacional venceu. Foi expulso o médio gremista Válter por ação violenta. Na segunda etapa, o Grêmio perdeu outro homem por contusão, jogando, então, com 9 homens.
TRABALHOU BASTANTE A TORCIDA
Flâmulas, cartazes e Vicente Rao na regência... O Grêmio também desabafou pedindo "mais
um"...
O Departamento de Cooperação e Propaganda do Internacional não teve seus esforços compensados. A tenaz campanha de arregimentação, as flâmulas, os cartazes, a "sincronização", nenhum efeito ou estímulo trouxe ao escore do Grenal.
O "bolido da baixada" nada respeitou. A torcida tricolor tambem desabafou. A reabilitação foi ampla. O primeiro período entravou um pouco a expansão dos adeptos tricolores, que só puderam extravasar os "recalques" no 42º minuto, quando Duarte fez um golo estilo "câmera lenta".
A "torcida sincronizada" de Vicente Rao incitou os jogadores rubros, demonstrando ter compreendido a sua finalidade.
Mas o entusiasmo cedo arrefeceu. Um pressentimento mau invadiu as hostes coloradas, ante a ação superior dos vistantes dominadores absolutos da situação, a partir do 25º minuto.
Os tricolores, então, passaram a usar as frases coloradas "Júlio! Júlio! Mais um"...
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 117, 08 jul. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1892. Acesso em: 10 jun. 2025.

O FOOT-BALL NO RIO GRANDE DO SUL
GRÊMIO X INTERNACIONAL
NO ESTÁDIO DOS EUCALIPTOS
Em prosseguimento ao 2º turno de seu campeonato, a A. M. G. E. A. fez disputar o "clássico dos clássicos" entre os tradicionais rivais Grêmio e Internacional. Ao Estádio dos Eucaliptos compareceu um grande público, ávido por uma partida sensacional, como, aliás, são todas as que disputam os velhos rivais. E este público não saiu logrado, pois a partida foi boa, apesar do domínio do Grêmio sobre seu adversário.
Gremio — Excelente foi a sua performance. Ajustado em todos os setores, principalmente no intermediário, onde pontificam as figuras insubstituíveis de Noronha e Laxixa, o Grêmio não teve dificuldades em abater os colorados. Noronha e o meia Foguinho foram as maiores figuras em campo. Muito calmo, exímio controlador do jogo baixo e insuperável no jogo alto, o jovem centro-médio tricampeão repetiu as jogadas que o consagraram como um dos melhores do Brasil em sua posição. Foguinho, o grande e infatigável animador do ataque tricolor, teve uma soberba atuação. Os demais da linha estiveram ótimos, principalmente Bazílio e Duarte, os goleadores. Na zaga Luiz Luz mais técnico e calmo que Mario, o qual, apesar de vir da equipe secundária, atuou muito bem. Edmundo no arco esteve impecável.
Internacional — IrreconhecÍvel o até então lÍder invicto do campeonato. Falho na zaga, falho na intermediária, medíocre no ataque, o Internacional decepcionou a seus fãs. Apenas um ou outro elemento destacou-se. Assim, Marques reabilitou-se plenamente de suas atuações. Seguiram-lhe em ordem Pedrinho, Tesourinha e Risada. Alfeu esteve nulo, pois entrou no campo lesionado. E com a saída de Magno, o Internacional ficou apenas com 10 homens, entregando-se então completamente.
O JUIZ
Como juiz contratado pola A. M. G. E. A. fez sua estreia o consagrado árbitro sul-americano Virgílio Fedrighi. Sua atuação precisa, enérgica e, acima de tudo, honesta, agradou a todos.
OS GOLS
1º — Grêmio (Foguinho). Aos 5 minutos. Recebendo de Mesquita, Foguinho fechou sobre o arco e a poucos passos fulminou: 1x0.
2º — Internacional (Marques). Aos 22 minutos. Um ótimo passe de Russinho foi aproveitado por Marques, que num violento chute fez estremecer as redes de Edmundo, no ângulo superior esquerdo.
3º — Grêmio (Duarte). Aos 42 minutos. Mesquita centra rasteiro. A bola cruza pela frente do arco e encontra Duarte, que entra com bola e tudo. 2x1. Assim finda o 1º tempo.
4º — Gremio (Bazílio). Aos 6 minutos do 2º tempo. Aproveitando ótima centrada de Duarte e sem ser incomodado, Bazílio assinala o 3º ponto para os seus.
5º — Grêmio (Bazílio). Aos 13 minutos. Desce Vanário com a bola e já dentro da área entrega a Bazílio. Este vira rapidamente vencendo Júlio.
6º — Grêmio (Duarte). Aos 21 minutos. Foguinho, após uma série de fintas entrega otimamente a Duarte que desfere o canhonaço: 5x1.
7º — Internacional (Marques). Aos 41 minutos. O público já se retirava quando Marques encerrou a contagem, com vigoroso golpe de cabeça.
OS QUADROS
Grêmio — Edmundo; Mario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Vanário, Bazílio, Foguinho e Duarte.
Internacional — Júlio; Alfeu e Risada; Assis, Magno e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy e Carlitos.
Renda — 26:250$000.
Juiz — Virgilio Fedrighi — Ótimo.
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 122, 08 ago. 1940, p. 22. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/4308. Acesso em: 10 jun. 2025.

28/04/1940 - Citadino 1940 - 1º turno - Grêmio 2 x 3 Internacional

ADVERSÁRIOS HÁ TRÊS DECÊNIOS
Pela primeira vez este ano, Grêmio e Internacional defenderão suas tradições
FRANCISCO AZEVEDO, DE PELOTAS, DIRIGIRÁ O “CLÁSSICO GRENAL” NO CAMPO DA “BAIXADA”
Horário: Segundos quadros, 14 horas; primeiros quadros, 16 horas; preços: cadeiras, 10$; gerais, 5$000; meia entrada, 3$000
COMO FORMARÃO AS EQUIPES
GRÊMIO:
Edmundo
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Dentro de poucas horas o público apreciador dos grandes espetáculos estará em massa na "baixada", para acompanhar os 90 minutos do Grenal.
Tudo foi previsto pelos mandatários do Internacional e do Grêmio, respectivamente Hoche de Almeida Barros e Telêmaco Frazão de Lima. Uma série de providências foram tomadas, visando boas acomodações, ordem e disciplina no "fortim", onde os "leões do soccer citadino" farão a torcida fremir, na tarde de hoje.
A CHEGADA DE FRANCISCO AZEVEDO
O desportista Francisco Azevedo viajou ontem pela Varig, chegando ao aeródromo de São João às 17,30 horas, tendo concorrida recepção.
"Chico" integrou por muitos anos o esquadrão principal do Esporte Clube Pelotas e é considerado como um dos bons árbitros pelotenses. Já esteve nesta capital, controlando com rara felicidade um "Grenal". Fizemos votos que reproduza sua atuação anterior, emprestando maior brilhantismo ao "clássico" da metrópole.
OS PREÇOS DAS ENTRADAS E HORÁRIO
Trezentas cadeiras numeradas, dentro da cancha, serão vendidas ao preço individual de 10$000; as gerais custarão 5$ e meias entradas: 3$000.
A preliminar terá inicio às 14 horas, e o jogo principal às 16.
Árbitro: Francisco Azevedo e Aparício Viana e Silva para os quadros principais e secundários, Campo do Grêmio, "baixada".
NOTA DO GRÊMIO
Para o grandioso encontro de hoje contra o Internacional, a diretoria do Grêmio F. C. Porto Alegrense tomou as seguintes deliberações:
Direção geral: — Telêmaco Frazão de Lima;
Representante junto às altas autoridades — Aneron C. de Oliveira;
Junto à imprensa: Newton Carlos Degrazia;
Direção geral dos portões: Armando Ciaglia, tesoureiro geral, auxiliado por Ramiro Bernd, 2º Tes.
Comissão dos portões: Portão Central — Destinado exclusivamente aos srs. sócios: — Armando Ciaglia e Ramiro Bernd;
Portão da rua Mostardeiro: — Somente para entradas gerais e meias entradas: — Cecílio Gomes e Joaquim Rodrigues de Almeida;
Portão do Tiro Alemão: — Jogadores do Internacional e entradas pagas — Frederico Link Ferreira e Mario Issler;
Portão da rua Dona Laura — Cadernetas e ingressos — Augusto Teixeira e Romeu Santos; 
Encarregados da arquibancada coberta, destinada aos srs. sócios titulares, beneméritos e remidos: José da Sila Martins e Nestor Borges de Lima.
Aos srs. sócios será exigido o recibo nº 3-4.
Solicita-se aos srs. sócios a fineza de não se fazerem acompanhar por pessoas estranhas à sua família.
Preços: Cadeiras numeradas 10$000 — Entrada geral 5$000 — meia entrada (senhoras, menores e militares sem graduação) 3$.
A direção técnica chama os seguintes players:
Às 13 horas em ponto: Benjamin — Jairo — Ismart — Mario — Adalberto — Válter — Tonely — José — Polentão — Francisco — Zanini — Mônaco — Arísio — Soelci — Portilo — Helmuthe — Zeca e Proteu.
Às 14 horas: Edmundo — Ferreira — Luiz — Dario — André — Laxixa — Mesquita — Rubi — Cezar 1º — Vanário — Fogo — Duarte — Cezar 2º e Noronha.
Todos os portões serão fiscalizados e controlados pelos representantes do S. C. Internacional.
Chama-se a atenção que não há entrada de favor, sendo, consequentemente, inútil insistir em pedidos desta natureza.
A CONVOCAÇÃO DO INTERNACIONAL
"Para o confronto de hoje com o coirmão Grêmio F. B. P. A. foram escalados os seguintes jogadores, que devem estar no Estádio dos Eucaliptos no horário marcado:
1º QUADRO — às 14,30 horas: — Júlio — Marcelo — Alfeu — Risada — Pedrinho — Magno — Nenê — Carlitos — Rui — Marques — Russinho — Tesourinha e Toreli.
2º QUADRO — às 12,30 horas: — Tedesco — Viafore — Álvaro — Clóvis — Levin — Nenê — Rubim — Jorge — Otávio — Rui Barbosa — Arnaldo — Cebinho — Mario — Olmiro — Ari — Moacir, a fim de se fardarem e seguirem para o campo, onde se ferirá o match.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 050, 28 abr. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1194. Acesso em: 04 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 1º TURNO - GRÊMIO 2 X 3 INTERNACIONAL
Data: 28/04/1940
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Renda: 23:950$000
Juiz: Francisco Azevedo
Gols: Ruy Motorzinho 8’/1 (I); Cezar 35’/1 (G); Cezar 2’/2 (G); Russinho ?’/2 (I); Carlitos ?’/2 (I);
GRÊMIO: Edmundo (Enobar); Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Rubi, Cezar, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Júlio; Alfeu e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrino; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Rui Azevedo de Souza.

À esquerda, Luiz Luz e Telêmaco Frazão de Lima;
ao centro, o árbitro pelotense Francisco Azevedo;
à direita, Hoche Almeida de Barros e Russinho.
Fonte: Futebol Gaúcho
Foto colorizada por Perci de Pieri.
Fonte: História do Sport Club Internacional
Carlitos, Russinho, Marques, Felix Magno, Tesourinha, Ruy Motorzinho,
Assis, Pedrinho, Risada, Júlio Petersen e Alfeu.
Fonte: 1909 em cores
Defesa de Júlio Petersen.
Fonte: 1909 em Cores

Os "Diabos-Rubros" vencedores do 1º clássico de 1940
COM MAIS DECISÃO NAS JOGADAS FINAIS, O INTERNACIONAL PÔDE SUBJUGAR O GRÊMIO
Mesmo com uma excelente intermediária, a dianteira tricolor falhou lamentavelmente
COMO FORMARAM AS EQUIPES
GRÊMIO (2 gols)
Edmundo (Enobar)
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Renda: 23:950$000
A festa máxima do futebol citadino conseguiu reunir um grande público, na "baixada", superlotando as dependências do tricampeão. O GRENAL satisfez aos menos exigentes, enchendo de alegria aos centenares de adeptos do Internacional, que arrebatou as honras da tarde. Essa alegria transbordou, ganhou vulto, quando restavam 7 minutos dos 90 de luta acirrada, de igual para igual, com ligeiras ressalvas de ordem técnica, e tática a serem fixadas mais adiante.
O lance esplêndido de Carlitos colocou as suas cores em supremacia, num lance todo individual e espetacular. O exultamento dos colorados culminou no término da empolgante jornada, ao ficar consagrada a justa vitória dos rapazes da Chácara dos Eucaliptos, por 3x2.
O resultado final dá uma ideia exata do desenrolar da pugna que reuniu os "tradicionais rivais" do soccer gaucho. As alternativas se sucederam no panorama geral do "embate número um" de nossas canchas.
Movimentando-se, de início, com harmonia, energia e extraordinária vontade, os "diabos rubros" impressionaram bem. O resultado dessa ação superior não tardou em encontrar eco no marcador. Rui obteve um ponto, alcançado em posição irregular, assinalada pelo árbitro com precisão (8). Momentos depois surgiu a vantagem real, colorindo o "clássico". Os tricolores se acertam, exibem padrão apreciável, embora se notasse a produção nula do setor direito do ataque de Telêmaco Frazão de Lima. Era a confirmação clara de nossos comentários anteriores, temendo pela atuação dos dianteiros gremistas.
Mesmo assim, o Grêmio "caminhou" e estabeleceu o empate graças a uma falta inútil e de graves consequências praticada por Félix Magno. Decorriam 35 minutos. Magno chargeia Laxixa. Noronha bate com presteza, apanhando a defesa de surpresa, Cezar emenda e iguala a contagem. A conquista agigantou os tricolores que envolvem os colorados, dando a falsa impressão de um êxito infalível.
A ilusão aumentou no período derradeiro. De fato nos minutos iniciais, o Grêmio ataca com vigor e, um cochilo imperdoável de Júlio, incomodado pelos raios solares, determina a segunda e última vantagem para os locais. Duarte centrou, de longe. A bola bate na frente do arco e esbarra no travessão. Cezar investe e chuta, meio ladeado, atingindo em cheio o alvo (2). Acelera-se o ritmo da partida, insistindo o Grêmio nos ataques, bem apoiado por Noronha. Entretanto, o eixo gremista, não contou com a colaboração contínua e imprescindível dos entre alas, o que proporcionou frequentes excursões do trio atacante visitante. A consequência funesta apareceu no décimo-quarto minuto. Os vermelhos baixaram, invadindo pela direita. O centro de Tesourinha foi muito bem cabeceado por Russinho, acossado por Luiz Luz, um dos piores homens da defesa do clube das três cores. O couro, impulsionado pelo insider direito, bateu no poste e se escoou para as malhas, decretando o equilíbrio da contagem, num lance indefensável.
O trabalho dos dois quadros recrudesce. Buscam afanosamente a vantagem, tentando alcançar o objetivo supremo. Duas oportunidades passam em branco. Cezar finta Risada, mas perde o equilíbrio, atirando desviado e Carlitos engana habilmente a Dario e também imita o dianteiro inimigo, atirando pelo lado, numa situação esplêndida. Numa investida colorada, Edmundo abandona o arco, atirando-se aos pés de um "forward", o que lhe provoca séria contusão. Enobar o substitui. As falhas de Rubi determinam uma troca de posição, sem o menor resultado. O antigo defensor "Zequinha" passa para a ponta direita e Mesquita ocupa a entre ala.
Uma entrada veloz de Cezar quase é fatal a Julio. Risada interveio no momento supremo, desviando para a linha lateral, em forte "bico". A resposta foi instantânea. Rui estendeu a Carlitos. O "mignon" extrema progride com rapidez e ludibria, habilmente, a Dario, arremessando com violência incrível, num tiro alto e cruzado. Estava conquistado o ponto do triunfo. A reação dos locais não modificou o placar, escoando-se os 7 minutos finais sem nova mudança no marcador.
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Passamos a examinar o comportamento do XI vencedor. O Internacional não esmoreceu na perseguicão do triunfo que, por fim, foi obtido. A defesa agiu com muita firmeza, sobretudo Alfeu e Risada. Magno comecou muito bem, esmorecendo em certos períodos pelo cansaço. Colaborou muito na bela vitória. Assis foi o médio mais destacado e Pedrinho em plano obscuro. Felizmente o seu setor claudicou, faciltando a tarefa. A ofensiva constituiu, como previramos, o ponto alto, embora Marques não reeditasse suas boas jogadas. Carlitos e Russinho se destacaram. Rui trabalhou incessantemente, construindo diversas cargas perigosas.
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O conjunto tricolor amargou com uma derrota inesperada. Demonstraram os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima bom preparo. Moviam-se com bastante entendimento e entusiasmo, mesmo sem contar com a ala direita. Um pouco mais de chance e aquele bolaço de Duarte podia ter se ajustado nas malhas de Júlio. Se não se traduziu na contagem um saldo favorável, deve-se unicamente aos caprichos do futebol. Um chute de Cezar a 3 metros do gol bateu contra o arqueiro da rua Silveiro. A emendada de Rubi encontrou Pedrinho que desviou para escanteio, salvando o momento crítico.
Não queremos empanar o êxito, colorado, de contornos indiscutíveis. Focalizamos apenas os instantes delicados, desperdiçados por isto ou aquilo. Se todas as oportunidades fossem convertidas, indiscutivelmente registrar-se-ia um saldo para o "fortim".
São justificadas as razões táticas do triunfo internacionalista. O Grêmio apresentou maiores falhas em suas peças. O mecanismo não esteve impecável, pois diversos titulares não deram, satisfatoriamente, conta da incumbência. Apontamos André, Rubi e Mesquita como os pontos vulneraveis, suscetíveis de serem responsabilizados pelo fracasso. Dario vem se destacando, mas anteontem levou uns dribblings estonteantes. Examinada sua atuação em conjunto fica-lhe um bom saldo.
Dois arqueiros ocuperam as redes gremistas. Edmundo portou-se airosamente. Uma intervenção arrojada o inutilizou. Enobar, de São Jerônimo, substituiu o titular, desempenhando-se de modo regular. O "morteiro" de Carlitos deflagrou de distância insignificante. Parece que o chute era inatacável. Praticou defesas de valor.
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Arbitrou o GRENAL o desportista Francisco Azevedo, do Esporte Clube Pelotas. Seu trabalho honesto e concencioso satisfez. Usou de muita energia, evitando sempre as ações bruscas, tão condenáveis. Precipitou-se apenas uma vez ao marcar um escanteio duvidoso contra o Grêmio. O juiz de gol foi contrariado, apesar do árbitro estar bem distanciado do local do lance. Um pormenor de pouco vulto, em face da boa arbitragem.
Sem a menor razão aparente, o capitão do XI alvi-rubro fez dois protestos, gesticulando, o que os regulamentos não permitem. Pedrinho recebeu duas advertências, com bastante acerto, por ter praticado jogadas violentas.
Enfim, a atuação de Francisco Azevedo colaborou com eficiência no brilho da tarde cheia de sol de domingo.
Renda: 23:900$000.
Árbitro: Francisco Azevedo — muito bom.
Os quadros: INTERNACIONAL — Júlio — Alfeu e Risada — Assis, Magno e Pedrinho — Tesourinha, Russinho, Marques, Rui e Carlitos.
GRÊMIO — Edmundo (Enobar) — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Rubi) — Rubi (Mesquita), Cezar, Fogo e Duarte.
Índices técnicos — 1 para os dois: disciplinar: 5 para o Grêmio e 4 para o Internacional, devido aos lances violentos de Pedrinho e as reclamações de Russinho, secundado por Magno.
Os melhores — Laxixa, Noronha, Alfeu, Risada, Dario, Assis, Carlitos, Magno e Cezar.
UM EMPATE NA PRELIMINAR
Os quadros secundários ofereceram um prélio algo interessante. Os colorados marcaram dois pontos na fase principal, cedendo depois o empate no período complementar. Grêmio: 2 — Internacional: 2.
FALTA DE ATENÇÃO COM A IMPRENSA
O Grêmio, em sua nota oficial destacou para representante junto à imprensa, o dr. Newton Carlos Degrazia. Entretanto, este associado tricolor — também jornalista — não lembrou em aparecer junto aos representantes dos jornais ao menos para saber se estavam bem acomodados...
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 051, 30 abr. 1940, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1209. Acesso em: 04 jun. 2025.

13/02/1940 - Citadino 1939 - Jogo extra - Internacional 2 x 4 Grêmio

Inédito um desempate entre Internacional e Grêmio, no Campeonato da Cidade
A LÓGICA, MAIS UMA VEZ, ESTARÁ EM JOGO NO "PRÉLIO-SENSAÇÃO" DA CIDADE: TRICOLORES X COLORADOS
A ofensiva dos rubros não contará, provavelmente, com a cooperação do entre-alas esquerdo: Castillo, algo contundido. Rui o substituirá — Alfredo Cesaro será o árbitro — Os dois quadros — Horário: 20,45
HAVERÁ DESFORA DAQUELES 6 X 1?
Pela primeira vez registra-se na história do campeonato da AMGEA um empate no returno entre os dois grandes adversários, Grêmio e Internacional, graças à fórmula Fraga. Tricolores e colorados somaram seis pontos, tendo ambos perdido um jogo. Uma goleada cortou a série de triunfos dos bicampeões da cidade, revés imposto pelos diabos rubros, na própria "baixada". O desfalque dos dois pontos para o Grêmio foi recobrado por intermédio do Cruzeiro, que abateu os vermelhos em sua própria cancha. Recobrando ânimo e fibra, colorados e tricolores ultrapassaram os outros obstáculos, enquanto os companheiros de Espir sofriam dois tropeços, colocando-se em terceiro lugar no campeonato oficial, deixando a liderança entre os tradicionais inimigos desportivos.
Hoje, Internacional e Grêmio decidirão a vanguarda do returno. Se o Grêmio vencer, estará consagrado campeão da cidade em 1939. Se o triunfo bafejar os pupilos de Benjamin Simões, o público assistirá a emocionante série de matches com a realização da "melhor de três" para apurar-se o vencedor absoluto, já que a vitória colocará Grêmio e Internacional à testa dos dois turnos.
A "Chácara dos Eucaliptos" engalanar-se-á na noite de hoje com o "clássico" da metrópole. Para maior comodidade pública não haverá preliminar, iniciando-se o "cotejo-emoção" às 20,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
UM RETROSPECTO DAS ÚLTIMAS ATUAÇÕES DOS ADVERSÁRIOS
É curiosa a posição dos dois quadros. Apelando para a lógica (sempre volúvel e ingrata em futebol) não se pôde deixar de considerar os colorados favoritos. Desde o baque dado pelo Cruzeiro, o Internacional firmou-se. Empatou com o forte e poderoso esquadrão do Independiente e "torpedeou" o Força e Luz por 8x2. Analisando as exibições do Grêmio, deparamos com um saldo no cotejo sustentado frente aos bicampeões de Buenos Aires, mas nada lisongeia a exibição realizada contra o Cruzeiro, embora o placar favorecesse aos tricolores por 2x0. A ação e o rendimento do XI de Telêmaco foram precaríssimas.
O balanço dos prós e dos contras acusa algo favorável aos rapazes da rua Silveiro, mas (maldita conjunção que denota oposição, restrição à proposição já anunciada) o "clássico" sempre derruba os prognósticos ou vaticínios. As lenga-lengas alinhadas perdem o seu valor real. No campo, quando os 22 jogadores se atiram à luta com alma e denodo, tudo se transfigura e assiste-se, a mor parte das vezes, resultados inesperados, não raro surpreendentes para não citar as decepcões como ainda há pouco ocorreu (referimo-nos aos 6x1).
Ao defrontarem-se, Internacional e Grêmio abalam as estruturas das teorias, dos hábitos, das normas observadas nos "clássicos". Ora atuam com descomunal ardor, buscando ansiosamente apenas a vantagem a fim de garantir o êxito, outras vezes demonstram muita aptidão e certa classe, proporcionando belíssimo espetáculo. Esperamos que nenhum dos dois "dispare", esmagando escandalosamente o antagonista. Preferimos, e certamente junto conosco o afeiçoado, um embate equilibrado com escore ajustado. Em síntese, uma magnífica noite futebolística.
O XI TRICOLOR
Como visitantes, os gremistas porão nos "Eucaliptos" o seguinte conjunto:
Edmundo — Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Salvador, Cezar, Fogo e Malaquias.
Os colorados, segundo a voz autorizada do diretor de futebol Benjamin Simões, alinharão este time:
Júlio — Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio — Rui e Carlitos.
AUTORIDADES
Representará a entidade metropolitana nesse jogo o seu presidente, nosso companheiro Cícero Soares e servirá de fiscal o sr. Emílio Belo, membro da comissão técnica.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL — Para o importante jogo de hoje, terça-feira, em nosso campo, com o valoroso coirmão Grêmio F. P. Alegrense, foram tomadas as seguintes deliberações:
Direção Geral — A cargo do Vice-Presidente, dr. Gabriel Moacir, no exercício da Presidência, auxiliado pelos demais diretores; Junto à Amgea — o 2º Secretário, Aurélio Ghilosso; Junto à Imprensa — o 1º Secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Grêmio — o Diretor, sr. Briareu A. Centeno; Junto à Polícia — o Diretor, sr. José Truda Palazzo: Portões — A cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miller Pereira, auxiliados como segue: Portões dos sócios acionistas — Rodolfo Torres Balbão, Briareu Centeno, Armando Silva e Nicomedes Ribeiro; Portão dos sócios contribuintes — Apolônio Kalikoski, Olavo Guimarães e J. M. Braga Pinheiro; Portões gerais — Seabra Martins, J. Cunha e Willy Teichmann.
PREÇOS — Pavilhão 5$000, Geral 4$000, Meia entrada de pavilhão: 3$000 e meia entrada geral: 2$000. Sendo que a meia entrada geral é exclusivamente para soldados e colegiais fardados.
Os sócios terão entrada mediante apresentação do recibo do mês de fevereiro corrente e respectivas cadernetas.
A fim de evitar-se dissabores e contrariedades, roga-se aos sócios não levarem em sua companhia pessoas estranhas às suas famílias, sendo que, de acordo com os estatutos do clube, somente terão entrada, quando em companhia de sócios, suas esposas, filhas e filhos menores.
Direção de campo — a cargo do respectivo diretor sr. Benjamin Simões. O grande jogo está marcado para às 20,45, com 15 minutos de tolerância, e o sr. Benjamin Simões determina o comparecimento às 19,45 horas em ponto, dos seguintes jogadores:
Júlio, Marcelo, Risada, Alfeu, Levi, Magno, Celso, Nenê, Tesourinha, Rui, Russinho, Acácio, Castillo, Carlitos, Filhinho e demais jogadores inscritos.
O Diretor de Campo chama a atenção de todos os jogadores para a hora marcada acima, que deverá ser rigorosamente observada.
Os jogadores de basket-ball, atletas e juvenis terão entrada pelo portão dos sócios acionistas, isto é, o portão central.
Nos portões será feita rigorosa fiscalizacão e conta-se com a boa vontade dos srs. sócios para auxiliarem a diretoria, cumprindo as determinações acima.
Os portadores de cadernetas da AMGEA e FRGD e de ingressos especiais entrarão pelo portão sito à rua Barão de Guaíba.
GRÊMIO — Para o jogo de hoje à noite, no campo da rua Silveiro, entre o S. C. Internacional e o Grêmio Futebol Porto Alegrense, em desempate do returno da AMGEA, a direção técnica do campeão da cidade convoca para às 19,30 horas, na "baixada", os jogadores abaixo:
Edmundo, Romeu, Darto, Luiz Luz, Motin, André, Noronha, Laxixa, Valter, Tonelli, Mesquita, Laci, Salvador, Vanário, Cezar, Alemão, Luiz Carvalho, Fogo e Duarte.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 283, 13 fev. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/385. Acesso em: 02 jun. 2025.

CITADINO 1939 - JOGO EXTRA - INTERNACIONAL 2 X 4 GRÊMIO
Data: 13/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 22:680$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Acácio 10'/ (I); Foguinho 14'/1 (G); Salvador Arísio 6'/2 (G); Cézar Basílio 8'/2 (G); Foguinho 13'/2 (G); Tesourinha 17'/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso (Nenê), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio, Ruy Motorzinho (Castillo) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita (Lacy), Salvador, Cézar Basílio (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

TRI-CAMPEÕES!
O Grêmio, apresentando um melhor padrão de jogo, superou o Internacional por 4 x 2, em partida decisiva
OS TRICOLORES VINGARAM O REVÉS DO TURNO VENCENDO NITIDAMENTE O “GRE-NAL”
Fogo (2), Salvador e Cezar construíram a bela vitória — Acácio e Tesourinha minoraram a contagem — Cesaro, um árbitro correto
O Grêmio Porto Alegrense sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão da cidade, de modo insofismável. Lutando com bravura, denodo e entendimento, o XI tricolor obteve mnagnífico triunfo frente ao seu velho e acirrado adversário. Se o time de Telêmaco Frazão de Lima apresentou-se coeso, soberbo, disposto a levar de roldão os colorados, estes mostrararam-se apáticos, desconjuntados, sobretudo na "intermediária", agravando-se a situação na ofensiva. Estranho e inócuo o trabalho dos cinco dianteiros locais, presa fácil e constante para a vanguarda dos tricampeões que se apresentou numa noite de gala invulgar. André e Laxixa sempre estiveram efetivos, enquanto Noronha teve altos e baixos, impressionando alguns instantes para claudicar em outros momentos. Reacionava, porém, e os pequenos senões passavam rapidamente ao esquecimento. Uma zaga soberba e produtiva, notadamente Dario, o melhor homem da defesa. Edmundo bem pouco teve a fazer na etapa derradeira quando o cotejo-sensação se decidiu de modo inapelável para o melhor e mais técnico: o Grêmio.
A vitória do valoroso quadro dos calções negros não deixou a menor sombra de dúvidas. Sustentou a vantagem traçada por Acácio, no sexto minuto, igualando ainda na fase inicial, por intermédio de Foguinho (14'). Nada mais de extraordinário acusou o primeiro tempo, a não ser apreciável movimento. As duas ofensivas desciam com rapidez, esbarrando na atenção vigilante dos dois sextetos. Já nos 15 minutos finais deste período, os azuis impressionavam melhor para imporem-se definitivamente na etapa complementar.
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O embate-emoção confirmou plenamente a denominação. O entusiasmo nos lances, a rapidez das jogadas, a assistência eletrizada na fase inicial, caraterizaram a noitada de ontem que decaiu no aspecto geral em face da manifesta superioridade de uma facção, esfriando a torcida rubra, em menos de 15 minutos.
O jogo decisivo do returno, que trouxe mais um galardão para os gremistas, foi iniciado com um minuto de silêncio em memória do saudoso desportista Antônio Marçal Pessoa, ontem sepultado, levando os jogadores do Internacional luto nas camisetas.
As alternativas se sucedem até o décimo minuto. Um chute da direita, de Russinho, confundiu a Edmundo, que não reteve o couro, para Acácio, com relativa facildade, eniviar às redes. A primeira conquista, delirantemente aplaudida pela numerosa "hinchada", Risada inutiliza uma investida, cedendo escanteio. Mesquita executou e Salvador fez a bola passar a Fogo. Este arremessa e acerta em cheio, empatando (14'). O jogo colore-se, ganha velocidade e trepidação. Cresce a intensidade das ações dos visitantes, destacando-se Alfeu pela dinamidade, bem auxiliado por Risada. Declina rapidamente a linha média. Júlio brilha, detendo, com dificuldade, um tiro de Salvador. Fogem os minutos e o Grêmio estabelece-se no domínio, provocando angustiosa situacão para as redes adversárias. Felizmente, Levi aliviou. Finaliza logo após o tempo primário.
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Uma surpresa estava reservada aos afeiçoados. Jurava-se que os retoques a serem introduzidos na equipe colorada trariam sensíveis melhoras. De fato, o XI vermelho apresentou-se modificado. Russinho abandonou a meia direita, aparecendo Castillo na esquerda e Rui trocou, defendendo a entre ala direita. Celso cedeu posição a Nenê, sem aprovar. Mais tarde outra mudança no "five" atacante: saiu Acácio e entrou Russinho, também sem o menor proveito. O esquadrão de Benjamin Simões persistiu em tornar-se desconenhecido e desconhecedor de preceitos. Afora, a primeira investida da ala esquerda Carlitos-Castillo causou boa impressão. Infiltraram-se, de início, celeremente e o "winger" atrasou ao insider que apontou perigosamente. Mas foi só. A defesa voltou a demonstrar sua pujança impedindo e desfazendo as cargas coloradas.
O placar "disparou" contra o Internacional. A vantagem tricolor apareceu aos 51'. Noronha estendeu a Salvador que, de fora da área faz as redes estremecerem. Um legítimo "gol de sobrado", no ângulo superior direito. Júlio alçou o vôo muito tarde! Delírio tricelor. Pressão da "baixada". Mais 4 minutos e nova queda do arco colorado. Cezar, servido por Mesquita, atira cruzado e rasteiro, aproveitando o cochilo da zaga, que "parou". O "condotieiri" escolheu à vontade e elegeu o canto esquerdo. Outro tento lindo. A última conquista do Grêmio surgiu aos 58 minutos, mediante um oportuno kick de Fogo, o artilheiro mais dinâmico e produtivo dos tricampeões. O lance teve origem num escanteio de Risada, apremiado por Malaquias. Este executa, forma-se entrevero, Risada defende fraco e Fogo "acha o caminho" com um "canhão". Estava definida a vitória.
Prossegue a supremacia dos visitantes. Mesquita justifica a existência do travessão e Malaquias, num centro, confrange a defesa, sem maior perigo.
O Internacional veio a descontar a diferença que não deixava mais dúvidas. Castillo habilitou Carlitos, que centra. Edmundo e Dario se confundem. O arqueiro agarra e solta a "pelota", entrando Tesorinha com firmeza: 4x2 (17' do segundo tempo).
Anima-se um pouco o XI de Benjamin. Tesourinha finaliza e Edmundo encaixa. Reage o Grêmio, sem proveito. Destaca-se a ação de Alfeu e Risada. Aos 22' sai Cezar e entra Luiz Carvalho. Um escanteio batido por Malaquias é bem cabeceado por "el maestro". No momento oportuno Nenê afasta, quando Júlio estava no canto oposto.
Nova modificação no "eleven" rubro: Acácio abandona o gramado, por ordem técnica, entrando Russinho (30'). O Grêmio também muda o quadro. Laci ocupa a ponta direita, saindo Mesquita para, aos 40' entrar de novo, na esquerda em vez de Malaquias. O "goleador" do Independiente, de Buenos Aires, usou e abusou dos "dribblings", prejudicando a todos.
Batendo uma falta de Magno, Fogo obriga firme defesa de Júlio. Passa em branco um escanteio de André. Mais alguns lances esparsos e finda o jogo que trouxe mais um campeonato para o glorioso Grêmio Porto Alegrense.
Árbitro: Alfredo Cesaro: bom.
Renda: 22:680$000
Os quadros: GRÊMIO: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — André — Noronha e Laxixa, Mesquita (Laci) — Salvador — Cezar (Carvalho) — Fogo e Malaquias (Mesquita).
INTERNACIONAL: Júlio — Alfeu e Risada, Celso (Nenê) — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Rui (Castillo) — Carlitos.
Índices: técnico: 2 para o Grêmio e 0 para o Internacional; disciplinar: 5 para ambos.
Os melhores: Dario, André, Fogo, Laxixa, Alfeu, Luiz Luz, Risada e Salvador.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 284, 14 fev. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/396. Acesso em: 02 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Grêmio Porto Alegrense x Internacional
NO ESTÁDIO DOS EUCALIPTOS
O campeonato de foot-ball porto alegrense teve seu epílogo com o "clássico" cotejo entre o Grêmio Porto Alegrense e S. C. Internacional, que foi disputado sob as luzes dos refletores do Estádio dos Eucaliptos.
Pela terceira vez consecutiva, o Grêmio conquista o campeonato da cidade, desta feita derrotando o Internacional pela contagem de 4 a 2.
O Gremio produziu uma ótima jogada, notando-se grande acerto em todas as suas linhas, quer defensivas ou ofensivas. A produção técnica do tricolor foi idêntica a que apresentou contra os bicampeões argentinos o Club Athletico Independiente, quando estes caíram vencidos pela contagem de 2 a l, num memorável encontro, que deverá marcar época na historia do foot-ball gaúcho.
O campeonato de 39 teve fases sensacionais; por diversas vezes Grêmio e Internacional viram seus passos prejudicados pelos demais concorrentes, que no final se entregaram, ficando a liderança com os dois "clássicos" adversários do foot-ball de Porto Alegre. Finalmente, com o desfecho, a vitória justa e merecida coube ao Grêmio.
COMO AGIRAM OS TRICAMPEÕES
Passamos agora a registrar como se conduziram na cancha os defensores do Grêmio Porto Alegrense. Edmundo, no arco, praticou ótimas defesas, tendo unicamente claudicado na primeira conquista do Internacional, quando depois de "encaixar" o balão, o soltou novamente. Dario e Luiz Luz, os dois zagueiros do selecionado gaúcho vice-campeão de 1936, se conduziram com muito acerto, notadamente o primeiro que foi o defensor de atuação mais regular durante todo o campeonato de 1939.
O ponto mais alto da equipe tricolor residiu na intermediária, integrada por André, Noronha e Laxixa, notadamente o primeiro que surgiu dos juvenis e vem se revelando um médio direito de regular possibilidade. Noronha começou atuando mal, para se firmar em seguida, passando a controlar as jogadas com inteligência e acerto. Fez uma grande partida o jovem "pivot" do tricolor da cidade. Laxixa teve atuação destacada de médio esquerdo, defendeu e auxiliou o ataque com precisão.
A dianteira do Gremio funcionou com grande disposição e apetite, salientando-se os dois entre-alas, Salvador e Foguinho, que foram os atacantes mais destacados da noite. O segundo, afora ter consignado dois belos tentos, foi ainda um "insider" trabalhador e esforçado, fazendo ótimo jogo de ligação com a defesa. O comando do ataque pertenceu primeiro a Cezar, que se conduziu regularmente até os 10 minutos da etapa suplementar, quando cedeu seu posto a Luiz Carvalho, que já defendeu as cores do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro e é elemento imprescindível nas seleções gaúchas. De "winger" direito atuou Mesquita e depois Laci, que não teve ocasião de aparecer. Na ponta esquerda jogou Malaquias, também vindo dos juvenis e elemento de grande futuro que se conduziu muito mal com o "winger" canhoto do Grêmio Porto Alegre, principalmente quando venciam por 4 a 2, passando a produzir jogo pessoal, o que prejudicou o bom andamento de seu XI. Não fosse isto e o Grêmio teria feito subir ainda mais o placar. No final contundiu-se, entrando Mesquita para a ponta esquerda.
O DESEMPENHO DO INTERNACIONAL
Os colorados produziram um padrão de jogo muito aquém de suas reais possibilidades. O fator primordial da derrota residiu na intermediária, onde somente se salvou o centro médio uruguaio Félix Magno, que procurou sanar as falhas dos médios laterais, os quais estiveram simplesmente sofríveis. O setor mais firme do esquadrão rubro foi o trio final, integrado por Júlio, Alfeu e Risada, notadamente o "colored" Alfeu, que foi o elemento mais destacado da cancha e em cujos pés morreu a maioria das investidas do quinteto atacante do Grêmio.
A dianteira do Internacional produziu ótimas jogadas no centro do campo, mas pecou lamentavelmente nas conclusões finais, quando se atrapalhava com o balão, perdendo boas ocasiões de marcar tentos. Tesourinha conseguiu criar algumas situações de perigo para o arco gremista, mas não teve a colaboração que deveria ter dos demais companheiros.
COMO FORAM FEITOS OS 6 TENTOS DA NOITE
Aos 10 minutos iniciais, o Internacional conquista a primeira vantagem da noite. Russinho centrou, Edmundo faz a defesa "encaixando" para soltar o balão, do que se aproveita Acácio, que vinha na corrida — 1 a 0 para os colorados. Não demorou muito e surgiu o empate, aos 14 minutos. Risada concede escanteio, cobra Mesquita o tiro de canto e Salvador cabeceia para Foguinho, que emenda, acertando em cheio nas malhas guarnecidas por Júlio, era o empate. O Grêmio passa a dominar o jogo, sem contudo ser modificado o "marcador". Termina a primeira fase com a contagem de 1 a 1.
Iniciado o segundo período, nota-se grande disposição no XI gremista, que se coloca em vantagem aos 51 minutos. Noronha controla a redonda no centro do campo e entrega a Salvador; o "mignon" entre ala direito do tricolor desfere violento pelotaço de uns 3 metros fora da área, colhendo Júlio de surpresa, conquistando o mais belo tento da noite. Grêmio, 2 e Internacional, 1. Essa conquista abriu o caminho para a retumbante vitória do tricolor, que passa a conduzir as jogadas a seu bel prazer. Quatro minutos depois (55), surge o terceiro tento do Gremio. Mesquita serve a Cezar na boca da meta, a defesa colorada "gela" e o "center" arremata forte e de meia altura: nova vantagem para o Grêmio.
O quarto ponto do Grêmio foi marcado aos 58 minutos. Risada cede escanteio, que Malaquias cobra otimamente e Risada defende fracamente, ficando o couro com Foguinho, este desfere violento "canhonaço" que passando por todos vai alojar-se no fundo das redes: 4 a l para o Grêmio. Quando o cronômetro acusava 62 minutos, o Internacional desmancha a diferença por intermédio de Tesourinha, aproveitando-se de uma fraca defesa do arqueiro Edmundo. Com a conquista desse tento tinha-se a impressão de que os colorados reacionariam, tal porém não se deu, continuando o Grêmio a dominar a cancha, exibindo um vistoso padrão de jogo, sem contudo fazer o placar subir.
O único culpado disto foi o ponteiro Malaquias, que insistiu em fazer jogo pessoal.
Renda: — 22:680$000.
Juiz: Alfredo Cezaro — ótimo (Este árbitro porto alegrense, segundo declarou o sr. Latrônico, chefe da embaixada do Independiente de Buenos Aires, é o melhor apito do Brasil, achando mesmo que deveria ser o árbitro da "Copa Roca").
Quadros: — Grêmio: Edmundo — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Laci), Salvador, Cezar (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias (Mesquita).
Internacional: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso (Nenê), Félix Magno e Levi — Tesourinha, Russinho (Rui), Acácio (Russinho), Rui (Castillo) e Carlitos.
Os melhores da cancha: — Alfeu — Dario — Luiz Luz — André — Noronha — Tesourinha — Foguinho — Félix Magno e Salvador.
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 100, 07 mar. 1940, p. 29. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/2841. Acesso em: 02 jun. 2025.

04/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Grêmio 1 x 6 Internacional

GRÊMIO E INTERNACIONAL DISPUTARÃO, HOJE, À NOITE, A PRIMEIRA RODADA DO RETURNO
O tradicional e clássico embate será jogado no Estádio da Baixada, nos Moinhos de Vento
O clássico jogo "Grenal", protelado de anteontem para hoje, oferece margem para muitos comentários. É verdade que muitas facetas do cotejo-sensação foram e vêm sendo demasiadamente exploradas. Pode-se citar a tradicão do match, velho e estafado argumento: a combatividade dos contendores que quase sempre ofusca o aspecto técnico dos embates; a nervosidade e animacão entre os torcedores dos dois grandee clubes que disputam a primazia no soccer citadino; o equilíbrio dos conjuntos, numa análise geral, além de outros pormenores.
O "Grenal" é como o amor, interpretado pelo poeta: um sentimento muito velho, mas que sempre encerra uma emoção nova...
Há quantos anos já se disputa esse cotejo? Faz muito tempo. O cronista não tem na memória, com exatidão. Raciocinemos, entretanto. O Internacional foi fundado a 4 de abril de 1909. Conta, atualmente, 30 anos de profícua existência. Calculando uma média de duas partidas, por ano, chegaríamos ao total de 60 jogos, mais ou menos, até e presente dada. Vitórias e derrotas se alternam. Gremistas e internacionalistas têm exultado com triunfos, mas também sofreram decepções com os revezes. De outras feitos, os louros foram repartidos, não envolveram alegrias nem tristezas. Oe afeiçoados saíram com suas conjecturas e hipóteses, idealizando escores e êxitos no cérebro, já que não foi possível concretizá-los no terreno de luta desportiva.
Uma estatística extra oficial, feita pelo desportista Reinaldo Mutti, acusara até 16 de julho do ano passado 55 partidas. O Grêmio figura com [...] vitórias e o Internacional com 19, havendo 7 empates na história dos "Grenais". São dados que citamos com a devida reserva por não sobrar tempo para recorrer ao arquivo e verificar a precisão das cifras.
ABERTURA DO RETURNO
Por um capricho do sorteio, ocasião para feitura do "carnet", aos dois tradicionais rivais coube o início do campeonato da metrópole. O turno assinalou a vitória do Grêmio, por 2 x 1, na própria cancha dos "diabos rubros". Hoje, realiza-se, por assim dizer, o campeonato. O returno obriga os "baluartes" do futebol cltadino a novo duelo gigantesco. De capital importância à liça. O Grêmio com meio caminho andado e o Internacional ansioso para ombrear com o tradicional inimigo. Cheios de ambições, bastante descansados, os colorados possuem redobradas responsabilidades no confronto de hoje, à noite, na "baixada".
MUITA ESPERANCA NAS DUAS HOSTES
As aparências tendem para os visitantes. Há a considerar-se o ambiente local para os "donos da casa". Não se despreza em futebol esse "handicap". Os próprios colorados nas conjecturas lembram o pormenor. É o único detalhe que os preocupa. No mais, estão tranqulos. O estado dos rapazes é ótimo. Os últimos ensejos encheram os adeptos da camiseta sanguínea de esperanças.
Os tricolores vibram no mesmto diapasão. O "professor", depois daquela chuva providencial, criou alento e não admite um revés. Pelo que se verifica nos dois setores, teremos um match de grande envergadura. As esperanças sobram no Grêmio e no Internacional.
A RESPONSABILIDADE DOS TÉCNICOS
Um dos elementos de maior responsabilidade no clássico Grenal é o diretor-desportivo (técnico). Dois nomes evidenciam o "noturno" de logo mais: Benjamin Simões e Telêmaco Frazão de Lima, o técnico-presidente.
O diretor colorado ainda não conheceu uma derrota desde que assumiu o árduo e difícil posto de "coach" do "rolo compreesor". Confiante pelo preparo e que submeteu aos seus puplios, Benjamin espera que a sua boa estreia não o abandone esses dois homens, sobretudo, fremem pela hora do "clássico".
Dublê de técnico e presidente, Telêmaco atrevessa uma situação especial. Não encerra ineditisno a posição do "professor". Por diversas vezes a história do futebol registrou casos análogos. Lembramo-nos do mais recente, em Santos, na Associação Atlética Portuguesa, onde o vice-presidente em exercício, dr. Arnaldo Ferreira, era quem dirigia o time, escalando-o, etc.
A crítica e os comentários atingem a esses privilégios até determinado instante. Existem os que são francamente favoráveis a este sistema de administração que também encontra opositores. Vamos observar os resultados do método introduzido no bicampeão da cidade.
NOTAS DOS CONTENDORES
GREMIO: — Para o encontro de hoje, entre o Grêmio Futebol Porto Alegrense o S. C. Internacional, a diretoria do campeão de 37-38 tomou as seguintes deliberações:
Direção geral — A cargo do presidente sr. Telêmaco F. de Lima; Representante junto às autoridades — dr. Antero Sarmento; Representante junto à Imprensa — dr. Aneron Corrêa de Oliveira; Portão central (sócios)- Mario Mordente e Armando Ciagia; Portão da rua Mostardeiro: Cecílio Gomes e Joaquim Rodrigues de Almeida; Portão do Tiro Alemão: — Frederico L. Ferreira e Mario Issler; Portão da rua D. Laura: — Augusto de Aguiar Teixeira e Ramiro Bernd; Reservado aos titulares: José da Silva Martins e Nestor Borges de Lima.
A diretoria do Grêmio chama a atenção para as determinações abaixo, as quais serão rigorosamente observadas:
Portão R. Mostardeiro. Neste portão somente terão ingresso os  portadores de entradas.
Portão Central — Neste portão somente terão ingresso os sócios representantes oficiais da partida e os cronistas esportivos. Os sócios entrarão mediante a apresentação do recibo 1-2.
Portão do Tiro Alemão: Neste portão entrarão os jogadores do S. C. Internacianal e entradas gerais.
Portão da rua D. Laura — Exclusivamente para os portadores de ingressos e cadernetas.
Aviso: Os sócios poderão procurar os seus recibos referentes ao ano de 1940 nos guichês do Grêmio das 18 horas em diante. Os quadros: Estão escalados para às 18 horas os jogadores que segue: Léo — Durio — Mario — Matté — Sander — Toneli — Valter — Cifuentes — Zacker — Franeisco — Dentista — Arísio — Espanha — Duarte — e Worny.
Às 20 horas: Edmundo — Dario — Luiz Luz — Mottim — Jorge — Noronha — Laxixa — André — Jesus — Mesquita — Vanário — Alemão — Salvador e Pepito.
INTERNACIONAL: — Benjamin Simões, diretor-técnico dos rubros, pede o comparecimento, hoje, quinta-feira, dos jogadores abaixo discriminados no estádio dos Eucaliptos, onde seguirão fardados para entrentar o valoroso coirmão Grêmio Porto-alegrense.
Horário: 2º quadro, às 18 horas.
Jogadores: — Marcelo, Álvaro, Clóvis, Ari, Baiano, Nenê, Oliveira, Neli, Amadeu, Rui Barbosa, Moacir, Otívio, Jorge e os demais inscritos.
1º quadro, às 20 horas.
Jogadores: Júlio, Viafore, Alfeu, Risada, Brandão, Magno, Levi, Tesourinha, Rui, Acácio, Castillo, Carlitos, Russinho, Celso, Filhinho.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 250, 04 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/18. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - GRÊMIO 1 X 6 INTERNACIONAL 
Data: 04/01/1940 
Local: Baixada - Porto Alegre (RS) 
Juiz: Alfredo Cesaro 
Renda: 31:540$000
Gols: Acácio 11'/1 (I); Felix Magno 14'/1 (I); Acácio 22'/1 (I); Carlitos 33'/1 (I); Acácio 37'/1 (I); Acácio 1'/2 (I); Salvador Arísio 37'/2 (G); Tesourinha 41'/2 (I). 
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; Jorge, Noronha e Laxixa; Jesus, Vanário (Mesquita), Alemão (Cézar Basílio), Salvador Arísio e Pepito. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima. 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Osvaldo Brandão (Celso), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Acácio, Castillo e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.

"A equipe dos rubros, fácil vencedora dos tricolores".
Da esquerda para a direita: Félix Magno, Osvaldo Brandão,
Levi, Tesourinha, Ruy Motorzinho,  Acácio, Castillo,
Carlitos, Alfeu, Júlio Petersen e Risada.
Fonte: Diário de Notícias (RS)
Em pé: Acácio, Felix Magno, Levi, Osvaldo Brandão e Castillo.
Agachados: Tesourinha, Ruy Motorzinho, Carlitos,
Alfeu, Júlio Petersen e Risada.
Fonte: 1909 em cores


DECEPÇÃO GERAL
O Grêmio entregou-se, ontem, a uma derrota espetucular frente ao Internacional: 6 x 1
Em nenhum instante da partida os tricolores ameaçaram arrebatar a vitória dos rubros
Os tentos dos pupilos de Benjamim sucederam-se com assombrosa rapidez, desconcertando o adversário ao máximo — Mais uma vez a vanguarda do quadro de Telêmaco constituiu o ponto assinaladamente fraco da equipe da “Baixada”
O clássico decepcionou pelo espetáculo esperado. Quando o resultado atinge a cifras astronômicas, como aconteceu ontem na "baixada", o verdadeiro apreciador do futebol fica decepcionado, em compensação o "enragée" delira, enlouquece de alegria.
As duas grandes torcidas passaram por sensações bem diversas no confronto. Aliás, a sensação melhor coube aos colorados que exultaram com a extraordinária vitória alcançada pela sua turma, muito bem preparada para o primeiro cotejo do returno, cheio de esperanças para o Sport Club Internacional.
O rotundo triunfo dos rubros é desses feitos que calam fundo num misto de surpresa e tristeza. Tal a superioridade dos vermelhos sobre os azuis que as palavran chegam a fugir, espavoridas da pena... Dificilmente se apaga do cartaz uma contagem tão escandalosa. Idêntica àquela do dia de "Todos os Santos", de 1938. O público há de experimentar a mesma sensação desagrádavel. São os tais caprichos do futebol que derrubam toda a lógica, todas as afirmacões no sentido de valorizar o cotejo número um de nossas canchas.
Em poucas palavras pode-se sintetizar o que ocorreu no "fortim": O Internacional, num dia de gala, e o Grêmio, num dia negríssimo, desconhecido, sem a menor noção do "association". Até que o escore foi complacente. As oportunidades proporcionadas foram em maior número para os pupilos de Benjamin Simões que para os locais. Se o travessão tricolor funcionou uma vez, o poste colorado também demonstrou a sua utilidade, e depois de Júlio ser vencido pelo chute.
As alternativas escassearam no match noturno que assinalou o início do returno. Agindo, superiormente, os "Diabos Rubros" construíram uma vitória indiscutível, brilhante e mais que merecida pela exibição quase que completa, ao menos no tempo inicial dos 90 minutos.
Depois de 10 minutos de equilíbrio, os "brancos" (sim, os brancos, porque os colorados se apresentaram com o fardamento de verão) começaram a acertar o caminho das redes, nelas penetrando cinco vezes.
A facilidade pasmosa de deslocação e celeridade dos passes desnorteou por completo a defesa tricolor, muito mal servida pela dianteira que não conseguia nem ter o couro nos pés. O descalabro, neste setor, culminou. Vanário, sobretudo, irreconhecível, não muito distante Salvador e Tsás, completamente dominados pelos defensores do clube dos Eucaliptos. Resta-nos as duas extremas: Pepito e Jesus, de méritos apagados e rigorosamente vigiados pela zaga rubra, num dia soberbo.
Os médios gremistas não puderam conter a atividade da "artilharia" vermelha, muito ágil e com a pontaria afiadíssimas. O Internacional deu uma lição de mestre, em matéria de futebol. Noronha repetiu o "passeio".
Em contados minutos do segundo tempo viu-se o famoso "eixo" demonstrar firmeza e tranquilidade.
As hostes gremistas passaram para o atabalhoamento depois dos minutos iniciais. O estupendo lance de Acácio (11'), deixando Edmundo sem defesa trouxe notável força moral aos visitantes que aumentaram a pressão, multiplicando-se e envolvendo, por completo, o XI de Telêmaco Frazão de Lima. Um foul de Laxixa, batido por Brandão, determinou em seguida a segunda conquista, obra de Tesourinha, apos receber de Magno. O mesmo jogador dissemina segundos após pânico, fazendo o couro "beijar" o travessão.
O embate estava decidido. A toada rubra intensifica-se, estabelecendo-se amplo e impressionante domínio. A máquina do "rolo compressor" funciona a todo vapor. Tesourinha desperdiça outro grande momento. "Encaixotado", o "bicampeão" não atina com a coesão. O raciocínio desertou da cabeça dos jogadores da "baixada". Alarde de classe e de combinação entre os rubros. Frenesi nas arquibancadas cobertas. O placar "embala". No vigésimo primetro minuto, 3x0. Magno cede a Rui que finta Noronha e Luiz Luz, entregando no "buraco" a Acácio que, comodamente, escolhe o lado do alvo, estando Edmundo no centro da goleira. Alfeu e Risada assenhoreiam-se da vanguarda das três cores. Os ataques dos visitantes se multiplicam. Luiz Luz evita Carlitos na "horinha". Brandão alivia de cabeça a Acácio e deriva a Carlitos. O "mignon" ponta dispara e com o pé direito assinala o 4º tento da noite, sob delirantes aclamações dos colorados. Decorriam 32 minutos. Edmundo somou mais um "frango" na sua carreira. Um escanteio de Brandão não é aproveitado pelos locais, bastante desanimados. Tambem não era para menos... A etapa primária acusou o último contraste, no penúltimo minuto. Magno serviu a Acácio, ontem num dia magnifico, que por sua vez cedeu a Carlitos, para as redes gremistas estremecerem pela quinta vez.
Momentos depois o travessão tricolor volta a justificar a sua presença e Carlitos, de cabeça, perde a oportunidade. Desce o Grêmio e Brandão brilha num arremesso de Vanário. Cremos que foi o único chute do entre ala direita que atingiu o alvo... Finda o tempo regularmentar com o placar asaustador para um cotejo das proporções do Grenal.
Tudo fazia crer numa soma muito maior. Entretanto, os rubros diminuíram o "train". Limitaram-se a fazer "bordados" e a facilitar mais nos lances. A turma do "professor" esforçou-se algo na etapa complementar, esboçando leve reação, facilmente suportada pela defesa.
De saída, a contagem progrediu, em outro lance do "condotieri" Acácio "cabo véio" fez alarde de disposição, de pontaria, de passes calculados.
Tesourinha habilitou o comandante que despejou venenosamente, sob os olhares espavoridos do arqueiro trioolor, 6x0! Júlio detém alguns arremestos perigosos, completando o ciclo heróico da noite fatídica para o Grêmio. A situação delicada afastada no 17º minuto pelo zaguetro Risada evidenciou o propósito dos rapazes da jaqueta azul-branca e preta provar que não estavam ali como meros fantoches. Lutaram para experimentar a solidez do sexteto defensivo inimigo, que comprovou os resultados dos ensaios e carinhos dispensados pelo "coach" Benjamin Simões.
Escanteios e faltas são batidas contra o Internacional, de cargas e assédios vão sendo destruídas. Numa destas, porém, a cidadela rubra baqueia. Cezar dá a Salvador. Jílio sai em falso e o "insider" cabeceia, tirando o zero do marcador (38'). Os vermelhos sacodem o torpor que os invadia, devido àquela diferença quilométrica. Atacam e Tesourinha faz o couro passar a linha de gol, mas o árbitro, muito afastado, não assinala o ponto. Edmundo defendeu dentro do gol, depois de ter caído impulsionando o couro para frente, aos 41 minutos. Lances esparsos e finda o "clássico" unilateral...
Juiz: Alfredo Cesaro, bom.
Renda: 8:000$, aproximadamente.
Os quadros: Internacional: Júlio — Alfeu e Risada — Brandão (Celso) — Magno — Levi — Tesourinha — Rui — Acácio — Castillo e Carlitos.
Grêmio: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — Jorge — Noronha e Laxixa — Jesus — Vanário (Mesquita) — Tsás (Cezar) — Salvador e Pepito.
Os melhores: Júlio, Alfeu, Levi, Brandão, Acácio, Rui, Laxixa.
Índices: técnico — 3 para o Internacional e 0 para o Grêmio; disciplinar 4 para ambos, devido a ligeiros acidentes e jogadas violentas de alguns jogadores.
UM RESULTADO EM BRANCO NA PRELIMINAR
O encontro dos segundos quadros foi muito bem disputado. A turma colorada impressionou muito melhor que os tricolores. Mesmo assim, o zero não saiu do marcador. A torcida incentivou com entusiasmo as jogadas, sem ter o sabor de um gol.
O Grêmio continua invicto nessa categoria e na frente do campeonato.
RESENHA TÉCNICA
Defesas do Grêmio 1 3 4
Intervenções 3 5 8
Fouls 5 5 10
Escanteios 1 0 1
Mãos 6 2 8
Impedimentos 1 1 2

Defesas do Internacional 1 4 5
Intervenções 3 9 12
Fouls 7 12 19
Escanteios 1 4 5
Mãos 2 4 6
Impedimentos 4 4 8
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 251, 05 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/28. Acesso em: 31 mai. 2025.