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28/04/1940 - Citadino 1940 - 1º turno - Grêmio 2 x 3 Internacional

ADVERSÁRIOS HÁ TRÊS DECÊNIOS
Pela primeira vez este ano, Grêmio e Internacional defenderão suas tradições
FRANCISCO AZEVEDO, DE PELOTAS, DIRIGIRÁ O “CLÁSSICO GRENAL” NO CAMPO DA “BAIXADA”
Horário: Segundos quadros, 14 horas; primeiros quadros, 16 horas; preços: cadeiras, 10$; gerais, 5$000; meia entrada, 3$000
COMO FORMARÃO AS EQUIPES
GRÊMIO:
Edmundo
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Dentro de poucas horas o público apreciador dos grandes espetáculos estará em massa na "baixada", para acompanhar os 90 minutos do Grenal.
Tudo foi previsto pelos mandatários do Internacional e do Grêmio, respectivamente Hoche de Almeida Barros e Telêmaco Frazão de Lima. Uma série de providências foram tomadas, visando boas acomodações, ordem e disciplina no "fortim", onde os "leões do soccer citadino" farão a torcida fremir, na tarde de hoje.
A CHEGADA DE FRANCISCO AZEVEDO
O desportista Francisco Azevedo viajou ontem pela Varig, chegando ao aeródromo de São João às 17,30 horas, tendo concorrida recepção.
"Chico" integrou por muitos anos o esquadrão principal do Esporte Clube Pelotas e é considerado como um dos bons árbitros pelotenses. Já esteve nesta capital, controlando com rara felicidade um "Grenal". Fizemos votos que reproduza sua atuação anterior, emprestando maior brilhantismo ao "clássico" da metrópole.
OS PREÇOS DAS ENTRADAS E HORÁRIO
Trezentas cadeiras numeradas, dentro da cancha, serão vendidas ao preço individual de 10$000; as gerais custarão 5$ e meias entradas: 3$000.
A preliminar terá inicio às 14 horas, e o jogo principal às 16.
Árbitro: Francisco Azevedo e Aparício Viana e Silva para os quadros principais e secundários, Campo do Grêmio, "baixada".
NOTA DO GRÊMIO
Para o grandioso encontro de hoje contra o Internacional, a diretoria do Grêmio F. C. Porto Alegrense tomou as seguintes deliberações:
Direção geral: — Telêmaco Frazão de Lima;
Representante junto às altas autoridades — Aneron C. de Oliveira;
Junto à imprensa: Newton Carlos Degrazia;
Direção geral dos portões: Armando Ciaglia, tesoureiro geral, auxiliado por Ramiro Bernd, 2º Tes.
Comissão dos portões: Portão Central — Destinado exclusivamente aos srs. sócios: — Armando Ciaglia e Ramiro Bernd;
Portão da rua Mostardeiro: — Somente para entradas gerais e meias entradas: — Cecílio Gomes e Joaquim Rodrigues de Almeida;
Portão do Tiro Alemão: — Jogadores do Internacional e entradas pagas — Frederico Link Ferreira e Mario Issler;
Portão da rua Dona Laura — Cadernetas e ingressos — Augusto Teixeira e Romeu Santos; 
Encarregados da arquibancada coberta, destinada aos srs. sócios titulares, beneméritos e remidos: José da Sila Martins e Nestor Borges de Lima.
Aos srs. sócios será exigido o recibo nº 3-4.
Solicita-se aos srs. sócios a fineza de não se fazerem acompanhar por pessoas estranhas à sua família.
Preços: Cadeiras numeradas 10$000 — Entrada geral 5$000 — meia entrada (senhoras, menores e militares sem graduação) 3$.
A direção técnica chama os seguintes players:
Às 13 horas em ponto: Benjamin — Jairo — Ismart — Mario — Adalberto — Válter — Tonely — José — Polentão — Francisco — Zanini — Mônaco — Arísio — Soelci — Portilo — Helmuthe — Zeca e Proteu.
Às 14 horas: Edmundo — Ferreira — Luiz — Dario — André — Laxixa — Mesquita — Rubi — Cezar 1º — Vanário — Fogo — Duarte — Cezar 2º e Noronha.
Todos os portões serão fiscalizados e controlados pelos representantes do S. C. Internacional.
Chama-se a atenção que não há entrada de favor, sendo, consequentemente, inútil insistir em pedidos desta natureza.
A CONVOCAÇÃO DO INTERNACIONAL
"Para o confronto de hoje com o coirmão Grêmio F. B. P. A. foram escalados os seguintes jogadores, que devem estar no Estádio dos Eucaliptos no horário marcado:
1º QUADRO — às 14,30 horas: — Júlio — Marcelo — Alfeu — Risada — Pedrinho — Magno — Nenê — Carlitos — Rui — Marques — Russinho — Tesourinha e Toreli.
2º QUADRO — às 12,30 horas: — Tedesco — Viafore — Álvaro — Clóvis — Levin — Nenê — Rubim — Jorge — Otávio — Rui Barbosa — Arnaldo — Cebinho — Mario — Olmiro — Ari — Moacir, a fim de se fardarem e seguirem para o campo, onde se ferirá o match.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 050, 28 abr. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1194. Acesso em: 04 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 1º TURNO - GRÊMIO 2 X 3 INTERNACIONAL
Data: 28/04/1940
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Renda: 23:950$000
Juiz: Francisco Azevedo
Gols: Ruy Motorzinho 8’/1 (I); Cezar 35’/1 (G); Cezar 2’/2 (G); Russinho ?’/2 (I); Carlitos ?’/2 (I);
GRÊMIO: Edmundo (Enobar); Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Rubi, Cezar, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Júlio; Alfeu e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrino; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Rui Azevedo de Souza.

À esquerda, Luiz Luz e Telêmaco Frazão de Lima;
ao centro, o árbitro pelotense Francisco Azevedo;
à direita, Hoche Almeida de Barros e Russinho.
Fonte: Futebol Gaúcho
Foto colorizada por Perci de Pieri.
Fonte: História do Sport Club Internacional
Carlitos, Russinho, Marques, Felix Magno, Tesourinha, Ruy Motorzinho,
Assis, Pedrinho, Risada, Júlio Petersen e Alfeu.
Fonte: 1909 em cores
Defesa de Júlio Petersen.
Fonte: 1909 em Cores

Os "Diabos-Rubros" vencedores do 1º clássico de 1940
COM MAIS DECISÃO NAS JOGADAS FINAIS, O INTERNACIONAL PÔDE SUBJUGAR O GRÊMIO
Mesmo com uma excelente intermediária, a dianteira tricolor falhou lamentavelmente
COMO FORMARAM AS EQUIPES
GRÊMIO (2 gols)
Edmundo (Enobar)
Dario   Luiz Luz
André   Noronha   Laxixa
Mesquita   Rubi   Cezar   Fogo   Duarte
Juiz: F. Azevedo Campo: GRÊMIO
Tesourinha   Russinho   Marques   Rui   Carlitos
Assis   Magno   Pedrinho
Alfeu   Risada
Júlio
INTERNACIONAL:
Renda: 23:950$000
A festa máxima do futebol citadino conseguiu reunir um grande público, na "baixada", superlotando as dependências do tricampeão. O GRENAL satisfez aos menos exigentes, enchendo de alegria aos centenares de adeptos do Internacional, que arrebatou as honras da tarde. Essa alegria transbordou, ganhou vulto, quando restavam 7 minutos dos 90 de luta acirrada, de igual para igual, com ligeiras ressalvas de ordem técnica, e tática a serem fixadas mais adiante.
O lance esplêndido de Carlitos colocou as suas cores em supremacia, num lance todo individual e espetacular. O exultamento dos colorados culminou no término da empolgante jornada, ao ficar consagrada a justa vitória dos rapazes da Chácara dos Eucaliptos, por 3x2.
O resultado final dá uma ideia exata do desenrolar da pugna que reuniu os "tradicionais rivais" do soccer gaucho. As alternativas se sucederam no panorama geral do "embate número um" de nossas canchas.
Movimentando-se, de início, com harmonia, energia e extraordinária vontade, os "diabos rubros" impressionaram bem. O resultado dessa ação superior não tardou em encontrar eco no marcador. Rui obteve um ponto, alcançado em posição irregular, assinalada pelo árbitro com precisão (8). Momentos depois surgiu a vantagem real, colorindo o "clássico". Os tricolores se acertam, exibem padrão apreciável, embora se notasse a produção nula do setor direito do ataque de Telêmaco Frazão de Lima. Era a confirmação clara de nossos comentários anteriores, temendo pela atuação dos dianteiros gremistas.
Mesmo assim, o Grêmio "caminhou" e estabeleceu o empate graças a uma falta inútil e de graves consequências praticada por Félix Magno. Decorriam 35 minutos. Magno chargeia Laxixa. Noronha bate com presteza, apanhando a defesa de surpresa, Cezar emenda e iguala a contagem. A conquista agigantou os tricolores que envolvem os colorados, dando a falsa impressão de um êxito infalível.
A ilusão aumentou no período derradeiro. De fato nos minutos iniciais, o Grêmio ataca com vigor e, um cochilo imperdoável de Júlio, incomodado pelos raios solares, determina a segunda e última vantagem para os locais. Duarte centrou, de longe. A bola bate na frente do arco e esbarra no travessão. Cezar investe e chuta, meio ladeado, atingindo em cheio o alvo (2). Acelera-se o ritmo da partida, insistindo o Grêmio nos ataques, bem apoiado por Noronha. Entretanto, o eixo gremista, não contou com a colaboração contínua e imprescindível dos entre alas, o que proporcionou frequentes excursões do trio atacante visitante. A consequência funesta apareceu no décimo-quarto minuto. Os vermelhos baixaram, invadindo pela direita. O centro de Tesourinha foi muito bem cabeceado por Russinho, acossado por Luiz Luz, um dos piores homens da defesa do clube das três cores. O couro, impulsionado pelo insider direito, bateu no poste e se escoou para as malhas, decretando o equilíbrio da contagem, num lance indefensável.
O trabalho dos dois quadros recrudesce. Buscam afanosamente a vantagem, tentando alcançar o objetivo supremo. Duas oportunidades passam em branco. Cezar finta Risada, mas perde o equilíbrio, atirando desviado e Carlitos engana habilmente a Dario e também imita o dianteiro inimigo, atirando pelo lado, numa situação esplêndida. Numa investida colorada, Edmundo abandona o arco, atirando-se aos pés de um "forward", o que lhe provoca séria contusão. Enobar o substitui. As falhas de Rubi determinam uma troca de posição, sem o menor resultado. O antigo defensor "Zequinha" passa para a ponta direita e Mesquita ocupa a entre ala.
Uma entrada veloz de Cezar quase é fatal a Julio. Risada interveio no momento supremo, desviando para a linha lateral, em forte "bico". A resposta foi instantânea. Rui estendeu a Carlitos. O "mignon" extrema progride com rapidez e ludibria, habilmente, a Dario, arremessando com violência incrível, num tiro alto e cruzado. Estava conquistado o ponto do triunfo. A reação dos locais não modificou o placar, escoando-se os 7 minutos finais sem nova mudança no marcador.
xxx
Passamos a examinar o comportamento do XI vencedor. O Internacional não esmoreceu na perseguicão do triunfo que, por fim, foi obtido. A defesa agiu com muita firmeza, sobretudo Alfeu e Risada. Magno comecou muito bem, esmorecendo em certos períodos pelo cansaço. Colaborou muito na bela vitória. Assis foi o médio mais destacado e Pedrinho em plano obscuro. Felizmente o seu setor claudicou, faciltando a tarefa. A ofensiva constituiu, como previramos, o ponto alto, embora Marques não reeditasse suas boas jogadas. Carlitos e Russinho se destacaram. Rui trabalhou incessantemente, construindo diversas cargas perigosas.
xxx
O conjunto tricolor amargou com uma derrota inesperada. Demonstraram os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima bom preparo. Moviam-se com bastante entendimento e entusiasmo, mesmo sem contar com a ala direita. Um pouco mais de chance e aquele bolaço de Duarte podia ter se ajustado nas malhas de Júlio. Se não se traduziu na contagem um saldo favorável, deve-se unicamente aos caprichos do futebol. Um chute de Cezar a 3 metros do gol bateu contra o arqueiro da rua Silveiro. A emendada de Rubi encontrou Pedrinho que desviou para escanteio, salvando o momento crítico.
Não queremos empanar o êxito, colorado, de contornos indiscutíveis. Focalizamos apenas os instantes delicados, desperdiçados por isto ou aquilo. Se todas as oportunidades fossem convertidas, indiscutivelmente registrar-se-ia um saldo para o "fortim".
São justificadas as razões táticas do triunfo internacionalista. O Grêmio apresentou maiores falhas em suas peças. O mecanismo não esteve impecável, pois diversos titulares não deram, satisfatoriamente, conta da incumbência. Apontamos André, Rubi e Mesquita como os pontos vulneraveis, suscetíveis de serem responsabilizados pelo fracasso. Dario vem se destacando, mas anteontem levou uns dribblings estonteantes. Examinada sua atuação em conjunto fica-lhe um bom saldo.
Dois arqueiros ocuperam as redes gremistas. Edmundo portou-se airosamente. Uma intervenção arrojada o inutilizou. Enobar, de São Jerônimo, substituiu o titular, desempenhando-se de modo regular. O "morteiro" de Carlitos deflagrou de distância insignificante. Parece que o chute era inatacável. Praticou defesas de valor.
xxx
Arbitrou o GRENAL o desportista Francisco Azevedo, do Esporte Clube Pelotas. Seu trabalho honesto e concencioso satisfez. Usou de muita energia, evitando sempre as ações bruscas, tão condenáveis. Precipitou-se apenas uma vez ao marcar um escanteio duvidoso contra o Grêmio. O juiz de gol foi contrariado, apesar do árbitro estar bem distanciado do local do lance. Um pormenor de pouco vulto, em face da boa arbitragem.
Sem a menor razão aparente, o capitão do XI alvi-rubro fez dois protestos, gesticulando, o que os regulamentos não permitem. Pedrinho recebeu duas advertências, com bastante acerto, por ter praticado jogadas violentas.
Enfim, a atuação de Francisco Azevedo colaborou com eficiência no brilho da tarde cheia de sol de domingo.
Renda: 23:900$000.
Árbitro: Francisco Azevedo — muito bom.
Os quadros: INTERNACIONAL — Júlio — Alfeu e Risada — Assis, Magno e Pedrinho — Tesourinha, Russinho, Marques, Rui e Carlitos.
GRÊMIO — Edmundo (Enobar) — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Rubi) — Rubi (Mesquita), Cezar, Fogo e Duarte.
Índices técnicos — 1 para os dois: disciplinar: 5 para o Grêmio e 4 para o Internacional, devido aos lances violentos de Pedrinho e as reclamações de Russinho, secundado por Magno.
Os melhores — Laxixa, Noronha, Alfeu, Risada, Dario, Assis, Carlitos, Magno e Cezar.
UM EMPATE NA PRELIMINAR
Os quadros secundários ofereceram um prélio algo interessante. Os colorados marcaram dois pontos na fase principal, cedendo depois o empate no período complementar. Grêmio: 2 — Internacional: 2.
FALTA DE ATENÇÃO COM A IMPRENSA
O Grêmio, em sua nota oficial destacou para representante junto à imprensa, o dr. Newton Carlos Degrazia. Entretanto, este associado tricolor — também jornalista — não lembrou em aparecer junto aos representantes dos jornais ao menos para saber se estavam bem acomodados...
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 051, 30 abr. 1940, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/1209. Acesso em: 04 jun. 2025.

14/04/1940 - Citadino 1940 - 1º turno - Internacional 4 x 4 Cruzeiro-RS

SERÁ DISPUTADA, HOJE, A PRIMEIRA RODADA DO CAMPEONATO DA AMGEA DO CORRENTE ANO
O segundo clássico da cidade entre o Internacional e o Cruzeiro será disputado no Estádio dos Eucaliptos e no campo da rua Larga medirão forças os universitários e ferroviários 
Nota: O texto da matéria se encontra quase todo ilegível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 038, 14 abr. 1940, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1048. Acesso em: 03 jun. 2025.

CITADINO 1940 - 1º TURNO - INTERNACIONAL 4 X 4 CRUZEIRO-RS
Data: 14/04/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Valdomiro Vasques
Gols: Rui 12’/1 (C); Ruy Motorzinho 40’/1 (I); Russinho ?’/2 (I); Rui 20’/2 (C); Marques 27’/2 (I); Espir, contra 31’/2 (I); Rui ?’/2 (C); Plá ?’/2 (C).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Peres, Assis e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Carlitos. Técnico: Orlando Cavedini.
CRUZEIRO-RS: Veronese; Espir e Marazita; De Lorenzi, Rafini e Dalpozolo; Klodo, Janguito, Ordovás, Rui e Plá. Técnico: Nestor Pinho.

"QUADRO DO CRUZEIRO".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"QUADRO DO INTERNACIONAL".
Fonte: Diário de Notícias (RS)

SERÁ CASTIGADO!
Alves ausentou-se da capital, não se apresentando para enfrentar os rubros
REAGINDO COM DENODO NOS ÚLTIMOS MINUTOS, O CRUZEIRO EMPATA COM O INTERNACIONAL: 4X4
O primeiro cotejo oficial do campeonato da cidade, controlado pela "metropolitana", surpreendeu no público, bastante numeroso, que afluiu à rua Silveiro não so pelo amplo e imprevisto escore acusado pelo placar, como pela variedade de observacões que proporcionou.
Temos, em primeiro plano, a contagem gigantesca, de oito gols, divididos irmamente... A impressão inicial desta avalanche de conquistas poderia dizer algo a favor das duas ofensivas. Mas, o
exame rápido e superficial contíinuo, falso conceito. As duas vanguardas não desenvolveram ações que lhe valessem meritos destacados ou mesmo modestos. Ao contrário, o desempenho dos dez dianteiros não convenceu em conjunto e deixou larga margem para a crítica, tanto no trabalho coletivo como no individual. Entendimento e hamonia ausentaram-se da pugna do "Intercruz", deixando lugar a muito ardor e combatividade, sobretudo no período inicial. Raríssimos os lances premeditados, inteligentes, colocando em movimento o time inteiro, ou a menos um de seus setores. As arrancadas abundaram, registrando-se, espaçosamente, os pontos, todos decorrentes de falhas, vícios e claudicações deste e daquele bando. Parece que, apenas, uma ou duas tramas táticas surgiram no decorrer dos dois meios-tempos, assim mesmo carecemos de sentido prático. As considerações sobem muito pouco de valor, na apreciação do trabalho particularizado. Dois elementos fazem jus ao destaque, na ofensiva. Também aqui a distribuição é equitativa: Rui no Cruzeiro, e Russinho, no Internacional. Ambos demonstraram invulgar energia e acentuada combatividade, batalhando até os instantes derradeiros. Os demais componentes das linhas de ataque provocaram pálida impressão, embora se anunciavam poderosas, cheias de habilidades infiltradoras e donas de compreennão em alguns setores. Em síntese, as duas linhas pecaram pela falta de articulacão. O descalabro não se limitou tão somente às vanguardas: as intermediárias, tal como antecipamos em sucessivos comentários, decepcionaram. A do Cruzeiro veio confirmar, "in totum", o que comentamos, dizendo que era inconsistente e estava fadada a preocupar a torcida. De fato, a trinca de médios ofereceu mais baixos de que altos.
A estreia de Rafini desagradou. As parcas qualidades antevistas, não o credenciam ainda para uma equipe superior. Talvez venha a melhorar e perca aquela lentidão irritante (excesso de calma ou raciocínio retardado?) e prejudicial ao quadro. Necessita de maior celeridade e decisão nos passes. Os dois laterais, fracos, estiveram em nível superior. Apesar de muito descuidados na marcação. O "terceto vertebral" dos vermelhos teve comparativamonte um labor mais saliente que os adversários. Aí reside a razão dos ataques redobrados e frequentes dos "diabos rubros", em maior número que os dos azuis, cuja ofensiva, desmanteladíssima em Janguito e Ordovás, não entusiasmou.
Realmente, os colorados atacaram em maior escala que os azuis. Veronesi, entretanto, e alguman vezes Marazita, frustou os melhores momentoa, praticando defesas sensacionais. Num lance, o poste esquerdo funcionou e Espir alijou em definitivo o perigo.
Panorama semelhante teve o reduto colorado, em menor intensidade. Alfeu sobressaiu-se em dois ou três instantes de grande perigo, remendando os erros do arqueiro, numa tarde tenebrosa... Júlio evidenciou-se como ponto vulnerável do XI rubro. Praticou intervenções inúteis, prejudiciais e comprometedoras. As mãos estiveram frouxas e indecisas, como naquele lance aproveitado por Rui, um verdadeiro presente...
O "clássico" número dois do nosso futebol agradou, em linhas gerais aos torcedores pela movimentacão. Decepcionou, é exato, aos "hinchas" locals que se viram despojados da vitória, delineada como certa e líquida, em face da vantagem de dois gols. Surgiu, porém, a reação fulminante que neutralizou a diferença, estabelecendo honroso equilíbrio para o Cruzeiro. O desencantamento dos colorados foi manifesto e justificado.
A luta se desenvolveu acirrada, desde os primeiros minutos. O Internacional tem a primazia do ataque, respondendo logo o adversário. Um bom centro de Klodo apremiou Júlio que afobou e largou o couro. Rui, que avançou, atingiu as redes em cheio, abrindo a contagem (12'). As ações rubras aumentam, salientando-de então, a figura do jovem guardião cruzeirista — Veronesi — arremesos de grande potência, desferidos por Cariltos (2 vezes) e Tesourinha (21').
A pressão dos comandados de Russinho recrudesce. Espir e Dilorenzi redobram atividade. No trigésimo nono minuto Carlitos finaliza muito bem e Veronesi  defende, mandando a escanteio. O "winger" canhoto bate com acerto. Confusão! Rui chuta, o arqueiro devolve fracamente para o mesmo atacante colorado conseguir o empate (10'). Klodo, ponta direlta alvi-azul, obriga Júlio à expetacular tirada. Um escanteio de Marazita, não surte efeito. Investe Plá e a defesa rubra inutiliza, terminando a etapa primária.
Um tremendo cochilo da zaga azul no começo do período derradeiro mudou, por completo, a feição do prélio. Reiniciada a partida, os "diabos rubros" invadiram os domínios das "flechas azuis". Russinho progride, ante a inércia dos zagueiros. Veronesi abandona as redes, pretendendo atropelar o "perigo louro". O forward inimigo age com celeridade, decisão e extraordinária presença de espírito, apontando com violência no canto direito, num chute rasteiro. Veronesi, em único recurso, [...] inutilmente a perna. "Frango"? Para muitos [...], para nós justifica-se a atitude do arqueiro, pois acompanhamos com atenção o lance. Rsuso estava quase sobre o risco da área dos 14 metros e bem distanciado de Marazita e ainda mais longe de Espir. Se Veronesi permanecesse embaixo da goleira seria também batido, irremediavelmente. O que não sofre dúvidas é que a conquista de Russinho ocasionou determinada dose de confusão e abatimento nas hostes azuis, por alguns minutos. Os fouls se repetiram com frequência e os esforços dos "espantalhos" dos colorados eram dispersíveis. Passado o nervosismo, a tranquilidade volta a reinar entre os cruzeiristas que obrigam Alfeu brilhar. Revezam-se as cargas. Assis apoia muito mais que Rafini. O "eixo" uruguaiano melhorou bastante, embora não primasse em desarmar o inimigo.
Quando decorriam 20 minutos do período complementar, Plá foge e expele ajustado centro. Janguito cabeceia e Júlio falha lamentavelmente, para Rui decretar por empate (3x2). Algumas fases esparsas e a contagem pende a favor do "rolo compressor". Dal Pozolo cede corner, cobrado por Carlitos. Marques, desmarcado, com comodidade aloja, de cabeça, a "redonda" nas redes (67'). A seguir, uma escapada irregular de Carlitos (comete toque sem ser punido) chegou a dar a impressao de nova vantagem, se houvesse calma de parte do mignon atacante que desperdiçou.
Uma situação difícil para Júlio fixou o 31º minuto, após uma saída em falso em que veio a cair. Alfeu, com o gol aberto evitou o trajeto do chute de Plá. Instantes após [...] o marcador evolui graças a um lance infeliz do veterano e consagrado Espir, que cabeceou para dentro das malhas, acossado por Marques (4x2).
O tempo se esgota com rapidez e alguns jogadores se esmeram na "cera". Tudo fazia crer no triunfo dos rubros. O Cruzeiro demonstrava pouca coesão e infiltração. Insistiu no tempo final pela esquerda, onde Plá pouco aprovava. Finalmente, veio o "milagre" dos 85 aos 90 minutos. Tesoura comete falta, que batida redunda em intervenção de Júlio. Ataca, outra vez, o Cruzeiro e Alfeu toca o couro com a mão. Plá executa o tiro livre e Rui cabeceia em lindo estilo, no ângulo superior direito (4x3). Carlitos atira pelo lado, em boa oportunidade. Interrompem o cotejo por um minuto para Veronesi ser atendido. Uma falta de Perez em Dilorenzi provoca uma excursão do flanco esquerdo. Plá centra, Janguito cabeceia e Júlio brilha. Voltam ao ataque os azuis pela direita. Klodo chuta, por elevação, e Plá cabeceia na boca da meta, assinalando o honroso empate, quase sobre a hora. A bola não chega a ir ao centro, pois o cronometrista anuncia o término do encontro.
OS QUADROS
Internacional — Júlio; Alfeu e Risada; Perez, Assis e Pedro; Tesoura, Russinho, Marques, Rui e Carlitos.
Cruzeiro: Veronesi; Espir e Marazita; Dilorenzi, Rafini e Dal Pozolo; Klodo, Janguito (Ordovás), Ordovás (Janguito), Rui e Plá.
Renda: 4:570$000. Árbitro: Valdomiro Vasques — bom.
Índices: técnico — zero para os dois; disciplinar: 4 para ambos, em virtude do excesso de faltas.
Os melhores: Rui (Cruzeiro), Russinho, Veronesi, Alfeu, Marazita, Risada e Assis.
A PRELIMINAR
Louvável a medida da direção técnica do Cruzeiro colocando a maioria dos reservas na equipe secundária.
A superioridade foi flagrante. Venceram os visitantes por 4x1, dando um "passeio" no quadro colorado. Formou assim o Cruzeiro: Ary; Burger, Jorge e [...], Só, Almo e Vinício, Saladura, Paulo, Cláudio, Capaverde e Caveirinha.
O árbitro Luciano Jacks constituiu um triste espetáculo, alheio às jogadas bruscas e menor energia.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 039, 16 abr. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1062. Acesso em: 03 jun. 2025.

O INTERNACIONAL PROTESTOU A INCLUSÃO DE PLÁ
O E. C. Cruzeiro, por intermédio de Espir, contraprotestou alegando ser legal a inscrição daquele jogador
O panorama desportivo e social no campo do Sport Club Internacional foi muito apreciado, na tarde mormacenta de domingo. Os jogadores que se movimentaram, cheios de entusiasmo e ardor, no "tapete verde" contrastaram com a temperatura insuportável.
O embate transcorreu sem o menor incidente, durante os 90 minutos, não se verificando o menor atrito dentro do "field".
A única nota destoante foi o protesto, lavrado por Russinho, antes do início do cotejo no boletim da partida. O representante Augusto Teixeira, solicitado pelo capitão colorado, forneceu a súmula, onde se consignou a reclamação pela inclusão de Válter Plá.
O assunto mereceu ampla divulgação do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, que assinalou mais um furo desportivo, de forma que não necessitamos comentar largamente o caso.
Plá obteve seu cancelamento pelo Rio Grandense, da cidade de Rio Grande, antes do dia 7 do corrente, data inicial do Intercruz, transferido devido ao mau tempo. Aliás, a AMGEA possui comunicação por escrito, da Federação Rio Grandense de Desportos esclarecendo suficientemente a situação de Válter Plá. Mesmo assim, o Internacional protestou antes do prélio ser iniciado, tendo o Cruzeiro, por intermédio de Espir, contra-protestado.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 039, 16 abr. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/1062. Acesso em: 03 jun. 2025.