Vencedor do último "clássico" da capital, o Internacional credenciou-se como o provável vencedor do próximo compromisso que manteria com o seu adversário tradicional, causador de muitas surpresas: Força e Luz. Acrescia a tudo isso o desempenho bastante fraco do team "rajado" durante a atual temporada. Apesar da vitória espetacular do conjunto da "Carris" uma semana antes, sobre o veterano Cruzeiro, por 5x0, nada prognosticava ao apreciador desapaixonado um desfecho inesperado para os "rubros". E o que se previra aconteceu, perfeitamente enquadrado dentro da lógica do foot-ball: caiu o Força e Luz por uma contagem que não deixa lugar a dúvidas — 5x1.
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Para o quadro encarnado o prélio era de responsabilidade muito grande, pois, perdedor, daria ensejo ao seu rival mais forte, o Grêmio, de emparelhar na contagem de pontos e vir ameaçar a conquista do campeonato. Conquistando a vitória, veria garantido o título de Campeão da Metrópole, justamente no ano em que a cidade vai comemorar o seu bicentenário. Assim, os jogadores internacionalistas lançaram-se à luta com entusiasmo, buscando o prêmio justo de uma campanha que pode se chamar brilhante, procurando garantir o cobiçado título, o que ficou assegurado logo nos primeiros 45 minutos de jogo.
Antes de entrarmos na apreciação do cotejo, queremos apresentar nossos parabéns aos valorosos defensores do Internacional, que aumentaram com essa conquista as páginas já cheias de glórias do livro esportivo rubro. Parabéns aos construtores desse triunfo, que ficará assinalado de forma especial no coração de todos os torcedores, por ter sido conseguido justamente numa data tão significativa e por ser o justo prêmio aos esforços e sacrifícios de toda a temporada. Mais uma vez, nossos parabéns!
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Iniciando a apreciação do conjunto campeão, temos a obrigação de salientar dos demais a atuação de Russinho e Tesourinha, meia e extrema direita, respectivamente, que fizeram uma partida de gala, merecendo do público presente uma verdadeira consagração, pelo espectáculo bonito que proporcionaram, com jogadas magníficas e produtivas. Deixaram o médio adversário tonto, fazendo mil e uma "diabruras" quando de posse da pelo!a. Se prêmio merecessem esses dois jogadores, já o teriam recebido na justa manifestação que tiveram ao deixar o gramado, no fim do primeiro tempo e ao terminar o jogo, quando foram carregados em triunfo. Aliás, o prélio foi todo cheio de palmas dos torcedores para os defensores rubros, que se entusiasmaram e corresponderam aos aplausos dos "fans". Deve-se destacar, também, quase que num mesmo plano o trabalho incansável de Ruy, Risada, Carlitos e Assis, que muito contribuíram para o resultado final. Pedrinho, half direito, que estava afastado do team há algum tempo, reapareceu, em esplêndida forma, contribuindo para o êxito da partida, bem auxiliado por Magno, centro médio de recursos e que não teve desta feita muito trabalho para conter o trio atacante adversário. Álvaro, zagueiro, e Marcelo, goalkeeper, num dia sem muito brilho, porquanto foram pouco exigidos. Assim mesmo o back falhou um tanto, jogando mais ardorosamente do que com técnica. Não comprometeram.
Em conjunto, o Internacional portou-se bem, abusando apenas, na segunda fase, do jogo vistoso, de "bailados", quando a partida já estava decidida. Tecnicamente apresentou um bom índice, pois que seus componentes estiveram à altura do título que agora ostentam.
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O Força e Luz, desarticulado logo no princípio, com a saída obrigatória de Juvêncio, lesionado, sustentou galhardamente o assédio adversário enquanto pôde, sucumbindo por fim à maior classe do antagonista. Principalmente a defesa, constituída por Aristeu, num de seus melhores dias, Hugo e Borges um tanto violentos, e Ruarinho e Abigail (principalmente este) tiveram ocasião de brilhar e aparecer no cotejo de domingo. Reduzidos a dez homens, o team "rajado" não desanimou e lançou-se à luta com disposição, vendo seus intentos malogrados pela má atuação da artilharia, onde somente Tobis, Zequita (enquanto ali esteve) e Acácio demonstraram boas qualidades. Depois que o centroavante Zequita abandonou a posição, para cair na retaguarda, de médio, por determinação de técnico, para não deixar livre a dianteira inimiga, unicamente Tobis e Acácio obrigaram o arqueiro colorado a intervir em situações de perigo. Mario Andrade, meia direita, foi um jogador completamente inofensivo, enquanto Filhinho pouco aparecia... Deste modo, é de se afirmar que o Força e Luz fez mais do que se esperava e, se não fosse ficar reduzido a dez, com a saída de Juvêncio, muito poderia incomodar os rubros, equilibrando o prélio.
A MARCHA DO PLACAR
1º gol — Desfalcados com a saída de Juvêncio, os "rajados" cedem visivelmente, do que se aproveitam os rubros para investir pela esquerda. Castillo foge e dá a Carlitos, que passa a Russinho. Este controla e envia um direto às redes confiadas a Aristeu. 1x0.
2º gol — Continuam pressionando os encarnados, até que Tesourinha, de um excelente passe de Ruy, conquista o segundo tento "colorado". 2x0.
3º gol — Não desanimam os forçaluzenses, atacando, mas quem leva a melhor é o Internacional, por intermédio de Russinho, que numa jogada pessoal invade a arca, deriva para a direita e chuta violentamente, enquanto Castillo completa a jogada, aninhando a pelota nas redes. 3x0.
4º gol — Já no segundo tempo, sempre com os rubros pressionando, Castillo dá uma boa centrada, Carlitos apara no peito e "vira" inapelavelmente: 4x0.
5º gol — Encerrando a contagem, como prêmio aos esforços despendidos, é Russinho que decreta a última queda do reduto "rajado", com um forte arremesso, do limite da área perigosa, vencendo a perícia de Aristeu: 5x0!
6º gol — Quando parecia que o placar não sofreria alterações, a defesa internacionalista facilita, com brinquedos, do que se aproveita Tobis para obter o "tento de honra" de seu clube: 5x1!
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Arbitrou o cotejo o conhecido juiz Alfredo Cesaro. Sua atuação não agradou, embora honesta, tendo falhado bastante. Desconhecemos as razões desses deslizes, uma vez que é reconhecida a competência de Cesaro, tido como um dos melhores árbitros da cidade, merecendo até elogios por parte de integrantes do conjunto Independiente, que nos visitou há tempos.
A renda atingiu a casa dos 20:000$000. O tempo esteve favorável.
QUADROS E COTAÇÃO
INTERNACIONAL — Marcelo (6); Álvaro (7) e Risada (9); Pedrinho (8), Magno (7) e Assis (8); Tesourinha (10), Russinho (10), Carlitos (9), Ruy (9) e Castillo (6).
FORÇA E LUZ — Aristeu (10); Hugo (8) e Borges (8); Juvêncio (?), Ruarinho (8) e Abigail (9); Acacio (7), Mario (3), Zequita (8), Tobis (9) e Filhinho (5).