O Sport Club Internacional obteve um empate de larga repercussão, em face do extraordinário valor do Club Atlético Independiente, bicampeão de Buenos Aires.
Mais uma vez o ardor e o "sangue" fizeram milagre. Impossível negar-se o notável padrão do "soceer" dos visitantes. O público assistiu a um espetáculo ímpar em nossa capital. Clube algum que pisou nossas canchas demonstrou tanto conjunto, tanto domínio, certeza de passes e ações, como o Independiente. As oito mil e mais pessoas que compareceram aos "Eucaliptos" saíram satisfeitas com o que presenciaram.
O tiro máximo cobrado por José Azevedo Silva transformou a feição do prélio. De 3 x 1, o escore passou para 3 x 2. Animados pela conquista de Magno, ontem bastante diligente, os "diabos rubros" invadiram on domínios de Lecea e Coleta, destacando-se Rui e Russinho. Infatigáveis, os "rojos" respondiam, mas não com a mesma cadência da etapa inicial, que lhes pertenceu. Agigantados e
movidos pela divisa "caminho às redes de qualquer jeito", os defensores do pavilhão colorado atingiram o honroso empate no último minuto.
A reacão esmagadora dos bravon rapazes da rua Silveiro não permitiu a vitória dos portenhos. Um lance dramático determinou o empate nos últimos instantes do embate. A confusão da zaga, principalmente Lecea e Coleta, originou a bela conquista para o nosso futebol, assinalado espetacularmente pelo "comandante" Russinho, a um metro do arco argentino.
***
Os senões do árbitro não empanam em absoluto o magnífico resultado obtido pelo Internacional na festa de ontem.
Dois gols de diferenca e uma classe formidável pela frente impressionava os afeiçoados, descrentes de uma reação. Mas a reação surgiu. Os esforços de Tesourinha, de Rui, incluído na etapa complementar com grandes resultados, a dinamicidade de Magno em apoiar as investidas, a esplêndida atuação do trio final dos colorados, sobretudo da zaga. A improvisação das jogadas desconcertantava às vezes, porém, a vontade férrea de resistência dos nossos se opunham tenazmente até a conquista suprema que estabeleceu o honroso empate, que enche de orgulho o futebol rio-grandense.
Basta lembrar-se que os 3 x 3 sobem de valor ao recordar-se que o Botafogo perdeu por 8x1. O Flamengo também amargou com 4x3, obtendo após uma revanche ajustada: em Minas os portenhos impressionaram e aqui, no jogo inaugural, cedem um empate espetacular quando a opinião geral tendia para os nossos hóspedes. Todos vaticinavam uma "goleada" a favor dos líderes de Buenos Aires. O desempenho dos visitantes na primeira fase aumentou a possibilidade, do XI rubro experimentar um revés, apezar da diferença ser insignificante: 2x1. Realmente, o imprevisto concretizou-se ante os olhos entusiasmados da torcida. Passados os primeiros momentos de surpresa e com o soar do apito do cronometrista é que os torcedores exultaram, dando expansão à alegria inesperada. O campo foi invadido e os jogadores do Internacional carregados em triunfo. Os aplausos não cessaram. Aconteceu o que poucos esperavam: uma página de ouro na história do futebol gaúcho, escrita pelo valoroso XI do Internacional.
***
Espectalmente convidado, compareceu à cancha do Internactonal o cônsul argentino, Humberto Collati Macedo, que deu o "kick-off" inicial, ao trilar do apito empunhado por José Azevedo Silva. Os colorados investem e são detidos por Coleta, o firme zagueiro que brilhou na Taça Roca. As tramas fazem alarde no XI dos "rojos de Avellaneda", que se mantém aos primetros minutos em supremacia. Um centro de Zorilla é aproveitado por Sastre, para Júlio exibir-se. Carlios atira rente ao poste, depois de Belo estirar-se sem resultado, arrancando exclamações da torcida.
O INTERNACIONAL ABRE A CONTAGEM
O oitavo minuto trouxe o primeiro contraste da noite. Russinho deriva para a direita. Puente procura interceptar, mas deixa o couro escorregar, sendo recolhido por Carlitos que "fecha" e acerta em cheio, um tiro rasteiro e indefensável. Bello tentou impedir o trajeto, atirou-se tardiamente, lesionando a falangeta do mínimo da mão esquerda, o que determinou a sua substituição na etapa complementar.
O precioso mecanismo do Independiente começa a funcionar com regularidade. Os passes chegam com exatidão de cronômetro. A descolocação é encantadora. Marcação um pouco falha. Não gostamos de Puente e Franzolino, bastante lerdo ou preguiçoso. Insistem os argentinos, passando a agir dentro do meio campo dos rubros. Júlio cede escanteio. Zorilla despeja provocando confusão na áarea de gol de Júlio. Sastre arremata, o arqueiro mergulha, não alcança, deixando para o poste direito. Novo escanteio, sem efeito. Lecea evita Tesourinha. Sastre "borda" com de La Mata e este faz o travessão funcionar. Vilarino controla e atira. Júlio afasta de punho (25'). Um silêncio geral nas arquibancadas estarrecida pela vistosidade da técnica dos visttantes. A pressão evoluiu. Foul de Celso em Zorilla. O "winger" bate e De La Mata emenda em cheio no travessão, outra vez. Vilarino devolve de cabeça e Risada defende.
Sastre desfere potente tiro, magnificamente defendido por Júlio. Novo chute e Júlio faz a assistência vibrar. Magistral defesa! Fuente é expulso de modo irregular pelo árbitro, protestando justamente os argentinos. Perez entra para médio esquerdo, passando Franzolino para a direita.
Aos (16') trocam passes rápidos de Coll a De La Mata para aquele empatar: 1x1.
Sastre e De La Mata constituem um espetáculo soberbo. Zorilla e Vilarino dois pontas extremamente perigosos e "artilhetros". A zaga colorada porta-se bravamente. Magno, embora inferioridade técnica, reage com as forças que tem, junto com Levi, enquanto Celso torna-se impotente para deter Sastre e Zorilla. Vilarino, na boca da meta, é desarmado por Risada. Restavam dois minutos. Vilarino foge de Levi e serve Sastre, dentro da área. O formidável entre ala aponta bem no canto esquerdo, impedindo qualquer ação de Júlio: 2x1. Um centro de Carlitos, detido por Belo é o último lance desse período, de manifestar superioridade dos argentinos.
A etapa complementar encontrou um Internactonal mais malicioso e cheio de disposicão. Parece que sacudiram o torpor, lembrando-se de retribuir aquela maravilha de técnica com o provérbio ardor e sangue. Dos 45 minutos finais, cremos que uns 20 pertenceram aos rubros que lutaram denodadamente. Impelidos pelo "alce" do árbitro. Acácio abandona o campo. Russinho como "condotieri" e Rui na entre ala direita deram outro vigor na ofensiva, auxiliada por Magno. Não estacionaram os dianteiros do Independiente, que barravam com frequência na vigilância de Alfeu e Risada, dois grandes esteios do embate de ontem.
Nos primeiros minutos, o placar sofreu alteração (9). Sastre cede a De la Mata e este proporciona um passe estupendo a Coll, center forward, que se descoloca e assinala o terceiro e último gol para as suas cores. Três a um e uma supremacia desanimadora. A toada argentina decresce. Há mais preocupação para a vistosidade acadêmica. Falta de Levi e o árbitro marca a favor dos rubros! Puente reclama e é pegado pelo pescoço, inexplicavelmente, sendo expulso. Não discutimos a expulsão, mas condenamos o modo com que se processou.
Carlitos habilita a Russinho que arranca naquele conhecido "rush", Lecea procura obstar e Russinho cai dentro da área, punindo Azeredo pênalti, ao 25'. Magno bate. Carret defende, mas não retém e Magno obtém o segundo tento. As invertidas se alternam. Rui finaliza rente ao poste. Escanteio de Alfeu. Júlio afasta de punho. Zorilla emenda alto, Tramam Sastre e Zorilla, aquele fica com o couro e avança só. Júlio abandona o arco e arroja-se aos pés do temível atacante argentino levando a melhor.
O GOL DE HONRA!
Mantendo inflexivelmente o mesmo diapasão, o Independiente procurava aumentar, sem que conseguisse realizar o intento, ante o trabalho de Risada, Alfeu e Júlio.
Descem os vermelhos (que ontem estavam de branco) pela direita. Rui a Carlitos, que passa a Castillo. O "insider" aponta e Carlet defende parcialmente, confundindo-se com Lecea. Russinho puxa e consegue o gol de honra!
Mais alguns lances e soa o apito do cronometrista, dando por terminada a sensacional jogada.
xxx
Árbitro: José Azevedo Silva, fraco.
Renda: cerca de 30 contos de réis.
Os quadros:
INTERNACIONAL: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso — Magno e Levi — Tesourinha - Russo (Rui) — Acácio (Russo) — Castillo e Carlitos.
INDEPENDIENTE: — Bello (Carlet) — Lecea — Coleta — Puente (Franzolino) - Leghi — Franzolino (Perez) — Vilarino De la Mata — Coll — Sartre e Zorilla.
Índices: técnico: 4 para o Independiente e 0 para o Internacional; disciplinar: 4 para ambos.
Os melhores: Coleta, Sastre, De la Mata, Zorilla, Risada, Alfeu, Júlio, Rui e Tesourinha.
xxx
O Independiente comprovou a sua classe de bicampeão, se mais não conesguiu foi por circunstâncias estranhas à sua vontade.
Demonstrou o XI buenairense uma técnica acurada, vistosa. Não há muito apetite pelas redes adversárias. Preocupam-se mais em tramar e aproximar o máximo possível das redes, tal como os ingleses. Pouco ardor, compensado por um alarde de técnica.
Bello não teve oportunidade. Carlet só teve contados ensejos, insuficientes para um juízo definitivo. Engoliu um "frango" — o 3º gol. Lecea e Coleta uma zaga de respeito, notadamente o zagueiro canhote, um espetáculo. Dos médios, Leghi tem méritos os outros dois fracos, em plano inferior ao "eixo".
O ponto alto, tal como prevíamos reside na ofensiva. Sastre e De la Mata dois entre-alas notáveis. Os "wingers" com qualidades de craques. Coll, o jovem comandante que substituiu Erico deu conta do recado, fazendo dois gols de mestre. Também não é grande milagre contando com dois meias da classe e envergadura de um Sastre e um De la Mata.
Na preliminar, o segundo time do Grêmio abateu o Internacional, de igual categoria, por 2 x 1.
UM ESPETÁCULO QUE EMOCIONA, EMPOLGA
Opinam jogadores e assistentes
Mal terminados os 43 minutos do primeiro tempo, o repórter seguiu atrás dos defensores do Internacional a fim de registrar algumas impressões sobre o XI argentino.
Suados, ofegantes, os "diabos rubros" se entreolhavam. Um ou outro comentava os lances. Risada, interpelado, assim falou:
"São duros de roer, de amargar".
O capitão da equipe rubra molhava a garganta, absorvendo longos tragos. Levi tem palavras lisongeiras para o adversário, enaltecendo-lhe o valor inconteste. Frisa a beleza de suas jogadas e a qualidade individual de seus componentes.
Magno foi sintético: "São de abrir "barba"! Forcejaremos muito no outro tempo".
Não havia tempo a perder. Desejávamos ainda colher outras impressões, entre os espectadores. As cadeiras regorgitavam. A fina flor dos nossos desportistas acorreram ao Estadio dos Eucaliptos, no intuito de incentivar os defensores do futebol porto-alegrense e assistir a apregoada classe do Independiente, plenamente confirmada.
Eis o desfile das impressões:
"Ótimos jogadores. Dão a impressão de que não exibem ainda a plena pujança de sua técnica. Falham, entretanto, nos arremessos". Opinião do dr. Jorge Fayet, conhecido clínico.
O dr. Ricardo Enck, tambem médico, mais adiante transmite ao cronista: "Um grande espetáculo, um prazer para os olhos. São extraordinários!".
Ao lado de sua gentilíssima filha, o nosso colega dr. Renato Costa troca impressões, quando o jornalista atalha:
— Que nos diz?
— Formidáveis. Muita técnica e precisão absoluta, junto com qualidades individuais pouco encontradiças. Prefiro Sastre e Coleta dos onze".
Ardoroso "Zequinha", o dr. Álvaro Barcelos Ferreira descansava da torcida (para quem?) quando o interpelamos, colhendo:
"Isso vai ser uma "barbada"!
Mas, o diabo é que o Russinho apareceu e não deixou os fios crescerem...
Antigo desportista, apreciador do bom futebol, e professor Florêncio Ygartua ao passar pela tribuna da impresa, no fim do
jogo, se externa:
"Um primeiro tempo de absoluto domínio para os argentinos que provaram ser campeões e um segundo tempo ótimo para o Internacional com reação surpreendente. Uma grande noitada de futebol. E Coleta, que zagueiro!".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 271, 28 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/264. Acesso em: 01 jun. 2025.
CINCO MINUTOS A MAIS E UM PÊNALTI INJUSTO
ESTAMOS quites com o público porto-alegrense: As gentilezas e o exemplar comportamento danumerosa assistência que afluiu aos Eucaliptos retribuímos com um verdadeiro espetáculo, apesar de quase nada conseguirmos no placar, além de um minguado empate. Temos nossas razões de queixa. O árbitro encheu-nos a medida, não sei como pode haver um homem que se desmande tanto dentro de uma cancha. Castigou a valer nosso XI, culminando na atitude grosseira frente a Puente, sem o menor motivo, agarrando-o brutalmente pelo cangote. Admirei-me do controle dos companheiros, pois convenhamos que a deselegância e falta de linha do "referée" ultrapassou aos mais comesinhos preceitos de educação desportiva.
Estou usando e abusando das colunas do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" com toda a franqueza, dizendo a verdade tal qual eu a sinto, quando ainda transpiro dos 90 minutos de luta frente a um adversário brioso, cheio de sangue, de uma mobilidade admirável. Apreciei muito a energia e incessante agilidade dos defensores colorados. É muito mais difícil jogar-se contra essa classe de jogadores do que contra elementos que guardem suas posições, mantendo um padrão fixo. Deixarei, entretanto, as minúcias do match e da técnica para mais tarde, se houver tempo de comentar, agora, pretendo ainda focalizar a infeliz decisão do juiz ao punir nosso quadro com um tiro máximo, inexistente. O forward local não foi tocado: o zagueiro encostou e Russinho rolou propositalmente dentro da área, obtendo resultado satisfatório, em face da clamorosa penalidade que veio diminuir a vantagem que sustentávamos e incentivar o adversário, que esboçou uma reação digna de louvor. Estes os traços que me ocorrem fixar na presente croniqueta, atendendo ao prometido.
Espero que no próximo compromisso saiamos melhor, aliás, procuraremos desmanchar o primeiro empate registrado na excursão do Independiente. Não julguem que estou magoado com o bravo adversário, lamento apenas a atuação do árbitro com toda a sinceridade, sem desmerecer o feito dos portoalegrenses, representados no Internacional.
Fonte: DE LA MATA, Vicente. Diário de Notícias (RS), n. 271, 28 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/264. Acesso em: 01 jun. 2025.
O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Internacional x Independiente — 3 x 3
Precedido de fama, o esquadrão do Independiente vinha de brilhante excursão pelo Rio e Belo Horizonte, onde conseguira boas vitórias e algumas derrotas (como a do Vasco da Gama e do Flamengo), que em nada desmereceram o cartaz de que goza. E, após os primeiros minutos de jogo, a torcida estava inteiramente convencida de que iria ver jogadas inesquecíveis e de que se achava, de fato, na presença do bicampeão.
***
Uma coisa, porém, ficou patente aos olhos do público entusiamado, que encheu o Estádio dos Eucaliptos: — O Independiente joga com muita técnica, passes matemáticos, embora em excesso, arrematam quase sempre quando é inevitavel o gol, mas... não tem "alma"... O que já acontecera no Rio, contra o Flamengo, que depois de estar perdendo por 3x0, reagiu, conseguindo empatar e terminar perdendo por "circunstâncias estranhas", por 4x3, repetiu-se em Porto Alegre. O Independiente, depois de estar ganhando por 3x1, não soube sustentar a vitória, deixando-se envolver pelo ardor e combatividade dos locais, que ainda conseguiram um honroso empate em três pontos. O bicampeão joga como uma máquina perfeitamente ajustada, com o mesmo "trin" de jogo, quer esteja perdendo ou ganhando, sempre com o mesmo padrão, e não tem aquela vontade de ganhar, aquele poder de reação que caracteriza os brasileiros.
***
Ao valoroso Sport Club Internacional coube a árdua tarefa de representar o foot-ball citadino, nele depositando a torcida gaúcha todas as esperanças, embora acreditasse na classe dos portenhos e no título que ostentavam. E, ao iniciar-se a pugna, logo observou-se que os locais venderiam caro a sua derrota.
Sem se impressionar com o "baile" que iniciaram De La Matta e Sastre, a defesa rubra portou-se brilhantemente e suportou o assédio contínuo dos visitantes, cedendo por três vezes, mas a tramas feitas com técnica indiscutível e muita classe.
O ponto alto da equipe dos diabos rubros residiu no trio final, composto por Júlio, Alfeu e Risada, o veterano, que suportaram valentemente as habilidades dos artilheiros "rojos" e, embora com o placar adverso, espelhando a nítida superioridade do "matemático" sobre o "improviso", não se deixaram abater, garantindo no final o empate almejado.
JUIZ, TEAMS, GOLS, RENDA ETC.
Arbitrou a partida o juiz pelotense José Azevedo Silva, que foi fraco em sua atuação. Muito impressionável e nervoso, perdeu a calma quando Puentes (dos "rojos") reclamou uma penalidade... Segurando-o pelo pescoço (!) o juiz expulsou-o do gramado, o que suscitou reprovação da própria torcida pelo modo como era feita. Daí em diante, passou Azevedo e Silva a "castigar" os portenhos, chegando a falhar por excesso de zelo, principalmente nos off-sides, sem, comtudo, deixar de ser honesto, mas unicamente... descontrolado!
Os quadros que atuaram e as respectivas cotações:
INDEPENDIENTE — Bello (8); Lecéa (9) e Colleta (10); Puentes (6), Perez (7), Leguizamón (10) e Franzolini (8); Villarino (8), De La Matta (10), Coll (8), Sastre (9) e Zorrilla (8).
INTERNACIONAL — Júlio (10); Alfeu (10) e Risada (10); Celso (4), Magno (8) e Levi (6); Tesourinha (7), Russinho (9), Ruy (8), Acácio (5), Castillo (7) e Carlitos (6).
A renda atingiu a casa dos trinta e dois contos e o tempo esteve magnífico, embora o gramado prejudicasse um pouco o desenrolar técnico da partida, por estar um pouco molhado e escorregadio.
COMO FORAM FEITOS OS GOLS
Primeiro — do Internacional: — Russinho faz um passe alto para dentro da área. Salta Leguizamón e não intercepta. Puentes tenta rebater e falha. Carlitos, atento, corre, de posse da bola, entra na área e fulmina Bello com um tiro enviesado e bem colocado.
Segundo — Independiente: Leguizamón dá a Sastre, este a Zorrilla, que se aproxima da área permutando de posição com o insider, "bailando" em torno do half, até que Sastre estende o balão para Coll, que infiltra-se entre os zagueiros e chuta indefensavelmente; estava empate.
Terceiro — Independiente — Sastre, poucos minutos depois, após um brilhante passe de De La Matta, não tem dificuldade em burlar a vigilância de Júlio, com forte arremesso no canto esquerdo, embaixo, sem apelação. 2x1!
Findou aí o primeiro tempo.
Quarto — Independiente — O endiabrado De La Matta, com uma das suas jogadas, a mais brilhante de toda a partida, deu o couro "mastigado" para Coll, que achou o caminho das redes com facilidade — 3xl.
Quinto — Internacional — Russinho entra na área perigosamente, perseguido de perto por Lecéa, que tenta tirar-lhe a bola, caindo os dois jogadores... Ouve-se o apito do juiz: pênalti!
Magno é encarregado de batê-lo, há um ligeiro protesto dos portenhos, que não são atendidos pelo árbitro. Parte o tiro bem no centro e Carlet, substituto de Bello, que se machucara, defende parcialmente, voltando a esfera a Magno, que desvia para o canto. — 3x2! Delírio da torcida.
Sexto e último — Internacional — Faltando poucos minutos para finalizar o jogo, já com alguns espectadores em retirada, acreditando na fixidez do placar, Tesourinha corre pela sua ala e centra otimamente. Pulam Russinho e Lecéa. Ao mesmo tempo Carlet sai do gol para afastar o perigo. O balão sobe dentro da área e quando vai caindo, encontra Russinho que, deitado, dá uma "puxada" que cobre o arqueiro e entra mansamente nas redes. 3x3! Pouco depois terminava a partida, com a clássica invasão do gramado pelos fãs que correram a abraçar e levantar no colo os seus favoritos, pelo brilhante feito.