O intrépido esquadrão do Esporte Clube Sao José, que vem atuando tão destacadamente, no certame citadino especializado, cuja liderança ocupa desde o seu início, obteve, ontem, mais um brilhante triunfo, abatendo a temível falange colorada pelo escore de 3 x 2.
Dessa maneira o valoroso clube de Edmundo Lamb sagrou-se campeão do turno sem uma única derrota.
Era justo, portanto, o interesse que reinava para o encontro de ontem, que era de capital importância para os aspirantes ao título de campeão, pois somente uma derrota do Sao José poderia fornecer chance ao Internacional ou Grêmio para arrebatar aos bravos zequinhas um título já quase absolutamente garantido.
Mas os galhardos rapazes do clube do Passo da Areia, atuando com aquela energia, entusiasmo e força de vontade que tanto os caracterizam, conseguiram subjugar o seu forte antagonista, alcançando, assim, uma esplêndida e justa vitória, que lhes permitiu conservar os títulos de invicto e de líder.
Todos contribuiram igualmente para a conquista do almejado triunfo, ou seja, o título de campeão invicto do turno, quer a sua ágil e perigosa vanguarda, como o seu denodado reduto final, sendo de justiça que se diga, entretanto, que o homem da cancha foi, indiscutivelmente, o jovem e excelente arqueiro Ruaro, que empolgou a assistência com as suas contínuas e eletrizantes defesas, nas situações mais críticas e perigosas.
Ruaro, foi, sem dúvida, o guardião da vitória.
Embora o São José viesse cumprindo magníficas performances e mantendo, mesmo, desde o início da temporada, a "tabela 4", com a qual vinha abatendo todos os adversários, a valorosa turma colorada era a favorita de uma grande parte da numerosa assistência que compareceu, na tarde de ontem, ao confortável Estádio dos Eucaliptos.
E principalmente, na primeira fase da contenda, o Internacional desenvolveu uma excelente jogada exibindo um futebol de classe. Entretanto, não conseguiram os "diabos rubros" o seu intento, perdendo várias ocasiões propícias para a marcação de tentos, quer pela bravura e eficiência da defesa inimiga, em que Ruaro, Mabília e Ireno formaram uma verdadeira muralha, quer por alguns arremates precipitados e, portanto, inúteis, quer ainda manda a verdade que se diga, por falta de chance frente ao quadrilátero adversário.
Não queremos dizer que foram somente os colorados que perderam ótimos ensejos para a conquista de pontos, pois os zequinhas também e desperdiçaram excelentes oportunidades, embora em menor número.
Os rubros carregaram com mais frequência durante todo o embate, conforme se verá pelo movimento técnico da partida, mas os pupilos de Netinho souberam melhor aproveitar as suas jogadas, conseguindo, assim, um placar favorável.
O feito do valoroso São José foi justo e brilhante e merece os maiores elogios, constituindo uma demonstração sugestiva do quanto valem a força de vontade, o entusiasmo e a perseverança.
Sem cracks e sem cartaz, o valente São José foi abatendo um a um de seus antagonistas para encerrar, invicto, o primeiro turno do campeonato especializado da cidade, do qual se sagrou campeão.
Aos rapazes do Sao José, pois, daqui enviamos as nossas saudações.
O dever de ofício obriga-nos a registrar, aqui, os tristes e condenáveis acontecimentos que empanaram o brilho da parte final da partida.
Relatemos os fatos:
Quando faltam apenas 6 minutos para o termo da disputadíssima e interessantente contenda e logo após a marcação do primeiro tento colorado, o quinteto vermelho, animado por tal feito e bem pesando a responsabililade de campeão da cidade, de cujo título é detentor o clube do Menino Deus, desenvolveu uma fulminante ofensiva, formando-se um entrevero na frente do arco de Ruaro, que Negrito põe termo enviando a u pelota para o fundo das redes, ocasião em que se ouve o apito do juiz, não para consignar o gol colorado, mas para cobrar um pênalti dos zequinhas, resultante de um violento foul de Ireno na área penal.
A torcida colorada não se conforma com a decisão do árbitro e os mais exaltados, num movimento condenável, invadem o gramado numa tentativa de agressão ao juiz. A polícia entra em ação e garante o árbitro, ao mesmo tempo que desfaz o lamentavel sururu.
O juiz Válter Leal, do Grêmio Porto Alegrense, vinha atuando com critério, energia e acerto, até o momento do grave incidente, quando s. s., ao nosso ver, deveria ter considerado válido o gol feito e deixado de parte o pênalti, cuja aplicacão, em lugar do registro do tento, vinha favorecer o quadro que devia ser punido e prejudicar o bando que devia ser favorecido.
S. s., entretanto, tendo apitado antes o pênalti, manteve a sua decisão, não havendo motivo, de forma alguma, para uma agressão.
Em consequência deste triste acontecimento, o arbitro abandonou o campo guardado pela polícia.
Os dois clubes interessados indicaram, então, para juízes os desportistas Dr. Ari Lund, presidente do E. C. Cruzeiro e Valdomiro Vasques, do Força e Luz.
Feito o sorteio, este foi favorável ao zagueiro Miro, que atuou a
contento os 6 minutos restantes da partida, tendo mandado, inicialmente, bater o pênalti, que Sílvio, com maestria, converte no 2º tento rubro.
OS QUADROS
São José — Ruaro I; Mabília e Ireno; Kucerá, Alfredo (depois Ruaro II) e Lobato; Mesquita, Clóvis (depois Soelci), Cezar,
Elustondo e Chinês.
Internacional — Penha; Artigas e Risada; Zezé, Brandão e Levi; Negrito, Salvador, Sílvio, Souza (depois Acácio) e Castillo.
OS TENTOS
1º tempo
1º São José (Mesquita) — Foul de Artigas em Cezar na área penal. O juiz consigna pênalti, que Mesquita converte no primeiro tento zequinha aos 24 minutos de jogo.
2º São José (Chinês) — Mesquita centra, Risada deixa para Artigas. Chinês entra e em oportuna jogada sobe a contagem zequinha para 2, aos 35 minutos de jogo.
2º tempo
3º São José (Mesquita) — Lobato adianta a pelota para Chinês que centra. Mesquita, que vinha correndo, emenda em chute baixo que vai ao fundo das redes coloradas, antes que Penha entrasse em ação.
O cronometro marcara 25 minutos do 2º tempo.
4º Internacional (Acácio) — Negrito chuta e o arqueiro defende de cabeça. Acácio entra, decretando, aos 33 minutos do 2º tempo, o primeiro gol colorado.
5º Internacional (Sílvio)- Após um entrevero, Negrito manda a pelota ao fundo das redes. O juiz, entretanto, havia apitado um pênalti de Ireno. Após os acontecimentos que relatamos mais acima, Sílvio cobra a falla, convertendo-a no 2º ponto rubro aos 34 minutos de jogo.
RESULTADO FINAL
São José — 3
Internacional — 2
MOVIMENTO TÉCNICO
São José
Defesas de Ruaro |
9 |
9 |
18 |
Intervenções |
1 |
0 |
1 |
Fouls |
9 |
13 |
22 |
Hands |
4 |
4 |
8 |
Corners |
4 |
5 |
9 |
Offsides |
0 |
1 |
1 |
Pênaltis |
0 |
1 |
1 |
Gols |
2 |
1 |
3 |
Internacional
Defesas de Penha |
3 |
3 |
6 |
Intervenções |
2 |
0 |
2 |
Fouls |
5 |
3 |
8 |
Hands |
0 |
0 |
0 |
Corners |
0 |
3 |
3 |
Offsides |
1 |
0 |
1 |
Pênaltis |
1 |
0 |
1 |
Gols |
0 |
2 |
2 |