Assim, a primeira apresentação do Internacional, no certame da F. R. G. D., não convenceu.
Venceu, na verdade, mais auxiliado pelo jogo “carregado” e pela falta de coragem dos zagueiros contrários.
Agora é justo que apreciemos a atuação do Uruguaiana.
É quadro inferior em técnica e em conjunto ao adversário que “topou”, mas, no entretanto, se mostrou um adversário digno. Lutou bravamente e, embora vencido, pode-se afirmar que fez uma boa demonstração.
Todos os seus homens procuraram enfrentar com energia o poderoso adversário que tinham pela frente e por vezes, tiveram a primazia dos ataques, pondo em sério perigo o retângulo de Penha.
Pela afobação no remate perderam ótimas oportunidades de marcar mais tentos.
Os pontos fracos do quadro foram o centro-médio e os zagueiros; Pirica foi o causante dos dois primeiros tentos dos locais, por isso que ele não tem qualidades para o posto. Pitoco e Della Vega estiveram bem; os médios de ala jogaram muito bem, anulando o jogo dos ponteiros colorados; no ataque podemos destacar Mojica, um perigoso atacante; Carioca, Perrone, os outros dois, pouco apareceram.
Ao terminar, não podemos deixar passar sem um ligeiro comentário, a atuação violenta do Internacional. Não deviam os componentes do valoroso team colorado empregar essa actuação. Recursos não lhes faltam. Todos são hábeis manejadores da pelota e a violência só lhes pode trazer a ineficiência.. Foi o que verificamos ontem. Se o team local jogasse com inteligência e seguro nos passes, por certo a contagem teria sido maior a seu favor.
É essa a nossa impressão do embate que se travou ontem no campo dos Moinhos de Vento.
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Antes de se iniciar o prélio, os dois clubes trocaram cestas de flores.
À madrinha do Uruguaiana foi oferecida bela corbeille de flores.
Em seguida pisaram a cancha os dois quadros na seguinte ordem:
Internacional:
Penha
Natal-Risada
Garnizé-Poroto-Levy
Chato (depois Marreco), Tupan, Mancuso, Cavaco e Darcy
Uruguaiana:
Pitoco
Perica-Della Vega
Jeronymo, Mango (depois Lolo), Rômulo
Carioca, Perrone, Bacury, Mojica, Marenco (depois Comarú)
Pouco depois das 16,30 horas teve o começo da partida.
Os locais levam dois ataques, sendo rechaçados pelos zagueiros.
O Uruguaiana ataca pela direita e Carioca centra, indo o couro fora.
Aos cinco minutos de jogo, Tupan, de posse da bola avança. Perica e Vega tentam evitar o lance final, porém, o meia colorado, num lindo "boleio", manda o couro dentro da rede de Pitoco.
Os fronteiristas não desanimam e procuram alcançar o posto de Penha, onde este e Natal, vigilantes anulam as investidas. Os rapazes de Uruguaiana empregam a tática dos passes curtos, não surtindo o desejado efeito, por isso que se mostram lerdos, dando lugar à intervenção rápida dos defensores locais.
Carioca se mostra perigodo nas centradas e Mujica um ótimo atirador a gol.
Aos 17 minutos, Mancuso, acossado, consegue elevar a contagem para o seu bando, com forte e indefensável pelotaço.
Prosseguem os uruguaianenses nas tentativas para alcançar o arco local.
E isto o conseguem, por intermédio de Perrone que, num violento tiro, marca o primeiro tento para o Uruguaiana.
Alguns jogadores do Internacional começam a empregar a violência, com a competência do árbitro.
Cavaco, numa entrada pelo centro, faz o terceiro gol do Internacional.
Em nossa opinião, o jogador em referência fez o tento em posição duvidosa, porém, salvou a situação ter o goleiro Pitoco seguro a pelota e ajudado a fazer entrar na rede.
O primeiro período terminou com a contagem de 3 a 1 a favor do Internacional.
No período final, os uruguaianenses jogaram melhor, e por vezes fizeram perigar o campo adversário, mantendo-se na ofensiva.
Tupan fez o quarto gol do Internacional, e Marenco encerrou a contagem da tarde, marcando o segundo tento do Uruguaiana.
E assim, com o resultado abaixo, terminou o embate: Internacional, 4; Uruguaiana, 2.
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Preliminarmente jogaram os juvenis do Cruzeiro e do Grêmio Leopoldense.
Venceu por 4 a 2 a turma campeã local.
O ÁRBITRO
Dirigiu a luta principal o consagrado zagueiro Luiz Luz.
A sua atuação foi simplesmente péssima. Sob qualquer ponto de vista técnico que se a queira encarar, chegaremos à mesma conclusão: Luiz Luz, contrastando com a sua habilidade de jogador, é um juiz completamente nulo. Dentro do campo, nada mais fez do que apitar os gols...
Fonte: A Federação (RS), 10/12/1934, ano 1934, n. 281, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/76929. Acesso em: 12 mar. 2025.