Histórico, impressão e superstições para a Libertadores de 2019


Sorteio mais esperado que de amigo secreto
River Plate-ARG, Alianza Lima-PER, e Talleres-ARG ou São Paulo. Assim está desenhado o caminho do Internacional rumo ao tricampeonato da América. Será a quarta tentativa de o clube conquistar o topo do continente, alcançado em 2006 e 2010 diante de São Paulo e Chivas Guadalajara-MEX, respectivamente.
Em 2011, o sonho parou diante do Peñarol em pleno Beira-Rio com uma derrota relâmpago nas oitavas-de-final. No ano seguinte veio o Fluminense, também nas oitavas, com pênalti perdido por Dátolo no jogo de ida.
Já em 2015, a eliminação foi ainda mais doída, pois chegamos muito perto. O Inter, que nunca havia perdido para times mexicanos em Libertadores enfrentou o Tigres, do ídolo Rafael Sobis e do gigante Gignac. Vitória por 2 a 1 na ida e derrota por 3 a 1 na volta.
Mas para que não haja empecilhos, é necessário que se faça uma grande campanha na primeira fase, para que possamos trazer os jogos dos mata-matas para o Beira-Rio. Com certeza, será muito complicado enfrentar o atual campeão continental e enfrentar a longa viagem até Lima, mas quem quer ser campeão, tem que enfrentar o que vier.
O último adversário sairá dos confrontos entre Talleres (time do ídolo eterno Guiñazu) e São Paulo (tradicional freguês que anda em baixa, mas tem uma camisa que entorta varal).
A primeira impressão do sorteio realizado ontem à noite é a que estamos em um dos grupos mais difíceis dessa Libertadores. Como sempre, acreditamos e apoiaremos o nosso Colorado rumo ao sonhado tricampeonato da América.
Para os mais supersticiosos:
  • ·         São Paulo foi campeão em 2005. Em 2006 veio o Inter e... Campeão!
  • ·         Estudiantes foi campeão em 2009. Em 2010 veio o Inter e... Bicampeão!
  • ·         River Plate foi campeão em 2018. Em 2019 virá o Inter e... LOADING...
Só falta iniciar a campanha com um gol de lateral-direiro. Daí não será dito mais nada e a história será escrita. Acredita, colorado!

17 de dezembro de 2006: o dia em que tudo aconteceu

Por Geison Munhoz

Me perdoa!

Ninguém levava fé. Seja honesto, colorado: nem tu mesmo acreditava que terminaria do jeito que terminou. Parecia impossível, intangível, inconcebível. Era algo tão distante, como a estrela solitária de 1992 diante do Fluminense e toda aquela polêmica acerca do pênalti em cima de Pinga. A conquista da Taça Libertadores de 2006 alimentou um sonho e uma incógnita na cabeça do torcedor colorado: "SERÁ QUE DÁ"?
Entre agosto e dezembro, perdemos quatro referências fundamentais do time-base: Bolívar (general da zaga colorada), Jorge Wagner (lateral-esquerdo que marcou dois golaços contra Nacional e LDU na fase final), Tinga (nosso motor incansável e autor do gol do título) e Rafael Sobis (o guri que rasgou a camisa do São Paulo, calou o Morumbi e fez a zorra toda na reta final da Copa). Vieram Hidalgo (lateral-esquerdo do Libertad, adversário do Inter na semifinal), Vargas (campeão com o Boca Juniors em 2003) e Pinga (sim, ele mesmo, mas estava sem condições, graças a Deus).
Aqueles meses foram angustiantes, como se já não bastasse a parada da Copa do Mundo que gerou aquele hiato gigantesco entre os confrontos contra a LDU. No Campeonato Brasileiro, o Internacional ia deixando a taça escapar rodada por rodada para um São Paulo mordido, porém, aguerrido e lutador, como nunca mais visto desde 2008.
Aos poucos apareciam bons nomes entre os jovens, como os campeões do Brasileiro Sub-20 Alexandre Pato (que arrebentou com o Palmeiras na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro) e Luiz Adriano, ao mesmo tempo em que tivemos as baixas de Márcio Mossoró e Rentería. Na última rodada, fomos goleados pelo Goiás em pleno Beira-Rio, mas quem se importava? Cara, estávamos a caminho do Japão!
Agora tu, colorado... Imaginou que aquele coloradinho que cresceu com uma camiseta escrito "Aplub" em meio de um monte de camisetas escrito "Renner", veria o Internacional jogando contra o Barcelona em uma manhã de domingo, a não ser no Ronaldinho Soccer 97? Imaginou que teu pai te colocaria em um carro junto com toda a tua família e vocês fariam parte da maior festa que esse estado já viu em comemoração de um título mundial?
Passado o cagaço do jogo contra o Al-Ahly, veio um cagaço ainda maior quando o Barcelona socou sem cuspe e com areia o coitado do América do México. A madrugada do dia 17 de dezembro foi de total angústia. Sono? Fome? Sede? A única coisa que se pensava era em não passar do horário do jogo. Quem conseguiu dormir só teve esse sucesso depois de tomar um tarja preta, porque meu Deus... Que agonia do cacete!
O jogo começa e vai se desenrolando em meio a muitos "haja coração", "quem é que sobe", "bateu pro gol". E aquele dentuço FDP, que tanto nos fez chorar, não parava de sorrir. Futebol era a alegria de Ronaldinho, mas aquele dia era de cerrar seus dentes e costurar a sua boca. Ele era a esperança do lado azul e o que mantinha a rivalidade viva, mesmo do outro lado do mundo.
O embate estava sendo melhor do que o esperado. Víamos um time compactado, marcador, saindo para o jogo nas horas apropriadas, sem a afobação que vitimou o time mexicano na semifinal. Aí começa a loucura e a resposta para a pergunta do início do texto é: "É DIFÍCIL, MAS DÁ". Edinho (sim, o nome dele vai estar aqui, tu querendo ou não) acerta o nariz de Índio, que cai sangrando, enquanto Fernandão sente cãibras e não se aguenta em pé.
Clemer segue fechando o gol, enquanto Fernandão segue no sacrifício. "IH, ACHO QUE NÃO VAI DAR". E, finalmente, Fernandão tem que deixar o campo e o escolhido por Abelão é Adriano Gabiru. "ACABOU O SONHO, GURIZADA. FOI LINDO VER O INTER NO JAPÃO, MAS QUEM SABE EM UMA OUTRA OPORTUNIDADE. VAMOS PERDER DE CABEÇA ERGUIDA".
Só que o futebol é uma coisa muito louca. Tem um misto de senso de justiça com mística, onde o plot-twist é a cereja do bolo. E nas palavras de Denardin (2006):
"Índio faz o domínio da bola, Ronaldinho faz a marcação a distância. Índio chuta de qualquer maneira para o meio do campo, de cabeça torneou Adriano Gabiru. Tocou para Luiz Adriano pro Iarley... Olha o gol do Inter pintando... Luiz Adriano ta livre, lá vai Iarley, tocou no Gabiru, vai marcar, atirou, Gooooool! Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool".
A partir desse momento, a água virou vinho, os peixes se multiplicaram, mares se abriram. O maior dos colorados ateus levantou as mãos para o céu e disse: "OBRIGADO, SENHOR". Vizinhanças finalmente desentocaram em um momento único de confraternização, agitando bandeiras e camisetas aos gritos de "INTER! INTER! INTER!". O vizinho que era fuzilado com os olhos pelo pessoal da rua por causa do som alto passou a ser amado pela vizinha ao colocar no alto-falante: "PAPAI É O MAIOR! PAPAI É QUE É O TAL! QUE COISA LOUCA! QUE COISA RARA! PAPAI NÃO RESPEITA CARA!".
Mas o jogo ainda não tinha acabado. Faltavam menos de 10 minutos e os joelhos não paravam de doer. As articulações estavam judiadas pelos sinais de fé do torcedor, ora de pé, ora ajoelhado, como se brincasse de vivo ou morto. Estávamos vivos, mas qualquer vacilo custaria esse sonho que um dia foi tão surreal.
Aí que São Clemer e seus apóstolos começaram uma sucessão de milagres em cima de milagres. Viram como as forças divinas estiveram conosco?! A cara de bosta de Ronaldinho, Deco e cia. era impagável. Cada torcedor se tornou um Abel Braga em frente às suas respectivas TVs, fazendo o sinal universal de ACABA LOGO COM ESSA MERDA, PELAMORDEDEUS! Se os espanhóis não sabiam quem era o Internacional, pois então... Muito prazer, campeões do mundo. Então, o juiz apitou o fim do jogo.
Foi lindo demais aquele caos de jogadores e comissão técnica correndo de um lado para o outro. Nunca um torcedor foi tão bem representado. Soava como uma imitação da vida real aquela explosão de alegria. Jamais na história haverá algo mais lindo do que a manhã do dia 17 de dezembro de 2006. Foi um domingo em que o churrasco foi secundário, o chimarrão esfriou, a cerveja chocou e o almoço teve que esperar a festa acabar.
Para o colorado que viveu o amargor dos anos 80 e 90, aquele dia nunca acabou e nunca mais vai ter fim. E no dia em que inventarem uma máquina do tempo, experimente. Volte ao passado e diga para aquele ou aquela coloradinha de camisetinha escrito "Aplub" que sim, um dia seremos campeões do mundo!

Marcos Paulo


MARCOS PAULO
(lateral-esquerdo)

Nome completo: Marcos Paulo dos Santos
Data de nascimento: 30/7/1973
Local: São Paulo (SP)

Carreira:
1993-1994
Santos
1994
União Barbarense
1995-1996
Santos
1996
Náutico
1997
Ituano
1997
América-MG
1998
Internacional
1999
América-MG
2000
América-RJ
2000-2001
Juventude
2001-2002
São Caetano
2003
Fortaleza
2004
Vasco
2005
Rio Branco-SP
2006
Treze
2007
América-SP
2008
Santacruzense
2009
União Barbarense
2010
Mixto-MT

Quando a fase é ruim, não há milagre que consagre um jogador. O grupo colorado do primeiro semestre de 1998 que o diga. A direção colorada contratou um balaio de jogadores por empréstimo, selecionados na zona intermediária do futebol brasileiro. É o caso do lateral-esquerdo Marcos Paulo.
O jogado até que teve um começo promissor na equipe do Santos, sendo reserva imediato de Marcos Adriano na campanha do vice-campeonato brasileiro de 1995. Passou por Náutico e Ituano, clube que ajudou a ressurgir na elite paulista, até ter outro bom momento na conquista da Série B de 1997, defendendo o América-MG.
Em fevereiro de 98 foi contratado pelo Internacional por empréstimo. Sob o comando de Celso Roth (vade retro), jogou um futebol medíocre, assim como a maioria dos reforços que vieram naquele ano. Com atuações muito ruins, assim como quase todo o time, Marcos Paulo acabou sendo preterido e afastado com a vinda do técnico Cassiá e a contratação do paraguaio Espínola.
Em dezembro, com o final do empréstimo, retornou ao América-MG, onde ajudou o clube mineiro a subir mais uma vez à primeira divisão. Sua carreira ficou marcada por mais vice-campeonatos estando no banco de reservas: Gauchão 2001 pelo Juventude; Brasileiro de 2001 e Libertadores de 2002 pelo São Caetano.
Participou da campanha que culminou no rebaixamento do Fortaleza em 2003 e disputou sua última Série A pelo Vasco, em 2004. Antes de pendurar as chuteiras, passou pelo futebol paraibano, interior de São Paulo e pelo Mato Grosso.

Jairo Bicca


JAIRO BICCA
(zagueiro)

Nome completo: Jairo Alexsandro Bicca
Data de nascimento: 22/10/1975
Local: Porto Alegre (RS)

Carreira:
1993-1997
Internacional
2001
Inter de Lages
2001
Uberlândia
2005
Chapecoense

De uns anos para cá, o Internacional tem lançado, no início da temporada, o time B para a disputa do Campeonato Gaúcho, mas isso não é nenhuma novidade. Outrora chamado de Rolinho e treinado por ex-jogadores colorados dos memoráveis anos 60 e 70, a base colorada já era lançada no início do ano, para que se testassem jogadores mais jovens nos anos 90.
O zagueiro Jairo Bicca fez parte dessa escrita. Foi criado desde o infantil no estádio Beira-Rio, sendo um dos grandes destaques da base em uma época que surgia César Prates, Régis, Christian, Odair, Murilo e outros jogadores que despontaram para o futebol nacional e internacional.
Jairo figurou nas seleções de base do Brasil, mas no Internacional não conseguiu se firmar no time principal. Nos anos 90, se gastava muito com medalhões e refugos na posição. À sua frente teve Adílson Pinto, Argel, Zózimo, Jonílson, Gamarra, Régis, Márcio Dias e alguns outros que não emplacaram.
No time profissional, enquanto o time principal disputava o Campeonato Brasileiro, o time alternativo disputava o interminável Gauchão, do qual terminou campeão em 1994. A última partida de Jairo pelo time profissional do Internacional foi pelo Campeonato Gaúcho de 1997, na derrota para o Guarani de Venâncio Aires por 2 a 1.
A partir de então, peregrinou Brasil afora e em times intermediários do exterior, até abandonar os gramados.

Ronaldo (1995)


RONALDO
(lateral-direito)

Nome completo: Ronaldo José Coelho Barbosa
Data de nascimento: 29/5/1970
Local: Vargem Grande do Sul (SP)

Carreira:
1990-1991
Radium
1992
Botafogo-SP
1993
Primavera
1994
Ituano
1995
Santos
1995-1996
Internacional
1996
Santos
1997
Portuguesa Santista
1999
União Bandeirante

Os anos 90 pareciam intermináveis para o sofrido torcedor colorado. A cada início de temporada, o torcedor se perguntava: será que esse ano será pior que o ano passado? Junto a esse drama, vinha a tiracolo outro desespero: os reforços. Depois do título da Copa do Brasil em 1992, veio uma gigante ressaca, somada à incompetência dos dirigentes da época, mais precisamente, José Asmuz e Pedro Paulo Záchia.
Na tentativa de driblar a crise e o dinheiro mal administrado, a solução (na cabeça de Asmuz e Záchia) era a contratação de jogadores emergentes do interior paulista. Dificilmente dariam certo, muito em virtude da má fase do time, que terminava os campeonatos nacionais na zona do café com leite. Um desses reforços foi o lateral-direito Ronaldo, um legítimo anônimo. De onde os dirigentes colorados tiraram a brilhante ideia de contratá-lo? E quem saberá dizer...
Embora vindo do Santos para a disputa do Campeonato Brasileiro de 1995, sua carreira foi iniciada no Radium, da cidade de Mococa. Passou por Botafogo de Ribeirão Preto e Ituano antes de chegar ao clube santista, onde teve pouco espaço. Com a contratação de Marquinhos Capixaba por parte do Peixe, Ronaldo veio para o Internacional.
A passagem do lateral pelas bandas do Beira-Rio foi muito discreta. Mesmo titular na maior parte da competição, era pouco participativo. Marcou um gol contra o Vitória no início do 2º turno do Brasileiro, na vitória por 3 a 1. Permaneceu até a eliminação precoce no Gauchão de 1996, na reserva do promissor César Prates, retornando ao Santos no mesmo ano.
Sem chances de disputar posição com Ânderson Lima e Valdir (ele mesmo, o “Pedra”, que jogou no Internacional em 2003), atravessou a rua e foi para a Portuguesa Santista. Depois disso, pouco se sabe sobre esse jogador esquecido por aí pelo universo futebolístico.