13/02/1940 - Citadino 1939 - Jogo extra - Internacional 2 x 4 Grêmio

Inédito um desempate entre Internacional e Grêmio, no Campeonato da Cidade
A LÓGICA, MAIS UMA VEZ, ESTARÁ EM JOGO NO "PRÉLIO-SENSAÇÃO" DA CIDADE: TRICOLORES X COLORADOS
A ofensiva dos rubros não contará, provavelmente, com a cooperação do entre-alas esquerdo: Castillo, algo contundido. Rui o substituirá — Alfredo Cesaro será o árbitro — Os dois quadros — Horário: 20,45
HAVERÁ DESFORA DAQUELES 6 X 1?
Pela primeira vez registra-se na história do campeonato da AMGEA um empate no returno entre os dois grandes adversários, Grêmio e Internacional, graças à fórmula Fraga. Tricolores e colorados somaram seis pontos, tendo ambos perdido um jogo. Uma goleada cortou a série de triunfos dos bicampeões da cidade, revés imposto pelos diabos rubros, na própria "baixada". O desfalque dos dois pontos para o Grêmio foi recobrado por intermédio do Cruzeiro, que abateu os vermelhos em sua própria cancha. Recobrando ânimo e fibra, colorados e tricolores ultrapassaram os outros obstáculos, enquanto os companheiros de Espir sofriam dois tropeços, colocando-se em terceiro lugar no campeonato oficial, deixando a liderança entre os tradicionais inimigos desportivos.
Hoje, Internacional e Grêmio decidirão a vanguarda do returno. Se o Grêmio vencer, estará consagrado campeão da cidade em 1939. Se o triunfo bafejar os pupilos de Benjamin Simões, o público assistirá a emocionante série de matches com a realização da "melhor de três" para apurar-se o vencedor absoluto, já que a vitória colocará Grêmio e Internacional à testa dos dois turnos.
A "Chácara dos Eucaliptos" engalanar-se-á na noite de hoje com o "clássico" da metrópole. Para maior comodidade pública não haverá preliminar, iniciando-se o "cotejo-emoção" às 20,45 horas, com 15 minutos de tolerância.
UM RETROSPECTO DAS ÚLTIMAS ATUAÇÕES DOS ADVERSÁRIOS
É curiosa a posição dos dois quadros. Apelando para a lógica (sempre volúvel e ingrata em futebol) não se pôde deixar de considerar os colorados favoritos. Desde o baque dado pelo Cruzeiro, o Internacional firmou-se. Empatou com o forte e poderoso esquadrão do Independiente e "torpedeou" o Força e Luz por 8x2. Analisando as exibições do Grêmio, deparamos com um saldo no cotejo sustentado frente aos bicampeões de Buenos Aires, mas nada lisongeia a exibição realizada contra o Cruzeiro, embora o placar favorecesse aos tricolores por 2x0. A ação e o rendimento do XI de Telêmaco foram precaríssimas.
O balanço dos prós e dos contras acusa algo favorável aos rapazes da rua Silveiro, mas (maldita conjunção que denota oposição, restrição à proposição já anunciada) o "clássico" sempre derruba os prognósticos ou vaticínios. As lenga-lengas alinhadas perdem o seu valor real. No campo, quando os 22 jogadores se atiram à luta com alma e denodo, tudo se transfigura e assiste-se, a mor parte das vezes, resultados inesperados, não raro surpreendentes para não citar as decepcões como ainda há pouco ocorreu (referimo-nos aos 6x1).
Ao defrontarem-se, Internacional e Grêmio abalam as estruturas das teorias, dos hábitos, das normas observadas nos "clássicos". Ora atuam com descomunal ardor, buscando ansiosamente apenas a vantagem a fim de garantir o êxito, outras vezes demonstram muita aptidão e certa classe, proporcionando belíssimo espetáculo. Esperamos que nenhum dos dois "dispare", esmagando escandalosamente o antagonista. Preferimos, e certamente junto conosco o afeiçoado, um embate equilibrado com escore ajustado. Em síntese, uma magnífica noite futebolística.
O XI TRICOLOR
Como visitantes, os gremistas porão nos "Eucaliptos" o seguinte conjunto:
Edmundo — Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Salvador, Cezar, Fogo e Malaquias.
Os colorados, segundo a voz autorizada do diretor de futebol Benjamin Simões, alinharão este time:
Júlio — Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio — Rui e Carlitos.
AUTORIDADES
Representará a entidade metropolitana nesse jogo o seu presidente, nosso companheiro Cícero Soares e servirá de fiscal o sr. Emílio Belo, membro da comissão técnica.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL — Para o importante jogo de hoje, terça-feira, em nosso campo, com o valoroso coirmão Grêmio F. P. Alegrense, foram tomadas as seguintes deliberações:
Direção Geral — A cargo do Vice-Presidente, dr. Gabriel Moacir, no exercício da Presidência, auxiliado pelos demais diretores; Junto à Amgea — o 2º Secretário, Aurélio Ghilosso; Junto à Imprensa — o 1º Secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Grêmio — o Diretor, sr. Briareu A. Centeno; Junto à Polícia — o Diretor, sr. José Truda Palazzo: Portões — A cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miller Pereira, auxiliados como segue: Portões dos sócios acionistas — Rodolfo Torres Balbão, Briareu Centeno, Armando Silva e Nicomedes Ribeiro; Portão dos sócios contribuintes — Apolônio Kalikoski, Olavo Guimarães e J. M. Braga Pinheiro; Portões gerais — Seabra Martins, J. Cunha e Willy Teichmann.
PREÇOS — Pavilhão 5$000, Geral 4$000, Meia entrada de pavilhão: 3$000 e meia entrada geral: 2$000. Sendo que a meia entrada geral é exclusivamente para soldados e colegiais fardados.
Os sócios terão entrada mediante apresentação do recibo do mês de fevereiro corrente e respectivas cadernetas.
A fim de evitar-se dissabores e contrariedades, roga-se aos sócios não levarem em sua companhia pessoas estranhas às suas famílias, sendo que, de acordo com os estatutos do clube, somente terão entrada, quando em companhia de sócios, suas esposas, filhas e filhos menores.
Direção de campo — a cargo do respectivo diretor sr. Benjamin Simões. O grande jogo está marcado para às 20,45, com 15 minutos de tolerância, e o sr. Benjamin Simões determina o comparecimento às 19,45 horas em ponto, dos seguintes jogadores:
Júlio, Marcelo, Risada, Alfeu, Levi, Magno, Celso, Nenê, Tesourinha, Rui, Russinho, Acácio, Castillo, Carlitos, Filhinho e demais jogadores inscritos.
O Diretor de Campo chama a atenção de todos os jogadores para a hora marcada acima, que deverá ser rigorosamente observada.
Os jogadores de basket-ball, atletas e juvenis terão entrada pelo portão dos sócios acionistas, isto é, o portão central.
Nos portões será feita rigorosa fiscalizacão e conta-se com a boa vontade dos srs. sócios para auxiliarem a diretoria, cumprindo as determinações acima.
Os portadores de cadernetas da AMGEA e FRGD e de ingressos especiais entrarão pelo portão sito à rua Barão de Guaíba.
GRÊMIO — Para o jogo de hoje à noite, no campo da rua Silveiro, entre o S. C. Internacional e o Grêmio Futebol Porto Alegrense, em desempate do returno da AMGEA, a direção técnica do campeão da cidade convoca para às 19,30 horas, na "baixada", os jogadores abaixo:
Edmundo, Romeu, Darto, Luiz Luz, Motin, André, Noronha, Laxixa, Valter, Tonelli, Mesquita, Laci, Salvador, Vanário, Cezar, Alemão, Luiz Carvalho, Fogo e Duarte.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 283, 13 fev. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/385. Acesso em: 02 jun. 2025.

CITADINO 1939 - JOGO EXTRA - INTERNACIONAL 2 X 4 GRÊMIO
Data: 13/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 22:680$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Acácio 10'/ (I); Foguinho 14'/1 (G); Salvador Arísio 6'/2 (G); Cézar Basílio 8'/2 (G); Foguinho 13'/2 (G); Tesourinha 17'/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso (Nenê), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio, Ruy Motorzinho (Castillo) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita (Lacy), Salvador, Cézar Basílio (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

TRI-CAMPEÕES!
O Grêmio, apresentando um melhor padrão de jogo, superou o Internacional por 4 x 2, em partida decisiva
OS TRICOLORES VINGARAM O REVÉS DO TURNO VENCENDO NITIDAMENTE O “GRE-NAL”
Fogo (2), Salvador e Cezar construíram a bela vitória — Acácio e Tesourinha minoraram a contagem — Cesaro, um árbitro correto
O Grêmio Porto Alegrense sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão da cidade, de modo insofismável. Lutando com bravura, denodo e entendimento, o XI tricolor obteve mnagnífico triunfo frente ao seu velho e acirrado adversário. Se o time de Telêmaco Frazão de Lima apresentou-se coeso, soberbo, disposto a levar de roldão os colorados, estes mostrararam-se apáticos, desconjuntados, sobretudo na "intermediária", agravando-se a situação na ofensiva. Estranho e inócuo o trabalho dos cinco dianteiros locais, presa fácil e constante para a vanguarda dos tricampeões que se apresentou numa noite de gala invulgar. André e Laxixa sempre estiveram efetivos, enquanto Noronha teve altos e baixos, impressionando alguns instantes para claudicar em outros momentos. Reacionava, porém, e os pequenos senões passavam rapidamente ao esquecimento. Uma zaga soberba e produtiva, notadamente Dario, o melhor homem da defesa. Edmundo bem pouco teve a fazer na etapa derradeira quando o cotejo-sensação se decidiu de modo inapelável para o melhor e mais técnico: o Grêmio.
A vitória do valoroso quadro dos calções negros não deixou a menor sombra de dúvidas. Sustentou a vantagem traçada por Acácio, no sexto minuto, igualando ainda na fase inicial, por intermédio de Foguinho (14'). Nada mais de extraordinário acusou o primeiro tempo, a não ser apreciável movimento. As duas ofensivas desciam com rapidez, esbarrando na atenção vigilante dos dois sextetos. Já nos 15 minutos finais deste período, os azuis impressionavam melhor para imporem-se definitivamente na etapa complementar.
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O embate-emoção confirmou plenamente a denominação. O entusiasmo nos lances, a rapidez das jogadas, a assistência eletrizada na fase inicial, caraterizaram a noitada de ontem que decaiu no aspecto geral em face da manifesta superioridade de uma facção, esfriando a torcida rubra, em menos de 15 minutos.
O jogo decisivo do returno, que trouxe mais um galardão para os gremistas, foi iniciado com um minuto de silêncio em memória do saudoso desportista Antônio Marçal Pessoa, ontem sepultado, levando os jogadores do Internacional luto nas camisetas.
As alternativas se sucedem até o décimo minuto. Um chute da direita, de Russinho, confundiu a Edmundo, que não reteve o couro, para Acácio, com relativa facildade, eniviar às redes. A primeira conquista, delirantemente aplaudida pela numerosa "hinchada", Risada inutiliza uma investida, cedendo escanteio. Mesquita executou e Salvador fez a bola passar a Fogo. Este arremessa e acerta em cheio, empatando (14'). O jogo colore-se, ganha velocidade e trepidação. Cresce a intensidade das ações dos visitantes, destacando-se Alfeu pela dinamidade, bem auxiliado por Risada. Declina rapidamente a linha média. Júlio brilha, detendo, com dificuldade, um tiro de Salvador. Fogem os minutos e o Grêmio estabelece-se no domínio, provocando angustiosa situacão para as redes adversárias. Felizmente, Levi aliviou. Finaliza logo após o tempo primário.
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Uma surpresa estava reservada aos afeiçoados. Jurava-se que os retoques a serem introduzidos na equipe colorada trariam sensíveis melhoras. De fato, o XI vermelho apresentou-se modificado. Russinho abandonou a meia direita, aparecendo Castillo na esquerda e Rui trocou, defendendo a entre ala direita. Celso cedeu posição a Nenê, sem aprovar. Mais tarde outra mudança no "five" atacante: saiu Acácio e entrou Russinho, também sem o menor proveito. O esquadrão de Benjamin Simões persistiu em tornar-se desconenhecido e desconhecedor de preceitos. Afora, a primeira investida da ala esquerda Carlitos-Castillo causou boa impressão. Infiltraram-se, de início, celeremente e o "winger" atrasou ao insider que apontou perigosamente. Mas foi só. A defesa voltou a demonstrar sua pujança impedindo e desfazendo as cargas coloradas.
O placar "disparou" contra o Internacional. A vantagem tricolor apareceu aos 51'. Noronha estendeu a Salvador que, de fora da área faz as redes estremecerem. Um legítimo "gol de sobrado", no ângulo superior direito. Júlio alçou o vôo muito tarde! Delírio tricelor. Pressão da "baixada". Mais 4 minutos e nova queda do arco colorado. Cezar, servido por Mesquita, atira cruzado e rasteiro, aproveitando o cochilo da zaga, que "parou". O "condotieiri" escolheu à vontade e elegeu o canto esquerdo. Outro tento lindo. A última conquista do Grêmio surgiu aos 58 minutos, mediante um oportuno kick de Fogo, o artilheiro mais dinâmico e produtivo dos tricampeões. O lance teve origem num escanteio de Risada, apremiado por Malaquias. Este executa, forma-se entrevero, Risada defende fraco e Fogo "acha o caminho" com um "canhão". Estava definida a vitória.
Prossegue a supremacia dos visitantes. Mesquita justifica a existência do travessão e Malaquias, num centro, confrange a defesa, sem maior perigo.
O Internacional veio a descontar a diferença que não deixava mais dúvidas. Castillo habilitou Carlitos, que centra. Edmundo e Dario se confundem. O arqueiro agarra e solta a "pelota", entrando Tesorinha com firmeza: 4x2 (17' do segundo tempo).
Anima-se um pouco o XI de Benjamin. Tesourinha finaliza e Edmundo encaixa. Reage o Grêmio, sem proveito. Destaca-se a ação de Alfeu e Risada. Aos 22' sai Cezar e entra Luiz Carvalho. Um escanteio batido por Malaquias é bem cabeceado por "el maestro". No momento oportuno Nenê afasta, quando Júlio estava no canto oposto.
Nova modificação no "eleven" rubro: Acácio abandona o gramado, por ordem técnica, entrando Russinho (30'). O Grêmio também muda o quadro. Laci ocupa a ponta direita, saindo Mesquita para, aos 40' entrar de novo, na esquerda em vez de Malaquias. O "goleador" do Independiente, de Buenos Aires, usou e abusou dos "dribblings", prejudicando a todos.
Batendo uma falta de Magno, Fogo obriga firme defesa de Júlio. Passa em branco um escanteio de André. Mais alguns lances esparsos e finda o jogo que trouxe mais um campeonato para o glorioso Grêmio Porto Alegrense.
Árbitro: Alfredo Cesaro: bom.
Renda: 22:680$000
Os quadros: GRÊMIO: — Edmundo — Dario e Luiz Luz — André — Noronha e Laxixa, Mesquita (Laci) — Salvador — Cezar (Carvalho) — Fogo e Malaquias (Mesquita).
INTERNACIONAL: Júlio — Alfeu e Risada, Celso (Nenê) — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Rui (Castillo) — Carlitos.
Índices: técnico: 2 para o Grêmio e 0 para o Internacional; disciplinar: 5 para ambos.
Os melhores: Dario, André, Fogo, Laxixa, Alfeu, Luiz Luz, Risada e Salvador.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 284, 14 fev. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/396. Acesso em: 02 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Grêmio Porto Alegrense x Internacional
NO ESTÁDIO DOS EUCALIPTOS
O campeonato de foot-ball porto alegrense teve seu epílogo com o "clássico" cotejo entre o Grêmio Porto Alegrense e S. C. Internacional, que foi disputado sob as luzes dos refletores do Estádio dos Eucaliptos.
Pela terceira vez consecutiva, o Grêmio conquista o campeonato da cidade, desta feita derrotando o Internacional pela contagem de 4 a 2.
O Gremio produziu uma ótima jogada, notando-se grande acerto em todas as suas linhas, quer defensivas ou ofensivas. A produção técnica do tricolor foi idêntica a que apresentou contra os bicampeões argentinos o Club Athletico Independiente, quando estes caíram vencidos pela contagem de 2 a l, num memorável encontro, que deverá marcar época na historia do foot-ball gaúcho.
O campeonato de 39 teve fases sensacionais; por diversas vezes Grêmio e Internacional viram seus passos prejudicados pelos demais concorrentes, que no final se entregaram, ficando a liderança com os dois "clássicos" adversários do foot-ball de Porto Alegre. Finalmente, com o desfecho, a vitória justa e merecida coube ao Grêmio.
COMO AGIRAM OS TRICAMPEÕES
Passamos agora a registrar como se conduziram na cancha os defensores do Grêmio Porto Alegrense. Edmundo, no arco, praticou ótimas defesas, tendo unicamente claudicado na primeira conquista do Internacional, quando depois de "encaixar" o balão, o soltou novamente. Dario e Luiz Luz, os dois zagueiros do selecionado gaúcho vice-campeão de 1936, se conduziram com muito acerto, notadamente o primeiro que foi o defensor de atuação mais regular durante todo o campeonato de 1939.
O ponto mais alto da equipe tricolor residiu na intermediária, integrada por André, Noronha e Laxixa, notadamente o primeiro que surgiu dos juvenis e vem se revelando um médio direito de regular possibilidade. Noronha começou atuando mal, para se firmar em seguida, passando a controlar as jogadas com inteligência e acerto. Fez uma grande partida o jovem "pivot" do tricolor da cidade. Laxixa teve atuação destacada de médio esquerdo, defendeu e auxiliou o ataque com precisão.
A dianteira do Gremio funcionou com grande disposição e apetite, salientando-se os dois entre-alas, Salvador e Foguinho, que foram os atacantes mais destacados da noite. O segundo, afora ter consignado dois belos tentos, foi ainda um "insider" trabalhador e esforçado, fazendo ótimo jogo de ligação com a defesa. O comando do ataque pertenceu primeiro a Cezar, que se conduziu regularmente até os 10 minutos da etapa suplementar, quando cedeu seu posto a Luiz Carvalho, que já defendeu as cores do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro e é elemento imprescindível nas seleções gaúchas. De "winger" direito atuou Mesquita e depois Laci, que não teve ocasião de aparecer. Na ponta esquerda jogou Malaquias, também vindo dos juvenis e elemento de grande futuro que se conduziu muito mal com o "winger" canhoto do Grêmio Porto Alegre, principalmente quando venciam por 4 a 2, passando a produzir jogo pessoal, o que prejudicou o bom andamento de seu XI. Não fosse isto e o Grêmio teria feito subir ainda mais o placar. No final contundiu-se, entrando Mesquita para a ponta esquerda.
O DESEMPENHO DO INTERNACIONAL
Os colorados produziram um padrão de jogo muito aquém de suas reais possibilidades. O fator primordial da derrota residiu na intermediária, onde somente se salvou o centro médio uruguaio Félix Magno, que procurou sanar as falhas dos médios laterais, os quais estiveram simplesmente sofríveis. O setor mais firme do esquadrão rubro foi o trio final, integrado por Júlio, Alfeu e Risada, notadamente o "colored" Alfeu, que foi o elemento mais destacado da cancha e em cujos pés morreu a maioria das investidas do quinteto atacante do Grêmio.
A dianteira do Internacional produziu ótimas jogadas no centro do campo, mas pecou lamentavelmente nas conclusões finais, quando se atrapalhava com o balão, perdendo boas ocasiões de marcar tentos. Tesourinha conseguiu criar algumas situações de perigo para o arco gremista, mas não teve a colaboração que deveria ter dos demais companheiros.
COMO FORAM FEITOS OS 6 TENTOS DA NOITE
Aos 10 minutos iniciais, o Internacional conquista a primeira vantagem da noite. Russinho centrou, Edmundo faz a defesa "encaixando" para soltar o balão, do que se aproveita Acácio, que vinha na corrida — 1 a 0 para os colorados. Não demorou muito e surgiu o empate, aos 14 minutos. Risada concede escanteio, cobra Mesquita o tiro de canto e Salvador cabeceia para Foguinho, que emenda, acertando em cheio nas malhas guarnecidas por Júlio, era o empate. O Grêmio passa a dominar o jogo, sem contudo ser modificado o "marcador". Termina a primeira fase com a contagem de 1 a 1.
Iniciado o segundo período, nota-se grande disposição no XI gremista, que se coloca em vantagem aos 51 minutos. Noronha controla a redonda no centro do campo e entrega a Salvador; o "mignon" entre ala direito do tricolor desfere violento pelotaço de uns 3 metros fora da área, colhendo Júlio de surpresa, conquistando o mais belo tento da noite. Grêmio, 2 e Internacional, 1. Essa conquista abriu o caminho para a retumbante vitória do tricolor, que passa a conduzir as jogadas a seu bel prazer. Quatro minutos depois (55), surge o terceiro tento do Gremio. Mesquita serve a Cezar na boca da meta, a defesa colorada "gela" e o "center" arremata forte e de meia altura: nova vantagem para o Grêmio.
O quarto ponto do Grêmio foi marcado aos 58 minutos. Risada cede escanteio, que Malaquias cobra otimamente e Risada defende fracamente, ficando o couro com Foguinho, este desfere violento "canhonaço" que passando por todos vai alojar-se no fundo das redes: 4 a l para o Grêmio. Quando o cronômetro acusava 62 minutos, o Internacional desmancha a diferença por intermédio de Tesourinha, aproveitando-se de uma fraca defesa do arqueiro Edmundo. Com a conquista desse tento tinha-se a impressão de que os colorados reacionariam, tal porém não se deu, continuando o Grêmio a dominar a cancha, exibindo um vistoso padrão de jogo, sem contudo fazer o placar subir.
O único culpado disto foi o ponteiro Malaquias, que insistiu em fazer jogo pessoal.
Renda: — 22:680$000.
Juiz: Alfredo Cezaro — ótimo (Este árbitro porto alegrense, segundo declarou o sr. Latrônico, chefe da embaixada do Independiente de Buenos Aires, é o melhor apito do Brasil, achando mesmo que deveria ser o árbitro da "Copa Roca").
Quadros: — Grêmio: Edmundo — Dario e Luiz Luz — André, Noronha e Laxixa — Mesquita (Laci), Salvador, Cezar (Luiz Carvalho), Foguinho e Malaquias (Mesquita).
Internacional: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso (Nenê), Félix Magno e Levi — Tesourinha, Russinho (Rui), Acácio (Russinho), Rui (Castillo) e Carlitos.
Os melhores da cancha: — Alfeu — Dario — Luiz Luz — André — Noronha — Tesourinha — Foguinho — Félix Magno e Salvador.
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 100, 07 mar. 1940, p. 29. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/2841. Acesso em: 02 jun. 2025.

03/02/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Internacional 8 x 2 Força e Luz

COLORADOS E RAJADOS SÃO OS ADVERSÁRIOS DE HOJE À NOITE NO ESTÁDIO DA RUA SILVEIRO
O duelo a ser travado entre os esquadrões do Internacional e o Força e Luz reveste-se de importância excepcional. O revés significará para qualquer um dos dois o afastamento detinitivo do returno, a única esperança a fim de conseguir o caminho do título máximo, já que o turno pertence ao Grêmio. A jornada mais difícil é semeada de escolhas. Além dos degladiantes de logo mais à noite, Cruzeiro e Grêmio são sérios candidatos à liderança do returno, ambos com dois pontes perdidos, em igualdade de condições com os rajados e colorados.
Quem perder, hoje à noite, nos Eucaliptos, pode enrolar a bandeira e preparar-se para a temporada de 1940. O venceder aguardará o resultado do encontro Grecruz, a ser travado depois do Carnaval.
Os pupilos de Benjamin e de Alfredo Zanini, encorajados pela perspectiva de ainda lograrem o título supremo do soccer citadino, confiam cegamente na sua chance. Os ensaios foram constantes, procurando evitar uma supresa. Em face das apresentações irregulares dos dois quadros não lançamo-nos à aventura de um prognóstico, mesmo porque seríamos suscetíveis de incorrer em erro grosso, como tantas vezes acontece desde que se procura definir um vaticínio ou antecipar o favoritismo deste ou daquele.
Poder-se-á dar crédito aos colorados, que afirmam ser o cotejo de hoje uma "barbada"? Repetirão os "diabos rubros" a reação que lhes trouxe o inesquecível empate de 3x3 frente ao Independiente? Os afeiçoados do clube da rua Silveiro garantem que o XI não falhará.
Os rajados asseguram a excelência do conjunto da Timbaúva, que envidará todos os esforços para bisar aquele triunfo do Relâmpago quando os vermelhos perderam, insofismavelmente, o título de invictos.
São estas as principais perspectivas para o penúltimo confronto oficial do campeonato de 1939, sem levar em consideração a série da "melhor de três" entre São José, campeão da divisão B, e o Americano Universitário classificado na divisão A em último lugar e um possível empate entre os 4 clubes que restam lugar.
NÃO HAVERÁ PRELIMINAR
O embate de hoje, na cancha dos colorados terá início às 20,30 horas. Os segundos quadros não atuarão, em face do clube da Carris ter entregue os pontos ao Internacional.
Funcionará de árbitro, escolhido de comum acordo, o desportista Oto Perdro Bumbel, do Esporte Clube Novo Hamburgo, e representará a Amgea o 2º vice-presidente Edmundo Lamb.
COMO FORMARÃO OS TIMES
O Força e Luz alinhará o seguinte quadro: Aristeu — Juvêncio e Castro; Zequita, Niquelagem e Abigail; Facin — Vanzeto — Alexandre — Dinga e Ida. Tobis reaparecerá na etapa complementar numa das duas entre alas.
Os colorados apresentarão o mesmo XI que igualou com os bicampeões de Buenos Aires: Júlio; Alfeu e Risada; Celso, Magno e Levi; Tesourinha, Russo, Acácio, Castillo e Carlitos.
AS NOTAS OFICIAIS DOS CLUBES
DO FORÇA E LUZ: Para o jogo de hoje, com início às 20,30 horas, contra o coirmão S. C. Internacional, o diretor da campo da Carris, José Alfredo Zanini, convoca os jogadores abaixo que deverão estar na Timbaúva às 15 horas: Aristeu — Horácio — Juvêncio — Alfredo — Castro — Zequita — Niquelagem — Abigail — Nilo — Moisés — Facin — Vanzeto — Tobis — Alexandre — Dinga — Ida — Clarimundo — Campos — Mario e Massagista Montemuro.
A fiscalização dos portões estará a cargo do sr. Ivo Marques Mancio (tesoureiro auxiliar) e auxiliares que designar.
DO INTERNACIONAL — Para o jogo de campeonato de hoje com o nosso valoroso coirmão, G. S. Força e Luz foram tomadas as seguintes resoluções:
Direção geral — a cargo do vice-presidente, dr. Gabriel Pedro Moacir, no exercício da presidência e auxiliado pelos demais diretores. Portões — a cargo dos tesoureiros do clube, srs. Dorval Fonseca e Rubem Miler Pereira, auxiliados pelos indicados pelo Força e Luz.
Junto à Amgea — o 2º secretário sr. Aurélio Ghiloso; Junto à Imprensa — o 1º secretário, sr. José Job Oliveira; Junto ao Força e Luz — o diretor, sr. Briareu A. Centeno; Direção de Campo — a cargo do respectivo diretor, sr. Benjamin Simões.
Preços — 3$ e 2$.
Sócios — Terão entrada franca mediante a apresentação da respectiva caderneta e recibo do corrente mês.
O sr. diretor de campo convoca os seguintes jogadores para estarem no campo do Internacional, às 19 horas em ponto, pois o jogo dos 1ºs quadros terá início às 20,30 horas em ponto:
Júlio — Alfeu — Risada — Levi — Magno — Celso — Tesourinha e os demais jogadores inscritos.
O reservado da imprensa e privativo desta, sendo vedada a entrada no recinto às peesoas estranhas.
Não se realiza jogo doa segundos quadros, visto o Força e Luz ter feito entrega dos respectivos pontos.
"A presidência desta entidade, usando das atribuições que lhe facultam os estatutos resolve "ad-referendum" da diretoria:
a) — marcar dois pontos ao 2º quadro do S. C. Internacional, em virtude de ter o Grêmio Sportivo Forla e Luz desistido de jogar a partida dessa categoria;
b) — determinar, a pedido dos interessados, o início do jogo de 1ºs quadros da partida acima, para às 20,30 horas, com 15 minutos de tolerância;
c) — aceitar a indicação do sr. Oto Pedro Bumbel, para juiz da referida partida a ser realizada amanhã, dia 3 do corrente, com as mesmas autoridades já escaladas. Porto Alegre, 2 de fevereiro de 1940.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 276, 03 fev. 1940, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/304. Acesso em: 01 jun. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 8 X 2 FORÇA E LUZ
Data: 03/02/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 288$000:000
Juiz: Otto Pedro Bumbel
Gols: Ruy Motorzinho 6’/1 (I); Castillo 10’/1 (I); Russinho 13’/1 (I); Facin 23’/1 (F); Carlitos 10’/2 (I); Acácio ?’/2 (I); Acácio 32’/2 (I); Acácio 33’/2 (I); Ida 34’/2 (F); Acácio 37’/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho, Russinho (Acácio), Castillo (Moacyr) e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
FORÇA E LUZ: Aristeu; Juvêncio e Alfredo (Castro); Zequita, Niquelagem (Nilo) e Abigail; Facin, Vanzetto, Euclides, Dinga e Ida. Técnico: Alfredo Zanini.

JÁ AOS 14 MINUTOS O INTERNACIONAL DECIDIRA A VITORIA COM O ESCORE DE 3 X 0 A SEU FAVOR
No final do jogo, a contagem subiu para 8x2, com o Força e Luz completamente dominado
O Internacional cumpriu na noite de ontem um compromisso fácil contra o Força e Luz, que caiu vencido pela alta contagem de 8 a 2.
Já nos primeiros 14 minutos os colorados tinham o triunfo garatido com o placar de 3x0. Os rajados descontam por intermédio de Facin aos 24 minutos e ensaiam uma pequena reacão, que a defesa do Internacional não deixa tomar vulto.
O Força e Luz se apresentou no jogo de ontem sem o concurso do jovem "center" Alexandre, tendo a sua dianteira falhado constantemente devido a ausência desse atacante. Euclides reapareceu no clube da Carris, demonstrando estar ainda fora de forma, devido a enfermidade que o afastou dos últimos compromissos do seu "XI".
O sexteto defensivo do grêmio de Álvaro Silveira esteve falho no cotejo de ontem, mormente a intermediária que não chegou a convencer, notadamente o centro médio Niquelagem, que foi o pior de todos.
O Internacional produziu uma ótima jogada, demonstrando grande preparo físico e entendimenio nos seus diversos setores. A linha dianteira se apresentou com grande apetite, sobressaindo-se o meia Rui, que foi o cérebro do ataque. A defesa dos colorados não teve uma única falha durante todos os 90 minutos da luta.
COMO FORAM FEITOS OS 10 TENTOS
Aos 6 minutos, Rui faz o primeiro tento para o Internacional, recebendo ótimo passe de Tesourinha. A segunda conquista surgiu aos 10 minutos por intermédio de Castillo. Três minutos depois (13) Russinho consigna o terceiro tento para os colorados. Carrega o Força e Luz, para aos 23 minutos Facin receber de Euclides e fazer o único gol para oa rajados na primeira etapa da luta. O Internacional passa a dominar novamente, escoam-se os primeiros 45 minutos e o escore fica em 3 a 1 para os rubros.
No segundo período os rajados trocam o zagueiro Alfredo por Castro. Essa mudança debilitou ainda mais a defesa do grêmio da Carris, que passou a ser completamente dominado pelos pupilos de Benjamin Simões. Aos 50 minutos o Internacionai faz o 4º tento por intermédio de Carlitos. O Internacional faz sair Russinho e entrar Acácio, que recebendo a primeira bola, manda às redes de Aristeu, 5 a 1. O mesmo Acácio aos 77 muinutos aumenta para 6 com um arremesso da linha média. O Internacional domina completamente a cancha e o mesmo Acácio eleva para 7 a contagem aos 83 minutos. O segundo tento do Força e Luz surgiu aos 84 minutos por intermédio de Ida, que recebeu ótimo passe de Euclides. Coube novamente a Acácio, ontem o artilheiro, fazer a última conquista da noite, emendando um corner cobrado por Terourinha, aos 88 minutos.
Com a fácil vitória dos colorados por 8 a 2, termina o encontro, que foi fraquíssimo na parte técnica, devido à grande superioridade do clube de Hoche de Almeida Barros.
Juiz — Oto Pedro Bumbel, de Novo Hamburgo — Regular, apitando retardado as faltas.
Renda — 288$000.
OS QUADROS:
INTERNACIONAL: — Júlio, Alfeu, Risada, Celso, Magno, Levi, Tesourinha, Rui, Russinho, (Acácio), Castillo (Moacir) e Carlitos.
FORÇA E LUZ — Aristeu, Juvêncio, Alfredo, (Castro), Zequita, Niquelagem (Nilo), Abigail, Facin, Vanzeto, Euclides (Dinga) — Dinga (Euclides) e Ida.
ÍNDICES: Técnico — 2 para o Internacional e 0 para o Força e Luz. Disciplinar — 4 para ambos, devido algumas jogadas bruscas.
OS MELHORES — Rui, Risada, Alfeu, Magno, Juvêncio, Euclides, Russinho e Abigail.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 277, 04 fev. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/316. Acesso em: 02 jun. 2025.

27/01/1940 - Amistoso - Internacional 3 x 3 Independiente-ARG

O "INDEPENDIENTE" VAI ENFRENTAR O CAMPEÃO GAÚCHO
PORTO ALEGRE, 26 (A. N.) — As atenções do mundo esportivo local estão voltadas para o sensacional encontro que se realizará amanhã à noite no Estádio dos Eucaliptos, entre o Independiente, bicampeão argentino, e o Sport Club Internacional, campeão local. O bicampeão argentino apresentar-se-á integrado por todos os seus elementos, com exceção do seu centro atacante Arsenio Erico.
Fonte: A Noite (RJ), n. 10043, 26/01/1940, p. 15. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/348970_04/539. Acesso em: 01 jun. 2025.

ESCOLHIDO O ÁRBITRO!
José Azevedo Silva, de Pelotas, conduzirá o prélio internacional desta noite, nos Eucaliptos
O INDEPENDIENTE FAZ LEVES MODIFICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO SEU PODEROSO ESQUADRÃO
As equipes secundárias do Grêmio e Internacional farão a preliminar
A incerteza do bom tempo obrigou os dirigentes da sensacional temporada internacional de futebol a adiar o jogo de ontem para hoje, às mesmas horas. Assim, às 21 horas, o público porto-alegrense terá sua curiosidade satisfeita. A medida dos presidentes do Internactonal e do Grêmio, em conjunto com o desportista Osvaldo Latronico, deve ser bem recebida, pois visou o bem coletivo e a defesa da parte econômica da excursão que importa em elevada responsabilidade.
Estamos certos que a torcida compreenderá os motivos ponderados da transferência do jogo para a noite de hoje. Nada perderão os afeiçoados, o espetáculo será proporcionado logo mais, sob a luz dos reflectores dos "Eucaliptos".
LIGEIRA MODIFICAÇÃO NO XI ARGENTINO
O poderoso esquadrão do Independiente sofreu de ontem para hoje uma ligeira modificação, de origem técnica, segundo declara José Cuesta Silva. Franzolino não entra jogando, devendo ser substituído por Puentes, médio direito, passando Celestino Martinez para a esquerda em lugar de Franzolino.
O trio final obedecerá a mesma constituicão: Belo — Lecea e Coleta. Leghi entrará no eixo. A ofensiva mantém-se firme, de saída: Vilarino — Dela Mata — Coll — Sastre e Zorilla.

INDEPENDIENTE
Bello
Lecea — Coleta
Puentes — Leghi — Martinez
Vilarino — De La Mata — Coll — Sastre — Zorilla

INTERNACIONAL
Júlio
Alfeu — Risada
Celso — Magno — Levi
Tesourinha — Russo — Acácio — Castillo — Carlitos

APELARÁ O SOCCER LOCAL PARA O SANGUE
A técnica de futebol metropolitano deixa dúvidas. Quando fazemos um "bonito" entra em função o nosso tradicional sangue e nossa combatividade. Não seria lícito ao cronista invocar padrão de jogo, o que não há na capital do Estado, ou afirmar a possibilidade, mesmo remota, dos nossos representantes aparecerem como favoritos. As honras são todas para os visitantes, não só pelas suas exibições na capital da República, em que pese o fracasso frente ao Vasco da Gama, como pelo cartel que traz da República Argentina.
A convicção de que os colorados se empenharão a fundo, buscando tudo fazer para barrar as pretensões do Independiente é absoluta. Resta saber se o ardor conseguirá neutralizar a apregoada classe dos futebolistas portenhos.
As circunstâncias surpreendentes, que sempre envolvem um match, poderão surgir no gigantesco embate de hoje, favorecendo os citadinos. É habitual nos encontros. Mais de uma vez já testemunhamos episódios desnorteantes e que, determinados momentos, constituem motivos de atração e fascínio para a multidão.
JOSÉ AZEVEDO SILVA, O ÁRBITRO
Prevalecerá a escolha dos colorados a respeito do árbitro. Só na manhã de ontem é que a designação do juiz para o cotejo de hoje foi assentada em definttivo. O desportista Azevedo Silva estreará, assim, nos gramados citadinos. Cremos que está acima de qualquer suspeita.
A PRELIMINAR
Os segundos quadros do Internacional e do Grêmio farão a preliminar do grande encontro internacional de hoje à noite, com início às 19,30 horas.
Para esse jogo o diretor de campo do Internacional, desportista Benjamim Simões, pede o comparecimento às 18,30 horas, no estádio, dos seguintes jogadores:
Marcelo — Álvaro — Clóvis — Ari Baiano I — Baiano II — Adelino — Oliveira — Neli — Jorge — Moacir — Piveta — Rui Barbosa — Amadeu — Baixinho — Otívio — Danilo e os demais inscritos.
NOTA DO GRÊMIO
Estão convocados a comparecer hoje às 18,30 horas no campo da rua Silveiro, os jogadores abaixo que compõem o segundo quadro do Grêmio, que em preliminar enfrentará o segundo quadro do clube dos Eucaliptos no grande encontro Internacional-Independiente.
Léo — Duro — Mate — Mario — Motim — Romeu — André — Valter — Cifuentes — Francisco — Dentista — Arísio — Espanha — Segura — Pita — Darte — Vorny.
NOTA DO INTERNACIONAL
Para o grande jogo internacional de hoje, com a valorosa equipe do C. A. Independiente, bicampeão da República Argentina, a diretoria do S. C. Internacional resolve o seguinte:
a) — exigir dos associados a apresentação da cardeneta com o recibo do mês em curso, sem a menor exceção. As fotografias para as mesmas poderão ser entregues durante o dia nos consócios srs. José T. Palazzo, no Banco do Brasil e Dorval Fonseca, no Banco da Província. Os associados que, por motivos imperiosos não evitarem de posse da carteira, deverão apresentar, juntamente com o recibo do mês corrente, documentos que provem a sua identidade.
b) — Nomear os seguintes associados, para o serviço de fiscalizacão de portões, que será feito com o máximo rigor: Portão de sócios acionistas: srs. Randolfo Torres Balbão e Briareu Centeno. Portão de sócios contribuintes: srs. Armando Silva e Apolino Kalikoski.
Portões do pavilhão geral, srs. Rubem Müller Pereira e Alfredo Warner — Portões de Gerais: Orlando Cavedini e Cunha.
c) — A direção dos serviços no campo será efetuada pela diretoria eleita, coadjuvada pela que vem de findar o mandato, a fim de não sofrerem solução de continuidade quaisquer assuntos que dependerem de resolucão imediata.
d) — Salvo os portões de entrada dos associados do clube, os demais serão fiscalizados, em conjunto, pelos dirigentes dos clubes Grêmio e Internacional.
e) — Os recibos estarão à disposição dos associados no campo com os cobradores.
PREÇOS DAS ENTRADAS
Para o grande embate de hoje à noite, no Estádio dos Eucaliptos, entre o Internacional e o campeão de Buenos Aires, vigorará a seguinte tabela de preços:
Cadeiras numeradas — 15$000
Pavilhão, preço único — 8$000
Gerais — 6$000
1/2 entrada — 4$000
Obs: As meias entradas somente poderão ser usadas por senhoras, colegiais fardados e praças de pret.
Todas as entradas continuarão à venda hoje das 9 às 18 horas, no Café Nacional nº 1 à rua dos Andradas.
Desta hora em diante as entradas poderão ser adquiridas nas diversas bilheterias do Estádio dos Eucaliptos. Ontem já foi grande a procura de entradas, o que demonstra o interesse para o memorável espetáculo futebolístico da noite de hoje.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 270, 27 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/250. Acesso em: 01 jun. 2025.

AMISTOSO - INTERNACIONAL 3 X 3 INDEPENDIENTE-ARG
Data: 27/01/1940 
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Público: aprox. 8.000.
Renda: aprox. 32:000$000 
Juiz: José Azevedo e Silva
Expulsão: Puente (Ind).
Gols: Carlitos ?’/1 (Int); Coll ?’/1 (Ind); De la Matta ?’/1 (Ind); Coll ?’/2 (Ind); Felix Magno ?’/2 (Int); Russinho ?’/2 (Int). 
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho (Ruy Motorzinho), Castillo, Acácio e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
INDEPENDIENTE-ARG: Bello (Carlet); Lecea e Coletta; Puente, Leghi e Franzolino (Perez); Villariño, De la Matta, Coll, Sastre e Zorrilla. Técnico: Guillermo Ronzoni.

Chegada do “Independiente”, bicampeão argentino,
no aeroporto da capital sul-riograndense.
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
Alguns destaques argentinos: Franzolino, Coleta,
Leguizamon, Bello, Zorailla, Maril, Martinez e Lecea.
Fonte: Diário de Notícias (RS)
O team dos "diabos-rubros" (de camiseta branca para
não haver confusão com os do Independiente). De pé,
da esquerda para a direita: Alfeu, Filhinho, Risada, Ruy,
Levi (cap.), Magno, Celso, Simão, Russinho, Carlitos,
Castillo, Tesourinha e Nenê. Ajoelhados: Júlio, Marcelo
e Acácio. Assinalado, vê-se Russinho, o "goleador" da
noitada e que garantiu o brilhante empate.
Fonte: Sport Illustrado (RJ)

INESQUECÍVEL!
EMPATE: 3 X 3
O INTERNACIONAL, NUMA ASSOMBROSA REAÇÃO, NOS ÚLTIMOS 20 MINUTOS SOBE NO PLACAR E CONSEGUE IGUALAR-SE AO INDEPENDIENTE
Os visitantes exibiram o mais alto padrão de jogo já praticado em nossos campos — Carlitos (1), Magno (1), Russinho (1), Coll (2) e Sastre (1) foram os goleadores do memorável prélio — Atuou fracamente o árbitro pelotense José Azevedo Silva
O Sport Club Internacional obteve um empate de larga repercussão, em face do extraordinário valor do Club Atlético Independiente, bicampeão de Buenos Aires.
Mais uma vez o ardor e o "sangue" fizeram milagre. Impossível negar-se o notável padrão do "soceer" dos visitantes. O público assistiu a um espetáculo ímpar em nossa capital. Clube algum que pisou nossas canchas demonstrou tanto conjunto, tanto domínio, certeza de passes e ações, como o Independiente. As oito mil e mais pessoas que compareceram aos "Eucaliptos" saíram satisfeitas com o que presenciaram.
O tiro máximo cobrado por José Azevedo Silva transformou a feição do prélio. De 3 x 1, o escore passou para 3 x 2. Animados pela conquista de Magno, ontem bastante diligente, os "diabos rubros" invadiram on domínios de Lecea e Coleta, destacando-se Rui e Russinho. Infatigáveis, os "rojos" respondiam, mas não com a mesma cadência da etapa inicial, que lhes pertenceu. Agigantados e
movidos pela divisa "caminho às redes de qualquer jeito", os defensores do pavilhão colorado atingiram o honroso empate no último minuto.
A reacão esmagadora dos bravon rapazes da rua Silveiro não permitiu a vitória dos portenhos. Um lance dramático determinou o empate nos últimos instantes do embate. A confusão da zaga, principalmente Lecea e Coleta, originou a bela conquista para o nosso futebol, assinalado espetacularmente pelo "comandante" Russinho, a um metro do arco argentino.
***
Os senões do árbitro não empanam em absoluto o magnífico resultado obtido pelo Internacional na festa de ontem.
Dois gols de diferenca e uma classe formidável pela frente impressionava os afeiçoados, descrentes de uma reação. Mas a reação surgiu. Os esforços de Tesourinha, de Rui, incluído na etapa complementar com grandes resultados, a dinamicidade de Magno em apoiar as investidas, a esplêndida atuação do trio final dos colorados, sobretudo da zaga. A improvisação das jogadas desconcertantava às vezes, porém, a vontade férrea de resistência dos nossos se opunham tenazmente até a conquista suprema que estabeleceu o honroso empate, que enche de orgulho o futebol rio-grandense.
Basta lembrar-se que os 3 x 3 sobem de valor ao recordar-se que o Botafogo perdeu por 8x1. O Flamengo também amargou com 4x3, obtendo após uma revanche ajustada: em Minas os portenhos impressionaram e aqui, no jogo inaugural, cedem um empate espetacular quando a opinião geral tendia para os nossos hóspedes. Todos vaticinavam uma "goleada" a favor dos líderes de Buenos Aires. O desempenho dos visitantes na primeira fase aumentou a possibilidade, do XI rubro experimentar um revés, apezar da diferença ser insignificante: 2x1. Realmente, o imprevisto concretizou-se ante os olhos entusiasmados da torcida. Passados os primeiros momentos de surpresa e com o soar do apito do cronometrista é que os torcedores exultaram, dando expansão à alegria inesperada. O campo foi invadido e os jogadores do Internacional carregados em triunfo. Os aplausos não cessaram. Aconteceu o que poucos esperavam: uma página de ouro na história do futebol gaúcho, escrita pelo valoroso XI do Internacional.
***
Espectalmente convidado, compareceu à cancha do Internactonal o cônsul argentino, Humberto Collati Macedo, que deu o "kick-off" inicial, ao trilar do apito empunhado por José Azevedo Silva. Os colorados investem e são detidos por Coleta, o firme zagueiro que brilhou na Taça Roca. As tramas fazem alarde no XI dos "rojos de Avellaneda", que se mantém aos primetros minutos em supremacia. Um centro de Zorilla é aproveitado por Sastre, para Júlio exibir-se. Carlios atira rente ao poste, depois de Belo estirar-se sem resultado, arrancando exclamações da torcida.
O INTERNACIONAL ABRE A CONTAGEM
O oitavo minuto trouxe o primeiro contraste da noite. Russinho deriva para a direita. Puente procura interceptar, mas deixa o couro escorregar, sendo recolhido por Carlitos que "fecha" e acerta em cheio, um tiro rasteiro e indefensável. Bello tentou impedir o trajeto, atirou-se tardiamente, lesionando a falangeta do mínimo da mão esquerda, o que determinou a sua substituição na etapa complementar.
O precioso mecanismo do Independiente começa a funcionar com regularidade. Os passes chegam com exatidão de cronômetro. A descolocação é encantadora. Marcação um pouco falha. Não gostamos de Puente e Franzolino, bastante lerdo ou preguiçoso. Insistem os argentinos, passando a agir dentro do meio campo dos rubros. Júlio cede escanteio. Zorilla despeja provocando confusão na áarea de gol de Júlio. Sastre arremata, o arqueiro mergulha, não alcança, deixando para o poste direito. Novo escanteio, sem efeito. Lecea evita Tesourinha. Sastre "borda" com de La Mata e este faz o travessão funcionar. Vilarino controla e atira. Júlio afasta de punho (25'). Um silêncio geral nas arquibancadas estarrecida pela vistosidade da técnica dos visttantes. A pressão evoluiu. Foul de Celso em Zorilla. O "winger" bate e De La Mata emenda em cheio no travessão, outra vez. Vilarino devolve de cabeça e Risada defende.
Sastre desfere potente tiro, magnificamente defendido por Júlio. Novo chute e Júlio faz a assistência vibrar. Magistral defesa! Fuente é expulso de modo irregular pelo árbitro, protestando justamente os argentinos. Perez entra para médio esquerdo, passando Franzolino para a direita.
Aos (16') trocam passes rápidos de Coll a De La Mata para aquele empatar: 1x1.
Sastre e De La Mata constituem um espetáculo soberbo. Zorilla e Vilarino dois pontas extremamente perigosos e "artilhetros". A zaga colorada porta-se bravamente. Magno, embora inferioridade técnica, reage com as forças que tem, junto com Levi, enquanto Celso torna-se impotente para deter Sastre e Zorilla. Vilarino, na boca da meta, é desarmado por Risada. Restavam dois minutos. Vilarino foge de Levi e serve Sastre, dentro da área. O formidável entre ala aponta bem no canto esquerdo, impedindo qualquer ação de Júlio: 2x1. Um centro de Carlitos, detido por Belo é o último lance desse período, de manifestar superioridade dos argentinos.
A etapa complementar encontrou um Internactonal mais malicioso e cheio de disposicão. Parece que sacudiram o torpor, lembrando-se de retribuir aquela maravilha de técnica com o provérbio ardor e sangue. Dos 45 minutos finais, cremos que uns 20 pertenceram aos rubros que lutaram denodadamente. Impelidos pelo "alce" do árbitro. Acácio abandona o campo. Russinho como "condotieri" e Rui na entre ala direita deram outro vigor na ofensiva, auxiliada por Magno. Não estacionaram os dianteiros do Independiente, que barravam com frequência na vigilância de Alfeu e Risada, dois grandes esteios do embate de ontem.
Nos primeiros minutos, o placar sofreu alteração (9). Sastre cede a De la Mata e este proporciona um passe estupendo a Coll, center forward, que se descoloca e assinala o terceiro e último gol para as suas cores. Três a um e uma supremacia desanimadora. A toada argentina decresce. Há mais preocupação para a vistosidade acadêmica. Falta de Levi e o árbitro marca a favor dos rubros! Puente reclama e é pegado pelo pescoço, inexplicavelmente, sendo expulso. Não discutimos a expulsão, mas condenamos o modo com que se processou.
Carlitos habilita a Russinho que arranca naquele conhecido "rush", Lecea procura obstar e Russinho cai dentro da área, punindo Azeredo pênalti, ao 25'. Magno bate. Carret defende, mas não retém e Magno obtém o segundo tento. As invertidas se alternam. Rui finaliza rente ao poste. Escanteio de Alfeu. Júlio afasta de punho. Zorilla emenda alto, Tramam Sastre e Zorilla, aquele fica com o couro e avança só. Júlio abandona o arco e arroja-se aos pés do temível atacante argentino levando a melhor.
O GOL DE HONRA!
Mantendo inflexivelmente o mesmo diapasão, o Independiente procurava aumentar, sem que conseguisse realizar o intento, ante o trabalho de Risada, Alfeu e Júlio.
Descem os vermelhos (que ontem estavam de branco) pela direita. Rui a Carlitos, que passa a Castillo. O "insider" aponta e Carlet defende parcialmente, confundindo-se com Lecea. Russinho puxa e consegue o gol de honra!
Mais alguns lances e soa o apito do cronometrista, dando por terminada a sensacional jogada.
xxx
Árbitro: José Azevedo Silva, fraco.
Renda: cerca de 30 contos de réis.
Os quadros:
INTERNACIONAL: — Júlio — Alfeu e Risada — Celso — Magno e Levi — Tesourinha - Russo (Rui) — Acácio (Russo) — Castillo e Carlitos.
INDEPENDIENTE: — Bello (Carlet) — Lecea — Coleta — Puente (Franzolino) - Leghi — Franzolino (Perez) — Vilarino  De la Mata — Coll — Sartre e Zorilla.
Índices: técnico: 4 para o Independiente e 0 para o Internacional; disciplinar: 4 para ambos.
Os melhores: Coleta, Sastre, De la Mata, Zorilla, Risada, Alfeu, Júlio, Rui e Tesourinha.
xxx
O Independiente comprovou a sua classe de bicampeão, se mais não conesguiu foi por circunstâncias estranhas à sua vontade.
Demonstrou o XI buenairense uma técnica acurada, vistosa. Não há muito apetite pelas redes adversárias. Preocupam-se mais em tramar e aproximar o máximo possível das redes, tal como os ingleses. Pouco ardor, compensado por um alarde de técnica.
Bello não teve oportunidade. Carlet só teve contados ensejos, insuficientes para um juízo definitivo. Engoliu um "frango" — o 3º gol. Lecea e Coleta uma zaga de respeito, notadamente o zagueiro canhote, um espetáculo. Dos médios, Leghi tem méritos os outros dois fracos, em plano inferior ao "eixo".
O ponto alto, tal como prevíamos reside na ofensiva. Sastre e De la Mata dois entre-alas notáveis. Os "wingers" com qualidades de craques. Coll, o jovem comandante que substituiu Erico deu conta do recado, fazendo dois gols de mestre. Também não é grande milagre contando com dois meias da classe e envergadura de um Sastre e um De la Mata.
Na preliminar, o segundo time do Grêmio abateu o Internacional, de igual categoria, por 2 x 1.
UM ESPETÁCULO QUE EMOCIONA, EMPOLGA
Opinam jogadores e assistentes
Mal terminados os 43 minutos do primeiro tempo, o repórter seguiu atrás dos defensores do Internacional a fim de registrar algumas impressões sobre o XI argentino.
Suados, ofegantes, os "diabos rubros" se entreolhavam. Um ou outro comentava os lances. Risada, interpelado, assim falou:
"São duros de roer, de amargar".
O capitão da equipe rubra molhava a garganta, absorvendo longos tragos. Levi tem palavras lisongeiras para o adversário, enaltecendo-lhe o valor inconteste. Frisa a beleza de suas jogadas e a qualidade individual de seus componentes.
Magno foi sintético: "São de abrir "barba"! Forcejaremos muito no outro tempo".
Não havia tempo a perder. Desejávamos ainda colher outras impressões, entre os espectadores. As cadeiras regorgitavam. A fina flor dos nossos desportistas acorreram ao Estadio dos Eucaliptos, no intuito de incentivar os defensores do futebol porto-alegrense e assistir a apregoada classe do Independiente, plenamente confirmada.
Eis o desfile das impressões:
"Ótimos jogadores. Dão a impressão de que não exibem ainda a plena pujança de sua técnica. Falham, entretanto, nos arremessos". Opinião do dr. Jorge Fayet, conhecido clínico.
O dr. Ricardo Enck, tambem médico, mais adiante transmite ao cronista: "Um grande espetáculo, um prazer para os olhos. São extraordinários!".
Ao lado de sua gentilíssima filha, o nosso colega dr. Renato Costa troca impressões, quando o jornalista atalha:
— Que nos diz?
— Formidáveis. Muita técnica e precisão absoluta, junto com qualidades individuais pouco encontradiças. Prefiro Sastre e Coleta dos onze".
Ardoroso "Zequinha", o dr. Álvaro Barcelos Ferreira descansava da torcida (para quem?) quando o interpelamos, colhendo:
"Isso vai ser uma "barbada"!
Mas, o diabo é que o Russinho apareceu e não deixou os fios crescerem...
Antigo desportista, apreciador do bom futebol, e professor Florêncio Ygartua ao passar pela tribuna da impresa, no fim do
jogo, se externa:
"Um primeiro tempo de absoluto domínio para os argentinos que provaram ser campeões e um segundo tempo ótimo para o Internacional com reação surpreendente. Uma grande noitada de futebol. E Coleta, que zagueiro!".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 271, 28 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/264. Acesso em: 01 jun. 2025.

CINCO MINUTOS A MAIS E UM PÊNALTI INJUSTO
ESTAMOS quites com o público porto-alegrense: As gentilezas e o exemplar comportamento danumerosa assistência que afluiu aos Eucaliptos retribuímos com um verdadeiro espetáculo, apesar de quase nada conseguirmos no placar, além de um minguado empate. Temos nossas razões de queixa. O árbitro encheu-nos a medida, não sei como pode haver um homem que se desmande tanto dentro de uma cancha. Castigou a valer nosso XI, culminando na atitude grosseira frente a Puente, sem o menor motivo, agarrando-o brutalmente pelo cangote. Admirei-me do controle dos companheiros, pois convenhamos que a deselegância e falta de linha do "referée" ultrapassou aos mais comesinhos preceitos de educação desportiva.
Estou usando e abusando das colunas do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" com toda a franqueza, dizendo a verdade tal qual eu a sinto, quando ainda transpiro dos 90 minutos de luta frente a um adversário brioso, cheio de sangue, de uma mobilidade admirável. Apreciei muito a energia e incessante agilidade dos defensores colorados. É muito mais difícil jogar-se contra essa classe de jogadores do que contra elementos que guardem suas posições, mantendo um padrão fixo. Deixarei, entretanto, as minúcias do match e da técnica para mais tarde, se houver tempo de comentar, agora, pretendo ainda focalizar a infeliz decisão do juiz ao punir nosso quadro com um tiro máximo, inexistente. O forward local não foi tocado: o zagueiro encostou e Russinho rolou propositalmente dentro da área, obtendo resultado satisfatório, em face da clamorosa penalidade que veio diminuir a vantagem que sustentávamos e incentivar o adversário, que esboçou uma reação digna de louvor. Estes os traços que me ocorrem fixar na presente croniqueta, atendendo ao prometido.
Espero que no próximo compromisso saiamos melhor, aliás, procuraremos desmanchar o primeiro empate registrado na excursão do Independiente. Não julguem que estou magoado com o bravo adversário, lamento apenas a atuação do árbitro com toda a sinceridade, sem desmerecer o feito dos portoalegrenses, representados no Internacional.
Fonte: DE LA MATA, Vicente. Diário de Notícias (RS), n. 271, 28 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_02/264. Acesso em: 01 jun. 2025.

O MELHOR JOGO DE PORTO ALEGRE
Internacional x Independiente — 3 x 3
Precedido de fama, o esquadrão do Independiente vinha de brilhante excursão pelo Rio e Belo Horizonte, onde conseguira boas vitórias e algumas derrotas (como a do Vasco da Gama e do Flamengo), que em nada desmereceram o cartaz de que goza. E, após os primeiros minutos de jogo, a torcida estava inteiramente convencida de que iria ver jogadas inesquecíveis e de que se achava, de fato, na presença do bicampeão.
***
Uma coisa, porém, ficou patente aos olhos do público entusiamado, que encheu o Estádio dos Eucaliptos: — O Independiente joga com muita técnica, passes matemáticos, embora em excesso, arrematam quase sempre quando é inevitavel o gol, mas... não tem "alma"... O que já acontecera no Rio, contra o Flamengo, que depois de estar perdendo por 3x0, reagiu, conseguindo empatar e terminar perdendo por "circunstâncias estranhas", por 4x3, repetiu-se em Porto Alegre. O Independiente, depois de estar ganhando por 3x1, não soube sustentar a vitória, deixando-se envolver pelo ardor e combatividade dos locais, que ainda conseguiram um honroso empate em três pontos. O bicampeão joga como uma máquina perfeitamente ajustada, com o mesmo "trin" de jogo, quer esteja perdendo ou ganhando, sempre com o mesmo padrão, e não tem aquela vontade de ganhar, aquele poder de reação que caracteriza os brasileiros.
***
Ao valoroso Sport Club Internacional coube a árdua tarefa de representar o foot-ball citadino, nele depositando a torcida gaúcha todas as esperanças, embora acreditasse na classe dos portenhos e no título que ostentavam. E, ao iniciar-se a pugna, logo observou-se que os locais venderiam caro a sua derrota.
Sem se impressionar com o "baile" que iniciaram De La Matta e Sastre, a defesa rubra portou-se brilhantemente e suportou o assédio contínuo dos visitantes, cedendo por três vezes, mas a tramas feitas com técnica indiscutível e muita classe.
O ponto alto da equipe dos diabos rubros residiu no trio final, composto por Júlio, Alfeu e Risada, o veterano, que suportaram valentemente as habilidades dos artilheiros "rojos" e, embora com o placar adverso, espelhando a nítida superioridade do "matemático" sobre o "improviso", não se deixaram abater, garantindo no final o empate almejado.
JUIZ, TEAMS, GOLS, RENDA ETC.
Arbitrou a partida o juiz pelotense José Azevedo Silva, que foi fraco em sua atuação. Muito impressionável e nervoso, perdeu a calma quando Puentes (dos "rojos") reclamou uma penalidade... Segurando-o pelo pescoço (!) o juiz expulsou-o do gramado, o que suscitou reprovação da própria torcida pelo modo como era feita. Daí em diante, passou Azevedo e Silva a "castigar" os portenhos, chegando a falhar por excesso de zelo, principalmente nos off-sides, sem, comtudo, deixar de ser honesto, mas unicamente... descontrolado!
Os quadros que atuaram e as respectivas cotações:
INDEPENDIENTE — Bello (8); Lecéa (9) e Colleta (10); Puentes (6), Perez (7), Leguizamón (10) e Franzolini (8); Villarino (8), De La Matta (10), Coll (8), Sastre (9) e Zorrilla (8).
INTERNACIONAL — Júlio (10); Alfeu (10) e Risada (10); Celso (4), Magno (8) e Levi (6); Tesourinha (7), Russinho (9), Ruy (8), Acácio (5), Castillo (7) e Carlitos (6).
A renda atingiu a casa dos trinta e dois contos e o tempo esteve magnífico, embora o gramado prejudicasse um pouco o desenrolar técnico da partida, por estar um pouco molhado e escorregadio.
COMO FORAM FEITOS OS GOLS
Primeiro — do Internacional: — Russinho faz um passe alto para dentro da área. Salta Leguizamón e não intercepta. Puentes tenta rebater e falha. Carlitos, atento, corre, de posse da bola, entra na área e fulmina Bello com um tiro enviesado e bem colocado.
Segundo — Independiente: Leguizamón dá a Sastre, este a Zorrilla, que se aproxima da área permutando de posição com o insider, "bailando" em torno do half, até que Sastre estende o balão para Coll, que infiltra-se entre os zagueiros e chuta indefensavelmente; estava empate.
Terceiro — Independiente — Sastre, poucos minutos depois, após um brilhante passe de De La Matta, não tem dificuldade em burlar a vigilância de Júlio, com forte arremesso no canto esquerdo, embaixo, sem apelação. 2x1!
Findou aí o primeiro tempo.
Quarto — Independiente — O endiabrado De La Matta, com uma das suas jogadas, a mais brilhante de toda a partida, deu o couro "mastigado" para Coll, que achou o caminho das redes com facilidade — 3xl.
Quinto — Internacional — Russinho entra na área perigosamente, perseguido de perto por Lecéa, que tenta tirar-lhe a bola, caindo os dois jogadores... Ouve-se o apito do juiz: pênalti!
Magno é encarregado de batê-lo, há um ligeiro protesto dos portenhos, que não são atendidos pelo árbitro. Parte o tiro bem no centro e Carlet, substituto de Bello, que se machucara, defende parcialmente, voltando a esfera a Magno, que desvia para o canto. — 3x2! Delírio da torcida.
Sexto e último — Internacional — Faltando poucos minutos para finalizar o jogo, já com alguns espectadores em retirada, acreditando na fixidez do placar, Tesourinha corre pela sua ala e centra otimamente. Pulam Russinho e Lecéa. Ao mesmo tempo Carlet sai do gol para afastar o perigo. O balão sobe dentro da área e quando vai caindo, encontra Russinho que, deitado, dá uma "puxada" que cobre o arqueiro e entra mansamente nas redes. 3x3! Pouco depois terminava a partida, com a clássica invasão do gramado pelos fãs que correram a abraçar e levantar no colo os seus favoritos, pelo brilhante feito.
Fonte: RABELLO, Pitágoras. Sport Illustrado (RJ), n. 102, 21 mar. 1940, p. 24. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/2898. Acesso em: 01 jun. 2025.

20/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Americano-RS 2 x 5 Internacional

UNIVERSITÁRIOS E COLORADOS DISPUTARÃO HOJE À NOITE MAIS UMA RODADA DO CAMPEONATO DA CIDADE
Esse embate será jogado no estádio da Baixada
O campeonato oficial de futebol da AMGEA continua em toque de caixa. A sexta rodada reunirá na "sabatina" de hoje Americano Universitário e Sport Club Internacional, no campo do Grêmio, sob a luz dos refletores.
Depois daquela luta memorável do turno, quando os colorados alinharam um XI integrado por diversos reservas e conseguiram um honroso 3x3, um novo cotejo dos rubros com os grenás despertará interesse.
Entretanto, as forças não aparecem muito equilibradas. Julgamos que a vitória penderá fatalmente para os rapazes orientados por Benjamin Simões, em que pese a última derrota do "rolo compressor". É verdade que os acadêmicos também vêm de dois anguntiantes revezes que os colocaram em plano bastante inferior ao sustentado no turno, atravessado invicto.
Na etapa derradeira do certame citadino os universitários pisaram com o pé esquerdo. Não acertaram um jogo. Sabemos que para o prélio de hoje a direção anuncia a vinda de Pipoca e Sadi, ante os frequentes fracassos de seu conjunto. Mas os maus fados acompanham os rapazes da rua Larga, ameaçados pela última colocação e consequente disputa da "melhor de três" com os campeãos da série secundária para o acesso. Joel Arias, o vigorono e enérgico zagueiro direito, um dos legítimos baluartes do esquadrão do dr. Delmar de Araújo Ribeiro, está impossibilitado de atuar em face de uma fratura sofrida, por ocasião do encontro mantido com o Grêmio.
Num dos lances que a defesa se viu envolvida, Borges chutou com violência o pé do companheiro de zaga, determinando a lesão do tecido ósseo. Submetido ao raio-x, foi constatada a fratura. Assim, o Americano Universitário ver-se-á privado de um ótimo elemento, o que mais contribui para a nossa opinião de que dificilmente os acadêmicos terão o êxito a seu favor na peleja de hoje.
Americano Universitário — Os amadores escalados pelo clube universitário, para o jogo de hoje com o Internacional, são os seguintes:
Primeiro: — Tatinha, Guardiola, Zeca, Borges, Sadi, Justino, Ochoto, Bocage, Eli, Bruno, Vílson, Arteche, Toreli, Cezar.
Segundo: De Lorenzi, Dirceu, Sgrillo, Salgado, Vitor, Lúcio, Luís, Odilon, Mario, Pedro Paulo, Sirângelo, Sampaio, Nuno, Telmo, Chaves, Astarita, Vieira 1º e 2º.
NOTA: Todos os jogadores acima fardar-se-ão no campo do Grêmio, devendo o jogo dos segundos quadros ter início às 19:30 horas em ponto.
NOTA DO S. C. INTERNACIONAL
O diretor técnico dos colorados pede por nosso intermédio o comparecimento no Estádio dos Eucaliptos dos jogadores abaixo:
2º quadro — às 18,30 horas — Marcelo, Álvaro, Ari, Adelino, Oliveira, Baiano, Jorge, Amadeu, Rui Barbosa, Piveta, Otívio, Neli, Moacir.
1º quadro — às 20 horas — Júlio, Alfeu, Risada, Celso, Magno, Levi, Tesourinha, Russinho, Rui, Acácio, Castillo, Cariitos, Filhinho, Nenê, Clóvis.
PRECO DAS ENTRADAS
Para o jogo de hoje vigorará a seguinte tabela de preços:
Entradas gerais: Adultos: 3$000; menores e fardados: 2$000.
Os sócios do Americano Universitário terão ingresso pelo portão do Tiro Alemão, mediante a apresentação do recibo do mês corrente.
NOTA DO GRÊMIO
A diertoria do Grêmio chama a atenção dos sócios quer novos ou antigos, que o cobrador acha-se à disposição dos mesmos, hoje à noite no Campo do Grêmio, onde se realizará o encontro entre o S. C. Americano e S. C. Internacional. Os sócios do Grêmio entrarão mediante a apresentação dos recibos de janeiro e fevereiro e os juvenis com o mês de janeiro.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - AMERICANO-RS 2 X 5 INTERNACIONAL
Data: 20/01/1940
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Renda: 2:134$000
Juiz: Otto Pedro Bumbel
Gols: Acácio, pênalti 30’/1 (I); Filhinho 2’/2 (I); Bolívar 12’/2 (A); Ruy Motorzinho 35’/2 (I); Ruy Motorzinho 36’/2 (I); Eli 37’/2 (A); Castillo 39’/2 (I).
AMERICANO-RS: Tatinha (Dirceu); Justino e Borges; Sadi, Bocage e Ochotorena; Eli, Bruno, Boívar, Odilon (Sirângelo) e César.
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Celso, Felix Magno e Levi; Tesourinha, Russinho (Ruy Motorzinho), Acácio, Castillo e Carlitos (Filhinho). Técnico: Benjamin Simões.

Em pé: Castillo, Risada, Felix Magno, Levi, Acácio,
Alfeu e Júlio Petersen. Agachados: Celso, Carlitos,
Russinho e Tesourinha.
Fonte: 1909 em cores

OS UNIVERSITÁRIOS CONTINUAM COM ZERO PONTOS NO RETURNO
Apesar do escore final assinalar 5 x 2, o Internacional obteve um triunfo laborioso, só dominando nos 15 minutos finais
Os universitários lutaram como leões frente ao esquadrão do "rolo compressor", cedendo uma vitória pouco expressiva para os colorados ante a dificuldade das ações e lances sem lucidez por perte do XI de Benjamim. Atuando desordenadamente, os colorados só puderam manobrar com tino e coordenação nos últimos 15 minutos, quando os defensores da jaqueta U entregaram-se ao cansaço, após uma resistência homérica. Note-se que os grenás apresentaram-se com um time misto, integrado por diversos elementos de classe inferior, na ausência de Arias, Vílson, Pipoca, Toreli, e, finalmente, Tatinha, que se contundiu no período inicial, não reaparecendo na etapa complementar. Dirceu o substituiu, deixando algo a desejar, notadamente no segundo tento, um legítimo "frango". O feito de Filhinho, que substituiu Carlitos na ponta esquerda, foi um grande golpe nos acadêmicos, mesmo assim opuseram séria resistência, fraquejando do trigésimo minuto em diante. Só aí é que o placarde subiu, atingindo as mesmas cifras do jogo contra o Grêmio: 5x2.
Os 45 minutos trouxeram uma angustiosa inquietação para os vermelhos. Encontraram um adversário entusiástico, animado, diaposto a obstar todos os intentos do intmigo. Desconhecia-se a equipe colorada. Russinho, na entre ala direita, trabalhava, sem conseguir vencer a vigilância da zaga americanista que esteve arrasadora no tempo primário e parte do segundo, muito bem secundada por Bocage, um "eixo" ativo e colocado com constância. O decréscimo acentuou quando não mais houve resistência.
A linha média constituiu novamnente o ponto vulnerável dos rubros. Somente a inclusão de Rui é que determinou um impulso de vulto para a ofensiva da Chácara dos Eucaliptos. O placar se mostrava rebelde. Rui entrou e logo aumentou para 4x1. Os [...] perturbavam e desorientavam os encarnados, assediados pelo ardor e combatividade dos rapazes da rua Larga. Talvez a escassa diferença inibia os companheiros de Acácio. O "comandante" acabou substituído, passando Russinho para a sua posicão, indo Rui para winger direito, melhorando muitos pontos a ofensiva do clube de Hoche de Almeida Barros.
Mas, historiamos rapidamente as conquistas iniciais. O primeiro tempo, como já dissemos, foi extremamente laborioso para o conjunto rubro. Só um pênalti (casual) de Justino (33') é que determinou a queda do arco de Tatinha, numa noite feliz. O jovem guardião vinha se portando maravilhosamente, até que uma contusão num joelho obrigou, no intervalo, a conservar-se fora de jogo.
A vantagem mínima assinalou o término dos primeiros 45'. Mal iniciado o período derradeiro, Filhinho escapa, evita Borges e obtém a segunda conquista da noite (2'). Um legítimo frango de Dirceu. Dez minutos mais tarde, os universitários descontam, por intermédio de Bolívar. Outro "frango". Eli centra e Júlio saiu, mas espera, Bolívar antecipa-se e conduz a bola na barriga para o fundo das redes. Movimenta-se o prélio. O Internacional é um time desordenado. Aos 20' sai Acácio. Os acadêmicos continuam a insistir. Júlio brilha duas vezes consecutivas, aliviando. Avançam os minutos. Rui, em lindo estilo, faz as redes americanistas estremecerem aos 25 minutos. Bocage cometera toque. Rui recebe e provoca aplausos da torcida. Um minuto mais tarde o mesmo jogador, de cima do risco, depois de buriar dois adversários, registra o gol mais lindo do "noturno": 4x1. Uma investida americanista trás como consequência o ponto feito por Eli (37'), num centro de César. Júlio aparou e soltou, para Eli aproveitar-se inapelavelmente.
No penúltimo minuto do match, Castillo atinge pela última vez as malhas do Americano, fixando a contagem em 5x2. Magnífico o chute de Castillo.
xxxx
Árbitro: Sargento Oto Pedro Bumbell, do Novo Hamburgo: regular.
Renda: 2:134$000.
Os quadros: Internacional: Júlio; Alfeu — Risada, Celso — Magno e Levi, Tesourinha — Russinho (Rui) — Acácio (Russinho) — Castillo — Carlitos (Filhinho).
AMERICANO: Tatinha (Dirceu) — Justino e Borges, Sadi — Bocage e Ochotorena — Eli — Bruno — Bolívar — Odilon (Sirângelo) — César.
Índices: disciplinar: 5 para os dois; técnico: 0 para ambos.
Os melhores — Júlio, Rui, Borges, Bocage, Alfeu, Tatinha, Risada, Eli.
— A preliminar, apesar do Americano ter feito a prévia entrega dos pontos, apresentou os segundos quadros dos mesmos clubes que atraíram a atenção da torcida.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 265, 21 jan. 1940, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/200. Acesso em: 31 mai. 2025.

12/01/1940 - Citadino 1939 - 2º turno - Internacional 1 x 3 Cruzeiro-RS

"O SEGUNDO CLÁSSICO DA CIDADE"
Empolga o próximo cotejo entre o Internacional e Cruzeiro
O "segundo clássico" da cidade reveste-se de excepcional importância. Internacional e Cruzeiro farão uma rodada sensacional sexta-feira à noite nos "Eucaliptos" para a apuração do futuro adversário dos tricolores em "melhor de três", segundo manda a fórmula Fraga, caso o Grêmio não sagrar-se vencedor do returno. Julgamos uma empresa muito difícil para os pupilos de Telêmaco Frazão de Lima neutralizarem a perda dos dois pontos que sofreram frente ao "rolo compressor". No nosso "soccer" acontecem coisas inauditas, não duvidamos que os rubros topem com qualquer percalço e se vejam envoltos novamente com o adversário de todos os tempos.
O Cruzeiro especializou-se em "desencarrilhar" os líderes. Além de ser um inimigo acirrado, o Cruzeiro defenderá a sua própria posição no returno. Inaugurando a última rodada, os azuis entrarão em campo revestidos de grande fé e acentuadan esperanças. Animados com as novas posibilidades, os defensores da jaqueta azul e branca querem demonstrar a pujança de seu XI e obter uma vitória líquida dentro da cancha, sacudindo "guingne" que os persegue.
O "Intercruz" promete reverstir-se de contornos emocionantes, sexta-feira à noite, à rua Silveiro, bairro do Menino Deus.
Horário: 19,15 e 21,15 com 15 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 255, 10 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/80. Acesso em: 31 mai. 2025.

HÁ INTERESSE PELA REALIZAÇÃO, AMANHÃ, DO “SEGUNDO CLÁSSICO”
Os pontos fortes e fracos dos contendores
O noturno oferece para o Cruzeiro novos horizontes. Contra o Internacional será a primeira vez que os azuis disputarão nessa segunda fase. Repetir-se-ão aqueles ajustados 2x1? Talvez sim, talvez não. Os puplios de Luiz Alberto Coronel pretendem agigantar-se, fazer até o impossível para sobrepujar os vermelhos, donos de um magnífico cartaz, conseguido com a estupenda vitória sobre o Grêmio.
O "Intercruz", considerado como o segundo clássico da metrópole, envolve extraordinárias responsabilidades para os adversários. Um tropeço complicará as ambições dos "diabos rubros", após dois escolhos para a turma de Benjamim: enquanto o triunfo registrará meio caminho andado para a liderança final do returno, restando Americano e Força e Luz.
A acentuada rivalidade, o apetite descomunal dos rapazes comandados por Espir servem de estímulo para os "hinchas" afluírem sexta-feira à cancha dos colorados.
Exibirão os internacionalisas o mesmo ritmo trepidante de jogo? Subirá, outra vez de modo assustador o placar? Contra o Grêmio foi algo fantástico, nos 45 minutos iniciais, agora vamos aguardar o segundo cotejo dos rubros no returno.
Tudo depende da disposição da "Intermediária". Se Brandão e Levi, sobretudo o último, repetirem aquela atuação soberba, auxiliados pelos entre alas, o sexteto defensivo do Cruzeiro também se verá em palpos de aranha para conter o "rolo compressor".
E se o Cruzetro acertar o mecanismo de suas linhas? Muitas vezes o clube do pavilhão estrelado estragou a "corrida" dos encarnados, dificultando-lhes a marcha ascensional para a conquista do título máximo da cidade. Não será a primeira e nem a última vez que os cruzeiristas se transformam em "desmancha-prazeres". Vamos aguardar o "noturno" depois de amanhã, na Chácara dos Eucaliptos.
Horário: 19,15 e 21,15 com l5 minutos de tolerância.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 256, 11 jan. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/92. Acesso em: 31 mai. 2025.

COLORADOS E CRUZEIRISTAS DISPUTARÃO, HOJE, O "SEGUNDO CLÁSSICO" DE FUTEBOL DA CIDADE
Se o clube de Risada vencer o noturno de hoje, terá assegurado o título de campeão do returno
Porto Alegre é pobre em matches de sensação. Afora o Grenal, temos apenas dois outros encontros com foros de sensação e boas perspectivas. O Cruzeiro possui as honras de colaborar nos embates denominados "segundo clássico" e "terceiro clássico" da cidade.
O jogo "Intercruz" sempre atraiu um público regular, figurando nas estatísticas desportivas como segundo em rendas. O "Grecruz" tambem ombreia às vezes com a receita do clássico número dois da metrópole. A rigor, colorados e tricolores se rervezam nos "borderaux", colocando em dificuldade quem se abalar a catalogar a importância dos embates pelo que rendem. Em todo caso, nós optamos pela classificação feita, atentando ao número de pessoas que tem comparecido aos "clássicos" proporcionados pelos três clubes.
Já nos externamos sobre a responsabilidade dos degladiantes na partida de logo mais à nolte na "Chácara dos Eucaliptos". Em breves palavras, convém reprisar que se ao Internacional os 2 pontos são quase que decisivos para a conquista do título máximo do returno, aos cruzeiristas também são de capital importância, não só pelas honras de abater o recente vencedor dos rapazes da "baixada" como pelo desbancamento do líder e a significação para as hostes azuis em sobrepujar o velho adversário.
Um revés para os "diabos rubros" embrulhará a atuação da tabela, pois os pupilos de Benjamin ficarão, em idênticas condições, ao Grêmio, com um catch perdido. Trata-se do segundo compromisso do Internacional e uma vitória importa exatamente na metade da jornada. Conclui-se do esforco extraordinário a ser dispendido pelo "rolo compressor" para esmagar os comandados de Espir.
O turno assinalou uma vitória laboriosa para o Internacional. Os 2x1 não traduziram em fidelidade o desanrolar da pugna, pelo contrário para ter havido justiça, o pior a acontecer seria o empate. Mas os caprichos do desporto das multidões, sempre inflexíveis e inesperados, não permitiram um escore razoável, lógico.
Para alimentar emperanças, o Cruzeiro só tem um caminho: o da vitória.
A Amgea, a respeito do match oficial de hoje, tomou as seguintes deliberações: Representante: Nestor Pereira, fiscal: Natal Maineri: Juiz para os 2ºs quadros: Alfredo Zanini. Horário: 19,15 e 21,15. Campo: Internacional.
NOTAS DOS CONTENDORES
INTERNACIONAL - Benjamin Simões, diretor-técnico dos rubros, pede o comparecimento, hoje, dos jogadores abaixo discriminados no Estádio dos Eucaliptos:
Horário: 2ºs quadros, às 18 horas:
Jogadores: — Marcelo, Álvaro, Clóvis, Ari, Baiano, Nenê, Oliveira, Neli, Amadeu, Rui Barbosa, Moacir — Otívio — Jorge e os demais inscritos.
1º quadro às 20 horas:
Jogadores: Júlio — Viafore — Alfeu — Risada — Brandão — Magno — Levi — Tesourinha — Rui — Acácio — Castillo — Carlitos — Russinho — Celso — Filhinho.
CRUZEIRO — A direção técnica dos alvi-azuis pede a presença dos seguintes jogadores: às 18 horas, no Ferroviário: Vitor — Burger — Noel — Antônio — Odoim — Mongeló — Jorge — Gervásio — Heraldo — Jandir — Moacir — Olavo — Deste — Pedrinho — Morais — Oscar Barreto — Ramón, Renato Silveira — Cezar — Raimond e demais inscritos.
Às 20 horas — Marne — Marazita — Osvaldo — Espir — Janguito — Baldo — Coelho — Ernani — Dalpozolo — Delorenzi — Arci — Vílson — Cascão — Ordovás — Capaverde e Raul.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 257, 12 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/102. Acesso em: 31 mai. 2025.

CITADINO 1939 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 1 X 3 CRUZEIRO-RS
Data: 12/01/1940
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Alfredo Zanini
Gols: Acácio 12’/1 (I); Cascão 16’/1 (C); Saladuro 36’/1 (C); Cascão 40’/2 (C).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada;Osvaldo Brandão (Celso), Felix Magno e Levi; Tesourinha, Ruy Motorzinho (Russinho), Acácio, Castillo e Carlitos. Técnico: Benjamin Simões.
CRUZEIRO-RS: Marne; Espir e Osvaldo Só; De Lorenzi, Ernani e Bruno; Saladura, Paulo, Janguito (Wilson), Ordovás e Cascão. Técnico: Luiz Alberto Coronel.

"NÃO SOU CRIANÇA!"
Repreendido pelo técnico por ter feito má exibição contra o Cruzeiro, Brandão pensa abandonar o quadro do Internacional
Uma derrota sempre acarreta enormes dissabores para um grande clube. Foi o que aconteceu ao Internacional ao baquear fragorosamente frente ao XI cruzeirista, numa partida memorável, principalmente depois daquele retumbante e escandaloso triunfo dos rubros na "baixada". Daí a enormidade da repercussão do êxito dos alvi-azuis.
Mas, abandonemos o registro da repercussão da vitória para descer aos bastidores do derrotado. Terminado o primeiro tempo, os jogadores recolheram-se aos seus vestiários. A alta temperatura clamava por uns minutos de descanso e refrigerantes. É hábito nesse intervalo o técnico apontar falhas ou fazer recomendações.
Sabemos que o dedicado treinador dos rubros, no vestiário, pediu justificativa do procedimento displiscente de Brandão que em vez de cuidar do jogo parou, discutindo com um companheiro, quando o cotejo prosseguia pela esquerda, exatamente o setor a cargo de "Caçamba".
O recriminado incomodou-se. "Se quiser, pode suspender-me ou multar-me".
Enérgico, Benjamin chamou a atenção do médio, dizendo que a sua atitude era um atentado à disciplina e desconsideração à torcida rubra, o que não admitia em nenhuma hipótese, enquanto os jogadores estivessem sob sua responsabilidade.
Um santo remédio. O jogador despiu-se e foi substituído.
Se as coisas forem assim, muito bem!
Em face dos comentarios tecidos, emprestando outras cores ao sucedido, resolvemos ouvir o vigoroso médio que defendeu o pavilhão da F. R. G. D. na pauliceia.
Na frente do "Café Nacional", Osvaldo Brandão matava o tempo.
— É verdade que estás desgostoso com o Internacional? fez o reporter.
— Realmente. Creio, até, que não jogarei mais. Não sou criança para ser tratado a gritos".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.

BENJAMIM JUSTIFICA O REVÉS PELA ESTUPENDA ATUAÇÃO DO ARQUEIRO E À CHANCE DOS AZUIS
O técnico rubro não se mostra abatido e espera reabilitar-se, recolocando o Internacional na sua antiga forma
Em futebol existem tipos diversos. Tristes, os que perdem; alegres, os que ganham; sofredores, os responsáveis pelos times; irados e desordeiros, os mal educados; as vítimas de sempre: os juízes.
Isso e muito mais observou-se no "Intercruz". Não vamos nos alongar na análise. Restringiremos a atividade a um dos tipos apontados. Constata-se desde logo, em se tratando do "coach" dos colorados, que a têmpera é diferente.
Benjamin Simões não se abandona aos nervos. Controla-se e nada se nota exteriormente. Impassibilidade absoluta. Depois do revés apresenta a mesma fisionomia. Tranquilo e cavalheiro. Quanto recalque...
Depols do tremendo baque, nada mais interessante que palestrar com o responsável técnico do "rolo compressor".
Ali na "esquina do pecado" — Confeitaria Central — desfrutamos alguns instantes agradáveis com o esforçado preparador dos rubros.
A conversa discorreu de imediato sobre o "segundo clássico" da cidade. Eis o que pensa Benjamin:
MARNE E CHANCE!
"A marracão efetiva dos cruzeiristas evidenciou-se. Fracassou a "intermediária" rubra. O ponto alto da defesa não estava em perfeita saúde, daí o baixo nível de produção apresentada.
O Cruzeiro venceu pela ação extraordinária de Marne e auxiliado pela chance, traduzida nos gols que colocaram os azuis em vantagem".
O sorvete diminui dentro da taça. Uma pausa e registramos mais:
ESTÍMULO E NÃO DESÂNIMO
"A derrota sofrida deve servir de estímulo para as práticas, preparando-se o quadro com mais afinco, a fim de estar em condiçes no momento de enfrentar os argentinos".
A PEDRA ANGULAR DO FUTEBOL: A DISCIPLINA
O repórter, depois de registrar impressões do úultimo noturno, conduz a palestra para outro terreno, já que se impunha uma pergunta que envolvesse o caso de Brandão, registrado noutro local.
"Sem disciplina nada se consegue em futebol. É o degrau inicial para o êxito, não só no "soccer" como em qualquer outra atividade desportiva.
No Internacional tenho empenhado-me em estabelecer uma disciplina. Estou satisfeito com os resultados alcançados. Boa vontade e disposição nos defensores da jaqueta sanguínea.
O primeiro revés que sofri não me apoquenta. Deve-se saber ganhar e perder. Daí uma derrota, mas que fazer? Só uma atitude resta: redobrar os ensaios e cuidar do estado moral dos jogadores".
O "CASO BRANDÃO"
Havia chegado o momento desejado. — E o caso de Brandão? Indagamos.
Benjamin não responde logo a pergunta, concentra-se e diz: "os assuntos internos do clube resolvemos em diretoria. Não faço comentários sobre o assunto".
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 264, 20 jan. 1940, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/186. Acesso em: 31 mai. 2025.