Entretanto, o Sr. Perez manteve o seu ponto de vista e não permitiu a entrada de Telêmaco no gramado.

Este, então, de acordo com a diretoria, fez retirar de campo o quadro.

Ficou assim creado um “impasse” bastante sério.

Os diretores gremistas, aliás, com alguma razão se mostravam firmes e ameaçavam mesmo não disputar os jogos da tarde, e em último recurso iriam até o desligamento.

Introduzido na sala de secretaria, o Dr. Ildo Meneghetti apresentou uma fórmula para resolver o “impasse”.

O presidente do Grêmio, justamente indignado com o que se passou, não quis resolver o assunto, convocando uma sessão de diretoria, que se realizou em seguida com a presença do presidente do Internacional.

Após uma discussão de hora e meia, chegaram a um acordo honroso para ambos, tornando possível a realização da sensacional peleja à tarde.

O acordo foi alcançado somente devido à boa vontade dos diretores dos dois clubes, por isso que a Amgea não teve a mínima interferência.

Telêmaco, como no encontro anterior, presenciou a partida do gramado, porém, sem interferência alguma.

— Os jornais afixaram nas pedras o resultado do acordo, e a população desportiva que ansiava por notícias, o recebeu com vivo entusiasmo.

Em seguida se alinharam os quadros na seguinte ordem:

INTERNACIONAL — Penha; Poroto e Risada; Garnizé, Darci e Levi; Chato, Tupan, Mancuso, Honório e Marreco.

GRÊMIO — Lara; Dario e Sardinha; Jamegão, Acosta e Peixinho; Alemão, Russinho, Luiz, Foguinho e Nenê.

O Grêmio ataca e Luiz atira, porém, Penha, vigilante, anula.

Honório escapa perseguido por Dario, marcando o árbitro foul duplo, jogando a bola para o ar.

Novo foul é batido contra o Internacional, sem resultado prático.

Poroto, anulando uma investida adversária, passa o couro para Honório, que o perde para Jamegão.

Os colorados, mais senhores de si, apertam o jogo. Tupan atira pelo lado.

Foguinho avança e passa a bola a Alemãozinho, que a perde para Levi.

Tupan corta para Chato e este, perseguido por Sardinha, desperdiça o tiro final.

As "formidáveis" torcidas se manifestam, animando os seus favoritos.

Foul de Garnizé. Peixinho cobra e Alemão, em impedimento, prejudica os companheiros.

O resultado dessa atuação não se fez esperar, dando no final a insofismável e líquida vitória por 6 contra 0.

O quadro do Regimento que tão bem impressionou na primeira exibição, ontem jogou desarticuladamente. Esse fato veio, naturalmente, do nervosismo que se apossou dos seus defensores, diante dos dois tentos que conquistaram os locais logo nos primeiros minutos da luta.

Embora depois procurassem voltar a calma, não conseguiram formar conjunto, porquanto os colorados agiram de forma desnorteante.

Assim mesmo, os militares deram algum trabalho ao goleiro Penha, que se houve com muita calma e perícia.

A preliminar foi entre o segundo quadro do Internacional e do 7º Batalhão de Caçadores, vencendo o primeiro por 4 a 2.

As duas turmas estavam assim organizadas:

7. B. C.:

Stelito; Léo, Setembrino; Brasil, Narigão, Lucídio; Osmar, Carlos, Mazzot, Carmo e Wagner.

Internacional:

Diamantino; Cabrito, Carneiro; Rao, Piegas e Niquelagem; Júlio, Dirceu, Manzola, Marroni e Jaeger.

Regimento:

Impedimentos — 1.

Toques — 2.

Faltas — 2.

Cantos — 1.

Defesas — 3.

A linha colorada escapa e Honório, a um minuto de jogo, conquista o 5º gol para o seu bando.

Foul de Ruy. Corner do Internacional cometido por Penha, que é defendido pelo mesmo. Corner de Levi que, batido por Scardine, vai fora. Foul do Internacional que não surte efeito. Foul de Garnizé.

Darcy passa a pelota a Mancuso, que perde para Jorge.

Jorge comete mão fora da área que, batido por Poroto, é desfeito pelo mesmo.

Honório chuta e Brandão defende. Marreco desperdiça um passe, atirando fora. Foul de Poroto em Cardeal.

Ruy chuta forte tiro que Penha segura, porém, assediado por Cerrito, faz uma volta dentro do arco, mas o juiz não percebe, deixando passar.

Brandão faz linda “tirada”. Rui escapa, passando a Cerrito, que manda a esfera em gol e Penha defende.

Darcy escapa pela ala direita, e em cima do gol atira e Brandão pratica sensacional defesa. Cerrito perde boa oportunidade. Foul do Internacional. Mão de Jorge que, batido por Risada, é defendido por Itararé.

Corner de Garnizé, que batido, é desfeito por Risada.

Cerrito, em cima da área, perde boa oportunidade, atirando fora.

Foul do Regimento que, batido por Darcy, resulta num corner que não surte efeito.

Foul do Internacional. Foul de Tupan. Poroto salva um gol certo do Regimento.

Brandão defende brilhantemente. Foul de Poroto.

As duas turmas sofrem modificação: no Regimento entram Coruja e Chaves em lugar de Fuleiro e Bichinho, e Cavaco entra no lugar de Marreco.

Foul de Darcy, que chutado obriga a Penha cometer corner que não surte o efeito necessário.

Brandão defende um tiro forte do ponteiro esquerdo do Internacional.

Faltava meio minuto para terminar a partida quando Cavaco, rematando uma carga dos locais, marca o 6º gol do Internacional.

Em seguida finda a segunda intermunicipal com o resultado seguinte:

Internacional - 6

Regimento - 0

O quadro local  mereceu o triunfo, por isso que se mostrou desde o início superior. Não há nomes a destacar, jogando todos para o conjunto.

Darcy, na posição de centro-médio, esteve melhor do que na linha. O seu jogo não é técnico, porém, pela sua formidável resistência e pela agilidade, consegue desfazer as jogadas pelo centro. Levi, como médio, é muito superior do que no ataque. Marcou muito bem a ágil ala esquerda do Regimento. Poroto como zagueiro precisa, ainda, muito treino.

No quadro vencido podemos destacar Itararé e Cardeal; dois homens esforçadíssimos. Os demais pouco fizeram, principalmente o goleiro Pinheiro, que esteve fraquíssimo.

Foi desse fato, da união de vistas, convergindo todos para um ponto fixado, que o Cruzeiro adjudicou à sua bagagem de vitórias mais um magnífico triunfo.

O valoroso time colorado, composto na maioria de verdadeiros craques, perfeitos conhecedores do manejo da pelota, mas com um conjunto deficiente, não produziu o que era de esperar.

Enquanto a defesa, na qual teve papel saliente o médio Barbosa, cumpria rigorosamente com a sua missão, o ataque não se acertava.

Oportunidades váias se ofereceram para marcar tentos, mas nada conseguiam pela falta de conhecimento dos respectivos componentes.

Darci Encarnação foi um grande animador, apesar de abusar das bolas adiantadas; Tupan, salvo duas incidências graves cometidas contra Edmundo, também desenvolveu muito esforço. Levi, fazendo a sua estreia, não agradou, porém, deu a impressão de ser conhecedor do "metiér". Honório não está em forma e por isso nada produziu. Cavaco poucas bolas recebeu, sendo a maioria dos ataques colorados feito pela ala esquerda.

Assim, o quadro do estádio, embora composto de ótimos elementos, falta-lhe o essencial: o conjunto.

Foi esse o motivo que o levou ao fracasso de ontem.

Entretanto, vencedores e vencidos mereceram os aplausos que foram alvo, pela lealdade e disciplina que demonstraram.

Após vibrantes frases, o orador fez entrega ao Guaíba de um cartão de prata com a seguinte legenda:

“À valorosa guarnição do Cruzeiro do Sul, vencedora das regatas internacionais de Montevidéu, homenagem da Amgea — 29-4-984”.