15/06/1930 - Citadino 1930 - 2º turno - Internacional 1 x 2 Americano-RS

OS EMBATES DE AMANHÃ
Será, sem dúvida, o melhor prélio da tarde de amanhã, o que vae ter por theatro o campo da tradicional Chácara dos Eucaliptos. É que se vão encontrar, em jogo de campeonato da Amgea, dois dos nossos melhores clubes: Internacional e Americano. Ambos trataram com verdadeiro carinho e preparo de suas esquadras durante a semana. O Americano, que conta com uma das primeiras defesas da capital, onde são figuras de real quilate Alegrete, Luiz e Zezé, apresentando também uma linha de avantes consistente e forte, disposta, como todo o quadro, a levar de vencida o seu adversário.
O Internacional, por sua vez, não querendo perder mais nenhuma partida neste campeonato, estamos certos, terá em ação todas as suas energias positivas para a conquista da vitória. Magno e Risadinha vão mostrar de quanto são capazes.
Conquanto não tenhamos recebido a lista oficial dos combatentes, cremos que os quadros pisarão em campo da seguinte forma, conforme ouvimos de pessoas interessadas no assunto:
Americano - Alegrete: Vasco (cap.) e Luiz; Dilorenzi, Aldo e Zezé; Lacy, Bigode, Artigas, João e Walter.
Internacional - Léo; Risada e Miro; Elpidio, Hugo e Moreno (cap.); Marroni, Magno, Ribeiro, Miro e Kessler.
Fonte: Estado do Rio Grande (RS), 14/06/1930, n. 198, p. 11. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/093203/2981. Acesso em: 27 jul. 2023.

CITADINO 1930 - 2º TURNO - INTERNACIONAL 1 X 2 AMERICANO-RS
Data: 15/06/1930
Local: Chácara dos Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: José Ávila
Gols: Ribeiro 20'/1 (I); Artigas 31'/1 (A); Lacy 8'/2 (A).
INTERNACIONAL: Penha; Risada e Carneiro; Elpídio, Hugo e Moreno; Quincas, Felix Magno, Ribeiro, Vanzetto e Miro Vasques. Técnico: Miguel Genta.
AMERICANO-RS: Alegrete; Vasco e Luiz Luiz; Zezé II, Aldo e De Lorenzi; Lacy, Bigode, Artigas, João e Walter.

PROSSEGUIU, ONTEM, A DISPUTA DO CAMPEONATO DA AMGEA
Um jogo bem movimentado em sururus. A bella tarde que ontem fez, de nada serviu para o brilhantismo dessa importante partida, que foi empanado pelas contínuas discussões entre os jogadores é o juiz, a ponto da partida ser suspensa quando faltavam 17 minutos para o final.
E assim, a grande assistência que affluiu o campo do Internacional, de lá se retirou, convencida de que em Porto Alegre não se pode mais assistir a uma partida de futebol.
Chamamos a attenção dos dirigentes da Amgea para essas contínuas suspensões de jogos, devido em parte, à pouca  garantia que têm os juízes.
Quanto ao jogo, temos a dizer que o quadro “colorado” foi um fracasso. Somente Risadinha se salvou. E o mesmo jogador que tantas vezes tem brilhado, foi ontem o sustentáculo do seu quadro. Peña não está em condições de figurar no 1º quadro. A linha média não appareceu. Parecia até que não estava em campo. Do ataque, Magno produziu alguma coisa, seguido de Miro. Os outros, nada fizeram.
O Internacional não teve sequer um ataque vantajoso. O jogo fazia-se no seu campo. O quadro grenat também actuou mal. O seu ataque ressente-se de arremate final, perderam inúmeros tentos. A linha média esteve activa, aparecendo Aldo. Luiz foi o esteio da defesa, assim como Vasco, que esteve bem. Alegrete, um pouco indeciso.
Após finalizar o jogo dos quadros secundários, que terminou com a vitória dos colorados, por 9 x 1, deram entrada em campo, os quadros primeiros, que se alinharam da seguinte maneira, sob as ordens do Sr. Ávila:
Internacional - Peña; Risada e Carneiro; Elpidio, Hugo e Moreno; Quincas, Magno, Ribeiro, Vanzetto e Walter.
Americano - Alegrete: Vasco e Luiz; Zezé, Aldo e Dilorenzi; Lacy, Bigode, Artigas, João e Walter.
Dada a saída, registra-se um ataque colorado respondido por um americanista, que não surtem effeito. Há um canto a favor do Americano, que Risada salva. Peña segura um bom tiro, mas fraco, de Bigode. O jogo torna-se um pouco movimentado, mas a esphera não passa dos pés dos zagueiros. Ribeiro chama a Alegrete, que se sai bem. São decorridos quinze minutos de jogo, sem que haja uma jogada boa. O Internacional organiza um bom ataque, que termina numa defesa de Alegrete, Miro corre pela ponta e envia magnífico centro, que Ribeiro apara, enviando forte pelotaço e conquistando, aos 20 minutos de jogo, o ÚNICO TENTO DO INTERNACIONAL.
Agora cabe ao Americano atacar. O Internacional vê-se obrigado a conceder vários cantos, tal a pressão do ataque grenat, que, no entanto, não sabe aproveitar-se das oportunidades que se lhe deparam, Peña, ao fazer uma defesa, concede um canto, que Lacy atira mas Risada salva, em diffícil situação. Entretanto, o domínio por parte do Amerícano é vísível, e espera-se a cada momento o ponto de empate. Aos 31 miínutos de jogo, Artigas, entrando por entre os zagueiros, envia fortemente o couro, marcando o 1º TENTO DO AMERICANO.
Os restantes minutos do primeiro tempo, são caracterizados por forçados ataques dos grenat, que resultam em vários cantos, batidos sem resultado.
De início, na phase final, nota-se que o jogo vai se tornando violento, pois são punidas várias faltas de ambos os lados. O Americano ensaia várias cargas, que não surtem effeito. João apossa-se do couro e levanta-o para Lacy, que, na carreira, envia indefensável tiro, marcando o 2º TENTO DO AMERICANO aos o minutos de jogo. O Internacional tenta tirar a vantagem, mas Luiz, o grande zagueiro gaúcho, está vigilante. Os minutos vão se passando e uma carga colorada é respondida por duas grenats, que são mais perigosas, mas Risada se encarrega, auxiliado por Peña, em annulá-las.
Ao faltarem 17 minutos de jogo, João dá forte pelotaço e Peña apara; João entra, avançando no guardião, e o juiz pune. Magno passa perto de Ávila e diz-lhe qualquer coisa, e é com espanto de todos, que o juiz se dirige para a mesa do fiscal, para não voltar mais a actuar a partida. A caça de juizes começa, mas o sol se esconde e o jogo não pode continuar, tendo a massa popular que se retirar, lograda com essa  partida, que foi falha em tudo. Ao ser suspenso o jogo, o resultado era o seguinte:
Americano - 2
Internacional - 1
Alegrete fez, durante o jogo, 4 defesas, enquanto que Peña praticou 12 defesas.
O juiz mostrou-se, apesar de actuar mediocremente, muito indeciso.
Fonte: Estado do Rio Grande (RS), 16/06/1930, n. 199, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/093203/2994. Acesso em: 27 jul. 2023.

Postar um comentário