04/05/1930 - Citadino 1930 - 1º turno - Grêmio 3 x 1 Internacional

PERMITINDO O TEMPO, SERÁ REALIZADO O GRANDE EMBATE DE AMANHÃ
GRÊMIO X INTERNACIONAL
Realiza-se amanhã, caso o tempo permita, no campo dos Moinhos de Vento, o grande embate entre os dois tradicionais rivais de sempre: o Grêmio e o Internacional.
Dizer algo sobre o valor de ambos os contendores achamos quase desnecessário, pois tanto o Grêmio como o Internacional têm seu nome firmado nos anais desportivos do Rio Grande do Sul, para cujo engrandecimento muito têm contribuído.
Rivais velhos, sempre discutindo com ardor a palma da vitória, são sempre esses encontros esperados com grande impaciência pelo mundo desportivo local.
Já inúmeras vezes, Grêmio e Internacional se bateram em partidas amistosas como de campeonato, e nunca os que tiveram a felicidade de assistir a tais jogos deixaram o local da pugna arrependidos de lá terem ido. Isso, devido em grande parte, à sensação de que se reveste cada jogo entre esses dois clubes. O encontro de amanhã, todavia, terá maior importância, em vista da grande responsabilidade do clube tricolor, cuja boa colocação na tabela do campeonato do corrente ano, depende muito do resultado desse prélio.
Ambos os quadros estão treinadíssimos, possuindo elementos de grande valor, já de sobejo conhecidos.
O local do jogo será na confortável praça dos Moinhos de Vento, que se acha em boas condições de acomodar o grande público.
Os quadros formarão da seguinte maneira:
Grêmio - Lara; Sardinha e Dario; Macarrão, Poroto e Russo; Jawel, Luiz, Fogo, Coró e Nenê.
Internacional - Léo; Risada e Miro; Elpídio, Magno e Moreno; Jorge, Nenê, Ribeiro, Marroni e Kessler.
Fonte: Estado do Rio Grande (RS), 03/05/1930, ano 1930, n. 150, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093203/2544. Acesso em: 22 out. 2024.

CITADINO 1930 - 1º TURNO - GRÊMIO 3 X 1 INTERNACIONAL
Data: 04/05/1930
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Juiz: Balleta
Gols: Risada, pênalti ?'/1 (I); Luiz Carvalho, pênalti ?'/1 (G); Javel ?'/2 (G); Luiz Carvalho ?'/2 (G).
GRÊMIO: Lara; Dario e Eurides Sardinha; Macarrão, Poroto e Russo; Javel, Coró, Luiz Carvalho, Foguinho e Nenê. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Léo II; Risada e Miro Vasques; Elpídio, Felix Magno e Moreno; Jorge, Nenê, Ribeiro, Dante Marroni e Kessler. Técnico: Miguel Genta.

NO CAMPO DOS MOINHOS DE VENTO, ENCONTRARAM-SE, ONTEM, O GRÊMIO E O INTERNACIONAL
APÓS ENTUSIÁSTICA LUTA, SAIU VENCEDOR O QUADRO TRICOLOR POR 3 A 1
Apesar do forte aguaceiro que caiu no meio-dia, a vasta praça desportiva dos Moinhos de Vento estava repleta de torcedores ansiosos de verem o mais renhido embate de turno: Grêmio x Internacional.
Sobre o jogo, temos a dizer o que já tinhamos previsto: muito deixou a desejar quanto a técnica.
Um verdadeiro bate-bola de lado para lado. O quadro gremista, entretanto atuou melhor, principalmente no final, quando começou a desenvolver um bom jogo de passes. Os “colorados” pouco fizeram. As suas linhas atuaram desarticuladamente, e daí o fracasso.
Preliminarmente ao grande jogo, bateram-se os quadros secundários. Foi uma boa partida, sendo brilhantemente vencida pelo Internacional,
No primeiro tempo, Amâncio abre a contagem e Jaeger empata a partida. Na segunda fase, Jaeger, que apesar de ter fraturado o pulso, vem atuando muito bem, marca o 2º tento colorado. Cabe a Domingos empatar a partida, para, logo a seguir, Niza conquistar o ponto da vitória.
O grande jogo
Sob as ordens do juiz Balleta, do Bancário, os quadros se alinharam da seguinte forma:
Grêmio — Lara; Dario e Sardinha; Macarrão, Poroto e Russinho; Jawel, Coró, Fogo e Nenê.
Internacional — Léo; Miro e Risada; Elpídio, Magno e Moreno; Jorge, Nenê, Ribeiro, Marroni I e Kessler.
1º tempo
Ribeiro dá a saida, organizando-se a primeira carga colorada, defendida por Dario. O Grêmio ataca, tendo Elpídio defendido. Registra-se a primeira falta contra o Grêmio, batida por Risada e defendida por Dario. Nenê, do Internacional. dá bom centro, que se perde. Léo faz brilhante defesa de um tiro rasteiro de Nenê. Kessler faz falta em Dario, que a bate, e Coró atira fora, Russo intercepta um bom corte de Nenê para Jorge. Luiz atira por fora. Léo faz fraca defesa e Elpídio salva. Registra-se uma forte carga “colorada”, que Sardinha defende. Há um canto contra o Grêmio, batido sem resultado. Macarrão faz falta em Marroni I, que resulta em forte carga, com boa defesa de Dario. Ribeiro atira fora. O Internacional faz uma carga, que resulta numa mão de Sardinha, na área perigosa, que o juiz cobra. Risada bate, obtendo o 1º e único tento colorado.
Logo a seguir, Léo defende dois tiros de Luiz e de Fogo, concedendo um canto, que Moreno defende. Risada comete mão na área perígosa. Batido por Luiz, a penalidade resulta no
1º tento tricolor.
O Grêmio começa a carregar com impetuosidade. Miro faz ótima defesa deitado. Kessler desfere violento tiro que Lara tira com o pé. Léo é chamado a intervir num tiro de Luiz. Magno atira várias bolas, passando rente à trave do gol de Lara. Jorge escapa e atira fora, terminando o 1º tempo com o seguinte resultado:
Grêmio - 1
Internacional - 1
2º tempo
O Grêmio, logo de saída, entra a atacar, tendo Miro salvo. Registra-se uma mão de Poroto, que Magno bate e Lara segura. Nenê escapa, atirando, tendo Léo defendido. Ribeiro escapa e Poroto salva. Jawel afoba-se em frente ao arco, perdendo boa ocasião de desempatar a partida. Sardinha tira com maestria e Poroto ataca com firmeza. Jawel dá bom tiro, que Léo apara, para, logo a seguir, segurar novamente um tiro enviesado de Jawel. Moreno começa a fazer muitas faltas, que são batidas sem resultado. Nenê escapa e centra e Jawel entra, marcando o 2º tento do Grêmio.
Moreno concede canto, que Jawel bate e Risada salva. Poroto atira, de longe, perdendo-se o tiro. Miro defende o couro com a mão na área perigosa, resultando um tiro máximo que, batido por Luiz, é defendido por Léo. que concede canto, sem resultado. Dario tira o couro dos pés de Jorge, em situação perigosa. Léo segura um bom tiro de Jawel. Lara segura um tiro de escanteio, enviado por Nenê. Coró corta, de cabeça, para Luiz, que correndo pela esquerda, dá violento tiro, marcando o 3º tento gremista.
Uma forte carga do Grêmio é prejudicada por impedimento de Nenê. Magno passa para a linha atacante, tendo desferido bom pelotaço, que Lara segura. Faltam 8 minutos para terminar e o tricolor continua fazendo forte pressão, sem resultado. Risada faz boa tirada e logo após, salva de cabeça. E sem haver alteração, termina o embate com o seguinte resultado:
Grêmio - 3
Internacional - 1
Apreciação
Lara muito bom. Dario e Sardinha formaram uma boa parelha. Macarrão regular. Poroto o melhor homem do Grêmio. Um grande centro médio, que muitas vezes joga de zagueiro. Russinho fez uma excelente partida, agradando bastante. Jawel foi o melhor atacante gremista, seguido de Luiz, que melhorou bastante no final. Coró esteve infeliz, assim como Nenê, que perderam boas ocasiões de alterarem a contagem. Fogo nada fez.
Léo atuou muito bem, fazendo boas e difíceis defesas. Risada foi o herói da tarde, trabalhador infatigável. Miro, só se firmou no final. Elpídio regular. Magno foi, como Risada, um baluarte na defesa. Jogou esplendidamente. Moreno a contento. Jorge e Nenê pouco fizeram. Ribeiro fracassou por completo. Marroni foi o melhor atacante colorado, muito esforçado, fazendo bons passes. Kessler um bom ponteiro.
Após o encontro foi entregue ao quadro vencedor, por intermédio do nosso representante, a taça oferecida ao vencedor pelo desportista João de Mello.
Fonte: Estado do Rio Grande (RS), 05/05/1930, ano 1930, n. 163, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093203/2558. Acesso em: 22 out. 2024.

NÃO HOUVE TÉCNICA
Dizem as crônicas desportivas dos jornais desta capital que o grande match entre o Internacional e Grêmio foi falho de técnica, tendo apenas o segundo destes clubes demonstrando melhor eficiência de conjunto. Isto mesmo já havíamos previsto dias antes do match, atendendo ao estado de excitação nervosa em que ficam, quando se defrontam, os velhos rivais de todos os tempos. É preciso, porém, frisar-se bem que a culpa não é totalmente dos teams, mas sim dos dirigentes técnicos dos clubes, os quais, com raras exceções, ao invés de dirigirem os treinos como devem e fazem de modo diverso, isto é, se limitam a ver o que fazem os seus jogadores. Muitos destes dirigentes chegam ao ponto de atuarem como juízes nestes treinos, ficando, assim, impossibilitados de orientar os jogadores tecnicamente.
Não. Os treinos precisam ser dados com os instrutores dentro do campo, sem outras ocupações, senão aquelas de ministrarem ensinamentos nos jogadores, mostrando-lhes as falhas, e forçando-os ao jogo de passe e sobretudo à permanência de suas posições. Há em futebol enormes observações a fazer, desde as cabeçadas nas bolas até a posição em que deve estar o pé, para que o tiro saia com a violência precisa. Mas, isto não se aprende só em ver os outros jogar, é mister ler os compêndios e as opiniões dos grandes mestres neste gênero de desporto. É verdade que a grande maioria dos jogadores não se dá nem quer dar a este trabalho, mas cabe a seus instrutores transmitir-lhes estes ensinamentos. Se isto não for feito, com métodos e verdade, jamais pode remos assistir partidas tecnicamente jogadas, tendo, e como resultantes os seus lances emocionantes e belos, Quase todos os grandes clubes de Europa, Uruguai, Argentina e S. Paulo têm instrutores competentes para os seus teams, que, entretanto, nãoo prescindem dos seus dirigentes técnicos.
Por que, pois, Porto Alegre, não tem tambm, em seus clubes instrutores de foot-ball?
JOFFRE
Fonte: Estado do Rio Grande (RS), 06/05/1930, ano 1930, n. 164, p. 11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093203/2573. Acesso em: 22 out. 2024.

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