Público: aprox. 10.000
Gols: Gabardinho 5’/1 (C); Patesko 25’/1 (C); Felix Magno, pênalti 35’/1 (I); Gabadinho ?’/1 (C); Levoratto 12’/2 (C).
O INTERESTADUAL DE ONTEM EM PORTO ALEGRE
O combinado Palestra-Athletico abateu o forte conjunto do Internacional por 4 a 1.
PORTO ALEGRE, 15 — (União) o campo do Internacional apresenta um festivo aspecto, estando embandeirado e repleto desde cedo.
A população movimenta-se para assistir a partida.
Nota-se grande ansiedade para a prova principal entre paranaenses e gaúchos.
O tempo melhorou. O dia está quente, mas com muito vento. A preliminar está marcada para as quinze horas e o jogo principal para às 16,30.
— Foi iniciada a preliminar entre os quadros infantis do Grêmio e Internacional.
O primeiro tempo da preliminar terminou empate de 1 a 1.
— Começou o segundo tempo da preliminar.
A tribuna oficial está ocupada pelo Sr. Sinval Saldanha, secretário do Interior em exercício na interventória; reresentantes das secretarias de Obras Públicas e Fazenda; comandante da Região; comandante da Polícia e Chefe de Polícia Civil; representante do comandante da Brigada e demais autoridades.
Veem-se ainda os presidentes da F. R. G. T., A. M. G. E. A. e de todos os clubes gaúchos.
O campo já está repleto.
— Salvo modificação de última hora, jogarão assim organizados os dois quadros:
INTERNACIONAL — Penha — Risada — Chanes — Altredo — Magno — Moreno — Javel — Ribeiro — Honório — Marroni e Marreco.
PARANAENSES — Alberto — Anjolilo — Borba — Andretta — Dulla — Athayde — Levorato — Marreco — Gabardinho — Vani e Patesco.
O juiz escalado é o Sr. Heitor Deste, do S. C. Americano, considerado o melhor juiz porto alegrense.
— Terminou a preliminar com a vitória do Grêmio por 2 a 1.
O combinado paranaense acaba de chegar ao campo, recebendo entusiásticas aclamações da assistência.
[...] O publico está impaciente para o início da partida.
— A assistência é calculada em dez mil pessoas.
— Acabam de entrar em campo os paransenses que trazem a bandeira gaúcha, sendo demoradamente aclamados pela grande assistência.
Os paranaenses levantam [...] hurrahs ao Rio Grande, saudando as bancadas, gerais, percorrem o campo.
Entra em campo o quadro do Internacional que leva uma corbeille de flores que oferecem aos paranaenses. Os quadros trocam cumprimentos no centro do campo.
O juiz entra em campo trazendo a bola do jogo.
Os quadros posam para os fotógrafos.
Os dois quadros combinaram substituir jogadores durante a
partida. Os teams alinham-se. Os paranaenses são favorecidos pelo sorteio na escolha do campo. A assistência tem grande ansiedade para o início do jogo.
— O jogo é iniciado às 16,23.
É dada a saída pelo Internacional. Os paranaenses fazem a primeira carga. Chanes faz corner a favor do Paraná, no primeiro meio minuto de jogo. O corner é batido e Dulla, emendando, põe a bola fora.
O Internacional faz a sua primeira carga. Borba defende.
O jogo é interrompido para substituir o juiz de linha.
O jogo é reiniciado com um ataque dos parantenses. Penha defende um tiro de Patesco, com cujo chute o Internacional concede um outro corner.
Vani, às 4,38, conquista o primeiro gol paranaense. A assistência aclama os visitantes.
O Internacional faz forte carga, mas e bola bate na trave.
O jogo está tomando grande entusiasmo. Nova carga do Internacional. Dulla defende. O Paraná ataca e Risada salva forte carga. O Internacional perde oportunidade de marcar gol.
Marrequinho atira violentamente e Penha defende com dificuldade.
O Paraná conserva-se no campo do Internacional. Marrequinho chuta fora, perdendo boa oportunidade de aumentar o score. O quadro paranaense joga com muita firmeza. A linha de forwards está combinando bem. Na defesa, Dulla está brilhando.
O Internacional faz uma forte carga e Javel chuta fora.
Até agora Alberto não fez uma única defesa. Anjolilo defende uma situação crítica, motivada por um avanço do Internacional.
Patesco chuta fora após boa combinação de sua linha.
O jogo mantem-se equilibrado, revezando-se os ataques sem resultado. Os paransenses levam o jogo a porta do gol do Internacional.
É batido um corner. Ponha defende são decorridos 22 minutos de jogo é a contagem permanece um a zero a favor dos paranaenses.
Regintra-se um novo avanço do Paraná. Risada salva, mandando para corner.
O Internacional marca o primeiro gol por intermédio de Honório.
O gol do Internacional é anulado porque o juiz havia apitado foul e os jogadores não pararam. É reiniciado o jogo com um avanço do Paraná.
Levorato, às 16,59 horas, com violento pelotaco, balança as redes gauchas, marcardo assim o segundo ponto para as
cores paranaenses.
Os paranaenses mantém-se no ataque. O Internacional concede corner, que batido por Patesco não produz resultado, indo a bola fora.
Registra-se uma carga do Internacional. Honório chuta fora. O jogo decorre equilibrado, havendo mais entendimento na linha do Paraná, que joga com muita firmeza.
De um avanço do Internacional, Anjolilo concede corner.
É batido o corner, sendo defendido por Andretta.
O Internacional faz sucessivas cargas, mas Dulla defende.
Alberto faz difícil defesa, concedendo corner.
O juiz cobra um pênalti de Andretta.
Batido por Magho, essa penalidade redunda no primero gol do Internacional, às 17 horas e 11 minutos.
Reiniciada a partida, o Internacionai volta ao ataque.
Honório chuta violentamente e Alberto defende, não conseguindo segurar a bola, que volta ao campo.
Os paranaenses voltam ao ataque e Gabardinho, com belíssimo pontapé, conquista o terceiro gol para o Paraná.
A assitência aplaude demoradamente o feito dos paranaenses.
O Paraná volta ao ataque, obrigando ao Internacional a conceder novo corner.
Mais algumas jogadas e termina o primeiro tempo com o seguinte resultado:
Paraná — 3.
Internacional — 1.
— Os quadros, ao se retirarem de campo, são aclamados pela assistência.
O quadro do Paraná tem agradado. Na linha de ataque estão se destacando Vani e Patesco.
O quadro do Internacional está jogando bem, ressentindo-se da falta do back Miro que não pôde atuar por estar doente.
A defesa do Paraná não pôde demonstrar jogo, sobressabindo-se apenas Dulla.
Na defesa do Internacional, o que mais tem se destacado é Risada, Magno e Honório.
— O jogo decorreu, no primeiro tempo, na máxima cordialidade.
Os paranaenses entraram em campo no segundo tempo fazendo um bate bola.
O juiz apita, chamando os quadros ao gramado.
O Internacional entra em campo.
Principia o segundo tempo às 17 horas e 34 minutos.
Os paranaenses agora jogam contra o vento.
O Internacional vai ao ataque. Honório apanha a bola e desfere forte chute que Alberto defende bem.
O Paraná ataca, mas Risada defende.
O Paraná faz novo ataque e Gabardinho atira fora.
O Internacional esforça-se para desmanchar a diferença da contagem, mas os paransenses mantêm-se firmes no ataque.
Vani atira certeiramente em gol, mas Penha defende.
Os paranaenses organizam um novo ataque. Patesco escapa, mas Risada salva.
O Paraná faz ainda nova e forte carga e Penha defende perigoso tiro.
O jogo agora conserva-se no centro do campo. O Internacional substitui Marroni por Mancuso.
Verificam-se duas fortes cargas do Internacional. Uma é salva por Andretta e a outra a bola vai fora.
Os paranaenses reagem e Penha abandona seu posto e rebate a pelota. Os paranaenses insistem no ataque.
Às 17,45, os paranaenses atacam e Levorato, de posse da pelota, envia forte tiro em gol. A bola atravessa a meta guardada por Penha e vai aninhar-se nas redes gaúchas pela quarta vez.
Reiniciada a peleja, o Internacional vai ao ataque e Borba defende bem.
O jogo mantém-se animadíssimo, persistindo o Internacional em esforços para desfazer a diferença.
A linha do Internacional esté jogando bem, mas a linha do Paraná está melhor, arrematando com felicidade.
O jogo agora é no campo do Paraná, mas o Paraná reage fazendo carga que Risada salva.
Registra-se uma forte carga dos paranaenses que é prejudicanda por um offside de Patesco.
O Paraná organiza novo ataque, obrigando a Risada a conceder escanteio.
O Internacional organiza bom avanço salvo por Borba.
O Internacional insiste, obrigando Alberto a defender.
Verificam-se duas cargas do Internacional que são salvas pelos backs paranaenses.
O Internacional faz forte carga, obrigando Athayde a conceder corner, que batido, é salvo por Anjolilo.
O Internacional avança e Alberto defende. O Paraná reage avançando. O Internacional é obrigado pela linha paranaense a conceder novo escanteio.
Faltam 20 minutos para terminar o embate, o Paraná avança mais uma vez.
Vani apodera-se do couro e escapa, atirando violentamente em gol. A bola bate na trave, voltando ao campo.
O jogo continua equilibrado, com cargas revezadas, mantendo-se a contagem de 4 a 1 a favor dos paranaenses.
O Internacional organiza bem combinado ataque. O Paraná inutiliza-o e avanca sobre a meta de Penha, obrigando-o a praticar difícil defesa de um perigoso tiro do centro avante Gabardinho.
O Paraná mantém-se no ataque.
Registra-se uma grande confusão na porta do gol do Internacional, mas a bola vai fora.
O Internacional reage, organizando um bom ataque.
Honório vibra um forte tiro sobre a meta de Alberto, obrigando-o a defender brilhantemente.
O Paraná avança e Penha defende.
O Paraná torna a avançar, obrigando mais uma vez a intervenção de Penha.
Agora é o Internacional que avança, dando oportunidade a Borba de fazer linda defesa de cabeça.
O Paraná mais uma vez organiza uma boa carga, mas Marreco remata mal, pondo a bola fora.
O Internacional avança, Mancuso escapa e a dois metros da meta paranaense perde ótima oportunidade de fazer gol, mandando a bola para fora.
Os paranaenses voltam a atacar e Marreco desfere forte chute, que é bem defendido por Penha.
O Internacional reage e Ribeiro chuta. Borba faz corner.
O jogo mantém-se animado, esforçando-se os dois quadros para aumentar a contagem.
Batido o corner, Borba salva.
O Internacional persiste no ataque sendo prejudicado nos arremates.
Javel, frente no arco paranaense, perde boa opportunidade de conquistar um ponto para suas cores.
Faltam apenas quatro minutos para terminar a partida.
O Paraná avança e Penha defende um bom tiro de Marreco.
O Internacional avança, obrigando Alberto a praticar difícil defesa.
O Internacional mantém-se no ataque.
Mancuso atira por cima da trave.
Com mais alguns lances de parte a parte, termina a partida, assinalando o placar o seguinte resultado:
Paraná — 4
Internacional — 1
Foi eficiente a atuação do quadro do Paraná
PORTO ALEGRE, 15 (União) — A atuação do quadro do Paraná foi mais eficiente no jogo rasteiro e baixo.
O Internacional preferiu o jogo alto, no que foi grandemente prejudicado pelo vento.
O quadro do Paraná deixou ótima impressão na enorme assistência que o aclamou demoradamente e com entusiasmo.
Uma comunicação do capitão do team paranaense
PORTO ALEGRE, 15 (União) — Por intermédio da Agência União, o jornalista Parahylio Borba, capitão do quadro paranaense, diz ao povo de Curitiba que o jogo transcorre na melhor harmonia, estando todos muito satisfeitos.
BOA A IMPRESSÃO DA ATUAÇÃO DO JUIZ
Os que mais se destacaram dos nossos
PORTO ALEGRE, 15 (União) — A atuação do juiz no embate de hoje, deixou boa impressão, contentando a todos.
Os jogadores do Paraná que mais se destacaram, foram Borba, Dulla, Athayde e Vani. Do Internacional: Honório, Magno, Marreco e Penha.
Fonte: Diário da Tarde (PR), 16/11/1931, ano 1931, n. 11017, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/800074/36491. Acesso em: 22 nov. 2024.
A primeira exibição em nossos campos da valorosa seleção paranaense, constituiu um grande sucesso tanto desportivo como social.
O combinado paranaense confirmou plenamente a fama de que vinha precedido, indo mesmo além da expectativa.
Uma enorme assistência se transportou para o Estádio dos Eucaliptos, apesar da tarde ventosa.
O encontro decorreu na melhor harmonia, primando por uma alta camaradagem, não se registranido o mínimo incidente.
A turma selecionada paranaense alcançou uma belíssima vitória, pois eles abateram um quadro de reconhecido valor, se bem que ontem se ressentisse da falta de um dos seus melhores homens de defesa - Miro.
Foi essa falta, talvez, o principal motivo da derrota.
Mas, no entretanto, sem querer desvirtuar a brilhante vitória dos visitantes, afirmamos e eles mesmo confirmaram que o resultado não exprime o que foi o jogo.
Os nossos agiram com absoluta falta de "chance"; ocaiões muitíssimas tiveram de fazer gols, porém, a sorte não lhes ajudou.
A expectativa para o jogo
Durante a semana foi palestra obrigada o grande encontro interestadual. Era a primeira vez que o nosso público via pisar em campos gaúchos um quadro do vizinho estado irmão.
Todos ansiaram para conhecer as atuações de certos elementos conhecidos através da imprensa como verdadeiros craques. Citavam-se os nomes de Dula, Marreco, Vani, Anjolilo.
Por tudo isso, reinava uma extraordinária expectativa para a pugna. Ainda muito cedo, já os bondes transportavam milhares de pessoas para o arrabalde do Menino Deus.
Pouco depois das 13 horas começou a chover, porém, o fortíssimo vento que soprava, limpou o céu.
Assim é que quando se iniciou a pugna, o vasto estádio estava quase tomado, principalmente os pavilhões.
A preliminar
A partida preliminar foi entre os filhotes do Grêmio Porto Alegrense e S. C. Internacional.
Os "mignons" players desenvolveram uma bela atuação, jogando com muito entusiasmo, merecendo aplausos do público.
Após porfiada luta, saiu vencedora a equipe gremista pela contagem de 2 contra 1.
A chegada dos paranaenses
Os valorosos paranaenses chegaram ao estádio pouco depois das 16 horas, sendo recebidos com palmas pela assistência.
Às 16,30 horas, carregando uma grande bandeira riograndense, fizeram a entrada em campo e depois do grito de guerra, saudaram o público nas duas faces do estadio, gesto que o público aplaudiu com prolongadas palmas.
A entrada dos colorados
A seguir, deram entrada em campo os rapazes do Internacional. Na frente, Honório e Ribeiro carregavam uma linda cesta de flores.
No centro campo, Honório, em ligeiras palavras, ofereceu as flores em nome dos locais.
O público aplaude aquele gesto de cordialidade.
Em seguida são fotografados em conjunto.
Os teams
O juiz trila o apito, chamando os concorrentes, alinhando-se os mesmo na seguinte ordem:
Internacional — Penha; Chanes (depois Álvaro) e Risada; Alfredo, Magno e Moreno; Javel, Ribeiro, Honório, Marroni (depois Mancuso) e Marreco.
Paranaenses — Alberto; Anjolilo e Borba; Andeata, Dula e Athayde; Lavorato, Marreco, Gabardino, Vani e Patesko.
Os visitantes escolheram o gol ao lado da cancha de basket, enquanto os colorados ocuparam a de baixo.
O jogo
Precisamente às 16,37 horas, começa a partida. Honório movimenta a pelota, passando a Ribeiro, perdendo este para Andeata, que a entrega aos companhairos do ataque. Estes, rápidos, levam o primeiro avanço, resultando uma corner de Chanes, que batida por Patesko não surte efeito devido a uma pronta intervenção de Risada.
Os visitantes forçam pela esquerda o campo dos locais. Alfredo intervém e passa para os companheiros. Anjolino faz a sua prmeira tirada.
Os visitantes voltam ao ataque e Vani força Penha a uma boa defesa.
O jogo se movimenta, porém, a turma paranaense com mais desenvoltura; os seus passes são seguros e certos.
Magno detém um avançada e passa muito forte para a esquerda, indo a bola fora.
Registra-se um forte ataque dos visitantes e Risada faz corner, batida sem resultado.
Os paranaenses mostram vontade férrea de vencer. Gabardino, o hábil centro, comanda bela inveslida e às portas do gol de Penha passa a Vani, e este conquista o 1º gol dos paranaenses aos 9 minutos de jogo entre aplausos do públicos.
Os locais reagem. Magno, de posse da bola, corta-se pelo centro, passa toda a defesa visitante e atira com infelicidade, pois a bola vai de encontro à trave lateral.
Os colorados insistem no ataque. Ribeiro passa a Javel, e este não consegue segurar a pelota, que vai fora.
Moreno centra e Honório dá forte cabeçada, passando a esfera junto à trave.
O árbitro marca um hands dos paranaenses. Os colorados investem e Borba salva.
Dula atira de longe e Penha intervém. Nova avançada dos visitantes e Chanes desfaz.
Foul do Internacional. Athayde sobra e a bola vai a Marreco que põe fora.
Magno, o incansável centro médio local, desenvolve grande atividade conjunrando fortes arremessos.
Os locais atacam e Javel atira por cima da trave.
A linha local força lindas tiradas de Anjolilo e Borba.
Patesko, o ágil extrema esquerda visitante escada e atira por fora.
Um foul de Dula dá ensejo a um forte arremesso colorado, porém, Anjolilo intervém com felicidade, arredando o perigo.
Marreco, off-side, prejudica um bom ataque dos companheiros.
Os visitantes insistem. Risada faz corner, de nulo efeito.
Registra-se uma forte avançada colorada e Honório, em possante tiro, faz um gol, que o juiz anula por haver apitado antes para cobrar uma falta.
Os colorados voltam ao ataque e Honório vaza pela segunda vez o gol de Alberto. Este gol tambem foi anulado, em vista do árbitro ter apitado antes.
O extrema Patesko, de posse da pelota avança, e depois de passar por Chanes, a poucos metros do gol, atira e consegue burlar a vigilância de Penha, marcando o 2º gol dos paranaenses aos 25 minutos de jogo.
Os locais reagem fortemente. Há um foul dos visitantes. Ribeiro atira com violência e Alberto defende com dificuldade, fazendo corner.
Marreco cobra e Honório escora de cabeça, passando a esfera por cima da trave.
O juiz assinala duas faltas dos visitantes, dando lugar a perigosos ataques dos locais. Registra-se novo corner contra os visitantes. Marreco bate e Anjolilo defende de cabeça.
Os locais continuam no ataque e o árbitro cobra uma falta dos visitantes dentro da área.
Magno transforma a falta no único gol do Internacional.
Decorriam, então, 35 minutos de jogo.
A seguir, o árbitro marca dois fouls dos visitantes. Honório investe e Alberto defende com brilhantismo.
Registra-se forte ataque dos visitantes e, após ligeiras jogadas na area, Marreco conquista o 3º gol dos paranaenses.
Estava quase no final do primeiro tempo.
Os visitantes carregam e Risada faz corner.
Batida, resulta novo corner, que não chega q ser cobrada em vista de ter findado o tempo regulamentar.
O resultado era o seguinte:
Paranaenses - 3
Internacional - 1
O internacional modifica o team
Os locais, para a segunda fase, modificaram o quadro. Álvaro entrou no lugar de Chanes. Mancuso substitui Marroni, indo para o centro e Honório para a meia-esquerda.
O quadro local melhorou sensivelmente, principalmente na defesa.
Os visitantes reiniciam a partida, perdendo a pelota para Magno. Este a passa para Marreco que a entrega a Honório, e quando todos esperavam a queda do posto de Alberto, o valoroso capitão colorado foi infeliz, errando o Kiko, quase junto no goal.
Os paranaenses avançam. Gabardino atira e Penha defende.
Foul dos colorados. Dula cobra e Penha defende.
Há um off-side dos visitantes.
Os colorados levam lindas cargas, porém, os remates são feitos com pouco efeito.
Os paranaenses avançam pelo centro, em boa combinação, conquistando Gabardino o 4º gol dos paranaenses.
Os colorados, embora, tendo contra si, uma grande diferença de pontos, não se abatem e procuram alcançar a meta adversária.
Os locais carregam e Mancuso força Alberto a boa defesa.
Os visitintes atacam pela esquerda e Patesko obriga Risada a fazer corner. Batida em boas condições, Magno defende.
Novo avanço dos paranaenses rematado por Lavorato, a bola vai de encontro à trave.
Os colarados avaçam e Anjolilo tem ocasião de praticar a melhor defesa da tarde.
Reagem os paranaenses e Álvaro pratica magistral defesa, salvando um gol certo.
Honório atira com violência e Alberto defende. Novo ataque dos locais, Honório faz magnífico passe para Marreco e ele precipita-se, atirando por fora.
Magno e Mancuso, em boa combinação, se acercam do posto de Alberto, e a poucos metros do gol o segundo atira fora, perdendo uma das melhores oportunidades de aumentar a contagem para o seu bando.
Javel e Ribeiro perdem boas oportunidades.
Marreco atira forte e Alberto defende.
O encontro findou, tendo os colorados no ataque, com o seguinte resultado:
Paranaenses - 4
Internacional - 1
Apreciações
Como já dissemos no início, o quadro selecionado paranaense é bom e sua atunção deixou magnífica impressão.
Na defesa, destacaram-se o back Anjolilo, que é um grande jogador. Oportuno nas entradas e seguro nas rebatidas. Borba o secunou bem. A linha média é homogênea, Dula, que veio consagrado como o melhor homem da turma, ontem, apesar de ter jogado bem, não demonstrou toda a sua habilidade; Athayde, muito bom; Andeata não desmereceu dos companheiros. Quanto ao goleiro Alberto, não nos é possível dar opinião, pois não leve ocasião de demonstrar todas as suas aptidões. Às vezes que foi chamado a defender o seu posto o fez com segurança.
A linha atacante é uniforme. Combina e atira perfeitamente. Os players que mais nos agradaram foram Patesko, o jovem e ágil ponteiro esquerdo, e Marreco, um esforçado. Os demais seguira-lhes os passos.
Agora falaremos dos nossos. A valorosa turma colorada não esteve nos seus dias. A falta do zagueiro Miro bastante influiu para a derrota. Chanes não é player para o substituir. Álvaro esteve muito superior. Penha fez o que pôde. Risada jogou bastante, mas sentiu a falta do companheiro. Magno foi a grande figura da defesa colorada. Desenvolveu grande esforço, tanto na defesa como no ataque. Alfredo e Moreno jogaram bem. No ataque, Honório foi a principal figura, seguido de Magno e Javel. Ribeiro, pisado, pouco fez. Marroni, pisou-se no início da partida. O seu substituto, Mancuso, agiu bem, apenas precipitando-se em ocasiões que precisava usar de muita calma.
O juiz
Arbitrou a importante partida o Sr. Heitor Deste, do Americano.
Foi um juiz correto e criterioso. Agradou a todos.
Movimento técnico
Internacional, 1º tempo:
Corners |
5 |
Fouls |
4 |
Hands |
2 |
Defesas de goleiro |
6 |
Gols |
1 |
2º tempo:
Corners |
3 |
Fouls |
6 |
Hands |
2 |
Gols |
0 |
Defesas de goleiro |
6 |
Paranaenses, 1º tempo:
Corners |
4 |
Fouls |
10 |
Hands |
3 |
Gols |
3 |
Defesas de goleiro |
2 |
Off-sides |
3 |
2º tempo:
Corners |
3 |
Fouls |
5 |
Hands |
3 |
Gols |
1 |
Defesas de goleiro |
5 |
Off-sides |
3 |
O jogo interestadual de ontem apreciado em Curitiba
A "Agência União", em combinação com a Companhia Telefônica e o Telégrafo Nacional, transmitiu, ontem, para Curitiba, todo o desenrolar da sensacional partida entre o combinado paranaense e o quadro do S. C. Internacional.
A linha telefônica especial, entrou em campo e a estação local dos telégrafos funcionou perfeitamente e o serviço do Telégrafo, feito diretamente para a capital paranaense, foi magnífico, permitindo, assim, a população curitibana acompanhar, apenas com alguns minutos de diferenca, todas as peripécias do jogo.
Uma mensagem do capitão do combinado visitante
Antes de iniciada a partida, o desportista Paraílio Borba, capitão da esquadra paranaense, enviou para Curitiba, por intermédio da "Agência União", a seguinte mensagem:
"Antes de pisar o campo da luta, onde iremos nos defrontar com os irmãos gaúchos, envio aos conterrâneos distantes a saudação sinceros da falange paranaense. Todos os componentes do onze paranaense têm o seu pensamento voltado para o Paraná e para o Brasil".
Terminado o jogo, nova mensagem foi enviada nos seguintes termos:
"Vencemos. O jogo transcorreu na melhor harmonia. Todos muito satisfeitos".
Fonte: A Federação (RS), 16/11/1931, ano 1931, n. 264, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/70069. Acesso em: 14 nov. 2024.
OS PARANAENSES ESTREARAM VENCENDO EM PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE, 16 (A. B.) — Realisou-se, ontem, o primeiro jogo entre o combinado paranaense contra o Internacional desta cidade. Este jogo, que já era ansiosamente esperado, levou ao Campo dos Eucaliptos uma desusada concorrência que enchia literalmente o estádio.
Às 17 1/2 horas entravam em campo os dois teams, assim constituídos:
Paranaenses — Alberto; Anjolino e Borba (cap.); Andrata, Dula e Athayde; Levorato, Marreco, Gabardinho, Vani e Patescko.
Internacional — Penha; Chanes e Risada; Alfredo, Magno e Moreno; Javel, Ribeiro, Honório, Marroni e Marreco.
O grande back do Internacional, Miro, não pôde atuar devido se achar machucado, sendo então, substituído por Chanes.
Iniciado o jogo, o forte vento que reinava no momento começa a predudicar a trajetória da bola. Os paranaenses atacam no início, conquistando o primeiro gol nos dois minutos de jogo. Após a nova saída, Magno apossando-se da pelota, dribla a defesa contrária e, quando se encontrava em frente ao gol dos visitantes [...]. O jogo caracteriza-se, pouco a pouco, pela supremacia dos visitantes, principalmente a sua linha dianteira é que bastante veloz. Os locaes têm feito poucas cargas sobre o campo inimigo e, mesmo nessas poucas cargas, têm arrematado mal. Os paranaenses atacam novamente, conseguindo, aos quinze minutos de jogo, o segundo gol.
Tirada a saída, os locais reagem. Honório emenda forte tiro de Marroni, obtendo o primeiro gol para seu team. Esse goal, porém, é anulado erradamente pelo juiz, provocando grandes protestos da assistência. Quase ao findar o primeiro tempo, o juiz marca um pênalti contra os paranaenses, conseguindo por esse meio, o Internacional, o seu primeiro ponto. Saem os paranaenses que, bem combinados, conquistam o terceiro gol para suas cores, desnorteando, assim, os locais que procuram reagir, mas são prejudicadíssimos pelo juiz, que pune imaginariamente, fazendo a assistência reclamar a todo o momento. O primeiro tempo terminou favoravelmente aos paranaenses que jogaram melhor, não perdendo nenhuma oportunidade.
No segundo tempo, Mancuso substitui Marroni e há enérgica reação por parte dos locais, nada conseguindo, entretanto, devido à falta de calma que produz péssimos arremates. Todo o segundo tempo correu debaixo da maior monotonia, havendo apenas pequenas incursões dos locais, que perderam duas ocasiões de aumertar o score, uma vez quando Javel, sozinho, em frente ao keeper, chuta fora, sendo vaiado pela assistência e a outra foi quando Mancuso, após driblar toda a defesa dos visitantes, estando sozinho em frente ao gol inimigo, atrapalha-se com a pelota, shootando também fora. Nova vaia da assistência, que reclama melhor arremate. Aos vinte minutos do jogo, sob um visível off-side, o meia direita paranaense que se encontrava sozinho em frente ao gol, marca o quarto ponto dos visitantes. Momentos depois terminava o jogo com o seguinte resultado: Paranaenses, 4; Internacional, 1.
O quadro paranaense bem. Os seus elementos são ótimos, principalmente os atacantes que são ligeiríssimos. A defesa é regular. O Internacional fez a sua pior partida até agora realizada. É bem verdade que estava desfalcado de Miro. A sua linha de ataque não se entendia, desperdiçando muitas bolas a gol.
Fonte: A Noite (RJ), 16/11/1931, ano 1931, n. 7177, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/348970_03/6481. Acesso em: 18 nov. 2024.
AINDA O JOGO PARANAENSES-GAÚCHOS
Como atuaram os contendores - Comentários de um jornal de Porto Alegre
PORTO ALEGRE, 17 (Via Aérea) — O “Jornal da Manhã”, em sua edição de ontem, assim comenta a atuação do selecionado paranaense, no encontro com o Internacional, desta capital.
"O “onze” paranaense apresentou um excelente jogo ao par de uma técnica admirável, empregando-a de princípio a fim, demonstrando o seu ótimo estado de treinamento.
Existe um perfeito entendimento entre sua linhas média e seu ataque.
Os seus dianteiros são rápidos, ágeis, bons passadores e melhores atiradores, destacando-se o jogo dos ponteiros, que são velozes, bons centradores e estão sempre colocados.
A linha média, além de ser incansável em auxiliar o ataque, é senhora da sua posição, marcando com precisão o seu adversário.
A zaga, atenta e oportuna, anula com acerto as cargas inimigas, pois seus compomentes acham-se sempre vigilantes.
Enfim, a adestrada esquadra visitante, possuindo um conjunto homogêneo e treinadíssimo, e que num jogo superior sobrepujou o seu adversário, teve o seu esforço coroado de pleno êxito, de uma forma brilhante. Os seus componentes cônscios de suas responsabilidades, conduziram-se no campo da luta, de uma maneira impecável.
A sua técnica, que se assemelha muito a dos paulistas, é eficiente e produtiva. Passes rasteiros, longos e rápidos, rematando, a seguir, no arco, pois durante os oitenta minutos de jogo, nenhum dos “onze” paranaenses empregou o prejudicial “dribbling”, que nada adianta.
O quadro alvi-rubro que nos representou no grande prélio de anteontem, deixou muito a desejar.
A sua linha de ataque fracassou. Seus componentes morosos, com excepção da ala esquerda, não disputavam a pelota quando a perdiam, e as diversas oportunidades que tiveram para marcar pontos não foram aproveitadas, tão necessaria para o arremate final.
Os médios colorados, diante do fracasso da linha do ataque, desdobraram-se apresentando um jogo à altura de seus adversários.
No triângulo final, os zagueiros não corresponderam à expectativa e o guarda-vala estava inseguro.
Finalmente, o quadro do Internacional falhou, e se falhou foi somente devido ao descaso que impera na quase totalidade dos clubes locais, pelo treinamento que constitui em si a base de uma boa representação desportiva.
Enfim, que a derrota sofrida anteontem, pelo valoroso quadro alvi-rubro, sirva de exemplo e que amanhã, destas colunas, possamos com satisfação elogiar os nossos representantes em prélios futuros.
São os nossos votos".
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A atuação dos jogadores paranaenses
ALBERTO — Apesar de nos parecer nervoso, deu conta de seu recado e produziu boas defesas. Entretanto, esperaremos os outros encontros para fazermos um juízo mais seguro.
ANJOLINO — É um zagueiro seguro e oportuno. Boa colocação.
BORBA — O capitão do quadro visitante é um perfeito conhecedor de sua posição. Joga com muita calma e é muito preciso.
ANDREATA — Ao nosso ver, foi o mais fraco dos médios visitantes, possuindo um jogo pesado.
DULA — O grande centro médio paranaense não confirmou a fama de que vinha precedido, demonstrando, entretanto, ser um ótimo jogador, conhecedor perfeito de sua posição.
ATHAYDE — Foi o melhor médio em campo. Trabalhador infatigável e ótimo marcador.
LEVORATO — O ponteiro direito tem um jogo ágil e possui um forte e certeiro tiro.
MARRECO — Tambem não confirmou a sua renomada. Aproveita bem as oportunidades, porém, é um pouco medroso.
GABARDO — O centro atacante visitante distribui com muita inteligência e atira ao arco com perícia.
VANI — É o mais completo atacante do quadro visitante. Sua atuação foi intelligente e produtiva. Joga o verdadeiro “association”.
PATESKO — Um grande jogador. Um ponteiro invejável. Joga com uma agilidade espantosa. Foi um dos fatores mais preponderantes da bela apresentação de seu quadro.
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Internacional
PENNA — Não foi o mesmo arqueiro que temos visto. Fez uma partida medíocre.
CHANES — Nada fez. Talvez devido ao seu estado de saude.
RISADA — Fez uma má partida, talvez devido à falta de seu companheiro de zaga. Falhou diversas vezes.
ALFREDO — Fez uma excelente partida. Marcou com inteligência e acerto a ala esquerda contrária.
MAGNO — O grande centro médio gaúcho esteve simplesmente extraordinário. Preocupou-se em demasia com o ataque, devido ao seu fracasso, motivo por que sua atuação não foi muito eficiente na defesa.
MORENO — Foi outro médio que brilhou de princípio ao fim. Fez uma boa partida.
JAVEL — Poucas bolas recebeu, porém, sempre que foi preciso, esteve em seu posto.
RIBEIRO — O velho “crack” esteve infeliz. Muito pouco produziu.
HONORIO — O esforçado centro avançado alvi-rubro, esforçou-se demais no ínicio, ficando no final exausto, não produzindo o que poderia produzir.
MARFONI — Durante o tempo que atuou na meia esquerda fez o que estava em seu alcance.
MARRECO — Ao ponteiro esquerdo colorado, e que se deve render as homenagens do dia. Fez uma partida magistral. Não esperdiçou uma bola. Foi o mais productivo atacante do seu
quadro.
O juiz Heitor Deste
A atuação do juiz Heitor Deste, a nosso ver, foi fraca e falha.
Errou em anular o primeiro ponto colorado. E persistiu no erro em anular o segundo tento, legitimamente conquistado.
Fonte: A Tribuna (SP), 18/11/1931, ano 1931, n. 238, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_01/9461. Acesso em: 18 nov. 2024.
ECOS DO INTERESTADUAL ENTRE GAÚCHOS E PARANAENSES
Publicamos abaixo alguns comentários dos jornais da metrópole gaúcha sobre o encontro entre o combinado Palestra-Athletico e
Sport Club Internacional:
“O mundo desportivo porto-alegrense que acoorreu na tarde de anteontem ao vasto Estádio dos Eucaliptos teve a rara felicidade de assistir no corrente ano uma ótima demonstração do verdadeiro “association”.
Paranaenses e colorados, que se empenharam numa luta gigantesca e, algumas vezes, mesmo cheia de fases emocionantes, fizeram tremer de sensação a grande assistência que enchia as vastas dependências da sede dos alvi-rubros.
Venceu quem de justiça deveria vencer.
Os valorosos rapazes componentes da brilhante embaixada da "terra dos pinheirais" fizeram uma exibição aos desportistas porto-alegrenses do adiantado grande desenvolvimento em que se encontra o futebol vizinho Estado do Paraná.
O bando alvi-verde abatendo, numa luta leal e cavalheiresca pela significativa contagem de 4 a 1, os colorados, soube de uma maneira honrosa, não só elevar, como glorificar o desporto de sua terra. [...]
Fonte: Diário da Tarde (PR), 18/11/1931, ano 1932, n. 11019, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/800074/36506. Acesso em: 21 nov. 2024.
OS PARANAENSES NO RIO GRANDE
Comentários carinhosos da imprensa portoalegrense
Já estão convivendo conosco os nossos bravos irmãos do Paraná. Já estão entre nós aqueles que também foram com os gaúchos, os valentes vanguardeiros do movimento de outubro. Recebê-los em nossos braços, com todo o carinho, é o nosso dever. E isto fizemos não só como tradição de nossa raça, com também, como caraterístico do nosso cavalheirismo.
Os distintos paranaenses que ora hospedamos, pela primeira vez, enchem-nos de satisfação. Têm sido raras as vozes que podemos sentir bem perto de nós, os irmãos que nos são tão longe e que vivem tão longe, por este território imenso que integra o nosso Brasil. Ufanamo-nos por isso e fazemos votos que estas excursões se renovem a miúdo.
Os valorosos moços que compõem a esquadra representativa dos paranaenses e que amanhã enfrentarão a valorosa turma do Internaclonal, acham-se em plena forma física e em condições de tudo fazerem, para demonstrar ao nosso mundo futebolístico, as apreciáveis qualidades que possuem, no difícil desporto da pelota.
Os paranaenses, para nós, são adversários leais e de respeito. Conhecemos bem os sucessos que vêm obtendo sua esquadra oficial, nas diversas provas de responsabilidade em que tem se empenhado. Já destacamos suas brilhantes vitórias sobre o Corintians de São Paulo, Botafogo do Rio e a brilhante atuação que tiveram há pouco contra o forte quadro selecionado paulista. Isto tudo atesta verdadeiramente o grande ardor do seus jogadores, e as qualidades excepcionais que possuem para o controle da esfera.
O seu onze vem precedido de boa fama, destacando-se, especialmente, sua linha de ataque, onde é notavel a extraordinária atuação de seu meia direita Marreco, a linha média, onde Dula de centro médio, é a mola giratória do quadro. É o “crack” que impressiona, e vendo-o jogar, temos certeza. Se poderemos dizer que vimos, é uma das maiores glórias do futebol nacional. Dula é comparável a Fausto e Gogliardo, os grandes astros dos cariooas e paulistas, respectivamente.
A zaga paranaonse também vem bem recomendada, nela brilhando Anjolino e Borba, duas figuras que muito trabalharam nos campos paulistas e cariocas. Os nomes destes valorosos elementos, ficaram gravados em nossa memória nos grandes encontros na Paulicéa.
Amanhã poderemos vê-los de perto, em nossa própria casa. E aí, não regatearemos a hora do formidável embate.
Os rapazes do Internacional estão convictos das suas grandes responsabilidades, e como sempre acontece com quadros visitantes, os colorados tudo envidarão para defenderem o pavilhão que representará. De Lorenzi, seu antigo diretor técnico, já falou e o perigoso Honório meia esquerda e capitão da turma colorada também deu a sua opinião. E assim, ficamos com mais fé ainda de que tudo eles vão fazer para bem representar a nossa capital contra os paranaenses.
Assim é que domingo, numa luta gigantesca, jogada sob a mais rigorosa técnica, vamos sentir momentos de grande agitação, em que ora penderemos pana os nossos, como também aplaudiremos com entusiasmo os irmãos que nos visitam.
Teremos desta forma, na tarde de domingo, mais um aspecto belíssimo que irá nos oferecer o vasto Estádio dos Eucaliptos, assim como foi da memorável jornada do Botafogo, quando a imponência chegou ao auge, até então conseguido em nosso futebol.
A CHEGADA DA MISSÃO PARANAENSE
Pelo trem noturno chegou, ontem, às 9,30 horas a esta capital a brilhante embaixada paranaense, que vem até aqui a convite da Federção Rio Grandense de Desportos e dos clubes Grêmio e Internacional.
Os excurstonistas foram aguardados em São Leopoldo pelo nosso companheiro Cícero Soares presidente da F.RG.D, srs. Armando Petersen e Tenente Coronel Agenor Feio, representando o Grêmio Porto Alegrense e Carlos De Lorenzi, representando o Internacional.
Na gare do Caminho Novo viam-se comissões dos clubes locais, grande número de desportistas e o Tenente Atanásio Belmonte, presidente da Amgea.
Após o desembarque os visitantes dirigiram.se para o Hotel Americano, onde ficiram hospedados.
Durante o dia foram os paranaenses visitados por comissões dos clubes desta capital.
A embaixada paranaense vem assim constituída:
Chefe, Dr. Francisco de Paula Soares.
Secretários — Art Lima e Leônidas Marchand.
Jogadores — Alberto, Mansur, Anjolino, Borba, Ataíde, Dula, Andreta, Rosa, Faccini, Levorato, Marreco, Gabardinho, Vani, Patesco, Zinder e Valdomiro.
Acompanham a delegação os srs. Major José Eurípedes Gonçalves, Arthur Rigolino e senhora e Benedito Giampaoli.
[...] A mensagem da amizade
TODOS OS JORNAES DE PORTO ALEGRE ESTAMPARAM, EM GRANDE DESTAQUE, A MENSAGEM DA CONFRATERNIZAÇÃO QUE O “CENTRO DE CRONISTAS ESPORTIVOS” DESTA CAPITAL ENDEREÇOU AOS CONFRADES DA IMPRENSA GAÚCHA.
A MENSAGEM EM QUESTÃO É DO TEOR SEGUINTE:
“CURITIBA, 10 DE NOVEMBRO DE 1931.
AOS CHRONISTAS ESPORTIVOS DO RIO GRANDE DO SUL
O “CENTRO DE CRONISTAS ESPORTIVOS” DE CURITIBA, POR INTERMÉDIO DA EMBAIXADA QUE HOJE PARTE, RUMO AOS PAMPAS GLORIOSOS, SAÚDA OS COLEGAS GAÚCHOS, APRESENTANDO-LHES O PREITO DE SUA AMIZADE E ADMIRAÇÃO.
NO MOMENTO HISTORICO QUE VIVEMOS, QUANDO OS EXPOENTES MÁXIMOS DA RAÇA REALIZAM A EMPREITADA GIGANTE DA RECONSTRUÇÃO NACIONAL, INICIADA NA VASTIDÃO IMENSA DAS COXILHAS DO EXTREMO SUL, SEJA A VISITA DO PARANÁ ESPORTIVO À TERRA DE GETÚLIO VARGAS O ABRAÇO FRATERNAL QUE UNA, NUM ELO ETERNO, A GRANDEZA AUGUSTA DO PAMPA À MAJESTADE ALTIVA DO PINHEIRO.
RECOMENDANDO AOS ILUSTRES COLEGAS DO SUL, OS PORTADORES DA PRESENTE, HIPOTECAMOS NESTA SINGELA MENSAGEM DE CONFRATERNIZAÇÃO O NOSSO MÁXIMO RESPEITO E A NOSSA MELHOR AMIZADE AOS DENODADOS BATALHADORES DA IMPRENSA ESPORTIVA DO RIO GRANDE DO SUL!
p.p. “CENTRO DE CRONISTAS ESPORTIVOS”
SECRETÁRIO: ISRAEL FLAKS — PRESIDENTE: ALTINO BORBA”.
Fonte: O Dia (PR), 18/11/1931, ano 1931, n. 2395, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/092932/20874. Acesso em: 19 nov. 2024.
Os jogos do combinado paranaense em Porto Alegre
A título de curiosidade, damos, em seguida, a relação dos jogos realizados em Porto Alegre pelo selecionado paranaense na sua recente excursão àquela capital:
1º jogo — Sel. Paranaense, 4, x Internacional, 1.
2º jogo — Gremio Porto Alegrense, 3, x Sel. paranaense, 1.
3º jogo — Selec. Paranaense, 1, x Sel. Gaúcho.
4º jogo — Sel. Paranaense, 2, x Sel. gaucho, 3.
Gols a favor dos paranaenses, 8; gols a favor dos gaúchos, 7.
Fonte: A Tribuna (SP), 29/11/1931, ano 1931, n. 249, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_01/9636. Acesso em: 14 nov. 2024.
OS PARANAENSES NO RIO GRANDE
A vitória alcançada pelo "Combinado Athletico-Palestra" sobre o forte clube gaúcho Internacional — A atuação do onze paranaense — Assistência educada — Juiz imparcial — Os paranaenses vêm sendo alvo de significativas demonstrações de simpatias por parte dos gaúchos
(Correspondente especial para O DIA, por Parahylio Borba, capitão do quadro paranaense).
Texto completo na referência abaixo:
Fonte: O Dia (PR), 19/11/1931, ano 1931, n. 2396, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/092932/20883. Acesso em: 22 nov. 2024.
À MARGEM DE UMA EXCURSÃO
As felicitações pela primeira vitória — Uma homenagem que não se realizou — Um contraste — O estádio do Internacional — Os ídolos dos "colorados" — Notas
AS FELICITAÇÕES
Após a linda vitória alcançada sobre a valorosa representação do Internacional, a embaixada paranaense e alguns de seus componentes, isoladamente, receberam inúmeras felicitações de todos os conterrâneos e amigos, não só residentes no Paraná, como também no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Se grande foi o contentamento dos que tiveram notícia da vitória, maior e muito mais justificado o foi dos que lutaram pela sua conquista.
Realmente, a satisfação de que ficaram possuídos os componentes da embaixada paranaense foi das maiores. Satisfação razoável por isso que haviam estreado auspiciosamente nos campos gaúchos, derrotando um adversário de reconhecido valor.
UM CONTRASTE
As famílias hóspedes e pensionistas do Hotel Americano, tendo em vista o proceder cavalheiresco dos futebolistas paranaenses, resolveram prestar-lhe uma significativa demonstração de simpatia, caso fossem vitoriosas no primeiro embate.
Ficou combinado que no regresso dos amadores paranaenses do campo, à entrada do hotel, seriam os mesmos recebidos sob uma grande salva de palmas.
Realizou-se o jogo e os paranaenses retiraram-se da cancha com os louros da vitória.
Ao chegarem, porém, no hotel, os vencedores o fizeram dentro da melhor ordem possível e sem as exteriorizações de alegria justificáveis em ocasiões tais.
Dante da atitude reservada, os paranaenses, as famílias que haviam se preparado para os homenagear, julgaram que os mesmos tinham sido derrotados e, por isso, não levaram a sério a projetada homenagem!
Mais tarde, entretanto, ao serem informadas do resultado da partida, as famílias não esconderam a sua admiração pelos filhos da terra dos pinheirais.
Sem alaridos estridentes nem demonstrações de orgulho, os paranaenses retornaram ao hotel, onde entraram sob os olhares simpatizantes dos que os julgavam derrotados.
Todos foram unânimes em aplaudir o proceder dos vitoriosos daquele dia, cujo proceder representava um verdadeiro contraste ao que se esperava e ao que, várias vezes, se verificou com outras embaixadas...
Não fosse a sua modéstia, os paranaenses teriam sido alvo de uma significativa homenagem, prestada por distintas senhoras e senhoritas.
Que pena...
O ESTÁDIO DO INTERNACIONAL
O estádio do Internacional, onde se realizou o importante embate entre a representação deste clube e o “Combinado Athletico-Palestra”, é magnífico.
De construção recente e moderna, o “ground” internacionalista oferece um lindo aspecto.
Situada em local aprazível, a praça de esportes dos “colorados” causa esplêndida impressão, por isso que a sua realização obedeceu a um fino gosto estético e apresenta um todo que agrada a vista dos que a visitam.
Uma ampla arquibancada, protegida pela sua colocação, dos raios solares e dotada de todos os requisitos necessários, com reservados à imprensa, diretoria, associados e outros esportistas, toma todo um lado do campo.
Embaixo estão situados a sala técnica, os vestiários, banheiros e outros departamentos esportivos.
Do outro lado se acha a geral, com todas as comodidades para os espectadores, embora expostos ao sol ou à chuva.
Atrás dos arcos existem quadras de bola ao cesto e tênis.
Em torno do campo de futebol encontra se uma ótima pista para atletismo.
No centro acha se o campo, bem gramado e nivelado, que se presta admiravelmente à pratica do esporte-rei.
Separando o gramado das arquibancadas e gerais, existem na frente daquelas uma pequena e forte cerca, e ao lado destas, além da cerca, uma grande tela da arame que evita não só a invasão do campo pela assistência, como tambem que sejam lançadas pedras, garrafas, ou qualquer outra coisa sobre os jogadores em campo.
Como se vê, trata se de um magnífico estádio, que honra o esporte gaucho e cobre de glórias os seus realizadores.
OS ÍDOLOS DOS "COLORADOS"
Como acontece em todos os clubes esportivos, o Internacional também tem os seus ídolos.
Conforme tivemos oportunidade de constatar, Honório, Magno, Risada, Miro, Penha e Ribeiro são os ídolos dos associados e torcedores “colorados”.
Em segundo plano se encontram os demais integrantes da turma principal.
Aqueles, entretanto, são os que desfrutam de maiores simpatias e de acentuado prestígio.
Indiscutivelmente, são elementos de grande valor, aos quais deve o Internacional muitos dos seus mais brilhantes feitos.
Honório, distinto jovem, acadêmico de medicina, é a alma vibrante do ataque, o “condottiere” dos colorados.
Perigoso nos tiros, exímio nas fintas e veloz nas escapadas, Honório é o melhor atacante intercionalista.
Magno, o valoroso centro médio que tão boa impressão causou aos paranaenses, é um perfeito “crack”, intermediário da defesa e do ataque, destacando-se numa e noutro.
Ribeiro, embora não tenha aparecido contra os paranaenses, é um elemento esforçado e inteligente.
Risada, Miro e Penha, formam um triangulo defensivo estupendo.
Esses os ídolos dos internacionalistas nos campos.
Quanto aos diretores, o Sr. G. Meneghetti, atual presidente, é a figura de maior projeção nos meios colorados.
Personalidade de largo relevo na sociedade portalegrense, o presidente do Internacional é um dos grandes elementos diretivos do esporte gaúcho.
O seu nome para os internacionalisctas representa uma bandeira.
O quadro social é grandioso e seleto, nele figurando o que há de mais representativo na sociedade da capital gaúcha.
***
Devido a falta de espaço com que vimos lutando e a necessidade de serem publicadas outras notas de oportunidade, esta crônica tem sido preterida algumas vezes.
Esperamos, todavia, que doravante não se verifique mais esse inconveniente, a fim de concluirmos este ligeiro relato de viagem que tanto interesse vem despertando entre os esportistas paranaenses.
Fonte: O Dia (PR), 17/12/1931, ano 1931, n. 2420, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/092932/21066. Acesso em: 22 nov. 2024.