08/11/1936 - Amistoso - Internacional 1 x 2 Palestra Itália-SP

 A formidável batalha de amanhã, Internacional x Palestra Itália polariza todas as atenções.

O PRIMEIRO ENCONTRO DA SENSACIONAL TEMPORADA
No Estádio dos Eucaliptos
No confortável Estádio dos Eucaliptos, fere-se, amanhã uma formidável batalha futebolística da qual serão protagonistas o poderoso conjunto do Palestra Itália, de São Paulo, um dos melhores do País e a brava falange do S. C. Internacional, verdadeira glória do "soccer" gaúcho. Este importante embate, como era natural, tornou-se o assunto obrigatório das palestras das rodas desportivas, que o aguardam com viva ansiedade e incontido entusiasmo.
Aprestam-se, pois, não só os torcedores colorados como todos os fãs da Metrópole, para a formidável peleja que polariza todas as atenções.
O tradicional clube da jaqueta cor de sangue possui uma forte e adestrada turma que se mantém invicta na vanguarda do Campeonato da cidade. O seu valor já tem sido posto a prova em memoráveis contendas e sempre que lhe cabe representar o futebol gaúcho o faz de maneira brilhantíssima, sendo inúmeras as vitórias conquistadas frente aos mais afamados antagonistas nacionais e estrangeiros.
O Rio Grande mais uma vez confia no denodo do bando colorado que possui elementos como Penha, Natal, Alfeu, Risada, Tom Mix, Castillo, Salvador etc, capazes de antepor uma muralha as investidas mais tenazes e de bombardear os redutos mais inexpugnáveis. Por sua vez, o intrépido esquadrão que nos honra com a sua visita possui um magnifico "cartel" que bem atesta a sua apurada perfomance.
Realmente, são inúmeros os triunfos alcançados pelo possante bando palestrino, entre os quais frente ao respeitável conjunto do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, bem como do afamado conjunto do Vélez Sarsfield, de Buenos Aires e "scratch" paranaense, e em todos eles registrou scores elevados e dá o título de "nada menos de 4", com que foram aquinhoados os intemeratos palestrinos.
De tudo isto, infere-se que vamos ter uma luta titânica e de difícil decisão, capaz de contentar ao mais exigente espectador.
O LOCAL
O grande e sensacional encontro de amanhã será ferido no confortável Estádio dos Eucaliptos, no Menino Deus e que vai apanhar, por certo, uma de suas maiores enchentes.
AS PRELIMINARES
Como provas preliminares do empolgante prélio entre os colorados e palestrinos, serão realizadas duas interessantes partidas do campeonato juvenil.
Assim, jogarão, respectivamento, às 13 e às 14,30 horas, Força e Luz x São José e Cruzeiro x Internacional.
AS ENTRADAS PARA O GRANDE EMBATE DE AMANHÃ
As entradas para o sensacional encontro interestadual de amanhã, entre o valoroso S. C. Internacional e o respeitável conjunto do Palestra Itália, serão postas à venda a partir de hoje, a fim de facilitar a sua aquisição por parte dos interessados.
O público poderá encontrá-las na Agência Gaucha, à rua dos Andradas, junto à Casa Tschiedel e no Café Nacional, sucursal da rua dos Andradas.
Apesar da grande responsabilidade financeira assumida com a excursão do Palestra, deverão vigorar os seguintes preços de entradas:
Cadeiras — 12$000
Pavilhão — 6$000
Gerais — 4$000
Meias entradas — 3$000
AS CADEIRAS NUMERADAS
As cadeiras serão todas numeradas, em número de 500, ficando disposta em uma só fila, ao redor do gramado. As cadeiras numeradas custarão 12$000 e a sua venda foi iniciada ontem, à tarde, com grande êxito, pela Agência Gaúcha, à rua dos Andradas, junto à Casa Tschilder.
UMA ARTÍSTICA TAÇA AO VENCEDOR DA IMPORTANTE BATALHA
A Empresa Sirângelo Irmãos, proprietária dos cinemas Central, Guarani e Carlos Gomes, juntamente com a Fox-Film do Brasil, oferecerá uma bela taça ao vencedor do grande e empolgante prélio.
A ORGANIZAÇÃO DOS QUADROS DEGLADIANTES
Salvo modificações de última hora, os quadros degladiantes deverão apresentar a seguinte orgaização:
PALESTRA — Jurandir; Carnera e Beglimini; Tunga, Dula e Del Nero; Machina, Luizinho, Moacir, Rolando e Matias.
INTERNACIONAL — Penha; Alfeu e Natal; Zezé, Risada e Leví; Artigas, Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix.
O JUIZ
Estamos informados que, em reunião realizada ontem, no Grande Hotel, entre os representantes da Amgea, Palestra Itália e Internacional ficou acordada a escolha do competente árbitro Henrique Maia Failace para dirigir a grande pugna de amanhã.
OS PAULISTAS ENSAIARAM ONTEM NO ESTÁDIO DA TIMBAÚVA
Aproveitando a tarde de ontem, os titulares do esqudrão palestrino realizaram um rápido mas proveitoso ensaio, no gramado do Grêmio Sportivo Força e Luz, no Caminho do Meio. Este treino, o único antes da primeira exibição ao público porto-alegrense, levou ao Estádio da Timbaúva um crescido número de desportistas e apreciadores do futebol, que ali afluíram na curiosidade de conhecer os jogadores bandeirantes.
REVERENCIANDO A MEMÓRIA DO SAUDOSO ARQUEIRO LARA
Um gesto nobre e simpático da valorosa delegação bandeirante
Os chefes da embaixada de futebol do Palestra Itália tiveram ontem um gesto simpático e de grande repercussão nos meios desportivos da cidade. Comemorou-se o primeiro aniversário da morte do inolvidável arqueiro gremista, Eurico Lara. Incorporados, aqueles desportistas compareceram à necrópole, depositando uma grande coroa, com significativos dizeres. Falou em nome da embaixada bandeirante o Dr. Eurico De Martino, agradecendo o desportista Newton Degrazzia.
S. C. INTERNACIONAL
Nota oficial
A Diretoria do Sport Club Internacional comunica a seus associados, tanto efetivos como contribuintes, que só será permitida a entrada em sua praça  de esportes no próximo domingo, por ocasião do encontro com o valoroso "Palestra Itália", de São Paulo, aos sócios que estejam em dia com a tesouraria.
Recomenda-se aos sócios em atraso a procurarem seus recibos na sede do Sport Club Internacional, à rua Capitão Montanha n. 131 — sala 4, onde diariamente se encontra o cobrador ou o sr. tesoureiro, das 18 às 19 horas, e no sábado, das 14 às 20 horas.
Os srs. sócios devem, no seu próprio interesse, munir-se previamente do recibo relativo ao mês de novembro (11), a fim de evitar que, no dia do encontro (domingo), tenham dificuldades em resgatá-lo, devido à grande afluência de povo.
O recibo relativo ao mês de novembro (11) dará ingresso no estádio aos sócios, esposa e filhos menores de 15 anos, ficando sujeito a pagamento de entrada qualquer outro membro da família ou estranho que acompanhá-lo.
Chama-se a especial atenção dos srs. sócios para este particular, pois será rigosa a fiscalização no local.
Sport Club Internacional — Em 4 de novembro de 1936 — Gomercindo Barcellos, Diretor-Secretário.
Fonte: A Federação (RS), 07/11/1936, ano 1936, n. 253, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/388653/80686. Acesso em: 26 abr. 2025.

Failace será o árbitro
PALESTRA X INTERNACIONAL SERÁ O SENSACIONAL CHOQUE DE AMANHÃ NA CHÁCARA DOS EUCALIPTOS
A organização dos quadros contendores
AS PRELIMINARES
Amanhã, será iniciada a grande temporada interestadual que o Palestra Itália, de São Paulo, vem realizar nesta capital, graças ao esforço das diretorias da F. R. G. D. e da A. M. G. E. A ., que tudo fizeram pela realização dos grandes embates entre gaúchos e paulistas. Palestra Italia e Internacional farão o primeiro embate dessa temporada, que promete ser coroada do mais completo êxito. Esse jogo, que vem sendo aguardado e em grande expectativa, será disputado no Estádio dos Eucaliptos.
É justificado o interesse que se nota nos meios desportivos por essa partida, pois o clube bandeirante indiscutivelmente um dos mais fortes e possantes conjuntos do Brasil. O Palestra é, atualmente, um dos clubes de melhor "cartel" do país, tendo obtido, no ano corrente, vitórias de grande repercussão.
A jogada que se vai travar, amanhã, no estádio da rua Silveiro, constituirá, por certo, um grande acontecimento desportivo e marcará uma nova fase no futebol gaúcho. Ao clube colorado, líder invicto da tabela, caberá, na rodada de amanhã, a grande responsabilidade de defender o bom nome do futebol sulino. E, temos certeza de que o Internacional, honrando suas brilhantes tradições, saberá dignificar o futebol gaúcho.
PRÊMIO
Ao vencedor do sensacional encontro de amanhã, a Fox-Film Corporation, de comum acordo com a Empresa Irmãos Sirângelo, oferecerá uma fina taça.
AS PRELIMINARES
Como preliminares do sensicional embate de amanhã, a diretoria da AMGEA marcou os jogos do campeonato juvenil: Força e Luz x São José e Internacional x Cruzeiro. São dois encontros interessantes que, por certo, despertarão grande curiosdade.
O jogo Forca e Luz x Sao José será iniciado às 13,30 horas e Internacional x Cruzeiro às 15 horas.
Segundo informaçoes que nos prestou Luizinho, capitão do quadro do Palestra Itália, será o seguinte o quadro que, amanhã, enfrentará o forte esquadrão do Internacional:
Jurandir
Carnera — Degliomini
Del Nero — Dula — Tunga
Maquina — Luizinho — Moacir — Rolando — Matias
O Palestra Itália traz as seguintes reservas: Alcini, Imparato, Birute, Nerusco, Luciano e Baroldi.
O QUADRO DO INTERNACIONAL
Segundo informações recebidas, o quadro do Internacional, salvo modificações posteriores, deverá apresentar-se com a seguinte organização:
Penha
Alfeu — Natal
Garnizé — Risada — Levi
Sílvio — Salvador — Mancuso — Castillo — Tom Mix
ATENDENDO A UM CONVITE DOS PAULISTAS E DO PRESIDENTE DO INTERNACIONAL, A AMGEA CONVIDOU FAILACE PARA ARBITRAR O EMBATE DE AMANHÃ
Durante a viagem de Montenegro a Porto Alegre, tivemos oportunidade de travar relações bastantes íntimas com os jogadores e chefes da delegação do Palestra Itália. E sondamos, então, principalmente, a questão referente ao juiz que, indiscutivelmente, é um fator preponderante para o maior ou menor brilhantismo de uma partida. Os bandeirantes não trouxeram juíes, pois, dizem, confiam na lealdade desportiva dos gaúchos.
Vimos que Fallace é um nome bastante cotado, e pelo que tivemos ocasião de observar, seu nome já veio escolhido pelos bandeirantes. Ontem, atendendo a um convite dos chefes da embaixada do Palestra Itália e do presidente do Internacional, Failace foi escolhido para árbitro da partida. Seu nome é. indiscutivelmente, uma garantia para o brilhantismo da partida.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 07/11/1936, ano 1936, n. 222, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4561. Acesso em: 26 abr. 2025.

VIBRA O RIO GRANDE COM O MATCH A SER DISPUTADO COM O PALESTRA
PORTO ALEGRE, 7 (A. B.) - A cidade esportiva está empolgada pela visita do Palestra Itália, de S. Paulo. Os cracks paulistas fizeram rápido treino individual. A primeira partida terá lugar amanhã, entre os quadros do Internacional e os dos visitantes. O Palestra está assim constituído, para enfrentar o contendor gaúcho: Jurandyr, Carnera, Begliomini; Tunga, Dula, Delnero, Maquina, Luizinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
O quadro do Internacional ficou constituído dos seguintes elementos: Penha, Natal e Alfeu; Garnizé, Risada e Levi; Sylvio, Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix. A partida promete ser sensacional, embora todas as previsões sejam favoráveis aos paulistas, cujo quadro é ótimo e dos mais homogêneos que aqui tem vindo até hoje.
Fonte: A Nação (RJ), 08/11/1936, ano 1936, n. 1176, p. 13. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/120200/15267. Acesso em: 26 abr. 2025.

Os rubros são os fiadores, na tarde de hoje, das tradições desportivas do Rio Grande
O COURO SERÁ MOVIMENTADO ÀS 16HS.
Esta tarde, no Estádio dos Eucaliptos, o Palestra e o Internacional iniciarão, numa luta empolgante de verdadeiro “association” a temporada interestadual
Será iniciada hoje a grande semana interestadual de futebol, promovida pela Federação Rio Grandense de Desportos e pela Amgea, que promoveram a vinda a este Estado do possante quadro do Palestra Itália de São Paulo.
O simpatico clube bandeirante enfrentará, hoje, no Estádio dos Eucaliptos, à rua Silveiro, no Menino Deus, o forte quadro do S. C. Internacional, campeão invicto do turno e líder da tabela no returno, sem um um revés sequer. O embate entre o alvi-verde paulista e o alvi-rubro porto alegrense promete ser sensacional e constituirá, por certo, o maior e mais importante acontecimiento desportivo do dia de hoje. Essa luta, que é aguardada com grande interesse, marcará uma nova época nos anais do futebol sul-riograndense. O Palestra é, indiscutivelmente, no momento o clube de mais renome e possuidor de maior cartel no País. São tais e tantas as responsabilidades do clube bandeirante na rodada de hoje, que temos certeza de que os componentes do onze da paulicéia tudo farão para confirmar a fama de que vêm precedidos, como um dos mais completos conjuntos do País.
Os visitantes terão por adversários, no memorável embate de hoje, o valente quadro do Internacional, que é indiscutivelmente, no momento, o mais completo conjunto da capital. Se é verdade que o clube local não forme um quadro completo, fato é, sem falhas algumas, não é menos verdade que o ardor dos colorados é já tradicional, pois sempre que enfrentam um adversário valoroso como sabe ser o Palestra, os jogadores alvi-rubros desenvolvem uma atuação admirável e sempre que tem de defender o bom nome do futebol porto-alegrense, o fazem com galhardia e desassombradamente. O embate, que dentro de poucas horas se vai travar no Estádio dos Eucaliptos promete fases sensacionais que, por certo, farão vibrar a grande massa de povo que afluirá ao campo da luta para assistir ao embate disputado com técnica, inteligência e grande cordialidade.
A rodada de hoje servirá para solidificar os laços de amizade que deve unir todos os desportistas do Norte ao Sul do nosso grande País. Gaúchos e Paulistas irão, hoje, para o campo da luta não em disputa de uma vióoria, mas sim procurar estreitar, sempre e cada vez mais, os laços de cordialidade que deve reinar entre aqueles que batalham por um mesmo ideal, qual seja o desenvolvimento do são desporto e consequente fortalecimento da raça.
OS QUADROS CONTENDORES
Os quadros que disputarão memorável e esperada jogada interestadual de hoje, apresentar-se-ão assim constituídos:
PALESTRA
Jurandir
Carnera — Degliomini
Del Nero — Dula — Tunga
Maquina — Luizinho — Moacir — Rolando — Matias
Reservas: Alcini — Imparato — Birute — Nerusco — Luciano — Baroldi.
INTERNACIONAL
Penha
Alfeu — Natal
Zezé — Risada — Leví
Garnizé — Salvador — Mancuso — Castillo — Tom Mix
Reservas: Armênio — Sadi — Sílvio — Artigas e Acácio.
Os jogadores colorados deverão estar no Estádio dos Eucaliptos às 15,30 horas.
HORÁRIO
O jogo principal será iniciado às 16 horas e a primeira preliminar entre juvenis do São José e do Força e Luz será inticiada às 13,30 horas e a segunda preliminar entre os juvenis do Internacional e do Cruzeiro será iniciada às 14,30 horas.
[...] UMA TAÇA AO VENCEDOR DO ENCONTRO DE HOJE
Em comemoração ao lançamento do grande filme “Sob duas Bandeiras", o que se dará na próxima terça-feira no Cinema Guarani, resolveram a Empresa Sirângelo Irmãos e a Twenthieth Century-Fox instituir um valioso prêmio ao vencedor do sensacional embate de hoje entre as equipes do Palestra Itália de S. Paulo e o S. C. Internacional. Consta o aludido prêmio de uma riquíssima taça, verdadeira obra-prima da Metalúrgica Scavone, que está exposta numa das vitrines da casa Vitor. É mais um elemento que vem contribuir para o maior brilho do esperado encontro de hoje na Chácara dos Eucaliptos.
ALTAS AUTORIDADES
Para receber as altas autoridades que ocuparão o camarote central do pavilhão, foi designada a seguinte comissão: Heron Buriti, Dr. Saul Tota, Antonio Siciliano e Carlos de Lorenzi, membros da Diretoria e da Comissão Fiscal da Amgea.
CRONOMETRISTA
Para cronometrista foi convidado o Dr. Alexandre Martins da Rosa, digno Presidente da F. R. G. D.
INGRESSO NO ESTÁDIO
Portões ns. 1 e 2 — Gerais; Portão n. 3 — Pavilhão, cadeiras e portadores de cadernetas da FRGD e da AMGEA, e ingressos especiais fornecidos pela AMGEA; Portão n. 4 — Sócios do S. C. Internacional, autoridades, cronistas desportivos e fotógrafos da imprensa.
O preço das entradas para o embate sensacional
A diretoria da Amgea resolveu estabelecer os seguintes preços para entradas para o grande embate de hoje:
Cadeiras numeradas, 12$000; Pavilhão, 6$000; Gerais 4$000; Meias entradas, 3$000.
Os jogos com o Palestra não serão irradiados
A diretoria da Amgea em sua última reunião resolveu não permitir, em hipótese alguma, que seja irradiado o desenrolar dos jogos que o Palestra Itália, de São Paulo, disputará nesta capital.
Milton Soares dirige vibrante saudação aos paulistas e à torcida do clube colorado
Por intermédio do DIÁRIO DE NOTICIAS, o Sr. Milton Soares, presidente do Internacional, dirige a seguinte saudação aos paulistas e à torcida rubra:
"Salve paulistas! Representantes de um povo grandioso pelo seu passado, forte pelo seu presente, gigante pelo seu futuro, o Internacional, com quem, dentro em poucas horas, lutarás a luta leal e cavalheiresca de desportistas puros, sente-se bem em saudar-vos, em dizer-vos do grande júbilo com que terceia armas, vos tendo como adversários. Conjunto poderoso, expoente máximo do futebol bandeirante, uma vitória será para nós uma glória suprema, e uma derrota somente nos poderá enobrecer.
Salve paulistas!
***
Torcida colorada! Sabeis que o valor do Internacional nunca foi desmentido. Ontem, como hoje, como amanhã, ele não desmentirá a confiança dessas milhares de pessoas, que, daqui a poucas horas, encherão o Estádio dos Eucaliptos. Sempre fomos grandes nas grandes pugnas. Podeis recordar as nossas atuações ante conjuntos poderosos, legítimos orgulhos do "association" brasileiro. Não seria agora que o nosso quadro apresenta tão homogêneo, tão poderoso, que havíamos de desmentir o vosso anseio. Vencedores ou vencidos, saberemos corresponder à vossa expectativa.
Torcida colorada! Confiai no Internacional!"
O choque dos invictos
O cronista Vicente Ragogneth escreve o elogio dos craques
Desde 14 de junho de 1936 que o Palestra vence pelo placar mínimo de 4 tentos
AS VITÓRIAS
Vicente Ragognetti, da delegação palestrina, escreve especialmente para o DIÁRIO DE NOTÍCIAS sobre a legenda dos 4 e sobre o valor dos jogadores palestrinos na seguinte crônica:
"Tornou-se legenda o clássico score de 4 nas partidas que o Palestra, há mais ou menos seis meses, disputa nos campos paulistas e nos campos de outros Estados. Quem criou a legenda? Como sempre, o povo, com a sua sempre fecunda fantasia. A história, afinal de contas, é mal contada. Mas a legenda pegou e atravessou rincões e fronteiras e mesmo aqui, em pleno Porto Alegre, está enraizada em todos os que se interessam por futebol. Já isto eu notara em Curitiba, antes do Palestra pisar o gramado do Estádio Belfort Duarte. Os curitibanos não se cansavam de nos dizer:
— Sabemos que o Palestra, classicamente, ganha de quatro... Nós não temos certeza de vencer, mas temos a certeza de que o nosso goleiro Caju não furara quatro bolas...
Parece que isso deu azar no tal Caju. Furou duas bolas no primeiro tempo e duas no segundo...
Ora, isto não está certo. O Palestra venceu várias vezes e não todas as vezes de quatro, desde o dia 14 de junho do corrente ano. Eis aqui a lista:
14 de Junho de 1936 — Palestra Itália x Luzitano — 4 x 0.
21 de junho de 1936 — Palestra Itália x Espanha — 4 x 1.
19 de agosto de 1935 — Palestra Itália x S. P. R. — 4 x 0.
15 de agosto de 1936 — Palestra Itália x C. R. Vasco da Gama — Rio — 4 x 0.
23 de agosto de 1936 — Palestra Itália x C. A. Paulista - 6 x 1.
23 de agosto de 1936 — Palestra Itália x Estudantes — 1 x 0.
6 de setembro de 1336 — Palestra Itália x C. R. Vasco da Gama — Rio — 2 x 2.
13 de setembro de 1936 — Palestra Itália x Santos F. C. — Santos - 7 x 1.
20 de setembro de 1936 — Palestra Itália x Juventus — 4 x 1.
26 de setembro de 1936 — Palestra Itália x C. A. Madureira — Rio — 1 x 0.
12 de outubro de 1936 — Palestra Itália x Estudantes — 5 x 1.
18 de outubro de 1936 — Palestra Itália x Vélez (Argentinos)— 5 x 1.
25 de outubro de 1936 — Palestra Itália x S. Paulo F. C. — 3 x 0.
1 de novembro de 1936 — Palestra Itália x Combinado (curitibano) — 4 x 2.
***
Para o jogo de hoje, já falaram sobejamente os técnicos e os brilhantes cronistas desta bonita cidade. Diversos senhores que acham que eu tenho cara de profeta, exigiram o meu palpite para o primeiro jogo do Palestra. Como sócio fundador do mesmo, como bom palestrino, naturalmente tenho plena fé na vitória do meu clube. Tenho fe, não certeza. Ter fé é de bom torcedor. Ter certeza é obra de Tartarin.
Certp é que o quadro se acha em plena forma e bem treinado. Os dirigentes atuais palestrinos não medem sacrifícios para conseguir a perfeição do quadro. Vivem treinando, provando, experimentando, com uma paciência de São Francisco de Assis, com a tenacidade de um Anchieta e com a coragem de um Bento Gonçalves.Para o jogo de hoje, já falaram sobejamente os técnicos e os brilhantes cronistas desta bonita cidade. Diversos senhores que acham que eu tenho cara de profeta, exigiram o meu palpite para o primeiro jogo do Palestra. Como sócio fundador do mesmo, como bom palestrino, naturalmente tenho plena fé na vitória do meu clube. Tenho fe, não certeza. Ter fé é de bom torcedor. Ter certeza é obra de Tartarin.
Certo é que o quadro se acha em plena forma e bem treinado. Os dirigentes atuais palestrinos não medem sacrifícios para conseguir a perfeição do quadro. Vivem treinando, provando, experimentando, com uma paciência de São Francisco de Assis, com a tenacidade de um Anchieta e com a coragem de um Bento Gonçalves.
Na sua última exibição, quando o antigo São Paulo F. C, de São Paulo, morrera, Jurandir, o jogador palestrino mais popular em Porto Alegre, demonstrara pouco treino e pouca vontade de jogar. Entrou para o Palestra. Tornou-se outro, adquirindo o seu costumetro jogo, a sua tradicional confiança. Sem dúvida nenhuma. Jurandir fez as suas melhores partidas depois que se tornou palestrino. Begliuomini é o back que se fez neste ano, dentro do quadro palestrino. Jogava no segundo quadro no ano passado, sendo sempre reserva do primeiro, desde que vestira a camisa palestrina. Neste ano tornou-se finalmente titular, pois Junqueira depois que se machucara no joelho não podia contar sempre com as suas totais forças físicas. É impetuoso e decidido. É sobretudo moço.
Carnera foi um bom centro médio. Por força de necessidade tornou-se, no Palestra, que lutava com falta de backs, zagueiro. Os gaúchos o conhecem e conhecem a habilidade do seu pé e das suas cabeçadas.
Tunga, depois de um longo período de inatividade, devido a uma carícia do pé de Araken, do Santos, voltou quase à sua antiga forma. Primeiro com uma certa titubeância, depois com uma certa coragem e finalmente com toda decisão.
Dula, também conhecido aqui, depois de vários anos de regulares atuações, ficou um ótimo médio. Parece que precisava de uma certa operação no nariz, que lhe tolhia o fôlego. Como no Palestra os médicos não faltam, a operação foi executada e o fôlego voltou...
Del Nero é a maior revelação destes últimos tempos em todos os campos brasileiros. Tem um fôlego de gato, uma agilidade de macaco, uma astúcia de raposa e um ímpeto de um tigte. Um verdadeiro jardim zoológico... Ver para crer...
Maquina joga na sua nova posição há pouco mais de um mês. É o calouro do quadro. Mas moço muito esforçado e cheio de entustiamo, tem um futuro radiante no soccer patrício.
Luizinho é o cérebro da linha. Não precisa dizer mais nada...
Moacir, outro elemento novo palestrino, torna-se um perigo diante da porta do gol. É o incubo dos goleiros. O goleiro que não lhe presta atenção — estou revelando um segredo ao Penha — perde o controle, e o que é pior, perde a partida.
Rolando, outro elemento novo palestrino, tem muito entusiasmo e é o motorzinho do quadro. Conduz bem a linha, "canta" maravilhosamente o jogo para os companheiros e tem um tiro traiçoeiro.
Matias é o extrema direita que cansa com a sua corrida o half que o marca e cansa com os seus chutes o goleiro que os defende.
Eis aqui, os cracks atuais palestrinos que esta tarde Porto Alegre terá a oportunidade de ver. Ganharão na certa? É um absurdo afirmá-lo. Os palestrinos vieram ao Rio Grande do Sul não para vencer. Vieram unicamente para mostrar aos seus irmãos gaúchos que também eles sabem um pouco da difícil arte de aplicar a inteligência nos pés...
VICENTE RAGOGNETTI
Futebol espetacular
Revivem os dias memoráveis do certame máximo
A pugna de hoje é a concretização da amizade desportiva entre gaúchos paulistas
TÉCNICA E ARDOR
Paulistas e colorados!
Nosso mundo desportivo sente, e sente muito bem, a volta daqueles dias gloriosos, dias maiores do futebol riograndense, da sua vida desportiva mesmo, quando, nos campos da cidade, ante multidões nunca antes registradas, em lutas gigantescas, lutas espetaculares, lutas que tinham o dom de entusiasmar, de fazer vibrar milhares e milhares de pessoas, cotejavam os seus valores no certame máximo da Confederação Brasileira de Desportos, cariocas, paulistas e gaúchos. Fora um presente régio da mentora dos desportos nacionais do nosso povo, presente devido, mas que ultrapassou a qualquer expectativa aos doadores mesmo.
Durante um mês, o futebol era assunto de todos os comentários. O observador sentia como ele vibrava em todos os corações. Era um caso estranho mesmo. Quem nunca assistira as disputas do popular desporto bretão, eram os primeiros a rumarem aos "fields". Chefes de famílias respeitáveis entregavam-se a discussões na rua e no lar sobre o valor dos cariocas e paulistas, das possibilidades dos gaúchos. Tempos memoráveis, aqueles. Tempos de glória para o desporto riograndense.
Tão grande fora a profecia dessas partidas, tão magníficos jogos foram ofertados ao nosso mundo desportivo, que está acostumado, de há longos anos, aos embates regionais, e, excepcionalmente, interestaduais, não esperava tão cedo que lhe fosse proporcionado novos embates sensacionais, novo futebol espetacular. Não deu muita aos rumores da vinda do Vasco, do Fluminense, do Palestra. Era muito presente ao mesmo tempo. Entretanto, a verdade se patenteou. Os integrantes do Palestra Itália, desse grande clube bandeirante, um dos expoentes máximos de futebol nacional, estavam de malas feitas, com destino a Porto Alegre.
Passaram os dias. As folhas foram caindo do calendário, e um nervosimo cada vez malor se apossava de nossos desportistas. Aproximavam-se de nossa capital os vencedores do Vasco da Gama, do São Paulo, do Vélez, do combinado paranaense. Aproximavam-se os reis de futebol paulistano. Aqui chegaram, cercados de carinho e admiração. Com eles vieram vários craques que já conhecíamos: Jurandir, Carnera, Dula e Imperato. Com eles veio a certeza de que assistiremos, meramente, grandes jogos, partidas sensacionais.
Futebol espetacular! Craques de um grande centro desportivo contra jogadores de um centro que, ninguem poderá negar, se adianta cada vez mais, e que hoje ostenta o título de vice-campeão do Brasil. Novamente, paulistas e gaúchos, no campo de Iuta, de luta leal desportiva, que eleva e enobrece. Novamente, futebol espetacular de junho, e julho passado.
Palestrinos e colorados! Vossa luta, hoje, terá a mesma multidão de meses passados. Terá a mesma assistência, vibrando de entusiasmo ante vossas jogadas sensacionais. Vossos lances técnicos, aplaudindo vossa lealdade e cavalheirismo, abraçando vencidos e vencedores.
Vós não desiludireis a torcida gaúcha. Haveis de repetir todo quanto o nosso povo assistiu quando os representantes de vosso glorioso Estado aqui disputaram o título máximo, que tão merecidamente vos coube, com nossos jogadores.
Entusiasmo vibrante. Lealdade e cavalheirismo! Técnica e ardor! E, nem vencedores, nem vencidos!
Palestra e Internacional!
Fonte: Diário de Notícias (RS), 08/11/1936, ano 1936, n. 223, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4580. Acesso em: 26 abr. 2025.

TAÇA DE PORTO ALEGRE 1936 - 1º JOGO - INTERNACIONAL 1 X 2 PALESTRA ITÁLIA-SP 
Data: 08/11/1936
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Público: aprox. 12.000.
Juiz: Henrique Maia Faillace
Gols: Luizinho 33’/1 (P); Luizinho 8’/2 (P); Mancuso 25’/2 (I).
INTERNACIONAL: Penha; Alfeu e Natal; Garnizé, Risada e Levi; Artigas (Zezé II), Salvador Arísio, Mancuso (Pirillo), Castillo e Tom Mix. Técnico: Inocêncio Travassos Souto.
PALESTRA ITÁLIA-SPJurandyr; Carnera e Begliomini; Tunga, Dula e Del Nero; Machina, Luizinho, Moacyr, Rolando e Mathias. Técnico: Matturio Fabbi.

"[...] vemos a equipe palestrina pisando o gramado para as
saudações de estilo sob aclamações vibrantes da compacta
multidão que se premia no Estádio dos Eucaliptos [...]".
Fonte: Diário de Notícias (RS)
"O forte e adestrado conjunto do Palestra Itália que
triunfou na interestadual de ontem por 2 x 1".
Fonte: A Federação (RS)
"[...] a equipe principal dos rubros percorrendo o campo
momentos antes do grande prélio, no qual os nossos
foram derrotados sem que o adversário demonstrasse
superioridade flagrante [...]".
Fonte: Diário de Notícias (RS)



"Duas sugestivas fases do grande embate interestadual
de ontem entre o Palestra Itália e o Internacional".
Fonte: A Federação (RS)

UM RESULTADO GRANDEMENTE HONROSO!
As bravas representações do Pelestra Itália e Internacional pelejaram ontem brilhantemente, tendo o famoso quadro bandeirante triunfado pela diferença de 2 x 1
CRÔNICA
O confortável Estádio dos Eucaliptos foi teatro, na linda tarde de ontem, de uma brilhante contenda de futebol associativo, na qual se empenharam bravamente as valorosas representações do Palestra Itália, de São Paulo, e do Internacional, invicto vanguardeiro do campeonato local.
Era extraordinária a expectativa reinante, como bem atesta a avultada assistência que ocupava as vastas dependências do estádio colorado.
E era plenamente justificado o imenso interesse despertado pela interestadual de ontem, pois ia exibir se pela primeira vez nos gramados gaúchos o poderoso conjunto paulistano, portador de um admirável cartaz, com triunfos alcançados por significativos scores frente a afamados quadros do País e estrangeiro e sempre por contagem de "nada menos de quatro". A falange rubra, entretanto, não se atemorizou com a fama do adversário e se atirou com denodo à dura peleja, sendo abatida pela diferença mínima de 2 x 1.
Este resultado grandemente honroso para os colorados, que bem mostravam o seu valor e que, diga-se a verdade, poderiam mesmo ter igualado a contagem ou registrado um triunfo notável, pois na segunda fase da luta os rapazes da camiseta cor de sangue castigaram a forte barreira final palestrina com uma cerrada ofensiva, da qual, entretanto, não souberam tirar os proveitosos frutos, pois Castillo e Salvador perderam duas oportunidades incríveis para a marcação de tentos, sem contar o contravertido pênalti que o meia-esquerda rubro, ao que parece, endereçou propositadamente fora.
Não queremos, com essa maneira de pensar, desmerecer, nem de leve, a brilhante vitória conquistada pelo adestrado bando paulistano, possuidor, sem dúvida, de maior classe e senhor de uma técnica apreciável, possuindo, todos os seus componentes, ao par de um magnífico entendimento um perfeito domínio sobre a pelota, tendo, assim, as suas jogadas uma enorme eficiência.
O quadro todo trabalha como uma maquina e assim não notamos o destaque pessoal, pois aparece sempre o conjunto, que é harmonioso e coeso.
Uma defesa firme e enérgica e uma linha avante admirável que constitui constantemente uma séria ameaça para a defesa contrária. Abusam, apenas, os palestrinos de truques, que constituem infrações das regras do "association", como bem se observa pelas numerosas faltas consignadas pelo movimento técnico que publicamos.
Sem "assombrar" ninguém apresentam-se, entretanto, os visitantes como um conjunto de classe. O triunfo alcançado foi liso e brilhante e diz bem de sua melhor técnica e habilidade.
Passando-se ao esquadrão colorado não se pode afirmar que tenha jogado mal na pugna de ontem.
Não! O Internacional pelejou brava e dignamente contra um adversário de grande renome.
Se a sorte lhe foi adversa, este resultado em nada lhe diminui o valor, pois foi uma derrota honrosa, pela diferença mínima de um golo, frente a um antagonista reconhecidamente forte e destro e considerado, mesmo, um dos melhores quadros do País.
A defesa colorada constitui uma barreira quase inexpugnável. E brilhantíssima. Penha, Alfeu e Natal formaram um triângulo de ferro.
A linha avante não está no mesmo plano da defesa, embora não se possa dizer, realmente, que ela não tenha trabalhado no prélio de ontem. É que o quinteto internacionalista teve pela frente o reduto final palestrino, que é formidável, tendo no vértice do triângulo Jurandir, o consagrado arqueiro das pegadas espetaculares e eletrizantes.
Causou surpresa e constituiu motivo de interrogação o aparecimento do excelente, médio Garnizé na ponta direita. No segundo tempo, porém, o asa direita passou a ocupar o seu lugar entrando Artigas para a extrema como nos parece teria sido mais indicado desde o início da partida.
Se bem que os colorados tenham feito algumas excelentes investidas no primeiro tempo, o Palestra manteve superioridade inconteste neste período, no qual marcou um tento, pondo continuamente a prova de fogo a magnífica defesa vermelha.
No início da segunda fase, os paulistas continuaram com o mesmo padrão de jogo e aumentaram a contagem para 2.
Foi brilhante, entretanto, a reação feita pelos colorados, que obrigou a defesa paulistana a um exaustivo trabalho para evitar a queda de sua cidadela.
Registram-se, então, fases de impetuosa ofensiva rubra que conseguiu fazer baquear uma vez o posto magnificamente guardado por Jurandir, chegando mesmo a dar a impressão de que desmancharia a diferença mínima existente e alcançaria uma vitória surpreendente, pois Castillo e Salvador perdem oportunidades admiráveis.
A linha média, onde Leví aparece com maior destaque, auxilia o avanço de seu quinteto e o jogo desenvolve-se, por largo período, no campo bandeirante, mas os verdes resistem galhardamente ao assédio inimigo e garantem, assim, uma bela vitória, não pela sua alta tabela habitual com que venceu o Vélez Sarsfield, de Buenos Aires, Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e outros, mas pelo pequeno score de 2 x 1, que constitui um resultado verdadeiramente honroso para os colorados, como já afirmamos linhas acima.
O Palestra Itália fez jus ao triunfo alcançado e teve no Internacional um adversário valoroso e digno.
O JUIZ
Foi convidado para dirigir o importante prélio de ontem o popular árbitro Henrique Maia Failace, que teve o seu nome aureolado pelas suas brilhantes atuações nos jogos Gaúchos x Cariocas e Gaúchos x Paulistas, em disputa do Campeonato Brasileiro.
Failace que é, incontestavelmente, um juiz competente, esteve domingo num mau dia, tendo a sua atuação descontentado os dois bandos litigantes. Entre outras falhas, s. s. apitou um pênalti um tanto duvidoso de Tunga, tendo deixado, entretanto, passar sem punição falta mais grave, quando Garnizé, tendo apenas o arqueiro pela frente, foi chargeado no momento da marcação de um tento quase certo. Puniu com rigor certas faltas, deixando passar outras mais sérias. Enfim, como dissemos, Failace esteve num dia de azar, como aliás é humano.
Vários informes sobre o grande jogo
O movimento no Menino Deus
Logo depois do meio-dia começou a tomar vulto o movimento no elegante bairro do Menino Deus, rumo ao Estádio dos Eucaliptos.
Além dos bondes que trafegavam repletos, enorme era o número de automóveis que tomavam destino do gramado colorado, conduzindo escpetadores em busca dos melhores lugares para assistir a sensacional pugna.
O ASPECTO DO ESTADIO
Belo e festivo aspecto apresentava o confortável Estádio dos Eucaliptos, com as suas amplas dependências ocupadas por uma grande assistência, na qual o elemento feminino aparecia destacadamente, tornando, assim, mais encantador o ambiente.
Pode se afirmar que cerca de 12.000 pessoas estiveram presentes ao importante prélio, número que teria sido muito maior se não fora a realização do Grande páreo Bento Gonçalves na mesma tarde, além da Regata Bento Gonçalves pela manhã.
NA TRIBUNA OFICIAL
Na Tribuna Oficial notamos o Sr. João Antunes da Cunha, Secretário da Presidência do Estado e representante do General Flores da Cunha, Dr. Germano Petensen Filho, oficial de Gabinete e representante do Major Alberto Bins, prefeito da Capital, Deputado Dr. Armando Fai de Azevedo, Dr. Fernando Schneider, vereador da Câmara Municipal, Sr. Arlindo Ramos, diretor da Secretaria da Câmara Municipal, Sr. Oscar Daudt, Delegado de Polícia e muitas outras autoridades.
AS PRELIMINARES
Iniciando a magnífica tarde esportiva, realizaram-se dois interessantes encontros do Campeonato Juvenil.
Às 13 horas, mediram forças as esquadras do Força e Luz e São José, verificando-se um empate de 1 x 1.
Às 14,30 horas, jogaram as turmas do Internacional e Cruzeiro, tendo triunfado o bando colorado pelo score de 3 x 0.
CHEGA O PALESTRA
Às 15,55 horas chegou ao estádio a valorosa embaixada bandeirante, sendo recebida com uma salva de palmas.
OS PAULISTAS ENTRAM EM CAMPO
Às 16, 18 horas os paulistas percorrem o gramado carregando estendido o pavilhão riograndense, sendo calorosamente aplaudidos pela grande assistência que circunda o "field".
SURGEM OS COLORADOS
Os colorados, por entre entusiásticos aplausos, percorrem o campo às 16,25 horas, carregando a bandeira paulista.
OS FOTÓGRAFOS EM AÇÃO
Os dois bandos que se vão degladiar posam para as objetivas da imprensa.
Os fotógrafos se encontram em franca atividade, fixando variados aspectos.
O JUIZ E SEUS AUXILIARES
Às 16,28 entra em campo o árbitro Henrique Maia Failace, acompanhado por 4 juízes de linha.
TROCA DE GENTILEZAS
Reunidos no centro do campo, os presidentes dos dois clubes trocam saudações e duas finas e artísticas flâmulas.
Luizinho, capitão da falange bandeirante oferece um jogo de medalhas ao capitão colorado Risada.
A BOLA
A bola que vai ser utilizada é alemã, da marca Olímpica.
AS SAUDAÇÕES DE ESTILO
Os dois quadros comparecem à frente da tribuna oficial e fazem as saudações de estilo.
OS QUADROS DEGLADIANTES
Os quadros diegladiantes obedecem à seguinte organização:
Palestra — Jurandir; Carnera e Begliomini; Tunga, Dula e Del Nero; Maquina, Luizinho (cap.), Moacir, Rolando e Matias.
Internacional — Penha; Alfeu e Natal; Zezé (depois Garnizé), Risada e Levi; Garnizé (depois Artigas), Salvador, Mancuso (depois Acácio), Castillo e Tom Mix.
O INÍCIO DA PARTIDA
A partida foi iniciada às 16,35, cabendo ao centro-avante colorado movimentar a esfera.
OS TENTOS PAULISTAS
1º) — Moacir cabeceia junto com Natal, mas leva a melhor indo a esfera a Luizinho que, em calculado tiro de meia altura, abre a contagem do dia, aos 33 minutos de jogo.
2º) — Foul de Levi perto da área. Dula cobra passando a pelota a Luizinho que novamente burla a vigilância de Penha, assinalando o segundo e último tento bandeirante, aos 8 minutos do 2º tempo.
O GOL COLORADO
Forte ofensiva colorada. Artigas arremata de encontro à trave lateral. A esfera vai a a Mancuso que em oportuníssima jogada conquista, aos 28 minutos do 2º tempo, o único gol colorado.
UM PÊNALTI NÃO APROVEITADO
O Internacional, quase ao término da dura jornada, foi favorecido com um pênalti, mas não se aproveitou dessa chance para empatar a partida, pois Castillo, encarregado de cobrar a falta, deu a todos a impressão de que propositadamente não quis visar a meta inimiga.
MOVIMENTO TÉCNICO
Palestra Itália
Defesas de Jurandir448
Intervenções123
Fouls121123
Hands459
Corners336
Off-sides123
Pênaltis011
Gols112
Internacional
Defesas de Penha639
Intervenções123
Fouls628
Hands325
Corners101
Off-sides000
Pênaltis000
Gols011
O JOGO FOI TRANSMITIDO PARA SÃO PAULO
A Rádio Farroupilha, a mais potente irradiadora do País, transmitiu para São Paulo, somente por ondas curtas, o transcurso da importante batalha.
Esta transmissão foi feita pelo "speaker" Leonardo Gagliando Neto, da Rádio Cruzeiro do Sul, de São Paulo, e que veio da capital bandeirante de avião especialmente para irradiar os jogos entre gaúchos e paulistas.
GENTILEZAS À IMPRENSA
Os cronistas desportivos foram obsequiados, no jogo de ontem, com bebidas e sanduíches.
Fonte: A Federação (RS), 09/11/1936, ano 1936, n. 254, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/80694. Acesso em: 27 abr. 2025.

FOI AUSPICIOSA A ESTRÉIA DO PALESTRA NOS CAMPOS GAÚCHOS
RIO, 10 (via aérea) - O assunto de maior repercussão, domingo úitimo, nos centros pebolísticos do sul foi, não resta duvida, a estréia do Palestra no Rio Grande do Sul.
Os paulistas enfrentaram, iniciando a sua temporada nos pampas, o team do Internacional, o primeiro colocado no campeonato gaúcho.
A assistencia foi colossal.
O INÍCIO DO EMBATE - Depois da troca habitual de saudações e corbeilles de flores, foi tirado o “toss”, tendo a saída cabido ao Internacional.
Os locais atacam logo e obrigam Jurandyr a fazer a sua primeira defesa.
O Palestra inicia logo após viva offensiva e se mantém assim no campo do Internacional, por algum tempo.
LUIZINHO, AUTOR DO PRIMEIRO GOAL PAULISTA - O jogo passa ao centro do campo, até que aos 30 minutos Luizinho, depois de ótima combinação com Machina e Moacyr, marca o primeiro ponto dos paulistas.
O restante do tempo o Palestra permaneceu no ataque, sem que a contagem sofresse alteração.
O PALESTRA AUGMENTA A CONTAGEM - O segundo half-time decorreu mais equilibrado, visto o Internacional ter  atuado com mais firmeza. Passados vinte minutos de ataque de parte a parte, que faziam vibrar a assistência, coube ainda a Luizinho consignar o segundo ponto do Palestra.
Os gaúchos têm nesse período uma fase de reação e assediam seriamente a cidadela de Jurandyr.
A REAÇÃO DOS GAÚCHOS - Registra-se uma confusão na porta da meta paulista, do que resulta o primeiro ponto do Internacional.
Os jogadores locais desenvolvem ainda grandes esforços para obter o empate, mas não conseguem alterar o placar.
O embate termina com a vitória do Palestra Itália por 2 a 1.
OS LOCAIS NÃO QUISERAM APROVEITAR UM "PENALTY" A SEU FAVOR - Houve durante o jogo um “penalty” contra os paulistas, no entanto, mal aproveitado.
O juiz Faillace atuou regularmente, embora um tanto indeciso.
Nos últimos minutos do segundo tempo marcou a pena máxima contra os paulistas, que, por ter sido discutível, os do Internacional não quiseram aproveitar.
OS. PAULISTAS IMPRESSIONARAM BEM - O encontro revestiu-se de plena cordialidade.
Os paulistas impressionaram bem, confirmando o nome do esporte do grande Estado.
Fonte: Diário da Manhã (PE), 11/11/1936, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/093262_02/26029. Acesso em: 07 ago. 2023.

POR 2 A 1, O PALESTRA BATEU O CAMPEÃO GAÚCHO
No sensacional encontro disputado ontem, em Porto Alegre, o quadro do Parque Antártica marcou auspiciosa estreia, impressionando vivamente a grande assistência pela sua excelente atuação — Luizinho (2) e Mancuso marcaram os gols — A bola da vitória figurará no museu do Palestra, segundo declarações de Luizinho à “A Tribuna”
Demorou a começar o jogo
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — A custo conseguimos ingressar no estádio do Internacional, campeão de 1934 e 1936. A partida havia despertado um interesse fora do comum. Uma multidão de milhares de pessoas lutava por obter passagem para o campo. Logo que entramos, divisamos com um aspecto formidável, só comparável aos grandes dias. O estádio dos “colorados” apresentava aquele mesmo espetáculo do ano passado, quando o Santos aqui jogou, e cuja renda atingiu a 43 contos, renda essa que continua como recorde nos jogos interestaduais interclubes, em Porto Alegre.
Jogava-se a preliminar. Atuavam os juvenis da AMGEA. Terminado que foi esse prélio, a assistência vibrou. Grande expectativa. Mas... o jogo demorou a começar. Um mundo de aparatos precedeu o grande encontro. Discursos, saudações, aleguás, os fotógrafos que se movimentam e um sem número de providências. Por fim, o deputado Alexandre M. da Rosa, que serviu de cronometrista, apitou. Era o começo do sensacional encontro entre paulistas e gaúchos.
No Estádio dos Eucaliptos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O campo do campeão gaucho de 1936 está repleto. A assistência é formidável, não escondendo sua ansiedade pelo início da luta, recebendo o quadro de S. Paulo grande ovação ao entrar em campo. Os palestrinos percorreram o gramado, saudando a assistência, que responde com entusiasmo, que avulta quando Penha, Natal e Risada entram no gramado, à frente de seus companheiros. O público chama pelos nomes os jogadores mais populares.
Os quadros e o juiz
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Os times serão estes:
INTERNACIONAL:
Penha, Alfeu, Natal, Zezé, Risada, Levy, Sylvio, Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix.
PALESTRA:
Jurandyr, Carnera, Begliomini, Tunga, Dula, Del Nero, Machina, Luisinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
O juiz será o Sr. Faillace.
Os primeiros lances do grande jogo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Já se iniciou o jogo, que decorre favorável ao Palestra, cujos atacantes, de contínuo, assediam o campo local. Penha já fez algumas defesas, aparando tiros de Luisinho e Rolando.
Os paulistas continuam atacando, de preferência pelo centro.
Uma bola na trave
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Decorre o jogo com as mesmas características, com superioridade do Palestra. Rolando, que está agindo com grande destaque, recebe de Mathias e chuta forte, indo a pelota bater na trave da meta do Internacional.
Reação dos gaúchos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Aos 12 minutos, nota-se reação dos gaúchos, que forçam a defesa local, onde se destacam Dula e Carnera. Del Nero não está feliz. Jurandyr é obrigado a intervir e o faz com segurança, para defender chute baixo de Mancuso, que recebera a bola de Tom Mix. O público aplaude e incentiva os locais.
Dula machucado
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O jogo está interrompido. Dula machucou-se ligeiramente, mas logo se refaz, prosseguindo a luta, com vantagem técnica do Palestra. A contagem, todavia, ainda não foi aberta.
Natal defende bem
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Os palestrinos atacam pela esquerda. Há perigoso centro de Mathias, e Luisinho, bem colocado, ao tentar, de cabeça, apanhar a pelota, esta é espectaculosamente desviada por Natal, sob delirantes aplausos.
Mancuso e Salvador atacam forte
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O Internacional está atacando agora com mais segurança e forçando a defesa palestrina a um trabalho mais contínuo. Mancuso e Salvador combinam, passam pelos médios, mas Begliomini retém o avanço, praticando falta, que é batida sem nada produzir.
Carnera rebate várias bolas altas. Escapada de Tom Mix, que cede a Castillo, mas este chuta alto.
Luisinho abre a contagem, aos 32 minutos
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — São decorridos 32 minutos de luta. Os paulistas estão no ataque. Carnera rebate, entregando a Dula, que avança e cede a Moacyr. Este é obrigado a retroceder, mas mesmo assim, proximo à área contrária, faz ótimo passe de meia altura a Luisinho. Este, muito rápido, consegue, com um "sem pulo", mandar a esfera às redes do Internacional. Estava aberta a contagem e o Palestra com o seu 1º ponto.
Fim do primeiro tempo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O jogo está nos seus derradeiros momentos do 1º tempo, e os locais agem com entusiasmo, mas encontram decidida barreira por parte do Palestra, que não se deixa abater, vindo a terminar esta fase com a contagem de 1 a zero, favorável aos paulistas.
O segundo tempo
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O público aguarda com nervosismo e ansiedade o segundo tempo, certo de reação de vulto por parte do Internacional.
Iniciada a fase complementar, nota-se maior disposição por parte dos locais, que atacam fortemente, apresentando a luta bons aspectos, pelos magníficos avanços dos locais e as magistrais defesas dos palestrinos, que, no entanto, reagem e atacam forte aos quatro minutos.
O 2º ponto palestrino
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A assistência se emociona com uma avançada de Luisinho, aos 4 minutos desta fase. Esse jogador invade, célere, a área do Internacional e chuta com violência, tirando qualquer "chance" do arqueiro Penha, que é vencido mais uma vez. Estava marcado, assim, o 2º tento palestrino, que decepcionou a assistência, que aguardava resultado diverso, pois o Internacional vinha atuando bem.
Notável esforço do Internacional
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Prossegue a luta com extraordinário entusiasmo. O público, que ainda comentava o magistral passe de Dula a Luisinho, para este fazer o 2º tento, aplaude com delírio uma bela defesa de Penha, e, a seguir, aplaude, também, uma de Jurandyr, que escorou fortíssimo arremesso de Mancuso, o grande incentivador do ataque internacionalista.
Os locais empregam notável esforço para conseguir abrir a contagem. Boas fases apresenta a luta. É belíssima a reação dos gaúchos, que conseguem dois escanteios, batidos, ambos, sem resultado, um dos quais magnificamente defendido por Carnera, de cabeça.
Salvador chuta forte e Jurandyr defende bem
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — O ataque, agora, pertence aos locais. Periga a meta do Palestra, a qual Salvador envia fortíssimo chute, que Jurandyr defende com brilho, salvando seu posto de queda certa.
Moacyr e Luisinho
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Dula e Tunga conseguem aliviar seu campo, determinando, a seguir, dois bons avanços do Palestra, que findam com arremesso de Moacyr e defesa de Penha. Novo ataque de Moacyr e Luisinho, que é salvo por Zezé.
Aos 30 minutos, o 1º ponto do Internacional
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A luta está em sua fase culminante. São decorridos 2 minutos de jogo e os locais estão atacando com desespero, apelando para os seus melhores recursos a fim de obter um tento, e este, afinal, acaba de surgir. Depois de vários ataques, aos 30 minutos de jogo, Mancuso tem feliz jogada e consegue o seu intento, marcando o primeiro e único ponto do Internacional, que é recebido com delírio pelo público, que com grande entusiasmo, passa a incentivar os locais para que empatem a luta, mas a defesa do Palestra age com brilho e segurança, tudo fazendo para garantir a vantagem já traduzida pelos dois tentos marcados por Luisinho.
Penal contra o Palestra
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — Foi assinalado um penal contra o Palestra, o que suscita ligeira reclamação, sob a alegação de que a falta não foi praticada, pois o penal acusado fora em consequência de toque assinalado pelo árbitro. O público, ansioso, espera o resultado.
O penal é batido fora, propositadamente
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna)— Foi batido o penal. Castillo disso se encarregou, mas, propositadamente, arremessa a bola para além do retângulo palestrino. Parte do público aplaude e parte assovia, não concordando como gesto de Castilo. A harmonia reinante, todavia, não é quebrada, prosseguindo a luta.
O final — Vitória do Palestra, por 2 a 1
PORTO ALEGRE, 8 (A Tribuna) — A luta está nos últimos lances, notando-se a mesma característica. O ataque do Palestra continua perigoso e muito sólida a defesa. Os locais, por sua vez, estão tentando os derradeiros esforços. Faltam poucos minutos para o final. Parte do público já deixa o campo. Terminou o jogo. Venceu o Palestra, por 2 a 1.
Depois do jogo — A bola da vitória irá para o museu do Palestra Itália
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — Terminado o jogo, ainda em meio ao grande burburinho que se estabeleceu com o abandono do campo pelos assistentes, falamos a Luisinho. O capitão da turma palestrina demonstrava satisfação. Os demais companheiros o seguiam, satisfeitos, irradiando contentamento incomum.
Luisinho saiu do campo com a pelota debaixo do braço.
— É nossa, exclamou ele. É a bola da vitória e eu a desejo levar para São Paulo, a fim de figurar no museu do Palestra Itália.
— Que tal a partida?
— Os gaúchos são grandes jogadores. Vencê-los, lá fora ou aqui, é coisa muito difícil. O Palestra conseguiu essa coisa difícil.
Logo depois, Luisinho não chegava para os abraços dos dirigentes da embaixada palestrina e de grande número de admiradores.
A Havas descreve o jogo
PORTO ALEGRE, 8 (H) — O encontro hoje disputado, nesta capital, entre as turmas do Palestra Itália, de S. Paulo, e o Internacional, foi muito equilibrado, notando-se superioridade do quadro paulista, que saiu vitorioso por 2 a 1.
No segundo tempo, o Internacional reagiu valentemente.
Luisinho marcou os dois tentos do Palestra, em grande estilo, e Mancuso, o único dos locais.
A “A Tribuna” ouve alguns “cracks” antes do jogo
PORTO ALEGRE, 8 (Do correspondente) — Momentos antes do grande embate, ouvimos alguns "cracks" que tomarão parte na sensacional pugna desta tarde, e que está condensando a atenção de todo o mundo esportivo desta capital e de outras cidades. Alfeu, zagueiro local, que se vem revelando pela firmeza das suas jogadas, pelo seu grande dinamismo, disse: "A performance palestrina nos jogos de campeonato e em partidas interestaduais e internacionaes é extraordinária. É de assustar, mesmo, mas tenho visto tanta gente boa cair ante o nosso quadro e tamanha confiança tenho em meus companheiros que posso afirmar sem dúvidas que venceremos. Em último caso aceito um empate". Zezé, médio direito do Internacional, assim falou sobre o jogo, inquirido pela reportagem da "A Tribuna": "Nosso quadro está preparado. Lutaremos para vencer". Luizinho, capitão do Palestra Itália, disse: "Tenho grandes esperanças em meus companheiros. Estamos acostumados a enfrentar quadros com grandes responsabilidades como o Internacional. Conheço muito os seus jogadores, e sei que teremos dificuldades em burlar o arqueiro Penha, um dos melhores do Brasil. A luta será empolgante. Venderemos caro a nossa derrota. Empregaremos todos os nossos esforços para continuar com o título de invictos que nos acompanha, por isso que é maior a nossa responsabilidade. Precisamos defender as nossas tradições conquistadas e sustentadas com tanto esforço e carinho".
PALAVRAS DO SR. ÍTALO ADAMI
É do chefe da embaixada do Palestra, Sr. Ítalo Adami, a seguinte proclamação: "Já se esgotaram as expressões de grande reconhecimento de que eu e meus companheiros de jornada somos devedores aos esportistas gaúchos, à sua imprensa e ao seu grande e cavalheiresco povo. No momento em que os "periquitos" vão cruzar lealmente suas armas com os denodados colorados, hoje, no imponente estádio da Chácara Eucaliptos, não me resta senão uma única palavra, a expressão mais genuína do brasileiro: Obrigado!
Na pugna de hoje não haverá vencidos nem vencedores e sim uma consagração da solene amizade entre dois grandes centros esportivos do país."
Fonte: A Tribuna (SP), 09/11/1936, ano 1936, n. 228, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/153931_01/34316. Acesso em: 27 abr. 2025.

BAQUEARAM OS INVICTOS
Luizinho foi o autor dos dois tentos que asseguraram a vitória para os palestrinos
O Internacional atuou melhor nos 40 minutos do segundo tempo
CASTILLO NÃO ACERTOU O ARCO
Após as saudações de estilo, foi sorteado o toss, cabendo a saída ao clube local. Failace, juiz escalado para o embate, trila o apito às 16,35 horas, anunciando o seu início. Mancuso movimenta a pelota, passando-a a Castillo, que perde para o centro médio bandeirante. Os verdes organizam, então, a sua primeira investida ao último reduto colorado, sem resultado, porém. Os paulistas tornam a insistirem várias cargas, a maioria pela ala direita, onde Luizinho, desde o princípio aparece como seu elemento técnico e infatigável. Os primeiros dez minutos de jogo decorrem monótonos, sem jogadas de sensação. Decorrido este espaço de tempo, em que os visitantes sofreram a emoção da estreia, a partida melhorou muito.
Se bem que os verdes continuassem na ofensiva, como de princípio, as suas jogadas, porém, eram mais estudadas, havia melhor coesão em suas linhas; os passes eram calculados. A defesa colorada passou então a trabalhar mais, onde Alfeu se sobressai e a meta guardada por Penha começa a sentir os efeitor da melhora do padrão de jogo palestrino. Os atacantes do forte clube paulista, que antes não achavam o gol, fazem o arqueiro colorado conhecer as suas arremetidas perigosas em várias ocasiões. Continuam eles, favorecidos pelo vento relativamente forte que soprava, em constantes cargas, que são desfeitos por Levi, Penha ou Alfeu.
A defesa rubra trabalha Infatigavelmente, porém, a sua linha atacante não anda. O jogo continuou dessa maneira até os 18 minutos de jogo, aproximadamente, quando os dianteiros rubros, animados pela torcida, fazem suas primeiras investidas, que diga-se de passagem, foram perigosas, ao arco de Jurandir.
Castillo e Tom Mix, em passes rápidos e curtos, fizeram pelo espaço de três minutos se movimentar a defesa palestrina, que até aquele momento não havia se esforçado. Foram passagens difíceis para os verdes. O seu arco, guardado por um goleiro de excepcionais qualidades, esteve a ponto de cair.
Desde este período, nada de notável fez o ataque do clube local, nem por maior perigo, no primeiro tempo, passou a defesa visitante. A ala Castillo-Tom Mix foi, desde então, quase que completamente paralizada pela perícia de Tunga, um médio de grandes recursos técnicos.
Voltando ao ataque, os paulistas, organizam excursões perigosas à meta de Penha. Natal falhando, juntamente com Zezé, dão lugar a que os visitantes se infiltrem perigosamente.
Era de se esperar a qualquer momento a queda do arco colorado. O domínio dos palestrinos que se manifestou intenso, principalmente, na metade deste meio tempo, era real.
Decorriam já trinta e três minutos de jogo quando os verdes fazem uma carga pela direita. Luizinho leva o couro e manda-o para Maquina. O ponta direita bandeirante, sem perda de tempo, centra bem, indo a pelota para a frente do arco colorado. Natal e Moacir disputam a bola alta, levando o paulista a melhor, fazendo um passe para Luizinho, que entrou limpo, alcançando o primeiro ponto do Palestra Itália.
O infatigável "insider" verde foi saudado, com palmas prolongadas, pela assistência.
O jogo foi recomeçado e continuou com o domínio dos visitantes até o final deste meio tempo, praticando Penha e Alfeu belas defesas, em situações dificílimas, pois a linha dos auri-verdes cada vez mais apertava o cerco.
Porém, sem que fosse aumentado o score, terminou o primeiro período de luta com a vitória do Palestra, por 1 a 0.
Após o descanso regulamentar, voltam os jogadores ao campo. Desta vez, porém, são os verdes que vão jogar contra o vento. Favorecido por este elemento, a asistência, como era de supor, espera uma reação do clube local. Foi, pois, com maior expectativa que os litigantes se alinharam para o início do segundo período da luta.
Parecia que a reação rubra não vinha, pois on paulistas, apesar do vento, atacaram, nos primeiros quinze minutos, com mais constância.
Continuou, portanto, a passar por enormes perigos o arco defendido por Penha.
Aos oito minutos, Levi comete foul em Maquina, perto da área perigosa, sendo punido pelo árbitro. Tunga cobra a falta, fazendo um passe a Luizinho, que sem perda de tempo, manda a bola para o fundo das redes de Penha, assinalando o segundo gol do Palestra Itália.
Com mais um ponto contra, os colorados desanimam. Os palestrinos, animados, reafirmam-se no ataque. Porém, esta situação perdurou apenas pelo espaço de sete minutos.
Como era de se esperar, o Internacional reagiu. A sua ofensiva melhorou e o jogo ficou equilibrado, para depois os locais passarem a insistir mais no ataque.
Foi este o período de maior sensação do embate. Os colorados, favorecidos pelo vento, durante os vinte minutos restantes da peleja, puseram em cheque o arco bandeirante. Não houve domínio completo, porém, o Internacional dominou, em parte, nestes vinte minutos finais. Poucas foram as cargas palestrinas neste período. 
Jurandir passou por maus bocados defendendo o seu arco. O guardião verde teve em Carun, Tunga e Del Nero, três elementos de real valor em seu auxílio.
As cargas dos locais eram rápidas e fulminantes, porém, os dianteiros ressentiam-se de arremate final. Chegavam até a meta de Jurandir e falhavam nos tiros a gol. E, quando não falhavam, a perícia e as espetaculares pegadas do arqueiro paulista anulavam a intenção dos locais.
Tanto atacaram os rubros, que após dez minutos de infatigável trabalho, conseguiram o seu intento.
Há uma escrimage na área palestrina. Vários "players" disputam a pelota, que vai ter aos pés de Artigas, o qual atira em gol. A esfera bate na trave lateral e Mancuso, aproveitando a confusão originada na área, oportunamente alcança o único tento dos locais.
A assistência delirou e mais acentuado tornou-se, então, o predomínio dos encarnados. Origina-se outra situação difícil na área paulista e Salvador perde uma oportunidade excelente para empatar o prélio. Tinha só pela frente o "keeper" bandeirante.
Transcorreram movimentados os 3 minutos restantes da peleja sem que fosse modificado o score. Quando faltavam dois minutos para terminar a partida, o árbitro consigna um pênalti contra os paulistas. O juiz alega que Tunga, ao defender um pelotaço dentro da área perigosa, tocara com a mão na bola. Os bandeirantes reclamam, alegando que a infração não existiu. Failace, porém, manda bater a penalidade.
Castillo é destacado para fazê-lo. O juiz trila o apito e o meia esquerda colorado cobra a falta mandando a bola por cima da trave.
Em seguida, o Palestra organiza um ataque que é desfeito por Penha. Voltam os encarnados à ofensiva e Del Nero concede corner. Já ia ser cobrada a penalidade, quando o cronometrista trila o apito, anunciando o fim da peleja.
Os colorados perderam para o palestra sem comprometer as suas tradições desportivas
O placar de 2 x 1 favorável aos verdes de São Paulo foi o produto de duas oportunidades bem aproveitadas
APRECIANDO OS JOGADORES
Internacional e Palestra Itália nos proporcionaram anteontem uma jogada excelente, que nos fez lembrar os grandes embates do campeonato brasileiro. A luta entre colorados e caturritas foi disputadissima e teve fases que fizeram vibrar a assistência. O forte vento reinante prejudicou em grande parte o jogo técnico dos dois contendores. O quadro paulista, se bem que não confirmasse a grande fama de que vem precedido, apresentou um jogo técnico que agrada bastante, principalmente, o trio atacante que costura admiravelmente. Luizinho, Moacir e Rolando apresentaram um jogo belíssimo, fazendo-nos recordar o jogo técnico e inteligente do trio do combinado carioca, que nos visitou por ocasião do campeonato brasileiro.
A linha atacante palestrina combina muito bem, chegando mesmo a abusar do jogo de passes, que aliás é muito apreciado e empolga mesmo, porém, não produz resultado prático. Os atacantes palestrinos ressentem-se arremate final, perdendo assim boas oportunidades.
O quadro do Internacional fez uma excelente demonstração de futebol e somente por falta de "chance" sofreu o seu primeiro revés no ano corrente.
A vitória obtida pelo quadro da Paulicéa em nada desmerece o valor do vencido, que enfrentou com galhardia o famoso conjunto paulista. Os colorados representaram condignamente o futebol porto-alegrense na jornada de anteontem, que serviu para evidenciar o nosso adiantamento no futebol, podendo sermos considerados em igualdade de condições aos grandes centros desportivos do Brasil que são: Rio e São Paulo.
OS JOGADORES
Jurandirー Demonstrou ser o mesmo grande guardião do campeonato brasileiro. Boa colocação, pegadas firmes e admirável golpe de vista.
Carnera e Begliamini - Constituem uma parelha segura, onde iam morrer os arremessos dos colorados.
Dula — O veterano centro médio fez  uma grande partida, foi indiscutivelmente o grande fator da vitória palestrina. Jogou com calma admirável e notável colocação, auxiliando eficaz e inteligentemente o ataque, que teve em Dula o seu melhor apoio.
Tunga — Foi um médio eficiente. Fez uma boa partida, tendo anulado por completo a perigosa e eficiente ala esquerda colorada.
Del Nero — Não confirmou a sua fama, como a revelação do ano. Atuou discretamente.
Maquina - Foi o elemento que menos se destacou no quinteto palestrino.
Luizinho — Inquestionavelmente é a primeira figura do ataque do Palestra. Jogador inteligente, passador emérito e aproveita admiravelmente as oportunidades, como demonstrou anteontem, marcando os dois pontos dos visitantes.  É o grande animador do ataque palestrino.
Moacir — Distribui bem o jogo e combina com precisão com os meias Luisinho e Rolando, com os quais forma um trio perigosíssimo.
Abusa, porém, do jogo pesado, o que prejudica bastante a sua atuacão.
Matias — É o grande artilheiro do quinteto palestrino, possuidor de um chute possante e [...] com precisão.
Penha — O grande guardião rubro não estava anteontem nos seus melhores dias, tendo cochilado no segundo gol paulista.
Natal — Atuou bem, formando com Alfeu uma parelha intransponível.
Alfeu — Fez anteontem esse zagueiro a sua melhor partida do ano. Atuou assombrosamente podendo, sem favor nenhum, ser considerado o melhor dos 22. Foi a figura que mais se salientou em campo.
Zezé — Atuou no primeiro tempo, porém, muito mal, tendo sido substituido na fase final.
Garnizé — Que começou jogando na ponta direita, onde nada fez, nem podia fazer, passou no 2º tempo a ocupar a sua verdadeira posição de médio, atuando com precisão e marcando bem a ala adversa.
Risada — O veterano centro médio colorado que trabalhou bastante no primeiro tempo, falhou na fase final, quando demonstrou cansaço.
Levi — Foi o melhor da linha média local. Jogou muito.
Artigas — Que substituiu Garnizé no 2º tempo, apesar de não estar acostumado a jogar na ponta direita, trabalhou bastante e com a sua entrada o ataque rubro andou mais.
Salvador — O mignon meia direita colorado foi o animador do ataque dos locais. Trabalhador incansável, tanto estava na defesa como no ataque. Esse jogador dia a dia vem se firmando como um atacante de valor.
Mancuso — Trabalhou bastante e foi o autor do único gol dos colorados.
Castillo — Fez anteontem uma péssima partida, nem parecia o mesmo perigoso eficiente jogador que estávamos acostumados a ver atuar.
Tom Mix — Trabalhou bastante, tendo porém, falhado o seu companheiro de ala, pouco pôde produzir.
Acácio — Que substituiu Mancuso nos últimos minutos de jogo nada fez.
Uma “revanche” para os Rubros?
O resultado da partida de domingo último, entre o Palestra Itália e o Internacional, não convenceu aos milhares de torcedores colorados. Foi um resultado inexpressivo. Na partida, tanto podia vencer um como outro. Foi, como disse o técnico do Palestra, uma questão de aproveitamento de oportunidades.
Ontem, à tarde, nas rodas dos cafés, onde se reúne grande número de desportistas, corria a notícia de que o Internacional, não satisfeito com o resultado da partida, entrara em entendimentos com os diretores do Palestra, no sentido de se realizar um match-revanche, no próximo domingo.
De posse dessa notícia, a nossa reportagem se movimentou, procurando averiguar a sua veracidade. De início, foi procurar o Sr. Milton Soares, presidente do Internacional, em sua firma comercial. Lá o encontramos e o fizemos ciente do nosso desejo: ouvir a sua palavra sobre o assunto, que já empolgava o nosso mundo desportivo.
— O Internacional não cogitou de uma revanche — diz o Sr. Milton Soares. Ele não seria capaz de um gesto que poderia ser considerado como antidesportivo. Entretanto, sei que a Amgea sondou os dirigentes do Palestra sobre a possibilidade de um novo encontro. Isso, porém, não partiu do meu clube.
O repórter, então, interroga o destacado desportista colorado:
— Como o Internacional encararia a possibilidade de um jogo de revanche?
— O quadro colorado esta nas mãos da Amgea. O que ela resolver, os internacionalistas farão. Naturalmente, teríamos o maior prazer em terçar armas novamente com um adversário do valor e da envergadura do Palestra, proporcionando aos nossos desportistas uma luta que tomaria um cárater gigantesco. Mas isso não é conosco — termina o Sr. Milton Soares.
COM O PRESIDENTE DA AMGEA
Depois de nos despedir do presidente colocado, tínhamos um rumo a tomar: falar com o Sr. José Martins, presidente da Amgea, sob os auspícios de quem se está realizando a atual temporada interestadual. Avistando-o, transmitimos-lhe o nosso desejo de informações. Disse-nos, então, o presidente da mentora do futebol citadino:
— De fato, auscultando o desejo do nosso mundo desportivo, particularmente dos torcedores colorados, falando com os diretores da luzida missão que nos visita, transmiti-lhes o meu pensamento sobre o sucesso de um jogo-revanche entre o Palestra e o Internacional. Se tal fosse aceito, então o programa dos jogos seria alterado. Os craques paulistas jogariam quinta-feira com o Grêmio, domingo com o Internacional e quinta-feira, 19, com o combinado porto-alegrense. Não obtive, naquele momento, uma resposta definitiva. Os diretores palestrinos precisavam consultar a Liga Paulista, depois do que, então, poderiam resolver. Eis o que há.
COM O SR. ÍTALO ADAMI
Para que a nossa reportagem fosse completa, tornava-se necessário ouvir o Sr. Ítalo Adami, que vem chefiando a missão do Palestra. Abordamo-lo no "hall" do Grande Hotel. Dele tivemos a seguinte resposta:
- Da diretoria do Força e Luz recebi o convite para uma partida, quando nos desobrigássemos do compromisso com a Amgea. De Rio Grande, também, recebi outro convite. Hoje, do Sr. José Martins recebi a proposta de um jogo-revanche com o Internacional. Recebi todos esses convites com amelhor impressão, principalmente o jogo-revanche com os valorosos colorados. Entretanto, a nenhum pude dar resposta definitiva. Tornava-se necessário uma consulta à Liga Paulista de Futebol, a quem pedi, em nome do Palestra, a transferência da partida que temos e, jogar no próximo dia 22. Se for possível esse adiamento, o que sinceramente espero, então satisfarei a todos os convites que me fizeram, os quais honram profundamente a missão que chefio.
Deste modo, está o nosso mundo desportivo na iminência de assistir ao prolongamento, entre nós, da temporada do Palestra Itália, com novas partidas, e de presenciar um jogo que se afigura gigantesco: a revanche entre palestrinos e colorados.
Ítalo Adami comenta
No hall do Grande Hotel encontramos, ontem, o desportista Ítalo Adami, chefe da embaixada do Palestra Itália. Perguntamos logo sua impressão sobre a partida de domingo.
S. s., medindo bem as palavras, assim externou sua opinião a respeito do importante prélio!
- Não fora a atuação infeliz de Fallace, cognominado o rei do apito, e a partida poderia ser classificada de magnífica. Os quadros contendores desenvolveram boa atuação, jogando com muito ardor e técnica. A situação do árbitro riograndense prejudicou sensivelmente o brilhantismo das jogadas que, de minuto a minuto, eram paralizadas pelo seu apito. Já fui árbitro durante muitos anos. Já assisti centenas de partidas, arbitradas por bons e maus juízes. Nunca, porém, vi aptiar tanto durante os oitenta minutos de uma partida. As interrupções contínuas prejudicaram o desenrolar do jogo que, não fora isso, teria sido muito melhor do que foi. O pênalti que Faillace apitou foi imaginário. Mesmo que a pelota tivesse tocado no braço do zagueiro palestrino, ele não deveria ter punido a falta, porquanto a penalidade máxima só se justifica quando for feita propositalmente. Antes do jogo ser iniciado procurei o árbitro e ele me assegurou que só puniria a penalidade máxima quando efetivamente fosse feita com o intuito claro de prejudicar o adversário. E, infelizmente, não foi isso que se deu. Faillace puniu uma falta imaginária, que ninguém viu. A sua indecisão foi característica. Todos pensavam que se tratava de um corner, porquanto ele imediatamente correu para um dos cantos do arco. Passados alguns segundos, contra a expectativa geral, Faillace manda colocar a pelota defronte ao gol de Jurandir. Naturalmente protestamos, embora inutilmente. O pênalti foi batido e, se Deus não fosse palestrino, o resultado da partida sem dúvida alguma teria sido outro.
A atuação de Faillace
Por indicação do Palestra Itália e aquiescência do Internacional, o presidente da Amgea convidou o desportista Henrique Faillace para dirigir o grande embate entre o Palestra e o Internacional.
Esse popular árbitro atendeu ao convite e se prontificou a dirigir esse memorável encontro. Anteontem Faillace estava a posto acompanhado de seus auxiliares.
Iniciada a luta, decorre a mesma parelha e o juiz acompanha o jogo punindo com acerto e precisão todas as infrações. Assim transcorreu o 1º tempo. Iniciada a fase final, nota-se que o juiz está indeciso e não atua com a mesma firmeza do 1º tempo. Suas decisões não tem mais aquele cunho de segurança. São punidas diversas infrações imaginárias, ora de um, ora de outro dos contendores. Constata-se, entretanto, que o juiz não prejudica nenhum dos contendores. Embora a sua atuação bastante deixou a desejar, a mesma foi honesta, e não se diga que o árbitro prejudicou os locais ou os visitantes. O juiz, como humano que é, não é infalívell, e se errou, o fez sem intenção, pois não se admite que um desportista que tem a reputação firmada como árbitro honesto, procurasse atuar com parcialidade, manchando assim o seu passado.
Failace defende-se
O GRANDE ÁRBITRO RIO-GRANDENSE CONF. ESSA TER SIDO INFELIZ NA SUA ARBITRAGEM, MAS QUE NÃO PROCUROU FAVORECER AOS LOCAIS OU PREJUDICAR AOS VISITANTES
Terminado o encontro de domingo Último entre palestrinos e colorados, o repÓrter soube logo que tinha uma obrigação a cumprir e da qual não podia escapar sem prejudicar os leitores: falar com Henrique Faillace, o juiz da pugna, a referee que tivera a atuação mais discutida destes últimos tempos.
Horas depois, num dos cafés da cidade, entrávamos em contato com Faillace, cognominado "o rei de apito". Quando dele nos acercamos, Faillace, ao apertar nossa mão, já advinhara as nossas intenções, prometeu-nos, então, que no dia seguinte, mais descansadamente nos daria a entrevista desejada. Ontem, então, tínhamos, novamente, ante nós, o juiz do embate do Palestra x Internacional. Trouxemo-lo à nossa redação, na qual descansadamente, Faillace falou. Eis as suas declarações:
— A minha atuação foi infeliz. Sou o primeiro a reconhecer e a declarar que fel o dia pelor de toda a minha vidadesportivo como "referee". Entretanto, refuto quaisquer declarações, quer dos diretores do Palestra, quer de alguns jornais, menos lisongeiros à minha moral de desportista, nunca desmentida, minha honestidade, dos quais o melhor testemunho é o meu passado. Não posso deixar de estranhar, também, condenando a palavra desse moço que veio de São Paulo para continuar aqui o seu modo de agir em Rio e São Paulo, como "speaker" da rádio Cruzeiro do Sul, de todos conhecida, através as suas irradiações por ocasião do último campeonato brasileiro de futebol, quando crivava o futebol gaúcho e os nossos jogadores com termos menos lisongeiros. Aqui, deixando de lado as normas de cavalheirismo e elegância moral, se usou da gentileza da Rádio Farroupilha para vazar a sua bílis sobre mim, como sobre os nossos jogadores, também.
Fui infeliz, repito, mas tenho a minha consciência tranquila de que patuei toda a minha atuação naquele jogo com base na imparcialidade e na honestidade. A partida era de difícil atuação. Foi mesmo a mais difícil, para mim, destes últimos anos, não só pela combatividade dos dois bandos, como pelos expedientes e recursos usados pelos rapazes bandeirantes, que ali reportaram-se como desportistas verdadieros e cavalheiros. Os truques, devo declarar, são usados belos grandes jogadores, cultores de um futebol adiantado. Cabe ao juiz puní-los e controlá-los. Nisso me esmerei.
Não há exemplo de que não se verifiquem reclamações numa partida. O ardor dos disputantes, a vontade de vencer, nervos alterados, os induzem, por vezes, a protestar, a se rebelar contra esta ou aquela decisão que venha, mesmo legalmente, perigar a vitória para o seu bando. Reclamações surgiram domingo último. Algumas, talvez, justas, outras, também, injustas, sem base. Duas, porém, quero mencionar destacadamente. Uma dos colorados, outra dos palestrinos. A primeira sobre a validade do segundo gol dos paulistas, a segunda sobre o pênalti de Tunga.
Sobre a primeira devo declarar que são absurdas quaisquer reclamações. Puni um "foul" junto à area do gol, batida por Dula. A bola cruzou o alinhamento dos jogadores, aos nove passos regulamentares, indo cair diante de Penha. Luizinho e Moacir se infiltraram na defesa, que ficou parada, tendo o meia direita atirado o couro no fundo das redes coloradas. Foi um tento legalíssimo.
Vamos à segunda reclamação: o pênalti. Houve uma carga cerrada dos colorados. Era quase certa a queda do arco de Jurandir. A bola é chutada em direção à meta. Para mim era fatal o gol, quando surgiu Tunga que, após fazer com que o couro fosse morrer em seus pés, usando o antebraço, jogou-a à linha lateral. Foi um gesto intencional e que impediu a con.quista de um tento. Em vista disso, embora não seja do meu feitio apitar pena máxima, fui obrigado a consignar a falta. A lei o dever assim me obrigavam. Dirigi-me para o gol de Jurandir, a quem pedi a pelota, que estava proxima à zona de corner. Passaram-se alguns segundos. Quando o arqueiro me entregou o couro, me perguntou o que iria fazer. Respondi-lhe que ia medir os onze passos. Foi o que houve. Infelizmente, alguns players palestrinos protestaram, dando-se, então, a entrada em campo do Sr. Ítalo Adami, o qual, num gesto que bastante evidencia a sua envergadura de cavalheiro e desportista, ordenou que a minha decisão fosse acatada.
Henrique Fallace levanta-se, despedindo-se do repórter. Antes, dá a sua última declaração:
— Sinto que o jogo de domingo em nada abalou a minha idoneidade e a minha consciência. Se errei, não foi tencionalmente. A minha honestidade e a minha imparcialidade tem uma prova segura e firme: desgostei a ambos os quadros. Estou satisfeito.
Perdemos por falta de chance, declara o técnico colorado
Encontramos, ontem, ligeiramente com o desportista capitão Inocêncio Travassos Souto, esfoçado técnico do clube colorado. Falamos-lhe sobre o grande jogo entre Palestra e Internacional e s. s. disse-nos: "Pode publicar que os colorados perderam por falta absoluta de chance".
O Palestra é felicitado pela vitória
O desportista Ítalo Adami, chefe da embaixada do Palestra Itália, recebeu, ontem, os seguintes telegramas de felicitacões:
Ítalo Adami — Porto Alegre. — "Entusiasmados pela brilhante vitória, felicitamos o caro Ítalo, abraçando fortemente os diretores, bravos defensores palestrinos. Seguem-se dezenas de assinaturas".
"Delegação Palestra Itália. Porto Alegre. Felicitações por motivo da significativa vitória. Abraços à diretoria e jogadores do Palestra Itália. Curitiba".
Fonte: Diário de Notícias (RS), 10/11/1936, ano 1936, n. 224, p. 10-11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4609. Acesso em: 27 abr. 2025.

O CAMPEÃO GAÚCHO RESISTIU, MAS CEDEU POR 2 X 1 PARA O PALESTRA
PORTO ALEGRE, 8 (Agencia Meridional) — A partida de football disputada hoje entre o Palestra de São Paulo e o Internacional, foi ganha pelo primeiro, por dois a um.
Nos últimos minutos de jogo, o juiz cobrou um pênalti contra o Palestra. Os paulistas protestaram procurando impedir que a pena fosse cobrada. Diante disso, o presidente do Internacional mandou que o jogador Castillo chutasse fora, o que foi feito, sendo a bola enviada para corner.
Os teams que se defrontaram estavam assim constituídos:
PALESTRA — Jurandyr, Carnera, Begliomini; Tunga; Dula, Delnero; Machina, Luizinho, Moacyr, Rolando e Mathias.
INTERNACIONAL — Penha, Natal, Alfeu; Lewy, Risada, Zezé; Tom Mix, Castillo, Mancuso, Salvador e Zanini.
Após uma disputa movimentada, o Internacional caiu vencido por 2x1.
Fonte: O Jornal (RJ), 10/11/1936, ano 1936, n. 5339, p. 16. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/110523_03/34034. Acesso em: 27 abr. 2025.

A PRIMEIRA EXIBIÇÃO DO PALESTRA NOS PAMPAS
Como se desenvolveu a peleja frente ao Internacional em que os alvi-verdes levaram a melhor pela contagem de 2 x 1
PORTO ALEGRE, 9 — Perante uma assistência das maiores que fez lembrar as que compareceram para assistir os últimos prélios interestaduais que se realizaram aqui, defrontaram-se no "Estádio dos Eucaliptos" as forates equipes do Palestra Itália de São Paulo e Internacional desta cidade.
Devido o forte calor reinante, o prélio iniciou-se precisamenteas 16,30 horas. Os quadros entraram em campo quinze minutos antes do início do encontro e estavam assim organizados:
PALESTRA: — Jurandyr — Carnera — Begliomini — Tunga — Dula — Del Nero — Machina — Luizinho — Moacyr — Rolando — Mathias.
INTERNACIONAL: — Penha — Alfeu — Natal — Garnizé — Risada — Levy — Artigas (Zezé) — Salvador — Mancuso (Sylvio) — Castillo — Tom Mix.
O JOGO
Os gaúchos organizam o primeiro ataque perigoso da tarde, e a defesa palestrina concede primeiro escanteio. O Palestra contra-ataca e Mathias por duas vezes é pilhado em impedimento. Novo ataque dos visitantes e Mathias envia forte chute, que passa resvalando a trave. Nenhum dos guardiões foi chamado a intervir, pois os arremessos saem todos fora. Nos 15 minutos de luta Penha pratica a primeira defesa empolgante da tarde, ao deter forte chute de Tunga, que recebera a bola de Luizinho. Reagem os gauchos, mas a defesa palestrina está firme e manda a bola para a frente em direção a Mathias. O ponta esquerda palestrino desfere um "sem pulo" e Penha não consegue deter o couro, devido a violência do arremesso, e a bola vai a Rolando, que torna a desferir potente chute, e Penha, que se encontrava caído, pratica sensacional defesa, sendo aplaudido delirantemente pela enorme assistência.
Os gauchos reagem fortemente. Tom Mix por pouco não abre a contagem da tarde. Os ataques revezam-se até a altura de 32 minutos de luta, quando se dá a abertura da contenda.
PRIMEIRO PONTO DA TARDE
Numa avançada palestrina, Mathias, recebendo a bola de Dula corre rápido pela sua ala, centrando em ótimas condições para Luizinho, que com potente arremesso, vence a vigilância de Penha.
Saem os Iocais e Salvador quase empata, salvando Begliomini no momento preciso. Antes de terminar o primeiro tempo, o Palestra organiza mais dois perigosos ataques, que são desfeitos por Alfeu. E com a vantagem do Palestra termina o primeiro tempo.
SEGUNDO TEMPO
O período complementar inicia-se com leve superioridade dos locais, mas no 8º minuto de jogo Dula estende a bola para Luizinho, o qual desfere forte chute de fora da área marcando o 2º ponto palestrino.
Os gaúchos prostestam quanto a validade do tento, mas o árbitro confirma sua decisão. Nova saída dos gaúchos que passam a assediar perigosamente o posto de Jurandyr, fortemente incitados pela assistência. Jurandyr é obrigado a defender chutes dos mais fortes, mas aos 25 minutos de luta, Mancuso, aproveitando-se de uma confusão na área palestrina marca o único tento dos gaúchos. Reiniciado o prélio, este torna-se muito movimentado, procurando os gaúchos obter o empate enquanto os palestrinos também voltam a atacar, e Moacyr por pouco não marca novo tento. Quase no final do encontro o juiz acusa penal contra os visitantes. Os palestrinos reclamam justamente, pois Tunga alcançou a bola com o peito. Entram os diretores em campo e a ordem é cumprida, chutando Castillo, a pedido dos diretores do Internacional, a bola para fora.
Pouco depois, Jurandyr falha uma pegada e Salvador, com o arco desguarnecido, chuta fora. E com o resultado de 2 a 1, termina o embate com a vitória do Palestra.
ATUAÇÃO DOS QUADROS
PALESTRA — O quadro paulista, apesar de não desenvolver uma atuação de grande realce, jogou muito bem. Na defesa apenas não satisfez o trabalho de Del Nero, que esteve muito fraco. Os demais, num mesmo plano superior. No ataque, Luizinho foi a figura mais impressionante, secundado por Rolando e Mathias. Machina e Moacyr regulares.
INTERNACIONAL - A defesa foi o ponto alto do campeão gaúcho. Penha voltou a ser a barreira que os paulistas tiveram oportunidade de conhecer. Alpheu e Natal seguros. Risada foi o melhor jogador do trio médio. Na linha atacante, Tom Mix e Castillo foram os que mais apareceram, sem contudo, terem jogado uma grande partida. Digna deelogios a atitude dos diretores do Internacional mandando cobrar o penal fora.
O JUIZ
Faillace foi o árbitro do importante encontro. Procurou agir muito com imparciaildade, mas não foi feliz, principalmente na marcação do penal.
UMA SAUDAÇÃO
Antes do encontro, falou no microfone o Sr. Ítalo Adami, saudando os esportistas locais em nome do Palestra. No intervalo, o presidente da A. M. G. E. A. retribuiu a saudação, saudando o Palestra e povo paulista.
O SEGUNDO JOGO
O segundo prélio do Palestra em campos sulinos deverá ser com o Grêmio, que ocupa a vice-liderança do torneio. O Gremio além de outros jogadores, possui em suas fileiras o valoroso zagueiro Luiz Luz, que tão bem impressionou os paulistas quando esteve em São Paulo.
Fonte: O Dia (PR), 12/11/1936, ano 1936, n. 4018, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/092932/32722. Acesso em: 27 abr. 2025.

01/11/1936 - Citadino 1936 - 2º turno - Grêmio 0 x 2 Internacional

GRÊMIO X INTERNACIONAL CONSTITUI A GRANDE ATRAÇÃO DO DOMINGO ESPORTIVO
A BATALHA MÁXIMA DA TEMPORADA
Grêmio e Internacional na mais difícil cartada do returno
No Estádio dos Moinhos de Vento, fere-se, amanhã, a batalha máxima da temporada. Grêmio e Internacional, os velhos e tradicionais adversários de todos os tempos, prometem uma luta gigantesea em prol da conquista da palma da vitória.
A intrépida falange colorada que venceu o campeonato do turno sem uma única derrota, tudo fará para manter o honroso título de invicta que ostenta com tanto orgulho.
Para tanto, o bando da camiseta cor de sangue encontra-se em perfeita forma.
Eis porque os seus fãs confiam plenamente no êxito da empolgante jogada, pois bem conhecem o valor de Penha, Risada, Natal, Alfeu, Castillo, Tom Mix etc.
Mas se estes são os propósitos dos rapazes do clube do Estádio, não pensam de outra forma os players tricolores.
É que eles sabem que o desfecho da grande contenda é de capital importância para o valoroso clube da baixada.
Realmente, se o Grêmio não conseguir triunfar na pugna de amanhã, verá fugir-lhe, quase inapelavelmente, a possibilidade de sagrar-se campeão do returno.
Eis porque o galhardo onze gremista tudo fará para arrebatar, ao bravo esquadrão vermelho, o título de invicto.
Conseguirá o seu intento?
Ou os colorados confirmarão o belo triunfo do turno?
É o que veremos amanhã num empolgante cotejo que polariza todas as atenções.
O LOCAL
O grande embate entre tricolores e colorados será ferido no campo da Baixada, situado na rua Mostardeiro.
O HORÁRIO
O encontro principal será iniciado às 16,15 horas, estando a preliminar marcada para às 14,15 horas, sendo de 15 minutos a tolerância.
OS JUÍZES
Segundo estamos informados, foi convidado o desportista Luís Ernesto Dolce, do clube universitário, para dirigir a importante pugna.
A preliminar será apitada pelo nosso colega Dr. Ari Lund e a partida dos 3ºs quadros pelo desportista Natálio Hoesenann.
O REPRESENTANTE DA AMGEA
A Amgea será representada pelo seu vice-presidente, desportista Heron Burití.
O FISCAL DA PARTIDA
Foi designado para fiscal da sensacional jogada o desportista Osvaldo Dreher.
Fonte: A Federação (RS), 31/10/1936, ano 1936, n. 248, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/388653/80646. Acesso em: 25 abr. 2025.

TRICOLORES E COLORADOS NO EMBATE MÁXIMO
Amanhã, os tradicionais rivais encontrar-se-ão em disputa do campeonato amgeano
OS ÚLTIMOS TREINOS
GRÊMIO VERSUS INTERNACIONAL
Aos que parece, segundo se pode sentir nas rodas desportivas da cidade, o próximo jogo entre os líderes do futebol, Grêmio e Internacional, ambos com conjuntos de respeito, onde brilham as figuras máximas do "association" citadino, fará voltar aquela animação, aquele entusiasmo, aquele nervosismo, que nos acostumávamos ver há anos passados, quando se defrontavam os dois tradicionais rivais.
Com o passar do tempo, com raras exceções, o jogo colorados-tricolores foi perdendo o interesse. Faltava vibração, entusiasmo. Quando a nossa torcida via passar um minuto sem que lhes fosse proporcionada uma emoção? Entratanto, tal se verificou, em grande extensão, no último jogo entre os craques, no dia 24 de agosto, na Chácara dos Eucaliptos. Em parte, esse desânimo foi devido ao falecimento, naquele dia, de Sardinha, o veterano player gremista.
Amanhã, porém, não existirão desculpas. Ambos os quadros estão preparadíssimos, completos. Se no quadro tricolor se nota a falta de Dario, não é menos verdade que Mottim o tem substituído perfeitamente, merecendo os elogios dos cronistas desportivos. Depois, o grande significado do embate para os dois quadros terá aumentado o brilho da partida. Um, o Internacional jogando para vencer e assegurar, assim, o seu título de campeão de 1936; e Grêmio, lutando para conquistar um ponto que lhe permitia enfrentar o vencedor do turno do campeonato amgeano, na série da "melhor de três".
Enquanto isso, vive no espírito do nosso mundo desportivo a clássica interrogação que, dia a dia, mais se avoluma: Grêmio ou Internacional?
O mau tempo impediu, anteontem, a realização dos treinos de conjunto marcados pelas direções técnicas dos dois bandos. Entretanto, os craques não faltaram aos seus campos entregando-se a rigorosos treinos individuais.
No campo da Baixada realizou-se ligeiro bate-bola, durante o qual prendeu a atenção dos torcedores curiosos que lá afluíram, a presença de Toreli, o jovem comandante tricolor que sofrera violenta queda, por ocasião de um dos últimos encontros de seu clube. A sua presença no quadro do Grêmio no jogo de domingo próximo, é coisa certa.
Para arbitrar esse grande embate foi convidado pelos dois contendores o despotista Luiz Dolce, juiz do quadro da Amgea pelo Americano.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 31/10/1936, ano 1936, n. 207, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4452. Acesso em: 25 abr. 2025.

O Grêmio defenderá, esta tarde, a "chance" para uma futura classificação no atual campeonato de futebol
INSTANTE DECISIVO
A importância da rodada da tarde de hoje — O embate dos dois velhos rivais, como sempre, é a jogada sensacional da cidade — A organização dos quadros contendores
O desportista Luiz Dolce, do Americano, arbitrará o jogo dos quadros principais
Grêmio e Internacional, os dois tradicionais rivais, encontrar-se-ão, hoje, em partida do returno do campeonato de futebol da cidade, no estádio do clube tricolor nos Moinhos de Vento. Esse embate, como sempre acontece, vem sendo aguardado com grande expectativa e por isso constituirá, por certo, o maior acontecimento desportivo do dia de hoje. Sempre que esses dois clubes se defrontam, nos proporcionam partidas de sensação disputadas com grande ardor e entusiasmo.
A roda da tarde de hoje é de capital importância para os dois contendores. OS tricolores, se forem vencidos, estarão deslocados do returno do campeonato amgeano e se, pelo contrário, forem os vencedores, o campeonato tornar-se-á mais interessante e despertará mais expectativa, pois o Grêmio ficará com grande possibilidade de ser o campeão do returno e como tal terá que decidir com o Internacional, em "melhor das três", o título de campeão da cidade. O Internacional, que foi campeão do turno sem perder um ponto sequer e que no returno já venceu o Cruzeiro e o Americano, espera na rodada desta tarde firmar-se definitivamente para a conquistar do título de campeão absoluto da cidade.
A luta entre tricolores e colorados será, por certo, empolgante e levará uma formidável assistência ao campo da Baixada.
O JUIZ
Para dirigir esse grande embate, foi escolhido de comum acordo pelos dois contendores o desportista Luiz Dolce, juiz do quadro extra da Amgea pelo Americano e que vem se firmando como um dos melhores árbitros da capital.
Servirão de juízes nos 2ºs e 3ºs quadros os desportistas Dr. Ari Lund e Natálio Hoesmann, respectivamente.
Representará a Amgea nesse embate o desportista Heron Buriti, 1º vice-presidente da entidade local e servirá de fiscal o desportista Osvaldo Dreher.
OS QUADROS CONTENDORES
Os dois contendores apresentar-se-ão assim constituídos:
GRÊMIO
Chico — Motin e Luiz Luz — Jorge — Mascarenhas e Russo — Lací — Veronesi — Toreli — Fogo e Casaca.
Reservas: Salamoni, Noronha, Alemão, Hélio e Ribas.
2º — Alberto — Omar — João — Mario — Renato — Barreto — Polentão — Leal — Djalmo — Rosa — Adão — Bernardi I — Bins — Romeu.
3º — Cechini — Neri — Branchel — Gomes — Malman — Rômulo — Emílio — Grol — Francisco — Rui — Luchesi — Ferrari — Nunes — Bernardi II — Espanha — Lací.
Os jogadores tricolores deverão estar no campo da Baixada no seguinte horário:
3º quadro, às 9,15 horas; 2º quadro, às 14 horas e 1º quadro, às 16 horas.
INTERNACIONAL
Penha — Natal — Alfeu — Zezé — Garnizé — Risada — Levi — Marreco — Sílvio — Salvador — Artigas — Mancuso I — Castillo — Tom Mix.
2º — Armênio — Álvaro — Simão — Sadi — Celso — Ricardo — Alcides — Tide — Aires — Tijolada — Dorval — Claudionor — Adroaldo — Dirceu — Mario.
3º — Júlio — Diamantino — Dahne — Antoninho — Toledo — Mancuso II — Valdo — Magno — Iraci — Fernando — Alexandre — Sílvio — Valico — Flores — Hílton — Shell e demais inscritos.
Os jogadores colorados deverão estar no Estádio dos Eucaliptos às 8,30, 13,45 e 15 horas, respectivamente, os dos 3º, 2º e 1ºs quadros.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 01/11/1936, ano 1936, n. 208, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4473. Acesso em: 25 abr. 2025.

CITADINO 1936 - 2º TURNO - GRÊMIO 0 X 2 INTERNACIONAL
Data: 01/11/1936 
Local: Baixada - Porto Alegre (RS) 
Renda: 11:296$000 
Juiz: Luiz Eduardo Santos Dolce 
Gols: Salvador Arísio 33’/1 (I); Artigas 38’/1 (I).
GRÊMIO: Chico; Mottin e Luiz Luz; Jorge, Mascarenhas e Russinho; Lacy (Hélio), Veronese, Alemãozinho (Torelli), Foguinho e Casaca. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Penha; Alfeu e Natal; Zezé II (Garnizé), Risada e Levi; Salvador Arísio, Pirillo (Marreco) (Artigas), Mancuso, Castillo e Tom Mix. Técnico: Inocêncio Travassos Souto.

Lance de ataque tricolor.
Fonte: A Federação (RS)
Penha garante a segurança da meta colorada.
Fonte: A Federação (RS)
A sólida defesa colorada facilitou o trabalho de Penha.
Fonte: A Federação (RS)
Cai a cidadela de Chico.
Fonte: A Federação (RS)

DE VITÓRIA EM VITÓRIA O INTERNACIONAL APROXIMA-SE INVICTO DO TERMO DA JORNADA
COM O BRILHANTE TRIUNFO ALCANÇADO FRENTE AOS TRICOLORES, POR 2 x 6, OS COLORADOS GARANTIRAM O TÍTULO DE CAMPEÕES ABSOLUTOS DE 1936
CRÔNICA
No campo da Baixada, feriu-se, anteontem, o clássico Grêmio x Internacional.
A luta entre os velhos e tradicionais adversários de todos os tempos, como sempre acontece, vinha sendo esperada com grande interesse e viva expectativa com grande interesse, pois o seu desfecho deliniaria em definitivo o rumo do Campeonato Citadino.
Eis porque uma numerosa assistência, (sem ser daquelas avultadas dos anos anteriores e o que constitui, sem dúvida, um índice do desprestígio, talvez momentâneo, do nosso futebol), ocupava as dependências do Estádio dos Moinhos de Vento, emprestando-lhe um belo e festivo aspecto.
Foi a mais concorrida das pelejas do Campeonato local do corrente ano e até mesmo o morro abandonou o samba para assistir, embora à distância, a importante pugna... Realmente era grande o número de espectadores, de ambos os sexos, que se apinhavam nas árvores e morros que circundam o estádio, emprestando-lhe um aspecto deveras pitoresco.
O clássico de anteontem era de capital importância para os tricolores, pois só uma vitória neste embate lhes permitiria a possibilidade da conquista do título de campeão do returno, com o qual poderia discutir, com os colorados, o título máximo de 36.
E com tal objetivo o esquadrão gremista se empregou a fundo na contenda de domingo.
Entretanto, o seu esforço, embora hercúleo, se tornou inútil, pois todas as suas arremetidas se neutralizavam ante a barreira inexpugnável formada pela defesa encarnada e na qual o triângulo final aparecia com um realce extraordinário. Penha confirmou ressaltantemente sua grande classe e o seu título de guardião da vitória, tendo-lhe a secundar o esforço uma zaga formidável constituída por Alfeu e Natal.
Assim, a ofensiva tenaz desenvolvida pelo quinteto atacante de Fogo, principalmente pela ala Lací-Veronese, não surtiu, uma única vez, o efeito desejado.
Os avantes colorados, embora não atuassem com o mesmo controle e eficiência de outras jogadas, principalinente a sua notável ala esquerda, mesmo assim excursionaram repetidas vezes aos domínios adversos, onde Mascarenhas aparece como um magnífico eixo, defendendo e impulsionando incessantemente o ataque, e Luiz Luz se mostra o grande crack de sempre.
Embora tenha tido um transcurso equilibrado, os tricolores demonstraram, especialmente no primeiro tempo, uma maior harmonia de linhas e melhor coesão que tornavam as suas jogadas perigosas e que se não surtiram resultado foi devido a alta classe da defesa rubra.
Os dois adversários seguidamente pareciam receosos um do outro, se deixavam, talvez, sugestionar pela importância capital do desfecho da contenda.
Os rubros alcançaram primeiro tento quando transcorria adiantada a primeira fase, em um belo e violento tiro de Salvador, que foi o dinâmico animador da linha vermelha, seguido de Castillo, outro infatigável e eficiente artilheiro. Os avantes rubros só adiantadamente se firmaram, encerrando a contenda com uma magnífica ação ofensiva, tendo cabido a Artigas, o oportunista artilheiro que vem assinalando pontos em todas as partidas, o segundo gol para o clube do Estádio.
Assim, os colorados, agindo com grande habilidade, souberam tirar o melhor proveito possível da grande e tradicional batalha.
E foi justa e, sobretudo, lisa e indiscutível a vitória alcançada, que não foi mais do que a brilhante sequência de triunfos que vem conquistando o respeitável conjunto rubro na presente temporada.
E assim, de vitória em vitória, a intrépida falange internacionalista aproxima-se do termo da dura jornada, qual seja o título de campeão absoluto da cidade, que tudo indica será obtido sem uma única derrota!
E é de justiça que se afirme que o Internacional possui, presentemente, o quadro mais adestrado e eficiente do certame metropolitano.
E aí reside a razão da série de vitórias galhardamente alcançadas.
Daqui enviamos ao intrépido onze colorado as nossas felicitações, as quais endereçamos, também, à brava falange tricolor, que foi uma antogonista pertinaz e digna e que lutou sem esmorecimento até o derradeiro minuto final da contenda.
Vencedores e vencidos foram dignos uns dos outros, pois foi, sem dúvida, a mais dura e difícil cartada do ano.
OS QUADROS DEGLADIANTES
INTERNACIONAL — Penha; Alfeu e Natal; Zezé (depois Garnizé), Risada e Levi; Sílvio (depois Marreco e depois Artigas), Salvador, Mancuso, Castillo e Tom Mix.
GRÊMIO — Chico; Motin e Luiz Luz; Jorge, Mascarenhas e Russo; Laci (depois Hélio), Veronese, Alemão (depois Toreli), Fogo e Casaca.
OS 2 TENTOS COLORADOS
1º) — 33 minutos de jogo. O resultado é ainda de 0 x 0. Os colorados carregam. Salvador, que está atuando destacadamente, recebendo a pelota de Tom Mix, abre a contagem do dia em possante tiro de meia altura.
2º) — O encontro entre os dois velhos e destemidos rivais está chegando ao seu termo e a contagem continua sendo a mesma de 1 x 0. Parecia que o score não Castilho avança resolutamente e arremata. Chico atira-se, mas não consegue deter a pelota que vai ter a Artigas que, em oportuníssima jogada, marca o segundo gol da tarde para os colorados aos 38 minutos do 2º tempo.
TRÊS INTERRUPÇÕES
O encontro de ontem teve três interrupções. A primeira vez para a troca da bola. A segunda para que fosse atendido o meia-esquerda Castillo, rudemente chargeado por Jorge e que ia originando um "sururu" entre os jogadores.
E por último devido a uma contusão sofrida por Salvador.
Todas as três interrupções foram rápidas.
O JUIZ
O tradicional encontro entre tricolores e colorados foi dirigido pelo desportista Luís Eduardo Dolce, do clube universitário, que deu um eloquente desempenho às suas árduas funções, apitando com muito critério e correção, punindo com rigor o jogo pesado.
Enfim, sem que se possa dizer que foi um juiz perfeito, foi, entretanto, um bom árbitro, que contentou os dois bandos.
MOVIMENTO TÉCNICO
Internacional
Desfesas de Penha 5 6 11
Intervenções 4 0 4
Fouls 14 6 20
Hands 3 1 4
Corners 1 0 1
Off-sides 0 4 4
Pênaltis 0 0 0
Gols 1 1 2
Grêmio
Defesas de Chico 4 5 9
Intervenções 1 2 3
Fouls 8 6 14
Hands 3 2 5
Corners 0 2 2
Off-sides 1 0 1
Pênaltis 0 0 0
Gols 0 0 0
A PRELIMINAR
A bela tarde esportiva foi iniciada com a pugna das esquadras secundárias.
Este encontro transcorreu animado e terminou com a merecida vitória do galhardo bando tricolor pela contagem de 3 x 1.
Os quadros combatentes estavam assim formados:
Grêmio — Alberto; João e Sócrates; Renato, Polentão e Emílio; Leal, Rosa, Djalmo, Romeu (depois Bernardi) e Divino.
Internacional — Armênio; Álvaro (depois Alcides) e Ladí; Celso, Simão e Tide; Tijolada, Claudionor, Adroaldo, Dirceu e Mario.
Os gols do Grêmio foram feitos por Djalmo (2) e Polentão (de pênalti).
O tento colorado foi conquistado por Claudionor.
Devido ao jogo violento empregado, Álvaro foi posto fora de campo.
Dirigiu esta partida o desportista Dr. Ari Lund, árbitro oficial da Amgea pelo E. C. Cruzeiro e que agiu com todo o critério e correção, punindo com energia o jogo violento.
O JOGO DOS 3ºS QUADROS
Pela manhã jogaram os terceiros quadros tendo triunfado a valente turma tricolor pelo score de 4 x 1.
GENTILEZAS À IMPRENSA
A diretoria do valoroso Grêmio Porto Alegrense, por intermédio de seu assistente junto à imprensa desportista João Daudt, fez servir bebidas geladas aos cronistas desportivos em sua bancada.
O JOGO FOI IRRADIADO
O grande embate foi transmitido para "todos os céus da América" pela poderosa Radio Farroupilha, tendo servido de locutor o nosso colega de imprensa Dr. Ari Lund.
O POLICIAMENTO
O policiamente do estádio tricolor foi rigorosamente feito pela Guarda Civil e pelo Corpo de Bombeiros.
O SERVIÇO DE BONDES
A Companhia Carris Porto Alegrense pôs em prática um excelente serviço de bondes, facilitando o escoamento do grande público que compareceu ao campo da Baixada.
Fonte: A Federação (RS), 03/11/1936, ano 1936, n. 249, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/80654. Acesso em: 25 abr. 2025.

CANDIDATOS ABSOLUTOS AO TÍTULO MÁXIMO
Na primeira metade da pugna o Grêmio atacou com mais energia em cargas perigosas
Em magnífica jogada, os rubros vencem os tricolores e firmam-se no returno
Salvador e Artigas asseguraram a vitória do seu clube, marcando um tento cada um
PENHA, ALFEU E NATAL FIGURAS MÁXIMAS
No aprazível gramado do Grêmio Futebol Porto Alegrense, na "baixada" dos Moinhos de Vento, na tarde de anteontem, teve lugar a maior jogada do "soccer" gaúcho, na disputa do segundo turno do campeonato de futebol da metrópole entre este clube e o seu valoroso coirmão Sport Club Internacional.
Bastaria anunciar uma partida do popular desporto bretão entre estes dois tradicionais adversários, para que, desde cedo, começassem a se movimentar os arraiais os futebolísticos da capital. Foi justamente o que se verificou.
A semana que se findou foi pródiga em palpites de toda a natureza, sobre o resultado do "match". Os meios desportivos agitaram-se. Nos cafés do centro da cidade, as "rodinhas" entre os aficionados eram muitas. Os próprios jogadores dos dois quadros eram alvos de perguntas, sobre o resultado do "clássico do futebol gaúcho".
Assim, é que na manhã de anteontem, que se apresentou radiosa e com uma brisa agradável, efervesceu mais a expectativa. Desde as primeiras horas da tarde, grande foi o número de desportistas que afluíram ao campo do Grêmio para assistir o grande desfile do "association" porto-alegrense.
O gramado do clube da "baixada" apresentava um aspecto bonito e a assistência que ali compareceu foi bastante avultada. Desde os jogos do campeonato brasileiro, realizados nesta capital, Porto Alegre não via, em campos de futebol, uma assistência tão numerosa. Nem o próprio embate do primeiro turno, disputado entre esses dois clubes, conseguiu tal número de espectadores.
A preliminar disputada entre os quadros secundários agradou, em parte, a numerosa multidão de aficionados. Foi um jogo muito disputado e com lances apreciáveis. Contra a expectativa geral, o jogo terminou com a vitória do clube tricolor pelo score de três a um. No final do segundo tempo, o juiz da pugna, Dr. Ari Lund, do Esporte Clube Cruzeiro, retirou do gramado o jogador Álvaro, do clube da camiseta encarnada.
Os quadros degladiantes entraram em campo com a seguinte organização:
GRÊMIO: Alberto — João e Sócrates — Renato — Polentão e Emílio — Leal — Rosa — Djalma — Romeu e Divino.
INTERNACIONAL: Armênio — Álvaro e Sadi — Celso — Simão e Tide — Tijolada — Claudionor — Adroaldo — Dirceu e Mario.
Após o encontro entre as esquadras secundárias, a expectativa para o embate entre as turmas principais tornou-se ainda maior. Pouca foi a demora para que os quadros entrassem em campo.
O Internacional foi o primeiro a aparecer, sendo aclamado pelos seus torcedores. Minutos após, entra em capo o juiz escalado para o jogo, Sr. Luiz Ernesto Dolce, do Americano Universitário, acompanhado por seus auxiliares, o qual trila o apito, chamando os degladiantes para as últimas instruções antes de iniciado o jogo. Neste momento, palmas prolongadas ouvem-se do pavilhão gremista. É que acabava de aparecer com seus titulares e respectivas reservas, o quadro tricolor metropolitano. Os quadros posam para os fotógrafos e em seguida é sorteado o "toss", cabendo ao Grêmio a escolha do lado, que foi o da goleira que dá para o Tiro Alemão, portanto, contra o sol.
OS QUADROS
Os vinte e dois jogadores alinham-se [...] a seguinte organização:
GRÊMIO: Chico — Motim e Luiz — Jorge — Mascarenhas e Russo — Laci — Veroneze — Alemão (depois Toreli) — Foguinho e Casaca.
INTERNACIONAL: Penha — Alfeu e Natal — Zezé (depois Garnizé) — Risada e Levi — Sílvio (depois Marreco, depois Artigas) — Salvador — Mancuso — Castillo e Tom Mix.
O cronometrista trila o apito, secundado pelo juiz, sendo iniciado o grande embate por Mancuso, que passa a bola para Castillo. Os colorados tentam organizar a sua primeira ofensiva, mas são rechaçados por Mascarenhas, que tirando a pelota dos dianteiros colorados, manda para seus diantes. A primeira infração do jogo foi um foul do Internacional, que batido pelo centro médio gremista, não surte efeito.
Penha manda a bola para o centro do campo. Foguinho apossa-se dela organizando uma carga. Casaca centra e a linha do Grêmio fecha, mas o guardião colorado apara a esfera com segurança, mandando-a novamente para o centro do gramado. Nestes primeiros minutos o jogo é bastante parelho, notando-se, no entanto, maior coesão no bando tricolor.
O juiz pune um foul violento de Jorge em Castillo. Risada bate a infração e Luiz defende. Zezé pratica mão, sendo punido pelo árbitro, que está vigilante. O Grêmio insiste, desta vez pela ala direita, tendo Lací centrado e Penha defendido, acossado por Veronese.
O jogo está no centro do campo e Mascarenhas pratica foul em Mancuso, Risada bate e Luiz Luz defende. O juiz pune um foul em Mancuso e Motin. A pelota vai aos pés de Foguinho que passa a Casaca, que estava em posição de impedimento, sendo punido pelo árbitro. Foul de Zezé em Foguinho. Mascarenhas bate a penalidade, que é defendida pelo centro médio Risada, mandando Mascarenhas, de cabeça, novamente, a pelota para a área rubra, não surtindo efeito. O jogo continua mais ou menos equilibrado, porém, com melhor coesão e entendimento da parte do Grêmio, mas a sua linha dianteira não aproveita.
O quadro colorado organiza uma carga pela ala esquerda, mas Mancuso desperdiça, atirando a bola pelo lado. Nova carga rubra é desfeita por Motin. Desta vez, é o Grêmio que ataca, porém, Casaca perde a pelota para Zezé. Há uma outra carga tricolor pela esquerda e Casaca, de longe, dá forte tiro em gol, que Penha defende com dificuldade, cometendo "corner" que atirado por Lací, não surte efeito. Russo comete foul em Sílvio. Zezé cobra e Chico defende.
Carga dos locais. Penha defende um perigoso tiro de Alemão. Uma escapada de Tom Mix traz em situação critica a defesa do Grêmio. Porém, surge Russo, que defende espetacularmente a difícil situação. A bola vai para o centro do campo. Há várias infrações dos jogadores, punidas com acerto pelo árbitro.
Há um momento de sensação. A linha dianteira tricolor carrega e Alemão, limpo, não aproveita, atirando nas mãos de Penha. Sílvio desperdiça uma carga de seu clube, praticando mão. Mascarenhas pratica um foul de Salvador, que batido pelo capitão Risada, não surte efeito. O Grêmio carrega, Lací centra e Penha defende. Nova carga tricolor. Casaca atira em gol, defendendo Penha com dificuldade, mas sem maiores consequências. Os colorados carregam pelo centro e Mancuso passa a Salvador. O perigoso "insider" rubro, de posse da pelota, envia um violento tiro a gol, de meia altura, conseguindo burlar a vigilância de Chico, marcando sob estrondosos aplausos da torcida internacionalista, aos trinta e três minutos de jogo o primeiro gol do Internacional.
A bola vai novamente ao centro do campo, carregando os gremistas pela direita, mas são rechaçados por Alfeu, que vem tendo uma atuação excelente. Toreli entra em campo, subtituindo Alemão. Nova carga do clube da "baixada" é desfeita por Alfeu. Insistem os tricolores pelo centro e Toreli dá um violento tiro por cima da trave. A bola vai para os dianteiros colorados que fazem uma excursão ao reduto adversário. Salvador cabeceia e Chico defende. Com uma nova defesa do guardião azul, de um tiro de Zezé, foi terminado o primeiro período da luta com o resultado de um a zero a favor dos encarnados.
2º TEMPO
Após o descanso regulamentar, voltam os degladiantes ao campo da luta. Às 17,10 horas foi iniciado o segundo meio tempo da peleja, passando Toreli o couro para Veronese, que consegue introduzir-se entre os dianteiros adversários, fazendo um bom passe a Foguinho, que perde para Alfeu. O Internacional carrega, mas o juiz pune um impedimento de Castillo. O Grêmio carrega e Veronese atira pelo lado. Há uma substituição no esquadrão rubro. Marreco substitui Sílvio, porém, sem vantagem.
Os tricolores carregam pelo centro e Toreli cabeceia espetacularmente defendendo Penha com segurança. Perigoso ataque dos colorados e Luiz Luz concede "corner", que batido por Tom Mix, não surte efeito. Mancuso atira forte em gol e Chico defende apertado. O Grêmio assedia perigosamente a área contrária, mas Penha faz uma belíssima defesa, salvando a situação crítica da defesa rubra. Foi este, talvez, o momento mais emocionante da luta. A pelota volta ao último reduto dos visitantes, atirando Toreli em gol, mas Penha novamente defende. Nova insistência dos tricolores pela esquerda, é desfeita por Casaca, que está atuando mal.
Garnizé substitui a Zezé, que vinha tendo uma atuação ótima. Os rubros carregam pela esquerda e Tom Mix atira pelo lado. Foul de Mascarenhas. Risada bate e Mascarenhas defende, mandando a pelota a Toreli, que faz esplêndido passe a Foguinho, o qual perde para Garnizé.
Castillo carrega pela sua ala, mas é chargeado violentamente por Jorge, caindo ao solo. O jogo é interrompido. Alguns elementos do Internacional cercam o médio gremista, quando surge Penha que saindo do arco tenta agredir Jorge. Vários jogadores de ambos os clubes tentam por fim ao pugilato, o que conseguem depois de alguns minutos. Sem querer defender uns e outros, achamos que Jorge foi violento demais, tendo uma atitude feia, porém, não menos feia foi a de Penha tentando agredir Jorge. Enfim, ambos erraram. O prejudicado, porém, foi Castillo, que sofreu as consequências do foul.
A infração nao foi punida pelo juiz e o jogo foi recomeçado após três minutos de suspensão. O Internacional faz duas cargas consecutivas, sem efeito. O Grêmio carrega, Foguinho atira em gol e Penha defende.
Foul de Castillo em Mascarenhas, que batido por Motin origina-se uma "escrimage" na área colorada, porém, não se aproveitando a linha dianteira gremista. Os tricolores carregam e Casaca atira em gol, fazendo Penha uma boa defesa. Carregam os rubros, mas Chico defende. A bola volta aos pés dos atacantes visitantes que fecham sobre os locais, tendo Jorge cometido "corner", que batido por Tom Mix não surte efeito.
Uma nova carga colorada é desfeita por Mancuso, que estava em posição de impedimento. Neste período os dianteiros internacionalistas abusaram os "off-sides", pois a todo momento o árbitro punia, com acerto, impedimentos dos atacantes colorados, principalmente de Mancuso, Castillo e Salvador.
Carrega o Grêmio pela direita e Natal concede "corner". Lací bate a infração mandando pelo lado. Carga do Grêmio pelo centro. Toreli corta para Lací, que atira forte em gol, fazendo Penha difícil defesa. O Internacional carrega, mas Mancuso é punido com "off-side". Hélio substitui Lací.
O Internacional carrega e Mancuso é punido em posição de impedimento. Desta vez é Salvador que se coloca "off-side", prejudicando uma carga de seu bando. O bando gremista faz esforços desesperadores para igualar a contagem. Até Mascarenhas o esplêndido centro médio do clube da "baixada" avança a par com o ataque, auxiliando-o constantemente. Artigas, devido à fraca situação de Marreco, o substitui. São decorridos trinta e oito minutos de jogo. O Internacional carrega pela esquerda, centrando Tom Mix, perigosamente. A linha colorada fecha e Chico atira-se, mas a bola escapa-lhe das mãos, aproveitando-se Artigas, que emenda forte para dentro das redes gremistas, assinalando o segundo gol colorado.
Torelli movimenta a pelota e o Grêmio carrega, sem efeito. Novo ataque dos locais. Mascarenhas atira em gol, indo a bola por cima da trave. A pelota vai para o centro do campo e o cronometrista trila o apito, finalizando, então, o grande embate com o resultado de
Internacional — 2
Grêmio — 0
A defesa dos rubros atuou magistralmente
Risada foi o ponto mais fraco
MASCARENHAS
Dos jogadores do clube colorado, a primeira figura, indiscutivelmente foi o arqueiro Penha, que foi o grande fator da vitória do clube do Estádio dos Eucaliptos. Penha teve nesse embate uma atuação destacada, firmando-se assim como o arqueiro número um do Estado.
Alfeu e Natal formaram uma muralha onde iam morrer os avanços do quinteto tricolor. Os dois morenos formaram com Penha um triângulo de ferro quase que intransponível.
Da linha média alvi-rubra o centro médio Risada foi o ponto mais fraco. Zezé, que atuou até a metade do 2º tempo, fez uma ótima jogada, tanto defendeu como auxiliou o ataque, tendo, porém, cansado, foi substituído por Garnizé, que marcou com precisão a ala esquerda gremista, que é o ponto mais perigoso do quinteto tricolor. Levi, que estava um tanto falho no primeiro tempo, firmou-se na fase final, quando passou a atuar bem.
Mancuso, que apareceu como centro atacante, teve uma atuação discreta, distribuindo bem o jogo, porém, ressentindo-se de arremesso final. Salvador, o "mignon" atacante rubro, foi o elemento número um do ataque colorado. Atuou admirávelmente Sílvio, como sempre falhou, assim mesmo atuou melhor que Marreco, que o substituiu e Artigas, que por fim substituiu este último, como sempre, marcou um gol e nada mais fez.
O guardião gremista, como sempre, defendeu boas bolas, tendo deixado entrar uma bola de longe que bem podia defender e pichoteou no golo colorado. Motin, que substitui Dario, não comprometeu o quadro, apesar de não ter a energia do titular da posição. Luiz Luz fez boas defesas, tendo falhado porém, no 1º gol dos colorados, que bem poderia ter evitado, se tivesse avançado como fez o meia colorado. Da linha média gremista a primeira figura foi o centro Mascarenhas, que fez uma ótima partida e aos poucos vai readquirindo a sua antiga forma. O centro médio gremista foi o melhor do onze tricolor. Russo não é mais o grande médio dos outros tempos; sua atuação vem fraquejando. Jorge muito ativo, porém, abusa em demasia do jogo violento, que é tão prejudicial.
A linha tricolor não esteve anteontem nos seus bons dias. Casaca, bem marcado pelos médios adversários, pouco fez. Fogo, apesar de atuar com o seu comprovado ardor e trabalhar muito, pouco fez. Alemão, que jogou no 1º tempo, dirigiu bem o ataque, tendo cansado, foi substituído por Toreli, que não é mais o mesmo perigoso atacante, ressentindo-se talvez ainda do acidente que foi vítima por ocasião do jogo contra o São José. Veronesi foi o melhor do ataque tricolor; trabalhou muito e bastante produziu. Lací teve uma atuação boa e Hélio, que o substituiu, nada fez.
A arbitragem agradou
A atuação do juiz Luiz Ernesto Dolce foi boa. S. s. foi um árbitro honesto, apesar de abusar do apito, punindo com demasiado rigor os fouls, o que em parte prejudicou grandemente o desenrolar da partida e deixando de punir infrações violentas como "fouls" de Júlio e Castillo. A sua atuação de anteontem veio confirmar o que afirmamos, quando do jogo entre o Sõa José e o Cruzeiro, isto é, que é falho na marcação dos "off-sides".
Poucas probabilidades para a "melhor de três"
Como é sabido, por ocasião da estada entre nós do combinado carioca de futebol, que veio chefiado pelo desportista Fraga Júnior, membro destacado da Confederação Brasileira de Desportos, os dirigentes do futebol local entraram em contato com aquele desportista, bem como com o Sr. Irineu Chaves, que viera representando a entidade máxima dos desportos oficiais do país, procurando adaptar melhor o futebol citadino ao progresso de outros centros, foi então, depois de várias conversações, resolvido que o campeonato da cidade teria a sua disputa de maneira diferente da que até então observada. Seria adotada entre nos a chamada "Fórmula Fraga", que ótimos resultados vem dando entre as principais entidades do futebol brasiIeiro, constando da disputa do certame em dois turnos. Proclamados os vencedores, estes lutariam pela posse do título máximo pelo sistema da "melhor das três". No campeonato citadino, o Internacional foi o vencedor do primeiro turno. Iniciado o segundo, os colorados continuaram na sua atuação destacada. O Grêmio, maior rival do campeão do primeiro turno, pretendia, para poder disputar a posse do campeonato da cidade, em seu poder desde o ano passado, vencer o returno. Entretanto, não foi feliz. Primeiramente empatou com o São José. Agora, domingo último, perdeu para ou colorados. Não lhe resta mais esperanças, uma vez que todos os demais compromissos do Internacional são fáceis, dada a pujança de seu quadro e a relativa inferioridade dos demais. Somente o São José poderá fazer frente ao clube de Risida. Mesmo assim, a situação não se modificará. Precisaria que o Internacional perdesse uma partida e empatasse outra e que o Grêmio vencesse os demais encontros para que a situação ficasse igualada. Isto, entretanto, nos parece difícil. Não cremos que tal se venha a verificar, dados os motivos que acima explicamos. Desta maneira, este ano não poderemos assistir ao desdobramento da "Fórmula Fraga". Não haverá a disputa da série "melhor das três".
Fonte: Diário de Notícias (RS), 03/11/1936, ano 1936, n. 209, p. 10-11. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4495. Acesso em: 26 abr. 2025.

25/10/1936 - Citadino 1936 - 2º turno - Americano-RS 3 x 5 Internacional

OS JOGOS DE AMANHÃ DO CAMPEONATO DA CIDADE
AMERICANO X INTERNACIONAL
Na Rua Larga
O valoroso Sport Club Internacional, campeão invicto do turno, comparecerá, amanhã, ao Campo da Rua Larga, para medir forças com o galhardo clube universitário. A lógica indica claramente que o possante conjunto colorado alcançará mais um triunfo na jornada de amanhã. Entretanto, os briosos acadêmicos, entusiasmados com a vitória alcançada frente aos caturritas, vão para o campo da luta cheios de ardor e força de vontade, dispostos a vender muito caro a sua derrota ou... registrar o segundo triunfo da temporda. Assim, teremos a técnica e a experiência dos colorados frente ao entusiasmo e galhardia dos estudantes, animados pela sua formidável torcida, numa batalha que poderá ser bastante interessante.
O LOCAL
A pugna entre os estudantes e os rubros será ferida no Campo negro-grená, na rua Larga.
O HORÁRIO
3ºs teams — 9,15 horas
2ºs teams — 14,15 horas
1ºs teams — 16,15 horas
Tolerância — 15 minutos
AS AUTORIDADES DA AMGEA
Representante — Sr. Artur Schneider.
Fiscal — Sr. Artur B. Prates.
Juízes — Srs. Celear Passos e João Barreto, para os segundos e terceiros quadros.
S. C. AMERICANO
NOTA OFICIAL
Os quadros do clube universitário, que jogarão amanhã contra o seu coirmão Internacional, são os seguintes:
PRIMEIRO — Marcelo, Ivânio, Guimarães, Arias, Vasquinho, cap., Lobato, Eli, Arteche, Cícero, Flávio, Osorio.
Substitutos: Dirceu, Tatinha, Garcia, Joca.
SEGUNDO — Tschiedel, Ladí, Corona, Lourivaldino, Xisto, Ramão, Cesar, Costa, Renato, Odilon, Teles.
Substitutos: Pedone, Milton, Gonçalves, Russomano, Vitor.
Horário: 2º, ás 13,45 horas ; 1º, 15 horas.
Nota: Terceiros quadros o Americano entregou os pontos.
Fonte: A Federação (RS), 24/10/1936, ano 1936, n. 242, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/388653/80602. Acesso em: 25 abr. 2025.

[...] O AMERICANO TERÁ O INTERNACIONAL COMO ADVERSÁRIO
PORMENORES
A Amgea fará disputar, hoje, a segunda rodada do returno do campeoanto de futebol da cidade, com a realização dos encontros Cruzeiro x Grêmio, São José x Força e Luz e Americano x Internacional [...].
INTERNACIONAL X AMERICANO
No campo da Rua Larga, encontrar-se-ão, hoje, os clubes Internacional x Americano.
O Internacional, que é o campeão invicto do turno e que no returno já venceu o Cruzeiro, não quererá perder o título que ostenta. Os universitários, que domingo último obtiveram a sua primeira vitória, esperam oferecer tenaz resistência ao clube colorado.
AS AUTORIDADES DA AMGEA
Representante — Sr. Artur Schneider.
Fiscal — Sr. Artur B. Prates.
Juízes — Srs. Alfredo Cesaro e Celear Passos, para os primeiros e segundos quadros.
OS QUADROS CONTENDORES
Os quadros contendores apresentar-se-ão assim organizados.
AMERICANO — Primeiro — Marcelo — Guimarães — Arias — Vasquinho (cap.) — Lobato — Eli — Arteche — Cícero — Flávio — Osório.
Reservas: Dirceu — Tatinha — Garcia — Joca.
Segundo: Tschiedel — Ladi — Corona — Lourivaldino — Xisto — Ramão — Cesar — Costa — Renato — Odilon — Teles.
Horários — Segundos quadros, às 14 e 45 horas, primeiros quadros, 16 horas.
Nos terceiros quadros o Americano entregou os pontos.
INTERNACIONAL — Primeiro: Penha — Natal — Alfeu — Garnizé — Risada — Levi — Sílvio — Marreco — Salvador — Mancuso — Castillo — Tom Mix — Artigas — Salô.
Segundo — Armênio — Álvaro — Sadi — Celso — Simão — Alcides — Zezé — Aires — Alves — Claudionor — Valico — Marico — Tide — Dirceu — Adroaldo — Dorval.
Os jogadores colorados deverão estar no Estádio dos Eucaliptos, às 13,45 horas.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 25/10/1936, ano 1936, n. 202, p. 21. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4370. Acesso em: 25 abr. 2025.

CITADINO 1936 - 2º TURNO - AMERICANO-RS 3 X 5 INTERNACIONAL
Data: 25/10/1936
Local: Campo da Rua Larga - Porto Alegre (RS)
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Castillo 5’/1 (I); Cícero 27’/1 (A); Tom Mix ?’/1 (I); Castillo 13’/2 (I); Castillo, pênalti 18’/2 (I); Eli 24’/2 (A); Salvador Arísio ?’/2 (I); Osório ?’/2 (A).
AMERICANO-RS: Marcelo; Guimarães e Vasquinho; Arias, Eudoro e Lobato; Eli, Arteche (Oscar), Cícero, Flávio e Osório.
INTERNACIONAL: Penha; Natal e Alfeu; Garnizé, Risada e Levi; Marreco, Artigas, Salvador Arísio, Castillo e Tom Mix. Técnico: Inocêncio Travassos Souto.

OS JOGOS DE ONTEM DO CAMPEONATO DA CIDADE
NO CAMPO DA RUA LARGA
POR 5 x 3 O INTERNACIONAL VENCEU OS UNIVERSITÁRIOS
Um pequeno sururu nas arquibancadas
O Internacional cumpriu, ontem, o seu segundo compromisso do returno do campeonato dirigido pela Amgea, enfrentando o Universitário em sua praça de desportos.
Talvez devido ao calor que se fez sentir, um público diminuto assistiu essa refrega que findou com a vitória dos colorados pela contagem de 5 x 2.
O "onze" universitário, na fase inicial desenvolveu grande atividade, parecendo mesmo que ele repetiria a façanha de domingo retrasado, frente aos caturritas.
O primeiro tempo findou com o resultado de 2 x 1, favorável ao quadro de Risada, que nesse período da luta pouco produziu, devido a vigilância da defesa do onze "U", aparecendo Vasquinho em primeiro plano, seguido de Marcelo, que ontem esteve num de seus grandes dias. Aqueles pontos foram marcados por Castilo e Cícero.
O segundo tempo foi mais folgado para o Internacional, que assediou com mais frequência. O arco sob a guarda de Marcelo, marcando desse modo mais 3 tentos por intermédio de Castillo, Tom Mix e Salvador, contra 2 dos Universitários, cujos autores foram Osório Luiz e Eli.
Tecnicamente, a pugna não agradou, principalmente no primeiro tempo, quando ambos os quadros jogaram desorientados.
A segunda fase foi mais interessante que a anterior, pois os assistentes puderam, embora de leve, apreciar algo de futebol.
Nas arquibancadas, no intervalo do 1º tempo surgiu um sururuu, que se não fosse a energia com que agiram os dirigentes do clube da rua Larga, teria, por certo, tido graves consequências.
O quadro colorado continua na sua sequência de vitórias, apesar de não possuir um ataque que corresponda à defesa.
Do centro para a ala direita, por exemplo, morre o ataque rubro. Artigas na meia é figura que não aparece, atrasando, por vezes, a ofensiva colorada. É um elemento bom, mas não para aquele posto. É centro médio.
Outro elemento pouco eficiente é Marreco.
O ponteiro rubro, talvez por se achar enfermo, pouco produz.
Dos três, Salvador é o melhorzinho. Mais enérgico e decisivo, o centro rubro procura seguidamente o arco adversário.
A defesa ontem teve um furo que, se não incomondou os internacionalistas, foi por que Natal e Penha estiveram vigilantes. Queremos nos referir a Alfeu, que não pegou bola, principalmente durante a fase inicial.
O "onze" universitário atuou com ardor, destacando-se Marcelo, Vasquinho, Isidoro e 200. principalmente este, que esteve bom.
O JUIZ
Apitou a partida o Sr. Alfredo De Cesaro, do São José.
A sua atuação foi bastante criteriosa e agradou a ambos os times.
Os quadros degladiantes estavam assim formados:
Internacional: Penha; Alfeu e Natal; Levi, Risada e Garnizé; Marreco, Artigas, Salvador, Castillo e Tom Mix.
Universitários: Marcelo, Guimarães e Vasquinho; Arias, Isidoro e Lobato; Arteche (depois Oscar), Flávio e Osório.
SEGUNDOS QUADROS
Na partida dos segundos quadros venceu o Internacional pelo score de 5 x 0.
Fonte: A Federação (RS), 26/10/1936, ano 1936, n. 243, p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/80610. Acesso em: 25 abr. 2025.

OS COLORADOS VENCERAM POR 5 X 3 O CLUBE UNIVERSITÁRIO
[...] Castillo, do Internacional, e Marcelo, dos grenás, as melhores figuras em campo, do encontro entre os líderes da tabela do returno
No gramado da rua Larga, realizou-se, na tarde de anteontem, em disputa do campeonato oficial de futebol da metrópole, o encontro entre as turmas do Internacional e do Americano Universitário.
Todo o mundo desportivo, apesar dos Universitários serem os ponteiros da tabela junto com os colorados, esperava uma partida fraca devido à superioridade do clube da camiseta encarnada. Mas tal não se verificou. Os rubros tiveram que jogar, e muito direitinho, pois os grenás entraram em campo com aquela força de vontade, que já lhes é característica e se entregaram à luta com o firme propósito de levá-la de vencida.
No entanto, saiu vitorioso o esquadrão dos Eucaliptos, pelo score de cinco a três. Foi, talvez, a melhor partida da tarde de anteontem.
Os "diabos rubros" apresentaram um padrão de futebol regular, mas fizeram bastantes esforços para levar a vitória da valente turma universitária que, não jogando com técnica, sobretudo apresentaram-se melhor. Muito darão o que fazer aos seus próximos adversários, pois é um quadro que dia a dia joga com mais precisão.
Com este resultado, os colorados assumiram a liderança da tabela com um ponto de vantagem sobre o Grêmio.
Os universitários jogaram desfalcados de três dos seus melhores elementos, que foram substituídos pelos reservas.
Marcelo, o novel guardião dos locais, foi o principal ponto de sua equipe, onde se salientou com vantagem aparando os tiros da vanguarda colorada. Vasquinho secundou-o muito bem e Eli e Cícero foram os melhores do ataque.
Os invictos que apresentaram suas linhas coordenadas excelentemente, tiveram em Castillos e Salvador, secundadis por Risada, os seus pontos altos, notadamente o primeiro, que atuou magnificamente sendo, também, realizador de três pontos dos cinco conquistados por seu clube.
O score foi aberto aos 9 minutos de jogo, por intermédio de Castillo, que recebendo um passe de Tom Mix, entrou com a bola para dentro do arco universitário. O empate doi decretado por Cícero aos 27 minutos de jogo, num tiro fraco, aproveitando-se de um descuido de Penha. Pouco antes de terminar o primeiro período, Tom Mix, em tiro enviesado, marca o segundo tento colorado.
Depois do descanso regulamentar, as turmas voltam ao gramado. Aos 13 minutos de jogo, Castillo de cabeça aumenta o score para suas cores e cinco minutos após, este mesmo jogador, marcando um pênalti punido contra o Americano, alcança o 4º gol. Os grenás reagem e Eli consegue, num tiro forte, de canto, o 2º gol para os locais, quando decorriam 24 minutos de jogo. Pouco depois, Salvador fecha a contagem para os colorados e minutos antes de terminar o jogo, Osório marca o terceiro tento americanista.
A assistência que compareceu ao campo da rua Larga, foi diminuta, mas apesar disso, saiu um "sururu" nas bancadas, que, felizmente não teve piores consequências, deviso a enérgica intervenção da polícia [...].
O juiz Alfredo Cesaro, do São José, teve uma atuação muito fraca.
Os quadros entraram em campo assim constituídos:
INTERNACIONAL
Penha; Natal e Alfeu; Garnizé, Risada e Levi; Marreco, Artigas, Salvador, Castillo e Tom Mix.
UNIVERSITÁRIOS
Marcelo; Guimarães e Vasquinho; Arias, Isidoro e Lobato; Eli, Arteche (depois Oscar), Clóvis, Flávio e Osório.
Fonte: Diário de Notícias (RS), 27/10/1936, ano 1936, n. 203, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/093726_01/4384. Acesso em: 25 abr. 2025.