Mostrando postagens com marcador 1944. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1944. Mostrar todas as postagens

Citação #09

Domingo é dia do maior clássico do Brasil: o Gre-Nal. E hoje trazemos uma atuação épica do saudosíssimo Carlitos. Que sirva de lição aos nossos atacantes, que andam em baixa:
"Carlitos, que em novembro completará 60 anos, ainda se emociona quando lembra de seus gols importantes. Como, por exemplo, o que marcou na final do campeonato de 1944. Operado dos meniscos 27 dias antes, ele não reunia a melhor condição de jogar. Mas, atendendo o pedido de seus companheiros, decidiu correr o risco. 
Dada a saída, Tesourinha fez um lançamento em diagonal para a esquerda, Carlitos dominou e mandou uma bomba para o gol. Aos 10 segundos de partida, o Grêmio sequer tinha tocado na bola e já perdia por 1 x 0. Ainda no primeiro tempo, aos 25 minutos, Carlitos levou uma pancada no joelho operado e caiu em campo gemendo de dor. Mesmo assim, continuou até o final - ele, Assis e Alfeu, todos lesionados. Tanta dedicação lhes valeu uma inesquecível vitória por 2 x 1 e a conquista do pentacampeonato".
Texto retirado da Revista Placar, 30 set 1981, nº 595.

Tesourinha

TESOURINHA
(atacante)

Nome completo: Osmar Forte Barcellos
Data de nascimento: 3/10/1921
Local: Porto Alegre (RS)

CARREIRA:
1939-1949
Internacional
1950-1952
Vasco
1952-1955
Grêmio
1957
Nacional-POA

No final dos anos 30, um negrinho vindo do Areal da Baronesa, área de população negra de Porto Alegre, tornaria sua história muito maior do que poderia imaginar. Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, era dono de uma habilidade e faro de gol implacáveis. Seu apelido vem do antigo bloco carnavalesco "Os Tesouras", do qual fazia parte.

Foi chamado para fazer testes no Internacional em 1939 e foi aprovado com louvor. Centroavante nato, Tesourinha teve que ser deslocado para a ponta-direita, pois outro célebre goleador comandava o ataque colorado: Carlitos, rei dos Gre-Nais.

O atacante estreou na vitória contra o Cruzeiro-RS, pelo Campeonato Citadino, em outubro de 39. Dois meses depois, marcou o primeiro gol com a camisa vermelha, em um jogo contra o Força e Luz, com vitória colorada por 7 a 0.

Por ser um jogador franzino, a diretoria autorizou uma padaria vizinha dos Eucaliptos a fornecer alimentação para a jovem estrela do time.

Tesourinha foi o protagonista do clássico e inesquecível "Rolo Compressor" dos anos 40. Não demorou muito e o técnico Flávio Costa o convocou para a Copa Rio Branco de 1944 e para o Campeonato Sul-Americano de 1945.

Foi vendido ao Vasco em 1949 por 300 contos de réis, valor considerado uma fortuna para a época. Ao lado de Ademir Menezes, chefiou o legendário "Expresso da Vitória" por duas temporadas. Não participou da Copa de 50 por uma lesão no joelho. Ainda há quem diga que o Maracanazzo poderia ser impedido...

Em 52, seu desejo de voltar ao Internacional foi barrado pelo presidente Joaquim Difini. O destino no ponta foi o co-irmão. Tesourinha é considerado um abolicionista do time gremista, pois acabou com o preconceito que existia no Fortim da Baixada.

Ironicamente, Tesourinha, dono de uma conclusão mortal, jamais marcou um gol contra o Internacional. Além disso, esteve no Gre-Nal de inauguração do Olímpico, no qual o Grêmio foi goleado por 6 a 2.

Abandonou os gramados em 1955, pois não conseguia mais exercer o futebol primoroso dos seus tempos de "Rolo", mas deu mais um gostinho ao colorado na despedida dos Eucaliptos, em 1969, quando foi presenteado com uma das redes do estádio.


10 anos depois, Tesourinha partiu para outro plano espiritual, deixando um legado incomensurável ao futebol gaúcho e brasileiro. Um câncer no estômago tirou sua vida, aos 57 anos, mas a sua história jamais se ausentará dos corações colorados.