21/06/1931 - Amistoso - Internacional 1 x 1 Botafogo

O BOTAFOGO VIRÁ A PORTO ALEGRE?
Parece que chegarão a um termo satisfatório as "demarches" que se estão fazendo para a vinda à esta capital do Botafogo F. C. B., atual campeão carioca.
Caso se verificar a excursão do valoroso clube carioca terá a nossa população desportiva ocasião de apreciar uma excelente semana de embates sensacionais.
Como se sabe, integram o quadro carioca elementos de real destaque no foot-ball brasileiro, como Nilo, considerado um dos melhores atacantes nacionais; Martim, um perfeito centro-half; Carlos Leite, Pamplona, Celso, Octacílio e Benedicto, estes dois bastante conhecidos do nosso público.
No caso da vinda do clube carioca, jogará ele três partidas:
uma contra o Internacional, um contra o Grêmio e a última contra o combinado da capital.
Fonte: A Federação (RS), 15/05/1931, ano 1931, n. 113, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/69055. Acesso em: 04 nov. 2024.

COMO ESTÁ FORMADA A EMBAIXADA DO BOTAFOGO
A embaixada do Botafogo que embarcou ontem está assim formada:
Chefes — Dr. Alarico Brandão Maciel e 1º tenente Cyama Muniz. 
Técnico — Capitão Nicholas Ladany;
Jogadores:
Goal-keepers — Sylvio Corrêa Pacheco e Germano Boettcher Sob.
Full-backs — Hermínio de Oliveira, José Rodrigues e Octavio do Menezes Povoa.
Halves-backs — Affonso de Azevedo Carneiro, Martim Mercio da Silveira, Humberto de Araújo Benevenuto, Heitor Canelli e  Luiz Tupy Mercio da Silveira.
Forwards — Álvaro Gonçalves da Rocha, Paulo Goulart de Oliveira, Orlando dos Santos, José Ferreira Lemos, Celso Cardoso Linhares, Rogério Braga Filho, Octacílio Pinheiro Guerra e Aldemar Oliveira;
Capitão da equipe — Octavio do Menezes Povoa.
Pertencem ao América Foot-Ball Club os srs. Sylvio Corrêa Pacheco e Orlando dos Santos, e ao Serrano Foot-Ball Club da cidade de Petrópolis, o Sr. Aldemar Oliveira (Nena).
Fonte: A Federação (RS), 17/06/1931, ano 1931, n. 141, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/69237. Acesso em: 04 nov. 2024.

O BOTAFOGO EM PORTO ALEGRE
Porto Alegre e o Rio Grande receberão, dentro de poucas horas, a embaixada do campeão carioca — Botafogo Foot-Ball Club.
Clube cheio de glórias, o leader carioca traz elementos de real valor, que muito contribuirão para o êxito completo da excursão no Rio Grande do Sul.
Com a visita do Botafogo nos nossos pagos, os jogadores riograndenses terão um enorme proveito, pois integram o quadro carioca homens como Benevenuto, Celso, Rodrigues, Octacílio e Nena, o jogador cognominado “Nilo Petrolipano”, perfeitos conhecedores dos segredos do “association”.
Se o tempo não bancar o “urso”, o jogo de domingo será uma das mais brilhantes partidas realizadas nesta capital e no Rio Grande do Sul.
Desde ontem sulca águas do Rio Grande do Sul, o paquete “Araçatuba”, que traz a seu bordo a embaixada desportiva do Botafogo F. B. C., campeão carioca de 1930.
A visita que nos vai proporcionar essa luzida missão da capital da República constituirá, por certo, um grande acontecimento.
Todas as atenções se voltam neste momento para as grandiosas pugnas que se vão travar.
E é bem justo esse anseio do público, pois deseja ardentemente conhecer o valor, o progresso e a técnica do clube visitante, que é o lídimo expoente da sua terra.
Iremos reviver, com a presente excursão do Botafogo, dias passados, quando da visita de um outro poderoso conjunto carioca.
Desta feita não veremos Nery, Gallo, Píndaro e outros, cuja lembrança ainda vive na memória daqueles que os apreciaram nas suas magistrais jogadas, mas em compensação veremos outros valores novos e cheios de ardor, com um preparo técnico na altura da responsabilidade com que arcam de campeões do centro desportivo mais adiantado do Brasil.
O "Araçatuba" deverá encostar no cais do porto entre às 10 e 11 horas.
Para recepção dos distintos visitantes estão sendo convidados todos os clubes, associações e o povo em geral.
Pelo avião da Condor, deverá chegar hoje o meia-direita Paulinho, a revelação de 1931 nos campos cariocas.
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Em homenagem ao Botofogo foi organizado pelos clubes organizadores da excursão, o seguinte programa:
Dia 20 — Recepção solene, havendo lanchas à disposição das comissões, representantes das associações desportivas e imprensa.
Dia 21 — Grande embate entre o Botafogo e o Internacional.
Dia 22 — Homenagem prestada pela empresa do Cinema Imperial, dedicando à embaixada do Botafogo a sua primeira sessão cinematográfica.
Dia 23 -— Festa gaúcha no Posto Zootécnico, em Viamão.
Dia 24 — Grande match entre o campeão carioca, Botafogo F. B. C. e o campeão local Grêmio Porto Alegrense.
Dia 25 — Passeio aos arredores de Porto Alegre e, à noite, homenagem prestada pela empresa do Cinema Avenida.
Dia 26 — Visita às Minas de São Jerônimo.
Dia 27 — Soirée dançante oferecida pelo Foot-Ball Club Porto Alegre;
Dia 28 — Grande match entre o Botafogo e um combinado porto-alegrense.
À noite, suntuoso baile no Clube Caixeiral, oferecido à missão do Botafogo pelo Athletico Bancario Club.
Dia 30 — Banquete oferecido pelo Grêmio e Internacional à missão do Botafogo.
A EMBAIXADA DA AMIZADE
Mais algumas horas e pisará terra da metrópole gaúcha a distinta missão desportiva do campeão carioca de 1930 Botafogo F. B. C.
Vem ela fazer reviver os dias longínquos de 1911, em que pela primeira vez visitou o Estado uma embaixada carioca e que tantas recordações deixou gravada na memória - daqueles que tiveram a vontura de apreciá-la.
E agora, passados 20 anos, vai reproduzir-se o mesmo grandioso espetáculo de então.
O nosso povo, cavalheiresvocomo é não, deixará de emprestar o seu prestígio na obra do estreitamento de relações com os nossos irmãos do norte, concorrendo para o brilhantismo da recepção da distinta missão que amanhã aportará à capital, levando-lhe um amplexo cordial e sincero.
Fonte: A Federação (RS), 20/06/1931, ano 1931, n. 144, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/69255. Acesso em: 04 nov. 2024.

O BOTAFOGO NO RIO GRANDE DO SUL
A guapa mocada do alvi-negro deve chegar às primeiras horas de amanhã, em Porto Alegre
A delegação do Botafogo F. C., laureado campeão carioca, é esperada amanhã, domingo, em Porto Alegre, às primeiras horas do dia.
Amanhã mesmo, à tarde, a turma alvinegra deverá estrear contra o valoroso conjunto do Internacional F. C.
A moçada botafoguense, em face da viagem, com o provável enjôo em alguns de seus elementos, muito terá de esforçar-se, a fim de não se deixar vencer.
O Dr. Mario Pinto Guimarães passou um telegrama à comitiva, no intuito de ver se é possivel adiar o jogo.
O Botafogo está tambem trabalhando, no sentido de Paulinho poder embarcar na próxima terça-feira.
Fonte: Jornal dos Sports (RJ), 20/06/1931, ano 1931, n. 084, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/112518_01/355. Acesso em: 05 nov. 2024.

AMISTOSO - INTERNACIONAL 1 X 1 BOTAFOGO
Data: 21/06/1931
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Público: aprox. 12.000
Renda: aprox. 35$000:000
Juiz: Walter Leal
Gols: Honório, pênalti ?’/1 (I); Álvaro 42’/2 (B).
INTERNACIONAL: Penha; Miro e Risada; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rothfuchs. Técnico: Carlos De Lorenzi.
BOTAFOGO: Sylvio; Povoas e Rodrigues; Affonso, Martim e Benê; Álvaro, Juca (Rogério), Carola, Nena (Otacílio) e Celso. Técnico: Nicolas Ladanyi.

A missão botafoguense antes de embarcar no Araçatuba.
Fonte: Diário da Noite
Jogadores colorados que enfrentaram
o Botafogo nos Eucaliptos.
Fonte: História do Sport Club Internacional
O goleiro Penha agarra firme a bola.
Fonte: História do Sport Club Internacional
Um apanhado de registros do confronto
interestadual entre Internacional e Botafogo
Fonte: História do Sport Club Internacional

O BOTAFOGO EMPATOU EM PORTO ALEGRE COM O INTERNACIONAL
Na sensacional partida de ontem com o Internacional, verificou-se um empate de 1x1
PORTO ALEGRE, 21. (A. B.) — Perante grande assistência, calculada em 20.000 pessoas, realizou-se hoje o esperado encontro entre o Botafogo do Rio, e o Sport Club Internacional, desta cidade.
A missão esportiva botafoguense havia chegado pela manhã, muito cedo, a bordo do “Araçatuba”. Apesar da hora matinal viam-se no cais os directores do Grêmio Portoalegrense e do Sport Club Internacional promoteres da excursão do conhecido grêmio carioca, representantes da imprensa e numerosos desportistas.
Os rapazes do Botafogo foram hospedados no Hotel Americano, onde foram cumulados de gentilezas por numerosos representantes do esporte gaúcho.
À tarde, toda a cidade que ama os esportes dirigiu-se para o campo dos Eucaliptos a fim de presenciar o encontro entre o Botafogo e o Sport Internacional.
A preliminar foi disputada pelos segundos quadros do Grêmio Portoalegrense e do Concórdia F. C., vencendo o Concórdia pela contagem de dois a um. A partida foi movimentada e agradou bastante, embora fosse grande a ansiedade pelo encontro principal.
Já se impacientava o numeroso público, quando foi dado o primeiro sinal para a grande partida. Eram quinze horas e trinta minutos quando entraram em campo os rapazes do Botafogo, empunhando a bandeira do Rio Grande do Sul. A multidão, comovida ante o gesto amável dos cariocas rompeu em longa aclamação, vitoriando os visitantes da capital federal.
Formados, os representantes do Botafogo percorreram o campo, sempre sob os aplausos da assistência entusiasmada.
Serenadas as aclamações, os teams formaram frente a frente, na seguinte ordem:
BOTAFOGO: Sylvio: Povoas e Rodrigues: Affonso, Martim e Bené; Álvaro Juca, Carola, Nena e Celso.
INTERNACIONAL: Penha: Miro e Risida; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rothfuchs.
O sorteio do toss foi favorável aos cariocas, cabendo a saída ao Internacional.
A princípio o jogo manteve-se indeciso. Entretanto, pode-se afirmar que era visível mais firmeza nos ataques da linha local, que assediava constantemente o lado contrário.
Em uma entrada da linha vermelha, o back visitante carrega violentamente o jogador Javel. O juiz pune a falta, mandando bater pênalti, o que redundou no primeiro gol dos locais.
Os cariocas e os dos Internacional reiniciam sem demora a disputa. O Internacional se esforça por acentuar seu predomínio que se verifica até o final do primeiro tempo, terminado pela contagem de um a zero, favorável aos locais.
Com raras escapadas por parte do Botafogo, o jogo dessa primeira fase manteve-se quase todo o tempo no campo dos visitantes, não sendo conseguido pelos locais mais nenhum tento devido somente à excelente atuacão de Svlyio.
Analisando no jogo dos primeiros quarenta minutos deve-se dizer que foi destacada a defesa do Botafogo, mantida, sempre muito assediado pelos do Internacional. A linha botafoguense quase nada fez nessa fase da partida, tendo jogado desarticulada e morosamente.
Após o descanso regulamentar, voltaram ao campo os contendores. Ainda nessa fase, o jogo se caracterizou pelo predomínio franco dos locais, que não saíram quase do campo do Botafogo, dando azo a Sylvio, Povona, Rodrigues e Bene para que trabalhassem ativamente, a fim de evitar a queda do reducto do seu quadro.
Assim, um tanto monótono, mas seguido com grande atenção pelo público, se desenrolava a partida até que, faltando três minutos para o término, o guardião do Internacional, defendendo uma bola faz corner. Celso bateu, indo a bola aos pés de Álvaro. Este jogador, que estava ao lado do gol, conseguiu empatar a partida. Pouco devois terminava o encontro pela contagem de 1x1.
O jogo do quadro do Botafogo deve-se dizer, não foi o que esperavam os esportistas gaúchos. A sua linha, apesar de modificada a segunda fase com a entrada dos jogadores Octacílio e Rogério, que substituíram Nena e Juca, atuou pouco feliz, jogando, mesmo por vezes, mediocremente.
Dos jogadores, destacou-se Bene, que salvou seu clube por três vezes no segundo tempo. Uma delas já a bola estava em cima da linha de goal. Martim e Affonso pouco fizeram. Da linha atacante, como nos dizia um conhecido esportista, nenhum jogou football de verdade. Os backs impressionaram sobretudo no segundo tempo, quando o jogo ficou mais apertado para o Botafogo.
Sylvio foi o melhor homem do quadro do Botafogo. Os locais atuaram bem, destacando-se o center half Magno, o back Risada e o atacante Honório. Mas é de notar a pouca sorte do Internacional, que perdeu várias ocasiões de aumentar a sua contagem. Os arremates falhararm algo.
Resumindo, o Botafogo, pelo quadro e o jogo que apresentou não satisfez o público, que esperava um quadro mais forte.
Fonte: A Esquerda (RJ), 22/06/1931, ano 1931, n. 158, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/297984/2350. Acesso em: 06 nov. 2024.
Diário de Notícias (RJ), 22/06/1931, ano 1931, n. 374, p. 1. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093718_01/5928. Acesso em: 06 nov. 2024.
Jornal do Brasil (RJ), 23/06/1931, ano 1931, n. 149, p. 14. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_05/14206. Acesso em: 06 nov. 2024.

O BOTAFOGO E SUA EXCURSÃO AO RIO GRANDE DO SUL
Detalhes da chegada — O empate de ontem com o Internacional
Impressões do chefe da delegação carioca
A passagem por Pelotas
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — Na sua passagem por Pelotas, a delegação do Botafogo foi gentilmente tratada, visitando os campos principais.
Na praça de esportes do Pelotas, os jogadores fizeram animado bate-bola e em seguida foram homenageados com um lunch, havendo amistosos brindes.
A chegada a Porto Alegre
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — O “Araçatuba”, conduzindo a delegação do Botafogo F. C., chegou poucos minutos antes do meio-dia, achando-se o cais repleto de sportsmen que ovacionaram os rapazes cariocas. Depois dos cumprimentos dos altos representantes do esporte gaúcho e autoridades, os rapazes cariocas seguiram para o Hotel Americano, onde ficaram hospedados.
Impressões da viagem
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — No hotel, à noite, ouviu os membros da delegação botafoguense, que declararam que o navio jogou bastante, mas os rapazes suportaram bem, chegando em condições regulares.
Fala o presidente do Internacional
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — Em palestra com o presidente do Internacional, a A NOITE obteve as seguintes declarações: “Vamos para o campo dispostos a fazer com que Porto Alegre nada fique a dever aos representantes do football carioca”.
O Botafogo em campo
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — O primeiro a entrar em campo foi o quadro do Botafogo, coberto com a bandeira riograndense. Percorreram todo o campo sob delirantes aclamações da assistência, erguendo hurrahs ao povo, autoridades e no football local.
A seguir, vieram os rapazes locais, também recebidos com grandes aplausos, conduzindo duas corbeilles que foram entregues aos visitantes.
Os dois quadros
Os dois quadros estavam assim organizados os dois teams:
Botafogo: Sylvio — Povoa e Rodrigues — Affonso — Martin — Benevenuto — Álvaro — Juca — Carola — Nena e Celso.
Internacional: Penha — Miro e Risada — Ribeiro — Magno e Moreno — Nenê — Javel — Alfredo — Honório e Rothfuchs.
Os gols da tarde
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — Na metade do primeiro tempo, o Internacional, batendo um pênalti de Povoa, marcou o primeiro ponto, por intermédio de Honório.
Faltando sete minutos para terminar o segundo tempo, Celso bateu um corner, Orlando cabeceou e Álvaro igualou o score.
O jogo terminou 1x 1,
A assistencia foi superior a 15.000 pessoas.
A infelicidade dos gaúchos no primeiro periodo e o pênalti de Povoas
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — O pênalti marcado contra o Botafogo foi em consequência de uma charge de Povoa no center do Internacional, para evitar um ponto certo.
Nessa fase, o gol do Botafogo foi muito assediado pelo Internacional, que esteve infeliz nos arremates, perdendo oportunidades de abrir a contagem.
Octacilio reforçou os cariocas no segundo tempo
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — A entrada de Octacílio no segundo tempo cooperou para que o Botafogo melhorasse de atuação, intervindo aquele jogador no ataque, na posição de meia esquerda.
Faltou técnica em ambos os conjuntos
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — A impressão do público foi desfavorável quanto a técnica de que se ressentiram ambos os quadros, parecendo que o proposito principal era o da defensiva.
Na opinião dos entendidos, o Internacional, em conjunto, esteve melhor. Suas linhas trabalharam com mais acerto, sendo fortes os ataques do primeiro tempo.
No bando carioca destacavam-se Martins, Sylvio e Rodrigues, no primeiro tempo. No segundo periodo, Rogério substituiu Nena e Octacílio e Juca, melhorando os botafoguenses nesta fase, chegando mesmo a impressionar bem o seu processo de passes curtos, mas sempre arrematados com infelicidade.
Harmonia absoluta
Tanto os gaúchos como os cariocas foram delirantemente ovacionados pelo público, decorrendo o jogo na mais franca camaradagem.
As impressões do chefe da delegação Carioca
PORTO ALEGRE, 21 (Serviço especial da A NOITE) — Depois do grande jogo, a A NOITE ouviu o chefe da missão botafoguense que declarou o seguinte: “Tive admirável impressão de Porto Alegre, que é uma cidade linda, possuindo um povo hospitaleiro.
Sobre o jogo, achei que o principal objetivo do Botafogo foi cumprido com disciplina e cordialidade.
O seu resultado não representa hegemonias. O team do Botafogo chegou hoje após uma viagem longa, com os seus jogadores fatigados ou enjoados. Aliás, eu só consenti na realização do jogo hoje, por compreender que seria um prejuízo grande para o Internacional, o que está em desacordo com o nosso programa de cordialidade sportiva.
Gostei muito do público, que assistiu ao jogo.
Bem educado, muito gentil. Achei fraco o árbitro, que nos puniu com um pênalti injusto, a dois minutos de jogo.
Enfim, o Botafogo fez o que pôde e o empate conseguido contra um team forte e bem preparado, para nós já é uma vitória.
Resta-me agora agradecer a generosidade do povo gaúcho”.
Fonte: A Noite (RJ), 22/06/1931, ano 1931, n. 7030, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/348970_03/4889. Acesso em: 06 nov. 2024.

O BOTAFOGO EMPATOU COM O INTERNACIONAL POR UM GOL
PORTO ALEGRE, 22 (H.) — A missão do Botafogo F. C. foi calorosamente recebida pelo mundo esportivo e por grande massa popular. Os jogadores cariocas cuja apresentação no campo desta cidade tem sido ansiosamente esperada, chegaram em boas condições a despeito de haver sido bastante agitada a travessia. Os meios desportivos recordam que nos últimos 20 anos será esta a primeira oportunidade de disputa de um match inter-estadual por um team carioca.
O jogo realizado com a presença de enorme assistência, decorreu num ambiente de mais alta cordialidade sem que a mínima nota dissonante tivesse vindo empanar o brilho da tarde. Em conjunto, na opinião dos técnicos, o conjunto do Internacional esteve superior ao do Botafogo, sobretudo no primeiro tempo, em que o quadro carioca desenvolveu ação mais homogênea, o que lhe valeu ver coroados os seus esforços com a queda da barreira dos seus adversários. O Internacional que se bateu com ardor, viu, entretanto, as suas cargas finais inutilizadas por arremessos pouco felizes.
No primeiro tempo, o Internacional por meio de um pênalti logrou formar um tento dez minutos antes de apitar o juiz. No segundo tempo, o Botafogo, atuando com maior eficiência, marcou o gol
de empate em consequência de um corner. De modo geral prevalece a opinião de que as duas equipes não demonstraram na liça as suas qualidades que se poderiam haver afirmado mais brilhantemente.
No primeiro tempo destacaram-se do Botafogo Martins, Sylvio e Rodrigues. No segundo, Octacílio e Martins. Neste tempo Rogério substituiu Nena e Octacílio, Juca. A numerosíssima assistência fez entusiástica ovação ao players cariocas, tanto à entrada como à saída do campo.
Fonte: Diário da Noite (RJ), 22/06/1931, ano 1931, n. 528, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/221961_01/6594. Acesso em: 06 nov. 2024.

A CHEGADA DA MISSÃO DO BOTAFOGO
Desde ontem pela manhã, Porto Alegre hospeda a distinta missão do valoroso campeão carioca — Botafogo Foot-Ball Club.
A visita do expoente do maior centro desportivo do Brasil é sobremaneira simpática para os gaúchos, pois além de vir demonstrar o progresso do foot-ball da capital da República, é o mensageiro de fraternidade dos irmãos do norte.
A chegada do Botafogo
O paquete “Araçatuba”, no qual viajava a missão carioca, amanheceu em nosso porto.
Às 7 1/2 horas deu-se o desembarque dos visitantes, sendo recebidos pelos representantes oficiais do desporto local e por numerosos desportistas.
Em seguida se transportaram ao Bar Americano, onde se acham hospedados.
Os nossos distintos visitantes lhe têm sido muito visitados.
A ansiedade pela partida
Conforme antecipamos, a ansiedade para o desfecho da luta,entre cariocas e gaúchos era indescritível. Todos faziam previsão sobre o valor, a técnica e a energia do quadro visitante.
Por todos os recantos se ouviam comentários.
Muito antes da hora marcada para a partida preliminar, começou o movimento para o arrabalde do Menino Deus. Era a ânsia de tomar um bom lugar para assistir o desenrolar da grande peleja.
Bondes, ônibus e autos despejavam, de momento a momento na rua Silveiro, numerosas pessoas, inclusive senhoras e senhoritas.
Quando se iniciou o embate preliminar, as dependências do vasto Estádio dos Eucaliptos já se achavam quase completamente tomado.
A preliminar
O jogo destinado a fazer tempo para a peleja principal, foi entre os teams secundários do Grêmio e Concórdia.
Esse embate decorreu bastante movimentado e teve fases que o público aplaudiu com calor.
Era o começo para a formidável torcida que se avizinhava.
Venceu o team do Concórdia por 2 contra 1.
A espera
Terminada a preliminar, o povo mostra extraordinária ansiedade para o desenrolar da pugna principal.
Todos os olhares se fixavam para a entrada principal.
Pouco depois das 15 horas os rapazes do Botafogo chegaram ao estádio.
Ao serem divisados pela multidão, foi um delírio de palmas e vivas.
A homenagem do Botafogo aos gaúchos
A seguir, os botafoguenses fizeram a entrada em campo.
Carregando uma grande bandeira riograndense, segurando-a nas pontas da frente os chefes da missão, seguido dos jogadores. Trajavam um casaco preto e bombachas.
Assim formados, percorreu todo o campo, sendo alvo de ensurdedoras salvas de palmas e vivas.
Oferecimento de corbeilles
Reunidos no centro do campo os jogadores dos dois quadros, o capitão dos colorados, após breves palavras ofereceu duas belas corbeilles ao seu colega carioca.
Após batidas várias chapas, o juiz trila o apito chamando os degladiantes se apresentam. Feito o sorteio dos campos, o Botafogo escolheu o gol de cima, ficando os locais no gol dos fundos.
Em seguida alinham-se os quadros:
BOTAFOGO:
Sylvio
Povoas — Roiz
Affonso — Martin — Bene
Alvaro — Juca — Carola — Nena — Celso
INTERNACIONAL:
Penha
Miro — Risada
Ribeiro — Magno — Moreno
Nene — Jawel — Alfredo — Honorio — Ricardo
O cronometrista
Antes de se iniciar o jogo, o chefe da missão dos visitantes faz gentil convite ao Dr. Octavio Telles de Freitas, presidente da Federação Rio Grandense de Desportos, para servir de cronometrista, o que foi aceito.
O jogo
Precisamente às 15,30 horas, ouvia-se o apito para o início do jogo.
Alfredo, centro local, movimenta a esfera, tentando o primeiro avanço sem resultado.
A esfera vai a Carola e este a manda ao ágil extrema Celso, intervindo Miro para arredar o perigo.
Os cariocas persistem, Juca obriga o goleiro Penha a entrar em ação.
Os colorados reagem pela direita e Nenê dá um possante tiro, o que dá lugar à primeira defesa de Sylvio.
Em novo avanço dos locais, o árbitro cobra foul contra o Botafogo. Miro bate e Javel emenda, fazendo Sylvio nova pegada.
A linha colorada, muito bem amparada pelos médios, faz seguidas incursões no campo contrário, pondo em cheque o gol de Sylvio, onde se destaca o back Povoa.
Os cariocas atacam pelo centro e Celso em posição off-side prejudica um bom arremesso.
O jogo se conserva por momentos no centro do campo.
A seguir, os colorados atacam com ímpeto. Javel entra na área em boas condições, sendo calçado pelo back Roiz.
O árbitro marca a pena máxima.
Honório foi destacado para cobrar a falta, fazendo-o com perícia, consegue o gol do Internacional.
Palmas e vivas. estrugem por todo o campo, saudando o feito do capitão da turma local.
Reiniciada a partida, os cariocas, avançam o Carola dá  violento tiro que vai de encontro à trave.
As duas defesas trabalham com acerto, enquanto as linhas atacantes se mostram algo desarticuladas, principalmente a do Botafogo.
Nenê carrega pela direita, passando a Jawel e este força Sylvio a uma linda defesa.
Moreno faz foul. Martim atira e Penha intervém. Novo avanço carioca força boa defesa do goleiro local.
Os colorados reagem fortemente, forçando Sylvio a duas ótimas defesas.
Se registram várias faltas, o que tornou o jogo um pouco moroso.
Martim se mostra bom atirador em goal, não perdendo ocasião de o fazer.
Há um avanço carioca com boa combinação de cabeça, porém, rematado alto, indo a bola por cima do trave.
Registra-se um foul de Affonso, e Moreno força Sylvio a boa defesa.
Os locais avançam seguidamente, pondo em cheque o campo adversário. Nenê e Jawel perdem ótimas oportunidades.
Sylvio defend um bem dirigido tiro de Nenê.
Um foul de Alfredo prejudica boa avançada colorada, dando ensejo a um perigoso ataque dos botafoguenses, fazendo Risada ótima tirada.
Rothfuchs escapa e só diante do gol contrário atira por fora.
Os colorados avançam com impetuosidade. Jawel dá um bom passe para Ricardo, perdendo este nova ocasião de aumentar o score para o seu bando.
O Botafogo substitui Nena, entrando em seu lugar o player Rogério.
Celso escapa, centrando fora.
Novo avanço carioca é rematado por Carola em tiro alto.
Ricardo força ótima defesa de Sylvio.
O Botafogo ataca e Miro defende mal, praticando Penha a sua melhor defesa.
O Internacional ataca e força o primeiro corner, não chegando a ser batido devido ao apito do cronometrista que dava por terminada a primeira fase da peleja.
O resultado era então o seguinte:
INTERNACIONAL - 1
BOTAFOGO - 0
No segundo período o Botafogo faz nova modificação, entrando Octacílio no lugar de Juca.
O 2º tempo
A partida se reinicia às 16,30.
Este período de luta foi, na maioria dos 40 minutos, favorável aos locais. Atacaram muito, porém, faltou-lhes sorte.
Ha um avanço colorado e o Botafogo concede corner. Nenê bate e Magno dá forte cabeçada, indo a bola por cima da trave.
Os colorados se firmam nas jogadas, dando insano trabalho à defesa visitante, destacando-se nela Sylvio, Povoas e Bene.
Continuando a atacar, Ricardo atira violentamente e a bola bate na trave.
Os cariocas fazem um avanço e Octacílio é considerado off-side.
Continuando a atacar com denodo o campo contrário, os colorados, forçam os cariocas a um corner, que cobrado pelo ponteiro Ricardo e emendado por Honório, dá ocasião a uma linda defesa de Sylvio.
Os cariocas avançam e Risada conjura.
Os colorados avançam seguidamente, dando exaustivo trabahho à defesa carioca.
Numa dessas avançadas a bola vai à rede de Sylvio, porém, o árbitro não consignou o ponto, por julgar que ela houvesse saído fora antes.
Aos 37 minutos, os cariocas tentam um ataque e o árbitro cobra
foul dos locais. Bene bate e resulta corner.
Celso cobra com maestria, indo a esfera às mãos de Penha, que a deixa escapar e Álvaro aproveita para fazer o gol de empate.
O povo aplaude o feito do ponteiro carioca.
Minutos depois findava a grande liça com o resultado abaixo:
INTERNACIONAL - 1
BOTAFOGO - 1
Apreciações
O quadro do Botafogo, em conjunto, não apresentou o jogo que era de esperar.
Talvez o cansaço da longa viagem influísse fortemente para a pouca eficiência.
Individualmente, a nossa opinião é a seguinte:
Sylvio foi a primeira figura do quadro; fez defesas extraordinárias e se mostrou um perfeito conhecedor da posição.
Povoa, capitão da turma, é um excelente back. Calmo e firme nas rebatidas.
Seu companheiro Rodrigues o secundou bem.
Na linha média, Martin e Benevenuto são os melhores. Martin é excelente defensor e ótimo auxiliar do ataque. Affonso se nos afigurou fraco e emprega jogo violento.
No ataque, Carola e Celso foram os melhores. Juca, Nena, Álvaro e Octacílio atuaram discretamente.
— Quanto ao team local, confirmou plenamente as previsões.
A defesa esteve na altura. Um dever de justiça manda destacar a atuação brilhante de Miro, Ribeiro e Magno. Penha, Risada e Moreno se portaram bravamente.
A linha não correspondeu à defesa. Honório e Rothfuchs foram os que mais se salientaram, apesar deste não saber aproveitar os magníficos cortes e passes do seu companheiro. Alfredo, moroso e pouco preciso nos passes; Javel, sem companheiro, pouco fez; Nenê foi um ponteiro regular.
O juiz
Atuou à partida o player do Bancário, Walter Leal.
Foi defensor do clube visitante e árbitro oficial da Amea.
A atuação de s. s. não se pode classificar de ótima, mas no entanto agiu honestamente.
Teve falhas e indecisões na marcação de certas faltas.
Confraternizando
Terminado o jogo, os rapazes do Botafogo abraçaram os jogadores do Internacional, num belo gesto de confraternização.
Um colega
Acompanha a missão, na qualidade de representante da Associação de Cronistas Desportivos do Rio, o nosso colega Issac Moutinho, da “À Patria”.
O lugar destinado à Imprensa
O Dr. Ildo Meneghetti mandou colocar dentro do campo, junto à pista que circunda o gramado, diversas mesas e bancos para os representantes da imprensa, a fim de que eles pudessem, assim, melhor acommodados, acompanharam o desenrolar da partida.
Fazemos votos que o gesto do esforçado presidente do Internacional seja imitado pelos demais clubes.
O serviço de transportes para o Menino Deus
A Companhia Carris Porto Alegrense fez correr, ontem, para o arrabalde do menino numerosos carros que transportaram, uma média de 20.000 pessoas.
Além dos bondes, trafegaram para aquele arrabalde 15 ônibus.
A assistência e a renda do match
A multidão que presenciou a grande peleja de ontem foi calculada em 12.000 pessoas.
A renda alcançou a 35 contos.
TARDE DESPORTIVA
FoI, sem dúvida, uma linda tarde de desportos a que assistimos ontem, no “Estádio dos Eucaliptos”.
Todas as acomodações tomadas, e as “incomodações” também.
Os morros das imediações estavam apinhados de gente, pareciam as pessoas que cobriam os morros, olhadas de longe, garapinhas coloridas na cabeça das montanhas.
Que poderiam ver daquela distância onde estavam!!! Nada! Nenhum detalhe do Jogo. Apenas homens minúsculos como formigas, movimentando-se muito longe num plano verde, lá embaixo...
No entanto ninguém arredou pé. Ficaram até o fim.
As laranjeiras dos encostas próximas estavam cobertas do frutos estranhos, grandes e escuros como melancias, misturadas com as laranjas douradas e pequenas.
Eram cabeças de homens que observavam o grande embata desportivo do alto de suas tribunas vegetais. Defesa, em todo caso! Economizaram uns mil réis...
Dentro da vasta praça de desportos do “Internacional” não havia lugares vazios. Milhares de pessoas!
Entra o “team” do Botafogo com a bandeira gaúcha desfraldada. O ar treme e estala sob a comoção de uma chuva de vivas e de palmas... Entra o “Internacional”! Renovam-se os aplausos. Os gaúchos oferecem flores aos cariocas. O fotógrafos agridem os “teams”...
Os filmadores de “linha estendida” com os retratistas dão a impressão de que pretendem fuzilar os quadros contendores. Giram as manivelas de suas máquinas, fazendo-se funcionar num repiqueteio de metralhadoras...
Vem o juiz! Sorteiam os campos, alinham-se os 22"...
Cai de chofre um silêncio nervoso sobre a assistência, como se houvesse uma síncope coletiva, ou tivesse caído a tampa do céu.
O Juiz apita. Move-se a esfera. Passa um circuito pela multidão!
Gritos e palmas! Aplausos e apelos!
E na melhor confraternização termina o match, 1 x 1, e os rapazes se abraçam, felicitando-se mutuamente...
Um grande embate, num ambiente de franca cordialidade!
Internacional e Botafogo! Parabéns!
V. N.
A palavra do presidente da missão carioca
Aproveitando uma visita ao Bar Americanos, pedimos a opinião do ilustre Dr. Alarico Maciel, chefe da missão visitante, que teve a gentileza de escrever o seguinte:
— Tenho imenso prazer em falar ao ilustre representante da “A Federação”, o autorizado e tradicional órgão da imprensa brasieira.
É com a mais viva satisfação que o Botafogo aporta no glorioso R. G. do Sul numa demonstração de cordialidade.
O Botafogo aqui veio, apenas trazer o testemunho do seu afecto belo generoso povo dos pampas, sem outros intuitos, senão, o da confraternização desportiva.
Fiquei deslumbrado — este é bem o termo — com a formosa cidade de Porto Alegre. Conheço todo o Brasil e posso lhe afirmar que esta linda cidade coloca-se num plano de rivalidade de Rio e S. Paulo, caminhando na vanguarda das demais capitais brasileiras.
A embaixada do Botafogo está satisfeita com a acolhida carinhosa que aqui teve, confirmando, assim, integralmente a tradicional hospitalidade gaúcha.
Sobre o jogo, tenho a lhe dizer, inicialmente, que o Botafogo está satisfeito pela impecável linha de disciplina em que o mesmo decorreu.
A parte técnica foi grandemente prejudicada pelo nosso cansaço da viagem. O prezado amigo deve compreender o que é jogar uma partida de foot-ball depois de cinco dias a bordo de um vapor que balançou e trepidou extraordinariamente, como o "Araçatuba", sem ter um repouso, pelo menos, de 12 horas! Quase todos os jogadores enjoaram. Chegamos às 8 horas e jogamos às 3 horas! Aliás, eu só consenti à realização da partida tendo em vista e prevendo o prejuízo incalculável que causaria a sua transferência e como uma homenagem ao Internacional e ao acolhedor povo desta nobre terra, mesmo porque, como já lhe disse, o Botafogo aqui veio numa alta missão de cordialidade. Assim sendo, por estes justos motivos, o team do Botafogo não pôde exibir uma técnica apreciável. Vários jogadores no intervalo do jogo pediram-me para sair, pois ainda tinham a impressão de estarem a bordo. O team jogou mal, o que espero melhorar nos jogos subsequentes, apesar de desfalcado dos melhores elementos.
Sobre o team do Internacional, gostei extraordinariamente do seu conjunto e ao entusiasmo com que joga. Merecia mesmo ganhar o jogo. Tem três elementos notáveis: Risada, Magno eRibeiro. A linha de forwards é ligeira e perigosa. O seu quadro pode ser equiparado às boas equipes da capital da República e de São Paulo.
Fiquei também, — como toda a embaixada — profundamente sensibilizado com as manifestações de simpatia daquela formidável assistência, gentil e educada. O gaúcho torce com moderação e sem excessos, numa demonstração de alta compreensão do que é o esporte.
O juiz achei-o fraco para um jogo movimentado, mas foi bem intencionado, honesto e procurou ser imparcial.
Resta-me agradecer, por intermédio do seu jornal, as homenagens prestadas pelo povo riograndense à embaixada do Botafogo, e pelas suas brilhantes colunas é de afirmar que se o minuano soprar glacialmente, o team carioca fará uma exibição melhor da sua técnica nos próximos jogos.
A palavra do capitão colorado
Com o intuito de obtermos uma palava do capitão colorado Honório, o procuramos hoje, indo à sua residência, onde nos recebeu amavelmente.
Por essa ocasião inquerimos o festejado meia-esquerda e capitão atual do seu bando, o que pensava sobre a jogada de ontem.
Honório, com maneiras delicadas, respondeu resolutamente o nosso pedido, dizendo:
"A partida de ontem me deixou uma grata recordação, dada a camaradagem dos jogadores do Botafogo".
Prosseguindo, Honório adiantou:
"Quanto aos jogadores botafoguenses, são excelentes, a par de um ótimo conjunto, o que deu insano trabalho à nossa defesa.
Quero dizer ainda, que no quadro do Botafogo se destacam, como principais figuras, Sylvio, Povoa, Benevenuto, Martin e o centro atacante, que apesar de moço é um jogador de muito futuro.
Confésso aos srs. que nunca experimentei uma harmonia tão completa como a de ontem.
Deixo, pois, aos rapazes do Botafogo, os meus  agradecimentos em nome do “onze” colorado".
A palavra do presidente da Amgea
“Prevejo dias de glória para o desporto gaúcho na jornada da semana próxima”, foram minhas palavras ao “Diário de Notícias” de domingo e elas se confirmam;
Botafogo, embora não apresentando jogo brilhante, como era de esperar, demonstrou que faz uso de técnica o que a ela está habituado. Penso não ser o comum o seu jogo de ontem. Quarta-feira próxima ele revelará todo o seu valor esportivo.
Guardião bom. Centro medio esplêndido.
Colorados surpreendentes.
Enfim, entramos no regime da técnica, da cooperação, do esforço, do trabalho e conjunto.
Vibrei com os colorados.
Eles são bem nossos.
Representaram-nos dignamente.
22-6-31
Tenente Athanasio Belmonte
A palavra do capitão carioca
Hoje, pela manhã, estivemos no Bar Americano, onde se hospeda a embaixada do Botafogo, a fim de colhermos as impressões de Octavio de Menezes Povoa, capitão da esquadra visitante.
Recebidos gentilmente pelo distinto player, pedimos as suas impressões sobre o grande embate de hontem.
Começou dizendo que o Botafogo já sabia que o Internacional possuia um "onze" respeitável e de muito valor.
Disse mais, que o Botafogo entrou no campo convicto de que ia se encontrar com jogadores de respeito.
Daí o esforço despendido por si e seus companheiros.
Interpelado sobre os melhores do quadro colorado, o capitão do Botafogo respondeu resolutamente:
"As figuras principais do Internacional foram: na defesa Miro, Magno e Ribeiro, e no ataque, Honório, Nenê e Javel, sendo que o Honório é mais
produtivo e enérgico".
Depois de palestrar longamente com o nosso companheiro, Povoa, apreciando os demais, disse:
"Sobre o jogo do arqueiro Penha, nada posso dizer, pois poucas vezes foi chamado para defender o seu posto.
Adianto, porém, que é firme e será um grande goleiro. Risada já o conhecia. Esteve bom.
Moreno um pouco pesado, tendo, por vezes, prejudicado os seus companheiros.
Alfredo, regular, porém, bastante auxiliador dos meias.
Rothfuchs é um jogador que promete, pois é ligeiro, enérgico e corre muito.
Tem todos os predicados de ponteiro, pois é muito perigoso.
Enfim, tive uma magnífica impressão do quadro do Internacional.
Peço ao amigo", disse rematando a palestra, "acrescentar que no jogo de ontem, não houve o menor incidente com os nossos jogadores, o que demonstra a disciplina do Internacional e dos jogadores gaúchos".
Despedinhdo-nos, o interpelamos sobre o quadro que vai jogar contra o Grêmio, ao que respondeu que a defesa será a mesma. Quanto ao ataque, haverá modificações.
Fonte: A Federação (RS), 22/06/1931, ano 1931, n. 145, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/69262. Acesso em: 05 nov. 2024.

O REGRESSO DA MISSÃO DO BOTAFOGO
A saudação do Botafogo
“A Embaixada Esportiva: do Botafogo. F. B. C., deixando hoje esta terra boa e hospitaleira, despede-se por intermédio da gloriosa “A Federação” do generoso povo gaúcho com saudoso abraço.
Porto Alegre, 1 julho 31.
Alarico Maciel,
Chefe da. Embaixada”.
O embarque da missão
Depois de uma estadia de dez dias entre nós, embarcou, hoje, à bordo do “Itanagé”, de regresso ao Rio de Janeiro, a distinta missão visita crie raízes e produza os frutos esperados.
Banquete em homenegem à missão do Botafogo
De acordo com o programa de festejos organizado em homenagem ao glorioso Botafogo Foot-Ball Club, realizou-se, ontem, no Bar Americano, o banquete que o Internacional e o Grêmio, ofereceram à embaixada carioca.
Às 20 horas, mais ou menos, teve início a festa, transcorrendo a mesma num ambiente de cordialidade e alegria.
Oferecendo o banquete, falou o Dr. Paulo Hesker, que produziu um lindo e aplaudido discurso.
Agradeceu o Dr. Alarico Maciel, chefe da embaixada.
Fonte: A Federação (RS), 03/07/1931, ano 1931, n. 155, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/69324. Acesso em: 05 nov. 2024.

O PRIMEIRO JOGO DO BOTAFOGO NA CAPITAL GAÚCHA
A TURMA CARIOCA QUE CHEGOU PELA MANHÃ, JOGOU COM O INTERNACIONAL, EMPATANDO DE 1x1
O Botafogo disputou anteontem o seu primeiro jogo em Porto Alegre, contra o Internacional F. Club. Os rapazes cariocas chegaram pela manhã e tiveram que jogar à tarde, pelo que não produziram muito. Contudo empataram, de 1 x 1 com o Internacional. Os quadros foram os seguintes:
Botafogo — Sylvio; Povoas e Rodrigues; Affonso, Martim e Benevenuto; Álvaro, Juca, Carola, Nena e Celso.
Internacional — Penha; Miro e Risada; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rotfhuchs.
Javel na 1º fase fez com um tiro livre o unico ponto do Internacional. O Botafogo empatou no período seguinte por intermédio de Álvaro.
Fonte: O Jornal (RJ), 23/06/1931, ano 1931, n. 3872, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/110523_03/8574. Acesso em: 05 nov. 2024.

O BOTAFOGO F. C. EM PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE, 21 — Perante grande assistência, calculada em 20.000 pesscas, realizou-se hoje o encontro entre o Botafogo, do Rio, e o Sport Club Internacional, desta cidade. Os teams apresentaram-se assim organizados:
Botafogo: Sylvio; Povoas e Rodrigues; Affonso, Martim e Bene; Álvaro, Juca, Carola, Nena e Celso.
Internacional: Penha; Miro e Risada; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rothuchs.
No primeiro tempo, Javel conseguia o 1º ponto dos locais, batendo um pênalti, e Álvaro empatou a contagem no final da partida. — (J. do C.)
Fonte: A Federação (RS), 22/06/1931, ano 1931, n. 148, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/364568_12/10638. Acesso em: 05 nov. 2024.

O BOTAFOGO EMPATOU COM O INTERNACIONAL DE PORTO ALEGRE
Em Porto Alegre, no campo dos Eucaliptos, fez o nosso Botafogo a sua estreia contra o Internacional. A luta foi movimentada e ofereceu magníficos aspectos técnicos, sendo figuras destacáveis no quadro desta capital os players Sylvio, Póvoas, Rodrigues e Benevenuto.
No final da partida o placar anunciava um empate de 1 x 1, sendo o goal do Internacional conquistado de pênalti e o do Botafogo pelo ponta direita Álvaro ao receber a bola de um corner dos locais que foi magistralmente batido por Celso.
A linha botafoguense agiu morosa e, desarticuladamente, pouco produzindo. Os do Internacional atuaram bem, destacando-se o center-half Magno, o back Risada e o forward Honório.
Os teams eram estes:
BOTAFOGO — Sylvio; Povoas e Rodrigues; Affonso, Martim e Bene; Álvaro, Juca, Carola, Nena e Celso.
INTERNACIONAL — Penha; Miro e Risada; Ribeiro Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rothfuchs.
Fonte: A Batalha (RJ), 23/06/1931, ano 1931, n. 450, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/175102/3614. Acesso em: 05 nov. 2024.

O PRIMEIRO EMBATE DO BOTAFOGO NO RIO GRANDE DO SUL
Como o descreve nosso correspondente especial, Dr. Alarico Maciel, chefe da delegação:
PORTO ALEGRE, 22 (Do nosso correspondente especial, Dr. Alarico Maciel) — Cerca de 20.000 pessoas, concorrencia formidável em relação às habituais, comprimia-se no campo dos Eucaliptos, a fim de assistir ao jogo entre o Botafogo e o Internacional.
Quando o Botafogo — que foi o primeiro a pisar o gramado — entrou no field, coberto com a bandeira gaúcha, a assistência vibrou na maior das aclamações que há memória, na história do football.
Serenadas as palmas e os “hurrahs”, alinharam-se os teams nessa ordem:
BOTAFOGO — Sylvio, Póvoas e Rodrigues; Affonso, Martin e Benevenuto; Álvaro, Juca, Carola, Nena e Celso.
INTERNACIONAL — Penha; Mario e Risada; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Rothfuchs.
A saída, às 15,30, coube ao Internacional, que assediou logo o gol do Botafogo, mostrando melhor combinação que os cariocas, que estavam morosos e desarticulados. Os locais realizam uma incursão pela direita e Javel, correndo sobre a bola, é trancado por Póvoas. O juiz pune o Botafogo com um pênalti, o que redunda no 1º gol da tarde, batido por Honório.
Os visitantes reagem, porém, nada conseguem, pois os gaúchos estão firmes na defesa do seu onze. Pouco depois, termina o 1º tempo com a vitória dos locais por 1 x 0. Na 2º fase o Botafogo substitui alguns jogadores, entrando Rogério e Octacílio. O match decorreu um tanto monótono, limitando-se os teams a ações defensivas. Num rasgo do Botafogo, Celso centrou rente às traves e Álvaro, numa entrada oportuna empata a partida. Faltavam três minutos para acabar e, com um empate de 1 x 1, terminou o jogo.
IMPRESSÕES
Foi do ponto de vista téchnico, muito falho, o jogo tanto dos cariocas como dos gaúchos.
Quanto ao Botafogo, posso afirmar que não desenvolveu, ele, nem 50% de sua “performance” habitual. O team gaúcho foi, também, um conjunto medíocre, que não soube se aproveitar do desmantelo do adversário. Limitou-se ele, obtido o ponto, a defender-se, caindo todos à retaguarda.
Dos cariocas, Sylvio foi o melhor, seguido de Rodrigues, Octacílio e Póvoas. Os demais, fracos.
Dos gaúchos, Magno, Javel e Risada e Honório se destacaram.
A ASSISTÊNCIA
Muito entusasta e muito gentil. Os gaúchos, nos seus aplausos, não viam cariocas nem gaúchos.
Aliás, os jogadores portaram-se com muita disciplina e cavalheirismo. Por esse lado, o jogo foi magnífico.
O Botafogo ressentiu-se muito da viagem, tendo seus jogadores feito um verdadeiro sacrifício em jogar.
Só consentiu no match, atendendo a que o Internacional teria grande prejuízo com a não realização do mesmo. [...]
Fonte: Jornal dos Sports (RJ), 23/06/1931, ano 1931, n. 086, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/112518_01/367. Acesso em: 05 nov. 2024.

O EMPATE DO BOTAFOGO COM O INTERNACIONAL, DE PORTO ALEGRE
O Botafogo, desta capital, enfrentou, domingo, o Internacional, de Porto Alegre, em uma partida que terminou empatada de 1 x 1.
Foi calculada em 20.000, pessoas a assistência deste jogo.
Fonte: Diário Carioca (RJ), 23/06/1931, ano 1931, n. 916, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093092_02/5280. Acesso em: 06 nov. 2024.

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