ASSOCIAÇÃO PORTO ALEGRENSE DE DESPORTOS - JOGOS DE DOMINGO PRÓXIMO
Serie A
Internacional x Porto Alegre — No campo do Internacional, à Rua José do Alencar. [...]
S. C. Internacional
Recorrendo do ato da diretoria da A. P. A. D., que suspendeu os jogadores Lampinha, Ribeiro e Barros, esse clube vai submeter ao julgamento do Conselho Deliberativo — ao que se diz — a legalidade daquele ato.
Para tanto, será necessario que o clube recorrente faça acompanhar o recurso da importância de 50$000 — conforme exige o artigo 40 — letra D, dos estatutos da A. P. A. D.
F. B. C. Porto Alegre
Segundo informações, o team que vai jogar no próximo domingo contra o Internacional terá a seguinte organização:
Lara
Mastrotti — Cabillon
Delvaux — Andrade — Marroni
Linhares — Mingo — Vaninho — De Lorenzi — Nenê
Fonte: A Federação (RS), 22/06/1928, ano 1928, n. 144, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/64142. Acesso em: 11 set. 2024.
OS MATCHES DE AMANHÃ
A permanecer o mau tempo, que não tem dado tréguas esta semama, os jogos marcados para amanhã serão prejudicados ou adiados.
Já no último domingo os campos aonde efetuaram partidas de foot-ball se achavam em condições impraticáveis.
Estarão pior amanhã, certamente, uma vez que no decorrer de semana o tempo só tem piorado.
Quer nos parecer, entretanto, que o campo do Internacional, que é arenoso e que seca mais depressa que os demais, permitirá se realize o jogo "colorado" e "alvi-verde" — aliás a melhor partida marcada para amanhã, para consolo dos aficcionados desse esporte.
Internacional x Porto Alegre
No campo do primeiro, se o tempo melhorar, será disputada, à tarde, mais uma partida deteriminada pelo "carnet" da A. P. A. D.
Os teams, salvo modificação de última hora, deverão ser os seguintes:
Internacional:
1º quadro
Bard
França - Grant
Travi - Moreno - Hermes
Nenê - Miro - Ross - Costa - Gatti
Ponto Alegre:
1º quadro
Lara
Mastrotti - Cabillon
Delvaux - Andrade - Marroni
Linhares - Mingo - Vaninho - De Lorenzi - Nenê
Fonte: A Federação (RS), 23/06/1928, ano 1928, n. 145, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/64149. Acesso em: 11 set. 2024.
CITADINO 1928 - 1º TURNO - INTENACIONAL 3 X 7 FC PORTO ALEGRE
Data: 24/06/1928
Local: Chácara dos Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Juiz: Ernesto Fortes
Gols: Donaldo Ross, pênalti ?’/1 (I); Hugo 25’/1 (F); Danico 30’/1 (F); Mingo ?’/1 (F); Moreno ?’/1 (I); Donaldo Ross 3’/2 (I); Morelle 15’/2 (F); Mingo 27’/2 (F); Mingo 35’/2 (F); Danico, pênalti 38’/2 (F).
INTERNACIONAL: Job; Miro e Grant; Travi, Moreno e Hermes; Nenê, Vanzetto, Donaldo Ross, Costa e Gatti.
FC PORTO ALEGRE: Ammes; Mastrotti e Linhares; Delvaux, Andrade e Ludovico Marroni; Hugo, Danico, Morelle, Mingo e Vaninho.
SURPREENDENTE VITÓRIA DO PORTO ALEGRE POR 7 GOLS CONTRA 3 DO INTERNACIONAL
A semana toda de chuva, de muita chuva com trovoadas e enchentes, fazia supor que não pudesse encerrar-se com um domingo de sol, claro e aprazível, feito especialimente para uma tarde de esporte.
Todas as conjecturas, inclusive as nossas, opinavam por um domingo intolerável. Puro engano. Todos erramos nessa profecia — tanto que o domingo, bem adequado à prática do foot-ball, foi um domingo com temperatura mais que fresca, sedutoramente esportivo, beneficiado, ainda, com a ausência do vento, quase sempre importuno e prejudicial ao jogo.
Não nos admiremos, pois, que nos "grounds" afluíssem uma assistência numerosa, impaciente e entusiástica. A temperatura baixa provocava dessas reações.
E, daí, certamente, a intolerância pelas falhas dos jogos — tanto no campo do Internacional como no do Ruy Barbosa — e, manda a justiça que se diga, mais das vezes por culpa dos juízes que atuaram pessimamente aquelas partidas, aliás, as melhores do dia — o Sr. Ernesto Fortes, do S. José — e Sr. Guaracy Fontoura, do Grêmio. Do primeiro, entretanto, mais devem avultar as queixas — por se saber um juiz competente. Sendo assim, é justo atribuir-se a uma simpatia por um dos quadros disputantes, a sua condescendência mais que tolerante.
Feito este ligeiro reparo, procuraremos ser o mais sintético possível, sem prejudicar o que vimos e o que pudéssemos descrever.
Internacional x Porto Alegre
Este jogo, considerado o melhor da tarde, dado o equilíbrio de forças, atraiu as preferências do público que, cedo, rumou a caminho da Chácara dos Eucaliptos — local determinado pelo carnet.
A tarde esportiva teve início, então, com o jogo dos 2ºs teams.
(Internacional)
Heraclides
França - Ulderico
Egydio - Salvador - Nancy
Waldemar - Sylvio - Olympio - Moca - Magno
(Porto Alegre)
Adão
Centeno - Granja
Babá - Cunha I - Valentim
Quincas - Seibert - Cunha II - Adroaldo - Dant
Equilibradas as forças, essa partida finalizou com um empate de um gol para cada clube — apesar dos esforços de cada team pela conquista da vitória.
Após a conclusão desse match, deram entrada no campo os 1ºs teams
(Internacional)
Job
Grant - Miro
Travi - Hermes - Moreno
Vanzetto - Nenê - Ross - Costa - Gatti
(Porto Alegre)
Ammes
Mastrotti - Linhares
Marroni - Andrade - Delvaux
Hugo - Danico - Morelle - Mingo - Vaninho
A ausência de Lara e de Nenê causou surpresa e provocou pressentimentos maus no elemento torcedor desse clube — surpresa que mais se avivou por se achar, entre os assistentes, grande goleiro gaúcho.
E nessa expectativa nada tranquilizadora para as hostes porto-alegrenses, o Sr. Fortes, do S. José, deu o sinal de saída, às 4 horas em ponto.
Coube impulsionar a bola o center visitante, que a mandou para os companheiros da direita.
estes escaparam e centraram. Grant devolve a bola aos seus. Ross, recebendo a esfera, escapou célere e praticou repetidos "dribblings", até ir chutar junto ao goal de Ammes. A trave, entretanto, se antepôs à passagem da bola e anulou todo o esforço do valoroso center colorado.
Os do Porto Alegre novamente carregaram contra o Internacional, cometendo Ross, na área perigosa, em foul, que o juiz apita, mas que não confirma, invertendo a penalidade num free-kick contra o Porto Alegre.
Este é batido.
A ala esquerda do Internacional foge em direção dos visltantes acompanhada de toda a linha atacante.
Delvaux, half direito do Porto Alegre, clara e insofismavelmente, visto por quanto ali estiveram, interceptou o centro da esquerda com uma feliz cabeçada — mas o juiz, sem mais preâmbulos, puniu com um pênalti aquela jogada.
A assistência protestou, os jogudores explicaram e o juiz não os atendeu.
Ross bateu a penalidade, que resultou no 1º gol do Internacional.
Em seguida a esse feito, depois de ingentes esforços de parte na parte — pois os dois quadros se degladiam com ardor, dignos um do outro — Hugo, recebendo um passe de Vaninho, aos 25, minutos de jogo, no canto direito, após [...] tentar uma extrema defesa, conseguiu, com shoot certeiro, marcar, também, o 1º gol do Porto Alegre.
Cinto minutos depois desse gol, coube a Vaninho se aproveitar de uma fraca defesa de Job, — que ao defender um shoot de Danico, deixou que a bola se lhe escapasse das mãos — para conseguir, fracamente, o 2º gol do Porto Alegre.
Não demorou muito tempo, as torcidas do team local sofreram uma nova decepção, por culpa, diga-se, da [...] que ontem se assenhorou do esforçado goleiro colorado.
Mingo, o minúsculo forward do Porto Alegre, aproveitando uma inoportuna saída daquele goleiro — do que, aliás, abusou demais — conseguiu, habilmente, o 3º gol do Porto Alegre.
Pouco antes de finalizar a primeira parte da partida, Mingo cometeu um "hands", sendo punido com o free-kick.
Moreno bateu a falta a 40 jardas, e com surpresa agora, aninhou a esfera no gol de Ammes, marcando, dess'arte, o 2º gol do Internacional.
Estava prestes a terminar o tempo e Travi, próximo do juiz, incorreu numa penalidade dentro da área perigosa, desviando com o braço o curso da bola.
Terminou, em seguida, o primeiro tempo com a contagem:
Porto Alegre - 3
Internacional - 1
Voltando os teams novamente ao campo, Moreno, que se machucara, trocou de posição com Gatti, indo este para "half" e ficando Moreno na extrema esquerda.
Batido o primeiro corner contra o Internacional, nada resultou.
Logo depois, Costa e Ross organizaram um combinado ataque contra o Porto Alegre. tendo Ross, a poucas jardas, se aproveitando de bom passe de Costa, conquistado, em três minutos de jogo o 3º gol do Internacional.
Estava empatada a partida.
Lutam, de novo, os quadros pela obtenção de mais um tento, que lhes assegurasse a vitória.
E não foi em vão, porquanto, com mais 15 minutos de jogo, Morelle, de uma cabeçada, emendando em passe de Mingo, desempatou a partida, marcando o 4º gol do Porto Alegre.
Nova saída e novas penipécias se registram.
A esse tempo, o juiz observa a Andrade, pelo seu mau humor, atirando a bola para longe, o que fez contrariado por uma decisão injusta do mesmio juiz.
Seguiu a partida — um tanto prejudicada com a atuação de Job — e Mingo, aos 27 minutos de jogo, depois de forte pressão, do team alvi-verde, conseguiu outro ponto, que era o 5º gol do Porto Alegre.
Faltavam cinco minutos para terminar a partida, quando ao mesmo forward coube a sorte de conquistar o 6º gol do Porto Alegre.
É ainda esse jogador a causa indireta de mais um tento, o último para o seu clube, em consequência da penalidade máxima cometida por Grant — quando aquele jogador, escapando, se aproximara demais do gol colorado.
Grant, carregando sobre o forward adversário, praticou um "foul", que, afinal, o juiz, depois de ter deixado passar a tantos, decidiu mandar bater o pênalti — dois minutos, se tanto, antes de terminar a partida.
Danico, escalado para cobrar a infração, conseguiu marcar o 7º e último gol do Porto Alegre.
O juiz em seguida apita, dando por finalizada a pugna com o
seguinte resultado:
Porto Alegre - 7
Internacional - 3
Apreciações
Do P. Alegre foram os melhores, Andrade, Danico, Mingo, Vaninho, Delvaux e Morelle, que debutou com eficiência de jogo.
Do Internacional, os que mais jogaram, a nosso ver, foram Ross, Nenê, Grant, Miro, Travi e Costa, que se esforçou, muito auxiliando ao ataques.
Seu grande insucesso devem unicamente a deficiência da linha de halves e a desastrada atuação de Job.
Ross, Nenê e Grant foram esforçadíssimos pela melhor representação do seu team, não desanimando um só instante, mau grado o resultado do jogo.
Foi, pois, sensível a ausência de Ribeiro, Lampinha e Barros.
Um "sururu" do lado da rua
No decorrer desse jogo, do lado de fora do ground, na rua, os "mirones" — os espectadores clandestinos que não pagam e assistem a todos os jogos — debruçados sobre a cerca no melhor dos seus entusiasmos, foram intimados a descer dali, pelo que se revoltaria contra aquela exigência da polícia administrativa, resultando daí um sério conflito seguido de tiros de revólver de parte a parte.
Finalizou-se o conflito por saírem feridos um menor e um soldado da Carta Geral, e ambos baleados no braço.
A Assistência, comparecendo, removeu os feridos.
Fonte: A Federação (RS), 25/06/1928, ano 1928, n. 146, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/docreader/388653/64167. Acesso em: 11 set. 2024.