17/08/1941 - Citadino 1941 - 1º turno - Internacional 3 x 0 Grêmio

— PORTO ALEGRE, 11 (A. N) — DEVIDO AO MAU TEMPO, não se realizou o “Clássico da Cidade”, entre os quadros do Internacional e do Grêmio Portoalegrense, ficando a referida prova para o próximo dia 15 do corrente.
Fonte: Gazeta de Notícias (RJ), n. 185, 12 ago. 1941, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/103730_07/7506. Acesso em: 19 jun. 2025.

CITADINO 1941 - 1º TURNO - INTERNACIONAL 3 X 0 GRÊMIO
Data: 17/08/1941
Local: Eucaliptos - Porto Alegre (RS)
Renda: 30:000$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Carlitos 9’/1 (I); Carlitos 43’/1 (I); Villalba 15’/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Júlio Ramos; Osvaldo Brandão, Assis e Niquelagem; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy Motorzinho e Carlitos.Técnico: Wolmi Boccorni.
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Walter; José, Noronha e André; Mário, Ivo, Basílio, Foguinho e Duarte. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.

"Júlio reapareceu no Gre-Nal, ocupando o quadrilátero
colorado. A magnífica performance cumprida em Pelotas,
contra o Bancário e sua regularidade nos ensaios,
levaram o técnico dos campeões do Estado a incluí-lo
no team que disputaria, contra os tricolores o primeiro
“clássico” oficial do ano. E Júlio satisfez. Sem ser exigido
em nenhuma intervenção excepcional, o keeper
internacionalista produziu o bastante para justificar a
sua presença no quadro. Acima, vêmo-lo, segurando
firme um arremesso de Duarte.
Fonte: Sport Illustrado (RJ)
"Numerosa assistência encheu completamente o
estádio da rua Silveiro e fez passar pelas bilheterias
importância superior a duas dezenas de contos,
acompanhando o jogo tradicional entre colorados
e tricolores, o “derby” porto-alegrense. O resultado
foi favorável aos diabos-rubros, que, por intermédio
de Carlitos e Villalba, atingiram por três vezes as
redes de Edmundo, conseguindo um triunfo brilhante
sob todos os aspectos. No clichê ao alto, vemos o
1º tento da tarde, assinalado por Carlitos, que
aparece caído, enquanto Villalba, sorridente corre a
felicitar o seu companheiro de quadro. Edmundo,
que mergulhou improficuamente, ergue-se lentamente
do solo, enquanto Tesourinha e André, experimentando
emoções diversas, observam a bola dentro da meta tricolor".
Fonte: Sport Illustrado (RJ)

O INTERNACIONAL VENCEU O GRÊMIO POR 3 A 0
PORTO ALEGRE, 18 (Da Sucursal de A NOITE — O Grêmio de Football Portoalegrense foi derrotado, ontem, no match de campeonato, pelo Internacional por três pontos a zero.
Fonte: A Noite (RJ), n. 10603, 18 ago. 1941, p. 29. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/348970_04/10520. Acesso em: 19 jun. 2025.

CRÔNICA DE PORTO ALEGRE
As expressões máximas do "soccer" gaúcho em competência sensacional
Todos que acorreram ao Estádio dos Eucaliptos sabiam que a partida não seria fácil para o Internacional. Isto porque o Grêmio estava possuído de um grande desejo de reabilitação e de um entusiasmo ímpar. Já por isso, ou talvez por algum outro motivo, grande foi a assistência que se transportou ao longínquo gramado, fazendo passar pela bilheteria a soma recorde do presente campeonato: 30:000$. E esse publico não se enganou. A par das inúmeras sensações que sempre oferece o clássico, houve também, para gáudio de todos, bom foot-ball, principalmente no primeiro tempo, quando o Grêmio, apresentando um association metódico e lúcido, conseguiu tornar o jogo parelho, se bem que não no placar, onde os colorados obtiveram a vantagem de dois pontos. Esta vantagem, o Internacional a conseguiu graças à completa ineficácia da artilharia gremista, que, combinando otimamente no centro do gramado, tornava-se, porém, inofensiva ao aproximar-se da área perigosa. O contrário acontecia com a vanguarda dos rubros. Suas escaladas não eram bem dirigidas, mas em compensação eram perigosíssimas, a ponto de pôr em constante sobressalto a defesa dos tricolores. Dessas escapadas nasceram os dois tentos, ambos espetaculares e de notável precisão.
Para o segundo half-time esperava-se a tradicional reação dos tricolores. Esta começou a se fazer sentir logo nos primeiros instantes, quando o Internacional concedeu dois escanteios consecutivos. Mas, mostrando toda a sua pujança, os defensores das cores rubras cortaram qualquer ação do Grêmio com um tento de Villalba, e ante o descontrole dos tricolores tomaram completamente conta do gramado, não só assinalando mais gols devido a grande atuação de Noronha e Dario. Otimamente apoiados pela intermediária, os atacantes rubros atacam e voltam a atacar, sendo, porém, contidos pelos dois baluartes do Grêmio. E assim o match chegou a seu término com a vitória insofismável do Internacional, espelho justo de sua melhor conduta em campo.
Como já deixamos antever linhas acima, a vitória do Internacional sobre o seu tradicional rival, foi construída moralmente pela intermediária, que com grande precisão apoiou o ataque, onde apenas Carlitos e Villalba apareceram como figuras de mérito. Efetivamente, o center-forward argentino e o mignon ponta-esquerda cumpriram atuações verdadeiramente excepcionais. Aquele segundo tento de Carlitos valeu ao todo por um espetáculo. Villalba foi um condotieri malicioso, hábil e oportunista. Já o mesmo não podemos dizer de Ruy, Russinho e Tesourinha. Os dois ultimos vêm passando por maus momentos, enquanto que se nos pareceu estranha a fraca atuação de Ruy. Na linha média todos jogaram eficientemente, principalmente o eixo Assis que dia a dia vem se firmando como o provável reserva de Noronha no selecionado rio-grandense que concorrerá ao próximo campeonato brasileiro. Brandão e Nick secundaram-no em boa forma. Na parelha de zagueiros tivemos um estreante: Ramos. Achamos ainda cedo fazer qualquer comentário sobre o seu jogo, mas podemos dizer de passagem que não nos agradou a sua atuação.
Talvez para o futuro venha melhorar. Oxalá isso aconteça, pois, trata-se de um elemento jovem e de grande força de vontade. Alfeu foi a grande figura da defesa. Cobriu as lacunas deixadas por Ramos, e precisamente isso aumenta o mérito de sua já notável atuação. Júlio reapareceu no arco e o fez de maneira esplêndida. Não poderia ser melhor a sua rentrée. Enfim, todos contribuíram grandemente para a espetacular vitória do S. C. Internacional.
O Grêmio vem passando horas amargas este ano. Faltam-lhe valores e daí não poder, absolutamente, subsistir um conjunto bom. Salvo uma ou outra apresentação, as demais têm sido fraquíssimas. Ainda contra o seu adversário de todos os tempos, apenas no primeiro half-time apareceu o quadro do Grêmio, pois, que já no segundo, aqueles onze homens nem sequer pareciam ser do "glorioso" de outras épocas. Até mesmo o tradicional sangue lhe faltou. Mas talvez o que vem passando seja apenas passageiro, para gáudio de sua grande legião de torcedores.
Apenas cinco homens podemos destacar no esquadrão do glorioso team do "fortim": Edmundo, Dario, Noronha, Ivo e Foguinho. O eixo foi, sem dúvida alguma, a maior figura do campo. Sem jamais perder o controle ante a fraca atuação dos médios de ala, Noronha monopolizou a atenção da torcida com suas jogadas precisas e de muita técnica. Reeditou a sua grande atuação do ano passado no Estádio de Pacaembu. Edmundo começou um pouco inseguro, mas logo após firmou-se, tornando-se o goleiro que estamos acostumados de admirar. Dario, apesar de veterano, foi o grande baluarte de sempre.
Rebatedor emérito e de ótima colocação, constituiu um dos pontos altos da sua equipe. Foguinho, como sempre, foi incansável do princípio ao fim, tendo Ivo lhe seguido de perto as pegadas. Os demais, com exceção de Duarte, estiveram fraquíssimos.
Alfredo Cesaro foi o juiz. Conduziu-se muito bem, aliás como o vem fazendo desde que atua em nossos gramados.
Depois da partida entre os reservas, em que o Internacional venceu penosamente, nos últimos instantes, por 1x0, conservando-se deste modo invicto e ponteiro da tabela, deram entrada no gramado as equipes principais sob forte entusiasmo do público. Estavam assim constituídas:
Internacional: — Júlio; Alfeu e Ramos; Brandão, Assis e Nick; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos.
Grêmio: — Edmundo; Dario e Walter; José, Noronha e André; Mário, Ivo, Bazílio, Foguinho e Duarte.
Já no primeiro minuto, Carlitos perdeu excelente oportunidade de abrir a contagem, desvaindo por sobre o travessão, uma bola que Edmundo defendera parcialmente de um insinuoso chute de Villalba. Logo após, Bazílio retribuiu a "gentileza" de Carlitos, imitando-o em quase idênticas condições. Aos nove minutos surgiu o primeiro gol: Carlitos, recebendo uma bola que Villalba desviara com a cabeça, acomodou-a no canto inferior esquerdo da meta defendida por Edmundo. Explode a torcida colorada. 1x0 no placar.
O Grêmio reage e, mercê de um jogo de ótimo padrão, permanece no campo adversário durante quase vinte minutos, sem contudo conseguir algo de prático. De vez em vez os rubros efetuam escapadas, sempre perigosas para o arco de Edmundo. Quando faltavam dois minutos para se encerrar a primeira fase, Carlitos recebe a bola no centro do gramado. Corre pela orla do campo sempre perseguido por José. Com dois ou três dribles livra-se do médio tricolor.
Surge Dario que também é enganado. Finalmente, de uma posição dificil, desfere um chute enviesado que atinge as redes meio palmo além da trave. Gol verdadeiramente espetacular! 2x0. Fim do primeiro tempo, logo após ter Bazílio perdido outra excelente oportunidade.
O segundo tempo foi de grande superioridade do Internacional, que já aos quinze minutos cortou qualquer tentativa de reação por parte do Grêmio, com mais um gol, conseguido, aliás, com grande habilidade por Villalba. Com 3x0 contra nada era possível fazer, pensaram os tricolores, e aí veio a debacle geral do quadro, não tendo o score subido graças às intervenções de Noronha, Dario e Edmundo. Findou assim o clássico do foot-ball porto-alegrense, cujo resultado colocou o Internacional novamente na liderança da tabela. [...]
Fonte: Sport Illustrado (RJ), n. 180, 18 set. 1941, p. 8. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/6851. Acesso em: 19 jun. 2025.

Postar um comentário