CITADINO 1941 - 2º TURNO - GRÊMIO 2 X 1 INTERNACIONAL
Data: 19/10/1941
Local: Baixada - Porto Alegre (RS)
Juiz: Osvaldo Jung
Gols: Villalba ?’/1 (I); Duarte 40’/1 (G); Ochotorena ?’/2 (G).
GRÊMIO: Edmundo; Dario e Walter; André, Noronha e Juvêncio; Duarte, Ivo, Basílio, Foguinho e Ochotorena. Técnico: Telêmaco Frazão de Lima.
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Ary; Osvaldo Brandão, Assis e Ávila; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy Motorzinho e Carlitos.
O GRÊMIO VENCEU
Porto Alegre, 20 (“Correio da Manhã") — O Grêmio Portoalegrense venceu o Internacional por 2x1. O Internacional é o primeiro colocado na tabela do campeonato do Estado.
21/10/1941 - Correio da Manhã (RJ), ano 1941, n. 14407, p. 12 - http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_05/9057. Acesso em: 20 jun. 2025.
— Porto Alegre, 20 (A. N.) — Em disputa do campeonato da cidade, o S. José venceu o Força e Luz por 3x0. O S. José colocou-se em terceiro lugar junto ao Grêmio, que ontem venceu o Internacional por 2x1, perdendo este o título de invicto e provocando a realização do turno neutro. [...]
Fonte: Jornal do Brasil (RJ), n. 248, 21 out. 1941, p. 13. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_06/13267. Acesso em: 20 jun. 2025.
CRÔNICA DE PORTO ALEGRE
O Grêmio Porto Alegrense herói de mais uma grande façanha — Derrotado o líder invicto do campeonato da cidade — O que foi a grande partida
Noventa por cento do grande público que compareceu ao fortim da Baixada, inclusive e principalmente toda a grande e numerosa legião rubra, confiava plenamente no triunfo dos diabos rubros sobre os seus tradicionais rivais de todos os tempos: os tricolores. Tendo-se conservado invictos durante toda a temporada, os colorados preparavam-se, para naquela tarde de sol, manifestar todas as suas expansões de júbilo pela conquista do campeonato, que estaria assegurado definitivamente, se vencessem o Grêmio. Este, porém, cônscio de sua grande responsabilidade e fazendo valer todo o seu valor e a sua pujança, demonstrando grande moral e insuperável vontade de vencer, roubou aos rubros um triunfo que era julgado como coisa certa entre os seus milhares de fãs. Efetivamente, nada fazia prever uma vitória do Grêmio. Tendo passado apagadamente por todo o campeonato sem demonstrar nem sequer uma pequena reação, os tricolores, ao apagar das luzes, conseguiram pregar a maior façanha de toda a temporada. Queremos crer que pesando bem a responsabilidade que lhes ia sobre os ombros, os onze heróis da tarde deram tudo pela vitória das cores azul, preto e branco. Sim, porque derrotados, os tricolores baixariam ao quarto posto na tabela, coisa que jamais se verificou na vida cheia de glórias deste grande clube. A sua pior colocação em qualquer campeonato foi até agora o terceiro logar, e por isso não quiseram os atuais defensores do pavilhão tricolor, que se lhes atribuísse a culpa de ter desmanchado tal tradição. Considerando isto tudo, os onze heróis, — desde Edmundo até Ochotorena — tudo fizeram pela vitória, que afinal veio para cobri-los de glórias. Palmas aos homens que alcançaram aquilo que a maioria julgava impossível, ou seja, dominar tecnicamente o poderoso esquadrão rubro. Foi uma reabilitação completa, que valeu pela conquista do terceiro posto na tabela, e consequentemente deu ao Grêmio o direito de disputar com o Internacional e o Força e Luz o turno neutro.
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Um Grêmio como o de domingo, fazia tempo que não víamos. Além da grande vontade de vencer, coisa que não se via nos outros jogos, os gremistas empregaram uma tática que desnorteou e cansou o adversário. Refiro-me à inteligência de Noronha, Foguinho, Ivo e Duarte que, vendo o flanco esquerdo do adversário quase que desguarnecido, por ali atacaram com insistência, tendo dos pés do ponteiro direito tricolor nascido os dois gols que seriam, mais tarde, os da vitória.
A defesa foi o ponto alto do quadro. Edmundo fez defesas arrojadas e demonstrou grande senso de colocação. Dario, o back de ferro, foi sem dúvida alguma o melhor do triângulo final, sendo, porém, seguido de perto por Walter, que reapareceu em grande forma. A linha média, com a volta de Noronha para o eixo, tornou-se segura e quase que inexpugnável; o jovem pivot gaúcho foi o melhor do quadro e reeditou, na sua verdadeira posição, aquelas suas maravilhosas atuações dos anos passados. Inexpugnável na cabeça, exímio controlador do couro, Noronha demonstrou ser o melhor jogador do Estado. Venceu brilhantemente o duelo com Carlitos. André, que reapareceu depois de muito tempo, atuou fracamente no primeiro tempo, mas no período complementar foi um crack na verdadeira acepção da palavra. O mesmo não podemos dizer de Juvêncio. O "negrinho" esteve infeliz, apesar de ter se esforçado muito. No ataque o melhor foi Ivo, que fez a melhor partida desde que se encontra entre nós. O louro atacante da Baixada cumpriu uma grande performance, tendo atuado como só o fazem os grandes cracks. Duarte foi o seu companheiro de ala e desincumbiu-se com grande felicidade, aproveitando muito bem todas as bolas que lhe eram dirigidas. Além disso, de seus pés nasceram os dois tentos do Grêmio. Bazílio, se bem que não jogasse muito, foi de grande utilidade para o quadro, tendo servido muito bem os seus companheiros de ataque. Foguinho, como sempre, foi muito esforçado não parando sequer um instante e alentando seus comandados à vitória. Ochotorena, além do gol que assinalou, deu ótimos centros pondo em constante perigo a meta guarnecida por Júlio. Em resumo, todos colaboraram para a vitória e são merecedores das felicitações de que foram alvo, findo o grande match.
Não podemos dizer que o Internacional tenha jogado mal. Não. Eles perderam porque os adversários foram superiores, e estavam possuídos de mais moral e, sobretudo, grande dose de entusiasmo e sede de vitória. É verdade que os até então invictos, chegaram a desnortear ante o impeto do adversário, mas isso não pode, em absoluto, desmerecer a classe de que são possuídos os leais defensores da jaqueta rubra. Souberam perder como verdadeiros campeões, se bem que, como já disse linhas acima, estiveram algo desnorteados.
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Júlio, Alfeu, Assis, Tesourinha, Villalba e Ruy foram os melhores do quadro. O primeiro atuou muito bem, fazendo-se merecedor dos aplausos que lhe dirigiram os assistentes, mormente naqueles seus espetaculares vôos. Alfeu foi o melhor da defesa. Seu jogo não apareceu muito, mas devemos levar em conta que ele estava jogando por três... Sim, jogava por si próprio, por Ary e por Ávila. Estes dois foram ate comprometedores das cores rubras. Em nenhum momento justificaram a sua escalação. Assis foi outro que se "matou" para manter o equilíbrio na partida, já que Brandão claudicava a cada instante. Ante isso tudo, o eixo que nos veio de Uruguaiana cansou na metade do segundo tempo, deixando a defesa mais fraca ainda. No ataque, Tesourinha e Russinho foram as grandes figuras. O primeiro esteve à vontade em sua ala, devido à precária marcação de Juvêncio. Villalba demonstrou ser o nosso melhor centro atacante, reprisando as magníficas atuações que tivera contra o São José. Ruy esteve muito esforçado mas não teve apoio de Russinho. Carlitos, a grande esperança rubra, também atuou fracamente. Perdeu uma bola de modo incrível, coisa que não se pode admitir de um jogador de sua classe. Inexplicável!
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O juiz foi Osvaldo Jung, pouco afeito a matches da responsabilidade de um Gre-nal. Afora o pênalti que deixou de consignar a favor do Grêmio quando o score ainda permanecia em branco, a sua atuação foi boa, levando-se em conta ser esta a primeira vez que atua uma partida de grande envergadura. Enfim, Osvaldo Jung não mereceu as vaias que lhe dirigiram alguns torcedores exaltados, vaias que só contribuíram para deixar o árbitro nervoso e inseguro nas marcações. Se errou, foi por um motivo perfeitamente justificavel e afinal, "errar é humano"...
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Os dois quadros apresentaram-se em campo com a seguinte constituição:
Grêmio — Edmundo; Dario e Walter; André, Noronha e Juvêncio; Duarte, Ivo, Bazílio, Foguinho e Ochotorena.
Internacional — Júlio; Alfeu e Ary; Brandão, Assis e Ávila; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos.
O jogo manteve-se com leve superioridade do Grêmio até ao 30º minuto, quando Duarte escapou por sua ala e lançou um centro em elevação. Inexplicavelmente, Ary corta a trajetória da bola com as mãos, incorrendo em hands-penalty que, felizmente para os colorados, não foi assinalado pelo árbitro. Os rubros, estimulados indiretamente pelo juiz, vão ao ataque e numa bola lançada à frente, disputam Tesourinha e Juvêncio. O ponteiro "colored" leva a melhor e cede o balão em condições excepcionais a Villalba, que não tem dificuldades em marcar. Escolhe o canto e vence Edmundo. 1x0 e vibra a enorme torcida rubra. A torcida do Grêmio reclama do árbitro, tendo o jogo então se tornado mais acirrado. O Grêmio ataca com insistência e finalmente obtém o que almejava. Ávila corta com a mão um passe de Ivo a Foguinho nas proximidades da grande área. Duarte encarrega-se de bater e o faz de um modo fulminante. A bola atravessa a barreira e vence Júlio, que, a nosso ver, retirou-se tardiamente. Estava empatada a partida aos 40 minutos, e com 1x1 no placar findou o primeiro tempo, que se caracterizou por um equilíbrio de forças.
A segunda fase foi também grandemente movimentada. O Grêmio, cônscio de toda a sua responsabilidade, atirou-se à luta com um vigor redobrado. Já aos dez minutos conseguiu o tento da vitória. Ávila cometeu toque no centro do campo. Novamente Duarte é quem cobra a falta e o faz com um balaço violentíssimo, que Júlio consegue apenas desviar com dificuldade. Entrando rapidamente Ochotorena envia a bola às redes, dando assim cifras definitivas ao placar e consignando a espetacular vitória do Grêmio sobre o seu mais temível rival de todos os tempos: o Internacional. Desde este momento, o glorioso clube do Fortim não cessou de atacar, animado pela sua torcida que pedia: mais um! mais um! mais um! O score ficou, porém, irredutível e com 2x1 encerrou-se o grande match.
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O match preliminar, realizado entre os quadros reservas, apresentava frente a frente o líder invicto da categoria — O Internacional — e o terceiro colocado na tabela — o Grêmio. Os rubros passaram por um grande susto, pois que, os tricolores dominaram amplamente o campo, não conseguindo ir, porém, além de um empate, conseguido pelos rubros nos últimos instantes da peleja. 1x1 foi o score da partida que deu aos colorados o título de campeões invictos do campeonato de reservas. A sua campanha foi brilhantíssima, tendo o quadro perdido apenas um ponto, justamente na última partida. Eis os campeões de 1941 na categoria de reservas do campeonato patrocinado pela F. R. G. F.:
Marcelo; Álvaro e Ramos; Levin, Lenine e Pedrinho; Cebinho, Salvador, Ruy, Moacyr e Xinxim.
Fonte: SILVA JÚNIOR, Radamés. Sport Illustrado (RJ), n. 190, 27 nov. 1941, p. 21. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/182664/7171. Acesso em: 20 jun. 2025.
DE PORTO ALEGRE
Porto Alegre, 22 (“Correio da Manhã”) — A Federação Riograndense de Football resolveu suspender todos os campeonatos da cidade e do interior, para dedicar-se exclusivamente ao preparo do selecionado gaúcho que, dentro de 19 dias enfrentará o selecionado catarinense.
Fonte: Correio da Manhã (RJ), n. 14409, 23 out. 1941, p. 12. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_05/9085. Acesso em: 20 jun. 2025.