12/02/1989 - Campeonato Brasileiro 1988 - Semifinal - Volta - Internacional 2 x 1 Grêmio

Verão de 1989. Época de carnaval, calor e folia. Para uns, muito trabalho. Para outros, tempos de zoeira. Nílson e Maurício decidiram misturar folia com trabalho às vésperas do Gre-Nal mais decisivo e importante da história do clássico, pulando o carnaval em Tramandaí. Abel Braga ficou possesso com a repercussão e a pressão sobre eles aumentou, para nossa sorte...

Foto: Fernando Gomes/Agência RBS

O Campeonato Brasileiro de 1988 se arrastou até o início do ano seguinte, tendo a fase final iniciada em janeiro de 89. O Cruzeiro padecia diante do Colorado mais uma vez na história do Brasileirão, depois de 75 e 79. Na outra chave, o Grêmio eliminara o Flamengo, com a raiva acumulada desde 1982.
Quis o destino que Grêmio e Internacional fizessem a semifinal de um Brasileirão, valendo vaga na Libertadores da América. O Internacional contava com a segurança de Taffarel, uma zaga sólida, um meio-campo criativo e um ataque avassalador, tendo o artilheiro do campeonato, Nílson, à frente. De quebra, o Inter terminou a primeira fase com a melhor campanha.
O Grêmio ostentava um timaço treinado pelo querido e cerebral Rubens Minelli. Tachado pela imprensa de "Grêmio-Show", com Mazarópi, Alfinete, Luiz Eduardo, Cristóvão, Jorginho e Cuca, o tricolor assegurava uma hegemonia no Rio Grande do Sul, sendo tricampeão gaúcho nos anos de 85 a 87.
Cenário perfeito para um Gre-Nal decisivo: calor, casa cheia, ânimos acirrados e timaços em campo. Beira-Rio espumando, um verdadeiro inferno, na expectativa da classificação colorada. O jogo de ida terminou em 0 a 0 no Olímpico. 
A festa instalada no Beira-Rio começou a esfriar com o primeiro gol do Grêmio. Um chute de Marcos Vinícius inaugurou o placar. O nervosismo aumentou com a expulsão de Casemiro, após atingir violentamente o zagueiro gremista Trasante. A partir daí, o Grêmio veio para cima do Internacional com a força de uma locomotiva, mandando bolas na trave e falhando seguidamente nas conclusões.
No intervalo, o técnico Abel Braga surtou no vestiário, chutando paredes, armário e esbravejando com os jogadores do seu grupo. Enquanto isso, há quem diga que dirigentes gremistas festejavam a vitória antecipadamente com champagne. Mas se há algo que o futebol ensina ao ser humano, é que a vitória só se festeja depois do apito final.
Em campo, o Internacional voltou com outro ânimo. Incrivelmente, Abel Braga sacrificou o volante Leomir, colocando Diego Aguirre em campo e recuando Norberto para a lateral-esquerda. Com dez jogadores no gramado e a faca entre os dentes, o Colorado foi pra dentro dos tricolores e, como sempre, o Gre-Nal ganhou ares de guerra campal.
Aos 16 minutos, o Beira-Rio veio abaixo. Edu Lima sofreu a falta no canto esquerdo de ataque, após uma chegada mais forte de Alfinete. Edu cobrou exatamente onde estava o centroavante Nílson, que subiu, parou no ar e, como Dario Maravilha, mandou pro fundo da rede do goleiro Mazarópi, um típico fanfarrão, que assistiu perplexo o arremate de cabeça.
Com a torcida enlouquecida, o Internacional passou a pressionar o Grêmio no seu campo de defesa. Os jogadores tricolores batiam cabeça, enquanto Edu, Nílson e Maurício os infernizavam com toque de bola e jogadas perigosas. E, finalmente, a virada veio em mais um gol de Nílson. Depois de um drible de corpo de Maurício sobre Aírton e Bonamigo, o ponta-direita chutou cruzado (ou cruzou chutado) e Nílson escorou pro fundo do gol, aos 26 minutos do segundo tempo.
Nílson dava tchau para a torcida visitante; Maurício fazia aviãozinho ao ser substituído; Abel fumava um cigarro atrás do outro pra conter o nervosismo; a defesa colorada mostrava imponência e frieza; Luís Carlos Martins envolvia o adversário, seu ex-clube, com um toque de bola refinado... O Grêmio de Cristóvão e Cuca estava virado em frangalhos. O tricolor parecia refrigerante de 3 litros: perdeu o gás na metade.
O Gre-Nal do Século tinha dono: o Internacional, finalista do Campeonato Brasileiro e representante brasileiro na Libertadores de 1989.

CAMPEONATO BRASILEIRO 1988 - SEMIFINAL - VOLTA - INTERNACIONAL 2 X 1 GRÊMIO
Data: 12/02/1989
Local: Beira-Rio - Porto Alegre (RS)
Público: 78.083
Renda: NCz$ 58.944,00
Juiz: Arnaldo Cézar Coelho, auxiliado por Aloísio Viug e Dilermando Sampaio.
Cartões: Aírton e Trasante (G).
Expulsão: Casemiro (I).
Gols: Marcos Vinícius 25’/1 (G); Nílson 16’/2 (I); Nílson 26’/2.
INTERNACIONAL: Taffarel; Luís Carlos Winck, Nenê, Aguirregaray e Casemiro; Norberto, Leomir (Diego Aguirre) e Luís Carlos Martins; Maurício (Nórton), Nílson e Edu Lima. Técnico: Abel Braga.
GRÊMIO: Mazarópi; Alfinete, Trasante, Luiz Eduardo e Aírton; Bonamigo, Cristóvão Borges e Cuca; Jorginho (Reinaldo), Marcos Vinícius e Jorge Veras (Serginho). Técnico: Rubens Minelli.

Norberto busca espaço diante de Aírton.
Fonte: Placar
Nílson, perseguido por Diego Aguirre, corre como um trem
desgovernado para comandar a festa colorada.
Fonte: Zero Hora
Por cima, ninguém superou Taffarel.
Fonte: Placar
Nílson levou a defesa formada por Alfinete,
Trasante e Mazarópi ao colapso.
Fonte: Pioneiro

Canal: Edu Cesar

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