TEM HOJE O BAGÉ A OPORTUNIDADE DESEJADA PARA DESFORRAR-SE DOS RUBROS
Iniciam-se, hoje, as finais do Estadual de futebol
Estão os de Bagé diante do ensejo de esperada desforra sobre os rubros
QUADROS
O campeonato estadual de futebol entra, hoje, em sua fase final, com a realizacão do primeiro encontro da série "melhor de três". O desenrolar do certame máximo da FRGD tem sido brilhante, sob todos os aspectos que se o encare.
Aproxima-se o momento culminante. Há intenso interesse para as finais não só por estar em jogo o cetro de campeão dos Pampas, como pela categoria e fama dos conjuntos degladiantes.
O Internacional vem de triunfo em triunfo no campeonato do Estado. Os seus contendores não apresentaram uma resistência apreciável, ao contrário, foram presas fáceis para o "rolo compressor". Agora, o compromisso é muito maior. Ao enfrentar o poderoso conjunto dos "milionários", os colorados terão de aumentar a "pressão" do "rolo" para obter o triunfo, que não se apresenta tão dificil, principalmente pela acentuada energia e ardor que deverão ser postos em jogo pelos citadinos, a fim de continuar com o "rosário de êxitos".
Duplo objetivo visam os "diabos rubros" hoje, à tarde, na Timbaúva: galgar primeiro degrau para o título de campeão estadual e defender o nome desportivo da capital, como lídimos representantes.
Aquela excursão do Grêmio Esportivo Bagé deixou uma dúvida brutal. O único clube, dos grandes, que não enfrentou ao jalde negro, foi o Internacional. Ora, os colorados já infligiram aos bageenses uma dura derrota. Até hoje a cicatriz sangra. O maior desejo dos rapazes da pedra moura é desforrar-se. Surge, hoje, às 17 horas a grande oportunidade. O Grêmio Bagé, por isso e pelos bons valores que integram o seu quadro, é um adversário perigosíssimo. É bem possível que os rubros consigam triunfar. Para tal conseguirem, forcejarão muito.
OS DOIS QUADROS
Os pupilos de Cavedini-Dilorenzi deverão apresentar-se com o mesmo quadro que enfrentou ao Rio Grandense, de Santa Maria, isto é: Júlio; Álvaro e Risada; Assis, Magno e Levi; Tesourinha, Russo, Marques, Rui e Castillo.
O clube de José Gomes Sobrinho formará da seguinte maneira: Veliz; Ganchinho e Jorge; Ripalda, Cabeça d'água e Laerte; Rodriguez, Fierro, Martins, Rubliar e Tupan.
Só falta Sapirã, já radicado no Nacional, de Montevidéu.
Local: Timbaúva. Horário: 17 horas. Haverá preliminar.
O JUIZ DO GRANDE COTEJO
Dirigirá o grande embate final do campeonato do Estado o conhecido árbitro Alfredo Cezaro, escolhido de comum acordo.
NOTA OFICIAL DA F. R. G. D.
Para a partida a ser realizada hoje no gramado do Força e Luz, entre o Sport Club Internacional e Grêmio Esportivo Bagé, a 1º da melhor de três, em disputa do título de Campeão Estadual, a Federacão Rio Grandense de Desportos tomou as seguintes deliberações:
Direção geral: Cícero Ahrends, presidente da F. R. G. D .; Fiscal: dr. Luiz Peres; Representante junto aos clubes disputantes: Miguel Genta; Representante junto à imprensa e rádio: Alencar Bueno; Comissão de recepcão; dr. Remi Gorga, Arnoldo Silva e Mario Pereira; Fiscalização de portões: Carlos Ruschel, Miguel Lardiez e Vitor Móra.
Juiz escolhido de comum acordo: Alfredo Cesaro.
Horário: Partida preliminar às 15 horas.
Partida principal: S. C. Internacional x G. E. Bagé.
17 horas em ponto.
Preços: Pavilhão 5$; meia 3$. Geral, 4$; meia, 2$000.
Terão direito à meia entrada somente senhoras, colegiais fardados e militares sem graduação. Os sócios do G. S. Força e Luz deverão apresentar o recibo nº 11: A fim de facilitar a aquisição de entradas, a F. R. G. D. iniciará a venda dos ingressos pela manhã, ficando o bilheteiro na filial nº 1 do Café Nacional (fronteiro à Cia. Energia).
NOTA DO INTERNACIONAL
Para o match de hoje com o nosso coirmão G. E. Bagé, em disputa do campeonato estadual do corrente ano, a direção de campo do Internacional convoca os jogadores abaixo, que deverão estar às 15,30 horas, em nosso campo, a fim de se fardarem e seguirem para o campo do G. S. Força e Luz, aonde se ferirá a luta, às 17 horas:
Júlio — Marcelo — Alfeu — Risada — Álvaro — Pedrinho — Magno — Nenê — Levi — Carlitos — Rui — Russinho — Toreli — Marques — Castilhos - Tesourinha e Moacir.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 248, 19 nov. 1940, p. 7. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3488. Acesso em: 18 jun. 2025.
CAMPEONATO GAÚCHO 1940 - FASE FINAL - FINAL - 1º JOGO - INTERNACIONAL 4 X 1 BAGÉ
Data: 19/11/1940
Local: Timbaúva - Porto Alegre (RS)
Renda: 10:977$000
Juiz: Alfredo Cesaro
Gols: Marques 22’/1 (I); Marques 24’/1 (I); Fierro 28’/1 (B); Marques 35’/1 (I); Russinho ?’/2 (I).
INTERNACIONAL: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Assis, Felix Magno e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy Motorzinho e Castillo. Técnico: Orlando Cavedini.
BAGÉ: Veliz; Jorge e Ganchinho; Laerte Cunha, Macedo e Ripalda; Rodrigues (Ballejo), Fierro, Santana, Rubilar e Tupan (Rodriguez). Técnico: Omar Saraiva.
O INTERNACIONAL DEU UM PASSO SEGURO PARA À CONQUISTA DO “ESTADUAL”, VENCENDO O BAGÉ
Funcionou o “rolo compressor” tendo Marques como mola mestra: autor de três tentos — Russinho completou o escore: 4x1 — O segundo jogo será domingo, na Timbaúva
O Grêmio Esportivo Bagé não se apresentou em condicões de alcançar a ambicionada revanche do Sport Club Internacional. Confirmando seus triunfos anteriores, o "rolo compressor" abateu também o XI bageense, dando o primeiro passo para a conquista do título de campeão estadual de 1940.
Os colorados agiram muito melhor que os visitantes. Mais coesos e decididos, os pupilos de Cavedini-Dilorenzi lutaram com denodo pelo triunfo, conseguindo fixar vantagem definitiva já na primeira etapa, apesar do adversário ter arrancado na na frente.
A conquista inicial deu muito entusiasmo e animacão ao time de José Gomes Sobrinho. Durante um bom quarto de hora, os metropolitanos lutaram inutilmente, dominados pelos nervos. Aos poucos o controle retornou surgindo as boas ações. As tramas se sucederam, registrando-se alguns instantes de pânico para a zaga e para as redes de Veliz. A ofensiva número um da capital começou a evoluir e a invadir os domínios do inimigo, em buscas das conquistas. Elas retardaram, é verdade, mas se multiplicaram com rapidez. Aos 22' vinha o empate e dois minutos mais tarde a vantagem estava garantida. Restavam dez minutos, quando ainda Marques, o goleador, aumentou a diferença, assegurando, praticamente, o triunfo.
Mal iniciado o período complementar, o placar subiu. Perdeu, então, o cotejo toda a atração. Sobreveio uma ligeira reação dos fronteiristas que chegaram a dominar territorialmente alguns minutos. Tramavam demais, enredando-se ou atrapalhando-se dentro da área de 16 metros. Demais a mais os arremates furam falhíssimos, daí a permanência daquele único tento da "madrugada"...
A famosa ofensiva bageense exibiu três homens inteligentes: Rubilar — Santana e Fierro. O trio trabalhou bastante, faltou, entretanto, uma ligação mais eficiente com a defesa. Santana logo decaiu e veio a ser substituído no período complementar por Tupã, entretando Balejo para a ponta direita. A modificação pouca diferença trouxe. Se Tupã aponta mais ao arco faz, igualmente, mais "farolagem", prejudicando o conjunto. Cremos que a ausência de Sapirã diminuiu sensivelmente a penetração e a potencialidade da "artilharia". Os dois uruguaios: Rubilar e Fierro são ótimos controladores e fintadores, mas retêm demasiadamente o couro nos pés, retardando as ofensivas e dando ensejo para a defesa contrária agir e se precaver. A zaga local preocupou-se de modo exclusivo do trio atacante, deixando as pontas livres, pela inocuidade de seus titulares. Tupã e Rodriguez estiveram num péssimo dia. Balejo ainda mostrou alguma agressividade e deu bons chutes.
A intermediária do Grêmio constituiu o ponto vulnerável do time visitante. Macedo (cabeça d'água) não teve mãos a medir com o trio atacante do "rolo". Mas, auxiliado pelos médios, bem cedo o "eixo" corria desnorteado. Na zaga, Jorge se destacou pelo esforço e pela constante deslocacão. Ganchinho em plano inferior. Veliz fez algumas boas defesas. Foi surpreendido no terceiro tento, obtido por Marques num puxe. Ficou estático: Meio frango...
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O quadro da "Chácara dos Eucaliptos" mostrou-se cheio de nervosismo com a conquista-relâmpago dos bageenses. Passada e emoção eles reagiram e envolveram por completo a defesa antagônica. Evidenciou-se a superioridade dos forwards portoalegrenses. Mais apoiados pela intermediária, enquanto os médios laterais inimigos só se preocupavam com a defesa, os internacionalistas tomaram conhecimento das redes de Veliz graças à perícia e ao oportunismo de Marques, sempre à espreita do "buraco". Os três contrastes registrados no primeiro tempo deve-se à inconstância de Jorge, sempre preocupado em desfazer todas as investidas, sem guardar a posição. O excesso de zelo do capitão do time bageense trouxe consequências desastrosas.
O ponto alto dos rubros, mais uma vez, residiu na vanguarda. A defesa esteve melhor que nos compromissos anteriores. Magno teve altos e baixos, terminou exausto, mas não comprometeu. Assis e Pedrinho bastante diligentes. Álvaro e Risada, depois Alfeu, portaram-se bravamente. O veterano zagueiro canhoto sempre firme e cheio de recursos. Júlio, a princípio nervoso, defendeu-se muito bem. Russinho reuniu, novamente, as honras de animador, seguido de Marques e Tesourinha. Castillo: bem e Rui discreto.
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Os bageenses iniciaram a partida. da. Tramam logo Rubilar e Santana. O meia esquerda engana a Russinho e Marques, e Álvaro interrompe a série de fintas. Russinho progride e põe Veliz em ação. O arqueiro impulsiona a bola e investem os jalde negros. Assis comete falta em Tupã e este executa o tiro livre, para Fierro controlar a boca da meta e vencer Júlio, num chute fortíssimo, que passou sobre a cabeça do arqueiro. Tínhamos um minuto e meio de jogo. Descem os rubros, a favor do vento, atirando Marques. Veliz encaixa com segurança. Os passes dos bageenses são mais precisos e frequentes. Passes largos, de preferência para as extremas. Nota-se inseguranca receio nos locais. Jorge escanteia aos seis minutos, sem efeito. Macedo cede outro tiro de canto, sem maiores resultados. Insistem os locais e Castillo prejudica com off-side.
Rodriguez arremata defeituosamente. Lá pelos 15 minutos, o "rolo compressor" se acerta. Veliz intervém. Um centro de Rodrigues é emendado por Fierro. Júlio abandona a cidadela e afasta de soco. Retornam os visitantes ao ataque e Rodriguez erra por um triz (20'). Magno ampara e habilita Russinho que deixa cruzar para Tesourinha.
O "colored" despeja e Marques se infiltra entre os zagueiros e acomoda o "balão" nas redes, aos 22 minutos. Entusiasmados, insistem os vermelhos. Ganchinho cede corner, de efeito nulo. Aos 24 minutos cai de novo as redes bageenses. Na direita, Assis devolveu a Russinho, que deriva a Tesourinha, este devolve ao meia direita , Tesourinha recebe outra vez centrardo de "colher" a Marques. Um chute preciso atinge o canto direito, rente ao solo: 2x1 para o Internacional. Um momento difícil para o Internacional verificou-se ao 28 minutos. Esteve iminente a queda do arco rubro. Júlio salva em falso num centro de Rodriguez, que Rubilar atrasou. Fierro atira e Álvaro defende. Santana aponta com o arco vazio e Álvaro surge no momento de evitar o empate. Logo após Magno alivia.
Lances dispersos e registra-se o terceiro tento, quando o Bagé reacionava. As cargas se alternavam, até que Castillo se apossa da "redonda" e centra alto. Marques deixa picar e de costas atira. Veliz foi surpreendido, nem se mexeu e 3x1, aos 35 minutos. Pressiona o "rolo compressor". Jorge, Ganchinho e Laerte se desdobram.
Escoa-se o tempo com os 3x1 no marcador.
O segundo tempo teve um começo fulminante, desta feita são os colorados que colhem o "porongo" de saída. "Bordam" Rui e Russinho. O capitão dos colorados [...] dentro da área e aponta. O couro ganha efeito no terreno e [...] o artilheiro colorado: 4x1, antes do primeiro minuto da fase derradeira.
Estava mais que decidida a partida número um da série "melhor de três" pelo campeonato estadual, em sua fase final.
Aos 49 minutos, Risada não pôde continuar mais, depois de um choque com Fierro. O veterano craque se contundiu no primeiro tempo e não resistiu ao choque, abandonando o gramado. O árbitro erradamente manteve o jogo suspenso, aguardando a entrada de Alfeu, que formou a zaga com Álvaro. Os rapazes da "pedra moura" não desanimam. Lutam sem o menor proveito. Combinam bem, mas pifam dentro da área, sem visar as redes. Quando o faziam não acertavam. Ballejo deflagra o "canhão" e Assis defende bem. Jogo vistoso de Rubilar e Fierro na da linha média, tornando-se nulo nas proximidades da área, ante a ação eficaz de Álvaro e Alfeu, muito bem ajudados por Assis e até por Russinho, bastante atrasado nos momentos de pressão dos visitantes. O martelar inútil cansou os forwards bageenses, dando margem ao Internacional ter o comando das investidas. Os minutos vão passando, até findar o cotejo, que porco interesse despertou no segundo tempo.
INTERNACIONAL — 4
GREMIO BAGÉ — 1
Arbitro: Alfredo Cesaro: regular.
Renda: 10:977$000.
OS QUADROS
INTERNACIONAL — Júlio — Álvaro — Risada (Alfeu) — Assis — Magno — Pedrinho — Tesourinha — Russo — Marques — Rui — Castillo.
BAGÉ — Veliz — Jorge e Ganchinho — Laerte — Macedo e Ripalda — Rodrigues (Ballejo) — Fierro — Santana (Tupan) — Rubilar e Tupan (Rodriguez).
ÍNDICES: — Técnico: Um para o Internacional e zero para o Bagé. Disciplinar: Cinco para cada um dos contendores.
Os melhores: Russinho — Marques — Assıs — Jorge — Rubilar — Álvaro — Magno e Laerte.
SERÁ DOMINGO O 2º JOGO
A segunda da "melhor de três" entre o Bagé e o Internacional será no próximo domingo no estádio da Timbaúva.
Fonte: Diário de Notícias (RS), n. 249, 20 nov. 1940, p. 10. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_02/3503. Acesso em: 18 jun. 2025.