— A ansiedade geral era para o 2º match do campeonato, entre os 1ºs teams do Interacional e do Nacional.
A primeira dessas associações, como era de esperar, obteve verdadeiro sucesso no match de domingo.
Os teams apresentaram-se bem treinados, porém, faltou ainda aos jogadores da última daquelas associações a necessária calma para se manter nos seus postos.
Essa falta, aliás, justíssima, em team que principia a bater-se com adversário de valor, pode remediar-se perfeitamente com a intervenção enérgica de um capitão, que obrigue os jogadores a guardar suas posições.
O jogo torna-se desinteressante quando todos se amontoam sobre a bola, prejudicando os passes, que constituem o encanto deste esporte.
Os espectadores dividiram-se em dois grupos: de um lado, oa torcedores do Nacional, e do outro, os do Internacional, os quais aplaudiam os bons lances de seu team, encorajando os jogadores, quando estes se aproximavam do gol contrário.
Precisamente às 3,20 da tarde, entraram eles no campo, juntamente com o referee, o sr. Araújo.
Coube o kick-off ao Nacional, que, desde logo, perdeu a bola.
O Internacional, de saída, dominou o contendor, avançando seus forwards sobre o gol contrário, combinando admiravelmente.
A defesa do Nacional ficou um tanto confusa com aquele ataque rápido e inesperado, franqueando, assim, suas posições aos forwards do Internacional, que conseguiram aproximar-se do gol contrário.
Decorriam 5 minutos de luta, quando, em jogo de passe, o forward Poppe, da extrema esquerda, vaza, sob estrepitosos aplausos, o primeiro gol para sei team.
Posta a bola em jogo, os forwards do Internacional melhoram a combinação, atacando fortemente os adversários.
A defesa do Nacional principia, então, regularmente suas posições.
Amiel, apoderando-se da bola, leva-a até perto do gol dos encarnados.
Apesar de bem chutada, é arrebatada fortemente pelo goalkeeper Lindenmeyer.
Nova investida fazem os encarnados. Um dos half backs do Nacional, em chute cerrado, põe a bola fora da linha de touch. Kluwe, atirando-a para dentro do campo, passa-a para um dos forwards do Internacional,
que, sob prolongados aplausos, marca o segundo gol.
Momentos após, em novos ataques, os encarnados vazaram, pela terceira vez, o gol adversário.
Terminou o 1° tempo com este score:
Internacional — 3 gols
Nacional — 0
Iniciado o jogo, depois do descanso habitual, o Internacional continua a atacar com mais energia, conseguindo os forwards fazer bons passes.
Quando os forwards do Nacional avançam contra os encarnados, Centurião sofre uma charge, caindo sem sentidos ao solo.
Imediatamente socorrido, foi, em braços, transportado para uma das dependências da Escola de Guerra, onde vários alunos militares lhe prestaram os necessários socorros.
Por esse motivo, o jogo esteve interrompido durante alguns minutos.
A seguir, Galvão, fowrard do Internacional, fazendo uma série de dribblings, aproxima-se do gol adversário, vazando-o pela quarta vez.
Então, o jogo torna-se monótono, pois todos os jogadores do Nacional foram para a defesa, chutando à vontade.
Mesmo assim, Paulista, do Internacional, marca o 5º e último gol.
Com uma série de ataques, terminou o match com este resultado:
Internacional — 5 gols
Nacional — 0
A equipe do Internacional só merece elogios, pois seu jogo foi além da expectativa.
Passes firmes e seguros eram feitos com tática pelos seus forwards Paulista, Graffeé, Vignoles, Galvão e Poppe, que demonstraram conhecer o jogo do foot-ball.
Os half-backs Lemos, Vignoles II e Kluwe jogaram com bizarria, seno fortes trincheiras do gol do Internacional.
Quanto aos backs e goalkeeper desse clube, nada temos a dizer, pois não tiveram trabalho.
No Nacional, distinguiram-se, como bons jogadores de suas posições, Desjardins, Ferreira, Amiel, Burgardt e Cunha.
Terminado o match, conhecido amador fotografou a equipe do Internacional.
Fonte: Correio do Povo (RS), 28 jun. 1910.